Terrorista (adivinhe de quem estou falando)

Quando alguém digita www.endodontiaclinica.odo.br, espera faze-lo e encontrar um site sobre endodontia. E é. Porém, desde o início criei nele uma sessão chamada Falando da Vida. A idéia era simplesmente ter um espaço onde pudesse falar de coisas como cinema, música, lembranças, perspectivas, enfim, um pouco de mim. Sempre que tive oportunidade de falar sobre ele, disse: “aqui é o meu xodó, quem quiser me conhecer um pouco, estou aqui”.

Sabia, porém, que ali estaria realmente só um pouco de mim. Não pretendia abordar temas que me mostrassem muito por dentro. Fui descobrindo, no entanto, que era mais do que isso. Comecei a perceber que era um local onde eu desaguava as minhas tensões. E em um desses momentos, cheguei a falar que deve ser muito bom ser escritor.

Assistindo uma vez a uma reportagem sobre Érico Veríssimo*, vi o depoimento de vários parentes dele dizendo que tal personagem era uma tia dele, Érico. Que outro personagem era um sobrinho, e por aí ia. Acho muito pouco provável que um escritor não se ponha no texto em vários momentos da sua obra. Nisso estaria uma coisa boa de ser escritor: a vida tomava o rumo que o autor queria (claro que aí tem algumas nuances, envolvendo personagens que adquirem vida própria, etc).

Mesmo tendo as minhas opções políticas, que, tenho certeza, todos já sabem quais são, sempre evitei coloca-las. Observem que em nenhum momento, fiz campanha política aqui no site. Em todos os momentos em que saí do texto ameno, fui em uma direção bem definida: promover a defesa de pessoas sobre as quais foram colocadas as nuvens do preconceito, da discriminação, da prepotência. Fiz assim com os negros, com os “baianos e paraíbas” e até com técnico de futebol.

Ultimamente tenho postado diversos textos sobre política. Por algumas razões, não queria isso. Uma delas, uma experiência recente de colocações agressivas contra mim, pelo meu posicionamento. Entretanto, graças ao meu temperamento, tornou-se muito difícil ficar indiferente aos recentes episódios que envolvem o momento mais importante da cidadania.

Não importam as opções políticas, todas devem ser respeitadas. O que importa é como se dá o processo. Qualquer democracia só pode ser assim chamada se houver partido de oposição ao governo. Quando não há esse panorama, estamos diante de uma ditadura. E aí pouco importa se é de esquerda ou de direita.

Se em algum momento, por qualquer razão que seja, a oposição está fragilizada, esse é um problema dela. Há de se fortalecer então para exercer a sua função; ser oposição. Vigiar e denunciar o governo quando este sai dos trilhos. O que não pode é, pela fragilidade da oposição, a imprensa assumir esse papel.

Acham que estou exagerando? Vejam essa colocação de Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo: “…e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”. Como não faço acusações levianas, clique no link para ir na fonte Observatório da Imprensa.

Política tem um pouco a ver com o futebol; mesmo que em intensidade menor, envolve paixão. No entanto, sem precisar de muita isenção, percebe-se que em nenhum outro momento da política brasileira houve uma campanha tão radicalizada pela imprensa. Com esse mínimo de isenção, todos que estão acompanhando as eleições de 2010 podem perceber isso facilmente. Basta ter acesso ao outro lado das notícias.

Podem ter absoluta certeza que são vários, é isso mesmo, vários registros e documentos que mostram a manipulação das informações. Um detalhe: todos estão sendo escondidos da sociedade, alguns poucos já disponibilizados aqui nos textos. É claro que não pretendo cansa-los com isso, mas vou acrescentar alguns outros.

A atual governadora do Rio Grande do Sul, a Sra. Yeda Crusius (PSDB), está afogada em corrupção. Tudo bem, eu sei que ninguém sabe, afinal a grande (?) imprensa abafou mais uma vez, mas se quiser pode procurar na Internet que você acha farto material sobre isso. Você vai ver vários vídeos, mas comece por aqui. Você já percebeu que de um modo geral os atuais governadores irão se reeleger. Ela não. Está em terceiro lugar na disputa sem nenhuma chance. Por que será?

Na atual eleição para governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) lidera as pesquisas com chances de ser eleito no primeiro turno. Em entrevista à RBS, afiliada da Rede Globo, tentaram mais uma vez o denuncismo. Observe como o nobre jornalista toma uma pancada forte. Ele faz uma pergunta sobre os recentes “escândalos” do PT, imaginando que criaria mais um momento de embaraço. Perceba que, diante da resposta de Tarso, político de larga experiência, já acostumado com a imprensa, o jornalista sai logo do assunto (veja aqui).

Por falar nisso, você não deve saber nada sobre esse escândalo da filha de Serra que Tarso abordou. Foi capa da Veja? Você viu manchetes enormes na primeira página da Folha e do Estadão? Você viu brilharem os olhos do muito simpático casal William Bonner/Fátima Bernardes ao dar a notícia no
Jornal Nacional? É claro que não viu nada disso, por uma razão bem simples: diferentemente de reportagens simplesmente jogadas no ventilador, sem comprovação (posso lhe assegurar), eles esconderam uma reportagem toda documentada. O que você vê aqui é só um trecho dela. Quer ver uma pequena visão do outro lado? Clique aqui e aqui.

Agora veja como se faz um vídeo com grande estilo e elegância, de alto nível, digno de pessoas civilizadas. Estas sim, podem classificar tudo que não faz parte do seu mundo de baixaria, de terrorismo. Confira comigo esse primor o Brasil não é do PT.

Agora estão correndo várias “informações” na Internet dizendo que Dilma Roussef é lésbica e está sendo processada pela suposta amante por não assumir o seu romance publicamente.

Confesso que às vezes me perco. Um desses momentos é esse. Fico sem saber o que significam baixaria, manipulação, terrorismo, e se têm significados diferentes, a depender de quem acusa. Recorro ao Novo Dicionário Aurélio e à Internet.

Baixaria. Situação em que os limites éticos, morais ou estéticos são desrespeitados.
Manipulação. Ato ou modo de manipular.
Manipular. Engendrar, forjar, maquinar, manipular um plano.
Terrorismo. Modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas ou de impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror.

Aí me perdi mais ainda.

No fundo, no fundo, acho que tudo que faço não passa de um desabafo.

Já são 02:45, madrugada, e estou cansado. Acho que agora posso dormir melhor. Tenham também uma boa noite.

* Érico Veríssimo – Escritor gaúcho de grande qualidade literária. Pai de Luis Fernando Veríssimo.