Há algum tempo falo da grande (?) imprensa e é possível que alguns não entendam porque o faço com desdém. Faço assim pelo que tenho visto ao longo dos anos. Eu poderia dizer que a história contemporânea do jornalismo brasileiro não deixa ninguém que tenha neurônios ativos sem se revoltar, mas não vou dizer, por uma razão bem simples. Trata-se de alguns jornalistas, não do jornalismo.
O grande papel da imprensa é informar a sociedade. É um equívoco, porém, pensar que ela, a imprensa, não tem preferências, inclusive políticas. Afinal é feita por jornalistas, homens e mulheres, com as suas próprias idéias, para o bem e para o mal.
Porém, reza o bom jornalismo que a opinião de um jornal, não necessariamente a dos seus jornalistas, deve ser expressa em algo que se chama Editorial. Quando você lê um editorial, sabe que ali está expressa, por exemplo, a opção política daquele jornal.
Nada demais, pelo contrário. Muitos países adotam essa postura, inclusive aquele que muitas vezes, erradamente, é o referencial dessa nossa sociedade tupiniquim, os Estados Unidos. Seria muito melhor que assim fosse. Mas, não é o que ocorre no Brasil. A melhor revista brasileira, Carta Capital, fez essa opção e deixou de forma bem clara, sem nenhum subterfúgio, que apoia o atual governo. Entretanto, é interessante observar que ela faz muitas críticas ao governo, como deve ser.
Vocês já devem ter ouvido falar várias vezes da alardeada neutralidade da Rede Globo. A partir do momento em que comecei a acompanhar as coisas mais de perto, já se vão aí alguns anos, percebi, a cada momento com mais clareza, que neutralidade é uma coisa que passa à grande distância da Central Globo de Jornalismo.
Nunca me convenceram, por exemplo, os argumentos do Sr. Armando Nogueira, a tentar justificar o seu comportamento como chefe de jornalismo daquela rede de televisão, à época da ditadura militar, como única alternativa diante das pressões dos militares. O que existe, isso sim, é competência técnica, entenda bem, técnica, justificada por jornalistas competentes.
Tenho absoluta certeza que todos conhecem profissionais competentes nas suas áreas, alguns dos quais se tornam referenciais, mas que não possuem um caráter, digamos, louvável. É claro que no caso específico do jornalismo existe esse problema, mas é possível que aqui haja uma outra questão (como em qualquer outra profissão), uma coisa chamada necessidade do emprego. Acho, porém que isso não justifica certos caminhos tomados por alguns desses jornalistas. Em outros, não, a causa não é essa e sim o caráter pouco louvável, para ficar na expressão que usei anteriormente.
Sim, mas qual é o problema? O problema é que esses homens e mulheres com um microfone e uma câmera de televisão ou um jornal “nas mãos” se tornam um grande perigo.
Vocês podem não acreditar, eu entendo, mas a audiência da Rede Globo, despencou nesses últimos 10 anos. É claro que ainda é maior, mas não como antes. É possível que não se tenha percebido, mas também a revista Veja perdeu muito da sua vendagem (não confunda com tiragem, que é outra coisa). Procure saber quantas pessoas e empresas a recebem de graça em promoções. Alguns dos grandes jornais estão em situação idêntica.
Qual é a razão? Perda de credibilidade. Podem observar como surgem as reportagens: Começam nos fins de semana, com capas estrondosas da Veja e os “teriam sido descobertos”, “seriam documentos do” “teriam sido pagos” “segundo fontes sigilosas” “e assim estaria comprovada”.
Depois vem a outra fase. Repercussão no Jornal Nacional, gastando em média um terço do tempo do jornal e depois, na sequência, nos jornais Estado e Folha de São Paulo.
Perceberam que sumiu a dos sigilos fiscais. Fizeram um estardalhaço, viram que, além da farsa (clique em Serra já sabia), não ia dar em nada, criaram outra. Como não funciona, criam outra e assim vai. Não lhe chama a atenção que isso só acontece no período de eleições?
Veja três exemplos.
Desabafo do ex-leitor da Folha
Por Felis
Ontem, dia 17/09/2010, rompi, após trinta anos de relacionamento, meu derradeiro vínculo com o jornal Folha de São Paulo: cancelei minha assinatura do portal UOL, por intermédio do qual acessava a versão eletrônica daquele diário.
A decisão de fazê-lo deve ser entendida num contexto temporal mais amplo, ainda que tenha tido como motivação mais próxima a postura obscena da Folha em favor de determinado candidato na atual campanha presidencial. Não que, como é patente no caso da Folha, um veículo de imprensa não possa ter seu candidato. É legítimo que o tenha e que manifeste sua preferência por ele. Mas, para isso, há um local apropriado: o editorial. O que não se admite é que se contamine o noticiário com essa preferência, seja omitindo, distorcendo ou inventando notícias.
De qualquer forma, o fato é que, afora a falta de isenção e a resultante perda de credibilidade, há muito a Folha passava também por um processo de perda de qualidade. Ao longo dos anos realizou a façanha de se tornar, talvez atendendo um desejo dos novos tempos, um jornal para quem não gosta de ler. Textos encolhendo mais e mais pouco tinham a acrescentar a qualquer jornal televisivo, com a desvantagem do atraso da notícia em relação ao fato quando comparado à televisão. Algumas matérias chegavam ao cúmulo de mais parecerem mensagens do twitter.
Como se não bastasse, o jornal foi mais e mais se afastando do pluralism
o que foi sua marca nos anos 80. O leque de colunistas que poderia servir de contraponto ao noticiário crescentemente enviesado foi se estreitando com o passar do tempo. O tiro de misericórdia foi a recente reforma pela qual passou o jornal.
Enfim, fica aqui meu desabafo. As perdas financeiras resultantes da minha decisão para o grupo Folha resumem-se a R$ 11,90 mensais. Ainda assim tenho a esperança de que no futuro o jornal venha sofrer as conseqüências das escolhas que agora faz. Mais do que inútil, um jornal que, tal como falsário, manipula a informação, é nocivo à nação. Não merece sobreviver .
Por Terezinha Maria Scher Pereira
O que me intriga em relação à Folha de São Paulo é pouca preocupação dos responsáveis com a reputação de um jornal que já teve momentos de honra, ao se colocar, um dia, a favor da redemocratização do país. A Folha hoje demonstra um desprezo arrogante pelo povo brasileiro que aprova o governo de Lula, pelo fato indiscutível de que a vida dos mais pobres melhorou. Os enfatuados colunistas e editorialistas do jornal não se envergonham de ostentar um pouco caso, de resto, ridículo ( quem lê a Folha?) em relação ao sentimento real da maior parte da nação? Em que mundo vive essa gente? No Brasil não parece ser.
Desabafo de leitor 2
From: João Carlos Cardoso
To: ombudsman@uol.com.br
Sent: Sunday, September 12, 2010 5:04 PM
Subject: Crítica, crítica, crítica….
Li seus comentários, hoje, e me desanimei, menos, com o futuro da cobertura da Folha. Há alguma racionalidade possível e esta parece começar a ser recuperada pela senhora. É o que sinceramente espero. Leio a Folha há muitos, muitos anos. Estudei a Folha em minha pesquisa de Doutorado, há oito anos. Não por ser leitor, mas pelos méritos do jornal em dar espaço para idéias e debates sobre a redemocratização brasileira, objeto de minhas pesquisas de então.
Mas confesso minha decepção e crescente desinteresse em ler o jornal, no que se refere à cobertura política. Comecei desconfiando das matérias. Havia coisas estranhas. Com o tempo passei a não confiar mais em vocês. Agora leio, apenas, para detectar a que ponto de indecência e decadência se pode chegar. Esta é a verdade! Não estou querendo ser rude e me desculpe se pareço sê-lo. Mas quero ser veemente em minhas colocações. A Folha deixou de fazer jornalismo políti co e passou a fazer campanha contra uma candidata. E o que é pior: sem avisar ao seu leitor fiel, como eu sempre fui e estou deixando de ser.
Tenho pensado em romper meu vínculo midiático com o portal UOL que já remonta há vários anos somente pela revolta que me assalta com o nível de dirigismo, de cinismo, de desonestidade jornalística com que o jornal e o portal têm tratado a cobertura político-eleitoral de 2010.
O ridículo do Dilmafactsfolha relatado pela senhora é parte de um processo de constante ataque que o grupo tem empreendido contra a candidata, o seu mentor e o governo dele. Tudo bem, quer fazer isso, faça! Tem todo o direito de criticar erros cometidos por quem quer que seja. Mas devo discordar quando a senhora denuncia desequilíbrio na apuração da Folha. Não é só desequilíbrio. É opção ideológica ou política. Não há críticas a Serra ou a seu governo porque obviamente ele é o candidato do grupo Folha. Mais u ma vez digo: se a Folha admitisse isso, se assumisse sua opção, em editorial, como jornais de outros países fazem eu seria o promeiro a aplaudir. Mas não o faz e finge, tanto quanto outros meios de comunicação, proceder com isenção , equidistância e "equilíbrio". Isto se chama mentir ao leitor.
A senhora vai ter trabalho. Veja o jornal de hoje: Pergunto-lhe: Por que a primeira matéria de cobertura das eleições é a repercussão da matéria do panfleto Veja anti- Dilma. Me diga com sinceridade: se a Folha quisesse tratar com isenção o episódio porque colocar a matéria como parte da cobertura eleitoral? Por que não no caderno Poder? Erenice é ministra não é candidata. Seu filho é candidato? Há.. não, mas eles estão ligados à Dilma, então….
Me permita a franqueza, cara Suzana Singer, mas colocar como manchete " Filho de sucessora de Dilma teria feito lobby" é patético. A Folha, na sua cobertura política, também o é.
Isso vem acontecendo há anos, mas somente hoje me ocorreu escrever esse texto e aí peguei os depoimentos mais recentes. Se quiserem ver a fonte cliquem em Luis Nassif Online. Lá vocês encontram mais.
Podem aguardar que até o dia 03 de outubro vai aparecer uma bomba com a maior repercussão no Jornal Nacional (grandes chances para os dias 01 e 02, quando não dá mais tempo para uma comprovação da farsa). Deve ser algo sobre as várias bombas que Dilma Roussef já atirou, as várias pessoas e criancinhas que ela já matou…
Aproveitem e aguardem também o livro que será lançado em 2011, “Nos Porões da Privataria”. Vai mostrar muita coisa. Quer que eu antecipe o que vai acontecer? Esses órgãos de imprensa mencionados aqui vão esvaziar o livro. Surgiu de quebra de sigilos fiscais, é uma fraude, não tem nada comprovado… Aliás, esse processo já está em curso.