Bestas humanas

Por Ronaldo Souza

“Do me a favor, speed it up, speed it up.” This is what U.S. President Donald Trump told the National Association of Counties Legislative Conference, recounting what he said to pharmaceutical executives about the progress toward a vaccine for severe acute respiratory syndrome–coronavirus 2 (SARS-CoV-2), the virus that causes coronavirus disease 2019 (COVID-19).

“Façam-me um favor, acelerem, acelerem”. Foi isso que o Presidente dos EUA, Donald Trump, disse ao National Association of Counties Legislative Conference, reportando-se ao que falou aos executivos farmacêuticos sobre o progresso de uma vacina para síndrome respiratória aguda-coronavírus 2 (SARS-CoV-2), o vírus que causa a doença do coronavírus (COVID-19).”

O artigo “Do us a favor”, de H. Holden Thorp, na Science, uma das mais renomadas revistas do mundo científico, começa com o parágrafo acima, que fala do pedido de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, aos cientistas americanos (veja aqui  www.science.sciencemag.org/content/367/6483/1169).

Com seu artigo “Do us a favor”, o pesquisador americano respondeu à altura, batendo de frente com o presidente americano.

Em trechos do artigo, Thorp chega a dizer:

“Você atacou a ciência nos últimos 4 anos, cortou verbas, chamou os cientistas de mentirosos e agora quer velocidade? Ciência não se faz da noite para o dia”.

“Você não pode atacar os cientistas quando não gosta da ciência e cobra-los quando resolve que gosta e precisa deles”.

Você pode até não estar lembrado, mas já viu esse filme aqui no Brasil.

O corpo humano não aceita espaços vazios (exceção às suas cavidades naturais) e de alguma forma tende a preenche-los.

Em mentes pequenas, porém, deve haver um enorme espaço vazio reservado ao nada.

O material que eventualmente corrija essa falha não deve ser de boa procedência e é comum que crie transtornos mentais, alguns graves.

Apesar do retardo que surge nesse processo, essas mentes não perderiam completamente a cognição.

Entretanto, parecem guardar algum tipo de ressentimento, de mágoa.

Os tempos difíceis atuais se tornaram o caldo ideal para elas.

Houve então uma explosão surda e todas essas pessoas saíram do armário.

Estimulados diariamente pela autoridade maior do país, livraram-se de todas as rédeas e passaram a trotar com desenvoltura.

Muitos não só assumiram como se orgulham de exibir a ignorância até então contida.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=8crbVK4ZNnU&feature=emb_logo

Hoje, mais do que nunca, entende-se melhor Bertrand Russel: A estupidez se coloca na primeira fila para ser vista; a inteligência se coloca na retaguarda para ver”.

Pelo menos duas dessas mentes pequenas foram guindadas ao posto de presidente de dois dos mais importantes países do mundo; Estados Unidos e Brasil.

E entre os homens que ocupam esses cargos há mais semelhanças que diferenças.

Uma diferença.

Trump, todos já perceberam, é ignorante, tosco, mas não é burro.

Característica essa, a burrice, que é uma das mais marcantes no protótipo brasileiro, aliás, diga-se de passagem, uma cópia absurdamente inferior ao original, que já é o que é.

Semelhanças.

Deve-se reconhecer que Trump, à sua maneira, briga pelo seu país.

Ele põe os Estados Unidos acima de tudo e de todos.

Bolsonaro também.

Juntos pela mesma causa.

Os países da América do Sul já tinham fechado suas fronteiras por conta do coronavírus, menos o Brasil.

Diferentemente dos outros  países, o Brasil realmente não tinha porque se preocupar com uma “fantasia”.

Mas, foi surpreendente quando ficamos sabendo que uma fronteira brasileira já estava fechada; com a Venezuela.

Há quem diga que foi “orientação” da matriz.

Agora, o Brasil resolveu entrar no clube do bom senso e fechou os aeroportos para todos os países, menos para os… Estados Unidos.

Alguém aí ouviu falar de alguma razão especial para isso?

Ou seja, o Brasil “conseguiu” recuperar a sua tradicional subserviência aos Estados Unidos, tão ao gosto de alguns segmentos colonizados da sociedade.

O “você atacou a ciência nos últimos 4 anos, cortou verbas, chamou os cientistas de mentirosos…” é bastante conhecido entre nós, porque o protótipo brasileiro faz o mesmo com a nossa ciência.

Demitido da presidência do INPE por Bolsonaro, o Professor Ricardo Galvão foi considerado um dos dez cientistas mais importantes do mundo em 2019.

Sabe por quem?

Nature.

Homens assim são proibidos de viver no universo de Bolsonaro, onde habitam os seus sábios ministros e os seus superdotados filhos.

E essa é uma semelhança muito forte entre ambos. A inteligência e o conhecimento são sempre as primeiras vítimas dos idiotas.

Assumir o comando de qualquer coisa só faz potencializar a idiotia. Aí, o idiota se transforma num grande idiota.

O que esperar de um que eventualmente assuma o comando de um país?

Como a proporcionalidade é quase que uma lei da Natureza, que dimensões pode assumir a estupidez desse homem nessas condições?

Estados Unidos e Brasil, como Bolsonaro gosta de se gabar (para ele é o máximo, claro), por razões óbvias, não poderiam estar mais afinados.

H. Holden Thorp termina o seu texto com essa frase.

“But do us a favor, Mr. President. If you want something, start treating science and its principles with respect”.

“Mas nos faça um favor Sr. Presidente. Se o senhor deseja alguma coisa, comece por tratar a ciência e seus princípios com respeito”.

Se eu fosse um cientista e tivesse que me dirigir a Bolsonaro, usaria essa frase.

Infelizmente, porém, presidente Bolsonaro, não o faria com qualquer dose de esperança.

O senhor insiste em agredir a todos, pesquisadores ou não, e vai continuar a faze-lo.

O senhor é simplesmente incapaz de ter respeito por qualquer coisa.

Não lhe foi dada nenhuma possibilidade de ser uma pessoa civilizada.

Sequer um ser humano digno o senhor é.

Veja o que o senhor é capaz de fazer.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=15&v=hbIlTr33WN4&feature=emb_logo

Infelizmente, o senhor fez, faz e continuará fazendo coisas desse tipo.

Como também continuará estimulando os seus infelizes e obscuros seguidores a fazer o mesmo.

Seguidores que falam de amor e trazem Deus na ponta da língua, mas só para blasfema-lo.

Como falar de Deus e apoiar e defender sob qualquer circunstância um homem cuja alma guarda tanto desprezo, violência e ódio?

Como falar de Deus e apoiar e defender sob qualquer circunstância um adorador de torturadores de seres humanos?

Como falar de Deus e apoiar e defender sob qualquer circunstância um homem que faz questão de exibir a sua repulsa ao ser humano?

Impressiona a incapacidade dessas pessoas de verem o quanto estão doentes.

Presidente, ontem foi o dia do seu aniversário.

Não lhe desejo nenhum mal, não conseguiria.

Só desejo que algo, alguém, uma luz, uma onda positiva, uma fagulha divina, o que seja, minimamente melhore esse homem ruim e mau que o senhor é.

Há um ser doente, muito doente, dentro do senhor.