Acredito firmemente que tudo na vida, ou pelo menos quase tudo, depende de como as coisas são feitas. O modo de fazer muda tudo. Como você age ou reage em determinadas situações, como você diz as coisas, como você se dirige às pessoas, e por aí vai.
Podemos ser simpáticos ou não, arrogantes ou simples, tristes ou alegres, a opção é nossa. Talvez seja pouco provável que exista um determinismo absoluto, pode não ser exatamente assim, afinal estamos todos sujeitos às surpresas da vida. Deixar escapar uma oportunidade profissional que pode mudar a sua vida, perder um ente querido, normalmente algo terrível, uma doença, nos tiram do rumo. Também se enquadram aí aquelas situações da vida em que a subjetividade humana entra em cena. É quando o inconsciente se manifesta. São também momentos delicados, nem sempre tão bem digeridos pelos homens.
Não são todas essas porém, ainda bem, coisas que acontecem frequentemente. Estou falando dos atos comuns, do dia-a-dia.
Em uma das minhas recentes viagens, já antes da decolagem ele se manifestou. Esse ele é o comandante do avião, lamento não lembrar o nome dele. Posso dizer que é da TAM. Aquilo que os comandantes dizem em todos os vôos – tripulação, portas em automático – já foi dito de forma diferente e achei estranho, mas engraçado. Imaginei, ele deve estar de alto astral e foi algo que “escapou”, um momento específico. Não foi.
Em vários outros momentos ele se manifestou novamente, de forma sempre bem humorada. Sabe aquelas mensagens que ouvimos nos aviões, altitude, tempo de vôo, temperatura, sempre ditas em português e inglês? Eram ditas em cinco línguas, isso mesmo, cinco línguas: português, inglês, francês, alemão e espanhol, sempre de forma alegre, mas evidentemente que era na nossa língua, pelo maior domínio, que ele se estendia mais, inclusive nas brincadeiras. Nunca tinha voado daquela maneira. Aquele comandante fez a opção dele. Ele fez a diferença. Mas houve um momento especial, e não foi de brincadeira. Ele contou uma pequena história.
Nos primórdios da aviação, um piloto estava voando com o seu avião, naturalmente rudimentar, e ouviu um barulho atrás dele. Olhou para trás e viu um rato roendo a lona do avião e ficou preocupado porque viu ali o grande risco de um acidente com a queda do avião. O que fazer? Não podia deixar o controle da aeronave para cuidar do ratinho, seria morte certa. Lembrou então.
O avião, lógico, não tinha cabine pressurizada. Subiu com o avião, alto, mais alto, mais alto ainda, e em pouco tempo não ouviu mais o barulhinho do rato roendo o avião. Em grandes altitudes a concentração de oxigênio diminui, eleva-se o ritmo cardíaco, pode levar à morte. O ratinho não resistiu, tinha morrido.
Moral da história. Quando os ratos quiserem lhe derrubar, voe alto, bem alto, mais alto, o mais alto que você puder. Os ratos não resistem às grandes alturas.
Voe alto. O mais alto que você puder.