Por Ronaldo Souza,
Tinha assistido ao jogo anterior do Sport, quando ele perdeu de 3 X 0 para o Corinthians.
Um time sem nenhuma qualidade, entregue em campo, sem esboçar qualquer possibilidade de reação. O Corinthians passeando em campo.
O que poderia esperar do Bahia contra o mesmo Sport, que seria o jogo seguinte?
A “luzinha” verde da esperança estava acesa outra vez.
Para minha surpresa, ainda que não muito grande, o Bahia conseguiu ser pior do que o Sport.
Diante do resultado, a primeira reação foi a de que estaria decretada a queda para a série B.
No último texto sobre o Bahia, O Bahia ontem e hoje, fiz essas indagações:
- São jogadores que não se respeitam?
- Não estariam comprometidos?
- Não estariam respeitando o clube e sua torcida?
Além disso, mostrei a minha preocupação quanto à possibilidade de que o presidente e sua diretoria não estivessem conseguindo dimensionar a real gravidade desse momento.
E na sequência outros questionamentos.
Quem “chega” nos jogadores?
Por que o time entra em campo mudo e sai calado?
Há quem saiba chegar nos líderes (parece não existir isso nesse time) e “sugerir” uma conversa fechada do grupo, para o famoso lavar a roupa suja?
Não há a nítida impressão de que estão soltos, sem rumo?
Em seguida, arrematei.
Presidente, não parece provável que Dado Cavalcanti seja a alternativa mais adequada e talvez estejamos cometendo outro grande equívoco.
Não parece haver mais dúvidas de que Dado foi sim um grande equívoco.
O que fazer agora?
Nesse momento, as opiniões transitam mais entre o pessimismo e o otimismo de cada um do que apoiadas em análises sobre possibilidades.
Aproveito para fazer uma pergunta.
Como se apoiar em análises sobre possibilidades diante da oscilação dos times, que se tornou uma tônica no futebol em tempos de Pandemia?
Quem já não oscilou ou não está oscilando?
Estatísticas
Basear-se em estatísticas em futebol, como tem sido feito, chega a ser uma brincadeira.
Por acaso, elas levam em consideração o momento de determinado(s) jogador(es), que de repente “entra(m)” numa fase boa e leva(m) o time a ganhar jogos?
Por acaso, elas levam em consideração o momento do próprio time como um todo?
O time eleito “campeão” perde dois-três jogos, entra em crise (a imprensa faz isso com enorme facilidade); “… e se não se cuidar, sei não, viu!”
Pronto, está instalada a crise.
O time apresenta considerável percentual de possibilidade de cair para a série B, ganha dois-três jogos e já se livrou, passando a disputar vaga na Sul-Americana!
Qualquer torcedor sabe as possibilidades de seu time ser campeão ou cair, não precisa de estatísticas para isso.
A complexidade do futebol não deveria permitir que elas fossem elevadas ao patamar que foram.
Feitas aos montes, servem para preencher espaço nos jornais, tempo nos programas de rádio e televisão e levar o torcedor à loucura.
Independentemente do que cada um pensa, a grande questão é o que fazer?
Em primeiro lugar, esqueça o dedo indicador, aquele que tem estado em destaque nos últimos tempos apontando para tudo e para todos; o dedo que está acima de tudo e de todos.
O Bahia não precisa dele, precisa da união de todos.
Seguramente, há pessoas importantes e influentes no Bahia, da diretoria ou não, que têm acesso ao presidente, à sua diretoria e até aos jogadores.
Essas pessoas deveriam ser convidadas pelo clube para discutir como sair dessa. Essas pessoas podem ajudar.
Ou o presidente continuará acreditando que a sua capacidade administrativa, excelente, por sinal, resolverá a complexidade que envolve as questões do futebol em momentos como esse?
Particularmente, reconheço até um certo brilhantismo no presidente Bellintani, mas será que a sua inteligência o leva a autossuficiência, que pode torná-lo incapaz de ver que esse não é o caminho?
Será que ele não vai perceber que precisa urgentemente chamar alguns abnegados do clube, que talvez estejam mais perto dele do que ele possa imaginar, para ajudar a tirar o time desse desastre que cada vez mais se aproxima?
Há coisas simples que podem funcionar.
Lembro que em um dos jogos importantes do Bahia, Roger Machado levou Beijoca para o vestiário e o fez referência motivadora na preleção, como símbolo da garra tricolor que era. Pode-se pensar em algo desse tipo.
Por outro lado, alguém poderia ter uma reunião com a torcida e sugerir que ela receba o ônibus do Bahia com muita festa, como ela sabe fazer, já nesse jogo contra o Corínthians.
Por sua vez, não há nesse time um único jogador capaz de reunir o grupo e ter uma conversa somente entre eles?
Não há um único jogador com brios capaz de chamar essa responsabilidade para si?
Não há um único jogador capaz de chamar todo o time e fazê-lo acordar para a gravidade do que está acontecendo?
Não há ninguém, jogador ou não, que mostre a todos que o Bahia, como poucos clubes no Brasil, cumpre todas suas obrigações com eles? Aliás, razão pela qual vários disseram por que vieram para o Bahia.
Então é isso, vir, receber em dia e voltar?
Que destinação será dada, por exemplo, à concentração antecipada? É só para ficarem juntos, cada um com seu fone de ouvido, ou para, juntos, assistirem ao Big Brother Brasil e depois irem dormir?
Nesse tempo a mais juntos, nada “diferente” pensando no momento será feito?
Vamos continuar confiando somente no comportamento quase adolescente de Dado Cavalcanti, a explicar cada derrota, como se pudesse corrigir tudo para o próximo jogo, até chegarmos ao próximo que será o último, e aí dizermos resignados; é, não teve jeito!
É sensato imaginar que por meio de elucubrações táticas e técnicas ele poderá mudar o atual panorama?
Ainda dá tempo, ainda há o que fazer!
Mas para isso, é fundamental entender que tem que se fazer alguma coisa que ainda não foi feita!
O que não se pode fazer é repetir o nada feito até agora.
Fazer o mesmo jamais corrigirá erros que se repetem.