Édith Piaf e Moro

Por Ronaldo Souza

Não cabe comentar aqui como ela construiu isso, mas não se pode negar a qualidade técnica da Globo, principalmente quando comparada às demais emissoras do país.

Por exemplo, os melhores redatores sempre foram os da Globo, disso ninguém tem dúvidas.

Todavia, no processo da enorme deterioração do Brasil, no qual ela teve participação fundamental, a Globo também embarcou.

Foram inúmeros e continuam sendo os momentos em que a qualidade do seu jornalismo baixou a níveis inimagináveis, mesmo tendo muitos dos melhores jornalistas desse país.

Ainda que se considere o baixo nível de sensibilidade e percepção que ela mesma ajudou a implantar no país, as batalhas atuais da Globo, diferentemente de um passado próximo, vêm sendo realizadas com pobreza surpreendente.

Única e exclusivamente motivada por seus interesses particulares, não é de agora que a Globo se deixou envolver pela estupidez que ela instalou na sociedade brasileira. A classe média tem dado sinais evidentes de que nunca foi tão estúpida e medíocre como agora.

Como muitos outros, momentos como a eleição do atual presidente da república fazem parte do rico currículo da outrora Vênus platinada.

Inexplicavelmente, porém, a Globo continua fazendo esforços gigantescos para proteger Sérgio Moro, esforços que seriam mais facilmente explicáveis se partissem  da Record, do SBT…

Ela parece não entender que Moro acabou.

Por razões diversas, ainda se vai falar muito do “conge” de Rosângela Moro, mas ele acabou e se tornou um traste.

Contudo, num país em que se faz um debate sobre combate à corrupção e os três convidados são Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso e… Sérgio Moro (pagos a peso de ouro), tudo é possível e engolível.

A parcialidade do jornalismo da Globo é tão grande e escandalosa quanto foi a parcialidade do seu protegido no julgamento de Lula e é claro que isso torna mais fácil compreender os generosos espaços que ela oferece na sua programação para que ele diga as suas tolices.

É claro que a fala dele é dirigida particularmente a um público, do qual conhecemos as limitações.

No entanto, repito, ainda que consideremos o público para quem ele fala, não se justifica esse abraço em que ambos continuarão morrendo afogados nas águas da indignidade.

E é aí que se confirma a crescente e inesperada estupidificação da Globo; ao protege-lo, ela o humilha.

Talvez fosse mais adequado dizer que ela não o humilha, cede-lhe espaço para a auto-humilhação.

Da mesma forma, ao ceder esse espaço, ela confirma a sua dificuldade de percepção da realidade.

Confirma-se a verdade paralela que empresas de comunicação e determinadas personalidades como Globo, Moro, FHC… costumam criar para suportarem a algumas vezes cruel realidade da vida.

A humilhação decorre das tentativas de explicar/justificar o inexplicável/injustificável.

E aí vemos um desfile de cinismo e canalhice, com patrocinador e protagonista.

Quando a isso se incorpora a ignorância, é um desastre.

E quando também se incorpora a “cultura da ignorância”, que gosta de se exibir, é o caos.

Querendo mostrar indiferença às coisas que, diz ele, não lhe atingem e dar ares de intelectualidade, o “conge” recorreu à sua já reconhecida cultura e resolveu citar Édith Piaf.

Para que ele fez isso???

Certamente, alguém lhe sugeriu fazer essa citação desastrosa. Logo com ela, o “pequeno rouxinol”, como muitos a vêm, uma artista francesa de grande talento e que tem uma característica marcante; a de “carregar” na pronúncia do R e extrair disso um som gutural inconfundível.

Citar algo ou alguém de quem não se faz a mínima ideia, por si só, representa grande demonstração de ignorância, estupidez e falta de bom senso. Mesmo sendo atributos típicos de Moro, é de uma burrice sem tamanho.

Mas, é incrível como ele não consegue perceber.

E aí, Édith Piaf, o pequeno rouxinol, a artista que até hoje encanta o mundo, é transformada em EDITE PIÁ pela voz do marreco, como  também é conhecido Sérgio Moro.

https://www.youtube.com/watch?v=qdaDGdT6-Zk

“Seu” Sérgio, como o chama o deputado federal Glauber Braga (PSOL), é incorrigível.

Às vezes chego a pensar que a Globo, num requinte de crueldade, já o expõe intencionalmente. 

Esse é um dos preços que a arte paga por existir; ser usada por qualquer um, de qualquer jeito.

A arte existe para enriquecer e dar sentido à vida. Ela nos alegra com a sua beleza e nos leva à reflexão com a sua dor. Ela não existe para ser usada por quem a ignora e despreza.

Por isso, é um dos alvos principais de todo movimento inspirado e conduzido pela ignorância. Artistas são agredidos, livros são queimados, o conhecimento é desprezado…

Quando os armários da ignorância se abrem, é inevitável o desfile da estupidez pelas avenidas do país.

Em momentos assim, ouçamos Edith Piaf, para iluminar os nossos corações e almas.