Chaiene, chegando com disposição

Chaiene:
1. Para quais casos se indica o Hidróxido de cálcio como MIC?
2. Qual a diferença entre os veículos aquosos e os oleosos na aplicação de MIC à base de hidróxido de cálcio?
3. Qual a medicação de escolha para os casos de polpa viva, tanto na urgência quanto depois do preparo completo do canal radicular?
4. Quais as razões biológicas que determinam o CRT?

Bem-vinda Chaiene, chegou com disposição. Vamos lá.
1. Em qualquer situação onde a medicação intracanal é necessária, a minha recomendação é que ela seja feita com o hidróxido de cálcio. As razões para isso são as propriedades que lhe são atribuídas.
2. O hidróxido de cálcio se torna efetivo a partir da sua dissociação em íons hidroxila e cálcio. Basicamente, os veículos aquosos permitem essa dissociação mais rapidamente.
3. Primeiramente, deve-se entender que a ausência de dor após atendimento de urgência é devida à intervenção do endodontista, à remoção do tecido inflamado, isto é, a polpa, e não à medicação, qualquer que seja ela. Por qualquer razão, tanto nos casos após atendimento de urgência como de preparo do canal, se a medicação intracanal for utilizada, a minha resposta é a mesma do item 1, ou seja, deve ser o hidróxido de cálcio. Sugiro a leitura dos artigos:
Souza, RA; Naves, RC; Souza, SA; Dantas, JCP; Colombo, S. Análise da Influência do Uso de uma Associação Corticosteróide-Antibiótico na Ausência de Dor no Pós-Operatório do Tratamento das Urgências em Endodontia. JBE. v. 5, n. 18, p. 213-216, 2004.
Souza, RA; Naves, RC; Souza, SA; Dantas, JCP; Colombo, S. Lago, M . Influência do Paramonoclorofenol Canforado na dor pósoperatória em casos de absceso periapical agudo. ROBRAC. v. 17, p. 73-78, 2008 (este você encontra aqui no site – veja aqui).
4. Chaiene, a rigor, todas as suas perguntas mereceriam respostas menos resumidas, mas a idéia é ter mais objetividade. As análises em um blog devem ser sucintas. É difícil, porém, atender a esse requisito em se tratando da sua pergunta 4, ela exige uma resposta mais elaborada. Vamos lá.
A determinação do comprimento de trabalho (CT) é um dos pontos mais polêmicos da Endodontia e sempre foi discutida em termos de quanto ficar aquém do ápice. Os números (0,5; 1; 2 mm… aquém do ápice) são referenciais interessantes, mas não é esse o aspecto mais importante. Fala-se muito em coto pulpar como algo sagrado, um tecido que não deve ser tocado, mas não se discute o que realmente é o coto pulpar. O conceito que ainda impera, o de que o canal cementário jamais deve ser trabalhado, não leva em consideração o tecido que está contido nele, as suas características, a sua capacidade de renovação, etc. O que se ensinou ao longo desses mais de cinquenta anos precisa ser repensado com certa urgência, pois está equivocado. Para muitos ainda é um mito que deve ser respeitado a todo custo. Já publiquei alguns artigos sobre esse tema e quatro deles estão aqui no site. Ao invés de tentar responder de forma sucinta a essa questão, vou lhe encaminhar para eles:
1. Clinical and Radiographic Evaluation of the Relation Between the Apical Limit of Root Canal Filling and  Success in Endodontics. Part 1
2. Limpeza de forame-uma análise crítica
3. Limpeza de forame e sua relação com a dor pós-operatória
4. The Importance of Apical Patency and Cleaning of the Apical Foramen on Root Canal Preparation (Clique aqui para ver esses artigos) 
Se voce quiser ver mais detalhes, no nosso livro Endodontia Clínica existem dois capítulos específicos sobre esse tema.

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