PSDB, sem medo de ser ridículo

PSDB em Lisboa

Na tentativa de emplacar o golpe na Europa, PSDB se expõe

Pregando no deserto

Por Ronaldo Souza

Todos sabem que FHC adora viajar para falar mal do Brasil.

Foi numa dessas em que ele se perdeu e deu pena.

Acostumado com os nossos jornalistas que transformam a entrevista em púlpito para ele fazer as suas pregações, FHC esqueceu que não estava no Brasil.

O nome do programa da BBC de Londres, Hard Talk, já deveria fazê-lo imaginar que não seria uma conversa mole.

Resultado. FHC apanhou bastante do jornalista Stephen Sackur. Foi triste o episódio, que você pode ver um pouco aqui.

Até o seu reconhecido pedantismo ficou mal. Fazer essa entrevista em inglês não foi uma boa escolha. O inglês dele é ruim.

E ficou pior ainda quando percebeu que não estava seguro na entrevista.

Serra, sem reconhecimento e prestígio onde quer que seja, só sai para conversar sobre o Pré-Sal com a Chevron.

Quando não dá para ir, troca mensagens que depois serão vazadas pelo Wikileaks, como aquela que ficou famosa em que ele promete entregar o Pré-Sal.

Aécio, enquanto ainda era candidato e vendia a imagem de que ganharia as eleições, também chegou a viajar para os Estados Unidos para falar mal do Brasil.

Ninguém chama mais.

Quer dizer, ninguém chamava.

Porque outro membro do PSDB, o Dr. Gilmar Mendes, conhecido empresário do ensino (proprietário do Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP), e dono de capangas (segundo o ex-ministro e atualmente twitteiro, Joaquim Barbosa), convidou a turma para fazer um seminário em Portugal.

Levariam ainda o vice-presidente, Michel Temer, o Amigo da Onça*.

Temer Amigo da Onça 2.jpeg

Este, porém, esperto e amigo da onça, “sartou” fora e ficou sabotando o governo por aqui mesmo.

O ridículo não permite que você se perceba ridículo.

Este é o principal problema de ser… ridículo.

Como o ridículo já se incorporou à vida desses homens, também não perceberam que não estavam no Brasil, onde tudo lhes é permitido e possível.

Plateia não lhes falta.

Para encurtar a história, perceba você mesmo do que estou falando na matéria abaixo

Obs.Amigo da Onça é um personagem criado por Péricles de Andrade Maranhão (14 de agosto de 1924 – 31 de dezembro de 1961) e publicado em uma charge pela primeira vez na revista O Cruzeiro em 23 de outubro de 1943.

Francisco Louçã

ESCRITOR PORTUGUÊS IRONIZA SEMINÁRIO DO GOLPE

Francisco Louçã, economista e político português, avalia que “só haveria uma razão” para que políticos e juristas brasileiros viajassem para Lisboa para “conspirar por telefone” contra o governo Dilma: “procurarem um endosso internacional para as suas diligências, fazerem-se fotografar ao lado das autoridades de Portugal. Se era esse o objetivo, fracassou”; “Ficando deserto de autoridades, o seminário limitar-se-á então, se ainda se vier a manter com tantos abandonos, a uma conversa entre juristas e políticos brasileiros sobre a graça do golpe que está a decorrer. Suponho que só a TAP agradecerá a cortesia”, ironiza o escritor

Por Francisco Louçã*, no Publico

Quem se lembrou de uma coisa destas? Admitamos que o seminário “luso-brasileiro” que vai decorrer na Faculdade de Direito de Lisboa já estava programado antes da crise desencadeada pela golpaça político-judicial em curso no Brasil. Se assim for, há uma questão a que falta responder: como é que se lembraram de marcar um seminário sobre o futuro constitucional do Brasil (e de Portugal, olha só) para o 52º aniversário do golpe que derrubou um presidente eleito e instaurou uma ditadura militar? Como não há coincidências na vida, ou fugiu o pé para o chinelo ou é uma declaração de guerra com um atlântico pelo meio. Presumo que seja o chinelo.

Também não lembraria a ninguém que o vice-presidente brasileiro, e primeiro potencial beneficiário da eventual deposição de Dilma Roussef, escolha sair do país por uns dias precisamente quando o seu partido, o PMDB, tomará a decisão de sair do governo e se juntar aos parlamentares derrubistas. Mas é isso que anuncia o programa do evento. Pior, acrescenta outros pesos-pesados da direita, estes do PSDB, José Serra e Aécio Neves, sendo que o primeiro não estava previsto no programa original. O que os levaria a levantar voo do Brasil para se limitarem a conspirar por telefone?

Só haveria uma razão, procurarem um endosso internacional para as suas diligências, fazerem-se fotografar ao lado das autoridades de Portugal. Se era esse o objectivo, fracassou. Os serviços do Presidente português anunciaram que a agenda não lhe permite ir ao seminário e até o ex-primeiro ministro Passos Coelho se pôs de fora.

O detalhe da exclusão de Passos acrescenta ainda algum picante à história, dado que o PÚBLICO revela que “já Jorge de Miranda garante que a presença do ex-primeiro-ministro levantou dúvidas quanto à pertinência académica do seu contributo”. Excelente: o seminário era de tão alta qualidade que os organizadores se esqueceram de consultar a “pertinência académica” do “contributo” dos oradores que convidaram. Passos deve estar reconhecido por mais esta. Paulo Portas, que também foi anunciado para o encontro, mantém-se mais discreto e, adivinho, de fora do imbróglio. Resta saber se Maria Luís Albuquerque, anunciada no Brasil como professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, abrilhantará o encontro com a sua presença.

Ficando deserto de autoridades, o seminário limitar-se-á então, se ainda se vier a manter com tantos abandonos, a uma conversa entre juristas e políticos brasileiros sobre a graça do golpe que está a decorrer. Suponho que só a TAP agradecerá a cortesia.

Nota (16.30, dia 24): o vice-presidente do Brasil cancelou a sua viagem. O benefício da TAP com o evento será mais reduzido.

Francisco Louçã, nascido em Lisboa, economista. Foi deputado (1999-2012) e é professor de economia na Universidade de Lisboa. Os últimos livros que publicou foram “A Dividadura” e “Isto é um Assalto” (Bertrand, 2012 e 2013), ambos com Mariana Mortágua, “Os Burgueses” (Bertrand, 2014, com J. Teixeira Lopes e J. Costa) e “A Solução Novo Escudo” (Lua de Papel, 2014, com João Ferreira do Amaral)