Mulheres de Atenas

Atenas

Por Ronaldo Souza

Mulher não casa com cobra porque não sabe qual é o macho.

Desde os primórdios da humanidade, a História registra que as mulheres são tidas como seres inferiores.

O Senado da Roma antiga era constituído somente por homens. Seres inferiores, as mulheres eram proibidas de frequentar aquele ambiente seleto.

Palco das decisões mais importantes da Grécia, também era assim a Gerúsia, o Senado grego.

Seres inferiores, as mulheres só serviam para a procriação.

Não para o amor.

Ao longo dos séculos, grandes mulheres lideraram movimentos que tinham como único objetivo a conquista do verdadeiro lugar da mulher; ao lado do homem.

O movimento conhecido como “Feminismo” ainda hoje tem um sentido pejorativo, bastante depreciador e ultrajante às mulheres.

Em pleno século XXI as feministas ainda são desrespeitadas e de certa maneira humilhadas, com papel importante nesse sentido desempenhado pela mídia e, lamentavelmente, por muitas mulheres.

Apesar disso, são incontestáveis as conquistas de muitas em nome de todas.

Para ficarmos no Brasil, somente em 24 de fevereiro de 1932, em Decreto assinado por Getúlio Vargas, foi assegurado o voto feminino, ainda que com algumas restrições.

A mulher brasileira estava “autorizada” a votar.

Somente há 85 anos a mulher brasileira teve direito ao voto.

Ela não precisaria mais prestar contas sobre seu voto ao marido e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em 1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje.

De lá para cá, as mulheres não só votaram como algumas foram eleitas.

Qual é o nosso tempo?

Não é de agora que arqueólogos e outros estudiosos do tema apontam para a existência de “vidas superiores” no Planeta Terra há milhões de anos.

Talvez o melhor exemplo a ser dado sejam as pirâmides do Egito.

A engenharia que envolveu a sua construção não parece ser condizente com os conhecimentos que existiam à época.

Sob essa perspectiva, ficção ou não, a literatura e o cinema também fizeram seus registros quanto a sociedades que contavam com a possibilidade de preservar homens e mulheres para um tempo futuro, através, por exemplo, do congelamento dos seus corpos.

Seria possível?

Quem sabe isso explique a presença de algumas pessoas fora do seu tempo e espaço.

Quem sabe, por razões científicas ou não, essas pessoas tenham sido congeladas por séculos e “liberadas” para viverem em outros tempos.

Talvez isso pudesse explicar a existência de Jair Bolsonaro.

Protótipo mal-acabado e inconcluso de homem, pode ter sido “liberado” a viver nos tempos atuais.

Quem sabe seja alguém a serviço da humanidade.

Um troglodita que viajou na espaçonave do tempo para com a sua vida evidenciar o desenvolvimento da raça humana, ao nos mostrar que há séculos atrás já fomos iguais a ele?

Um troglodita que viajou na espaçonave do tempo e mostra ser capaz de criar um exército de seguidores e assim nos fazer ver o quanto ainda precisamos evoluir?

Como poderia eu saber?

Foge da minha capacidade.

Restam-me a ignorância e a perplexidade pelo momento que vivemos.

Entretanto, mesmo na minha ignorância e perplexidade, muitas coisas já não me afligem.

Não me aflige, por exemplo, buscar explicação para esse “exército” de seguidores, protótipos mal-acabados e inconclusos de homens que, quem sabe, serão também congelados para uso semelhante nos séculos futuros.

Mas, fico ainda imaginando muita coisa.

Por exemplo.

Não quem são, mas o que são essas mulheres?

Essas mulheres que riem e aplaudem quando ele expõe a sua concepção de vida na Pré-História.

https://www.youtube.com/watch?v=VyB9C7KHUKM

Como entender que depois de tantas lutas e conquistas das mulheres, mulheres tenham esse comportamento?

Fazem isso para agradar aos seus companheiros?

Na votação da admissibilidade do impeachment de Dilma Roussef, vivemos um dos mais tristes episódios da história contemporânea brasileira.

Deixemos de lado o circo dos horrores montado para as mais diversas demonstrações de estupidez, canalhice e oportunismo.

Deixemos de lado a farsa canalha da bandeira da anticorrupção que tentaram desfraldar e que nos trouxe para o momento que estamos vivendo.

Uma mulher que tem na sua biografia um passado de luta como poucas mulheres na história contemporânea do Brasil podem apresentar, foi afastada da presidência da república do país pelo qual tinha lutado por homens e mulheres parlamentares que envergonham qualquer nação minimamente séria.

Ali estava mais uma vez a mulher subjugada pela superioridade masculina de velhos machos na podridão que os sustenta apontando para a “incompetência e inferioridade” da mulher.

Temer e ministério de machos

Mas aquela mulher foi também enxovalhada e humilhada por deputadas, mulheres como ela, mas que não conseguem sequer honrar as suas próprias famílias.

Aquelas deputadas, por sua vez, eram representantes de milhares de outras mulheres que, indignadas por uma revolta inexplicável contra uma mulher, esqueceram do que tantas mulheres já tinham conquistado.

O retrocesso é a marca dos tempos que estamos vivendo.

Mas haveria o momento maior.

Perderam em 64. Perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve. Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.
Jair Bolsonaro

Aquele ser congelado na Pré-História e agora entre nós fazia a apologia do mais reconhecido torturador do regime militar; coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O homem que se deliciava na tortura colocando ratos e baratas na vagina das mulheres presas.

E, sabendo que Dilma estava assistindo, do alto da sua superioridade masculina fez questão de tripudiar, mais uma vez, sobre a mulher:

O pavor de Dilma Rousseff.

A desumanidade, a crueldade e a covardia daquele pobre ser humano tomavam posse da alma daqueles homens e mulheres sob a forma de risos, aplausos e urros que se fizeram ouvir sob a lona daquele circo.

Entretanto, se já não me aflige buscar explicação para o exército de seguidores de homens como Bolsonaro, fico imaginando o que se passa no íntimo dessas mulheres.

Lá no fundo, no mais profundo do seu âmago, o quanto devem sofrer por terem que agradar e conviver com eles, os seus maridos, companheiros, namorados, o que sejam.

“Homens” que estavam lá, mas que também circulam entre nós e exibem diariamente a sua “hombridade” nas redes sociais.

Fico imaginando se essas mulheres pensam e se sim, o que pensam sobre como será a vida de suas filhas, geradas por eles, mas que, com a sua conivência e subserviência, serão criadas como foram as suas avós.

Esses “homens” estão de volta e cada vez mais fortes.

https://www.youtube.com/watch?v=6B2wfXTwZjc

Pobres mulheres.

Pobres filhas.

Na minha adolescência, uma frase (um ditado popular) que rolava entre os homens e eu ouvia com frequência era a que está lá em cima e que repito agora;

Mulher não casa com cobra porque não sabe qual é o macho.

Cruel, mas a verdade é que os homens, inclusive eu adolescente, se deliciavam com ela.

Em pleno século XXI algumas mulheres parecem querer nos fazer acreditar na validade dessa frase.

Se já não me afligem os protótipos mal-acabados e inconclusos de homens que servem ao exército das mentes congeladas, por entende-los como uma patologia que ocorre como surtos em determinados momentos da história, com as mulheres há sim uma preocupação.

As mulheres costumavam ser mais sensíveis.

Mas, se com elas há essa preocupação, assusta imaginar o que será das suas filhas.

https://www.youtube.com/watch?v=a4d_nfAJ4mI