DEM e a DEMocracia dos tolos

DEM e DEMocracia

Por Ronaldo Souza

É bem possível que os filhos e filhas de alguns homens não percebam quem são os seus pais.

Afinal, a relação entre pais e filhos carrega grande complexidade, o que explicaria, pelo menos em parte, a admiração dos filhos pelos pais. Mesmo em circunstâncias que não justificariam essa admiração.

Nada mais compreensível.

Afinal, é comum dizer-se, pai é pai.

Apesar de procurar entender essa complexidade, confesso que tenho as minhas dificuldades em ver e aceitar dessa forma.

Não o amor dedicado ao pai, mas a adoção da postura e até a idolatria por ele.

Por outro lado, com as rápidas mudanças que estão ocorrendo no mundo das comunicações (com a internet desempenhando papel relevante na desconstrução da falsa imagem de muita gente), é possível que em um espaço de tempo não muito longo os netos venham a saber quem, de fato, são ou foram seus avós.

Nesse processo, alguns partidos e seus políticos já alcançaram o patamar de irreversibilidade em termos de degradação. Não parece mais possível que qualquer mudança positiva nesse sentido venha a ocorrer.

Na sua fase inicial, o PSDB teve nomes honrados entre os seus membros e alguns poucos ainda estão lá, tentando ver se conseguem tirar o partido da lama em que se encontra e da total degradação.

Empresários e políticos já anunciam que irão deixar o partido. A mais recente baixa parece ser a do jurista do impeachment de Dilma Rousseff, o tolo Miguel Reale Júnior, que diz estar abandonando o barco.

Outros permanecem, e aí assume lugar de destaque Fernando Henrique Cardoso, um homem corroído pela inveja e frustração, que insiste em não só ficar como enlamear mais ainda o partido, em flagrante desrespeito ao seu passado. Do partido, entenda-se.

O DEM, não.

Este desde sempre é isso que está aí.

Podre.

Um partido que agoniza há muito tempo.

Em extinção, a dúvida é até quando resistirá.

Cito os dois partidos porque sempre estiveram entre os mais fortes do país e pela incomparável capacidade de apontar o dedo da corrupção para outros partidos e aparecerem para a sociedade como puros e dignos. Claro que sob a eterna complacência e proteção da imprensa brasileira, à frente a Globo.

Mas, finalmente, após anos de desenfreada corrupção e canalhice, a verdade sobre esses homens começa a aparecer.

Acusadores que foram durante anos de que outros partidos trabalham contra a liberdade de imprensa e a democracia, agora são vergonhosamente flagrados em vários momentos fazendo exatamente isso. Aliás, algo que só surpreende a quem se acostumou a ver esses políticos e seus partidos sob a ótica da imprensa brasileira.

Reportagem do jornal O Dia no final de maio, fala em “delação do fim mundo, a mãe de todas as delações”, que estaria sendo preparada por Aécio Neves, segundo a qual “ele (Aécio) encontra-se incontrolável, sob medicação muito forte e, também, muito deprimido”.

A matéria diz que “segundo pessoa ligada à família Neves, o senador não está conseguindo dormir nem se alimentar direito, chora muito e vem se culpando pela prisão da irmã”.

Relata ainda o pânico existente, principalmente dentro PSDB, onde seriam inevitavelmente atingidos o “senador paulista, José Serra, o ministro chefe das relações exteriores, Aluísio Nunes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o também senador mineiro, Antônio Anastasia, todo o clã Perrela, (pai e filhos), o senador pelo espírito santo, Ricardo Ferraço, o Cássio Cunha Lima, da Paraíba, o senador e atual presidente do partido, Tasso Jereissati e o ainda maior nome psdbista, FHC”.

E é justamente esta uma das razões mais fortes, e não só o desejo do PSDB de assumir a presidência do Brasil, a razão pela qual defendem o governo Temer; sabem que se o abandonarem Aécio será preso.

Aécio preso é delação certa, porque ele não vai aguentar.

Com delação de Aécio, quem sobrará?

Essa é a democracia dos tolos, eleitores de políticos que dão o golpe, destroem o Brasil e agora, entre tantas outras coisas, tramam contra o país para que não haja eleições diretas, maneira mais fácil e rápida de “eleger” um presidente que mantenha essa podridão que aí está.

Não são poucas as vezes em que me flagro me perguntando.

Será que em nenhum momento esses homens têm dificuldade de olhar nos olhos dos filhos e netos?

Veja abaixo a matéria do Rede Brasil Atual.

Base de Temer manobra e impede discussão de PEC das Diretas

Matéria do Rede Brasil Atual

São Paulo – Por falta de quórum, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados encerrou reunião desta terça-feira (13) sem apreciar a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16, que prevê a realização de eleições diretas para presidente e para vice-presidente em caso de vacância, exceto nos seis últimos meses do mandato. A proposta estava fora da pauta desde 24 de maio e só foi reintroduzida depois de acordo firmado entre a presidência da comissão e a oposição.

A apreciação da proposta, de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), era o único item da pauta da comissão, mas os deputados de partidos que integram a base governista, contrários à PEC, não registraram presença durante a primeira votação pelo processo nominal e o número mínimo de parlamentares exigidos para o prosseguimento da sessão não foi alcançado.

Apenas deputados do PT, PSB, PDT, PCdoB, Psol e Rede, totalizando 27, participaram da votação, sete a menos do que o exigido para dar continuidade à tramitação. O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), encerrou os trabalhos após aguardar por pouco mais de uma hora pelo número mínimo de votantes.

A PEC recebeu parecer favorável do relator, Esperidião Amin (PP-SC). O relatório ainda precisa ser aprovado pela CCJ antes de ser apreciado pelo plenário da Câmara. Para ser aprovado na comissão, o relatório pela admissibilidade da PEC precisa ter maioria simples dos votos. No plenário, a PEC deve receber apoio de pelo menos 308 deputados, por se tratar de uma mudança constitucional.

Ainda durante a manhã, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) anunciou que a base do governo adotaria a estratégia da obstrução. “Nós não temos que tratar sobre questão diretas já. A Constituição num país democrático é um guardião que deve ser usado, e não mudado, nos momentos de crise”, afirmou Aleluia. Ele apresentou requerimento para inverter a pauta do dia, a fim de colocar primeiro a leitura da ata e do expediente da comissão e atrasar a discussão do mérito da matéria.

Parlamentares da oposição rebateram. “Não achamos normal o governo obstruir o debate sobre diretas e o funcionamento da principal comissão da casa. Nós queremos que o governo tenha o mínimo de coragem de votar contra o projeto, se quiser. Nós queremos enfrentar o tema e não aceitamos que seja o Congresso que eleja o próximo presidente”, disse Alessandro Molon (Rede-RJ).

Ao perceber que o requerimento seria aprovado, os deputados governistas esvaziaram o plenário. A falta do quórum mínimo para concluir a votação do requerimento impediu a continuidade da reunião. Os líderes da oposição aproveitaram ao máximo o tempo final para discursar em favor da análise da proposta e provocar a base aliada dizendo que o governo não quer eleições diretas.

O presidente da comissão disse que convocará nova reunião extraordinária para discutir o assunto na próxima semana. Apesar de Pacheco ter se posicionado de forma contrária à mudança na Constituição, ele defendeu que o governo retire a obstrução e permita o debate.

“Temos que debater essa PEC, seja aprovando ou rejeitando a admissibilidade da proposta. Vamos tentar convencer a base do governo para não obstruir e que possamos debater logo essa pauta. Temos aqui uma série de itens que precisam ser aprovados ou rejeitados. Não pode apenas um item travar toda a pauta da comissão”, afirmou Pacheco após o encerramento da reunião.