Por Ronaldo Souza
Há algum tempo Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ e deputado pelo PT (RJ), fez a denúncia abaixo no vídeo contra o juiz Sérgio Moro.
Claro, a imprensa brasileira simplesmente abafou.
É no mínimo indecente que um juiz que ficou conhecido como o herói anticorrupção tenha esse comportamento. Sendo o teto salarial ditado pela Constituição Brasileira de R$ 33.000,00 (em números redondos), o juiz Moro recebe o dobro e algo mais, R$ 77.000,00, segundo o deputado Damous.
Se considerarmos que se trata de um Juiz de Direito, cuja missão maior é proteger e defender a Constituição Brasileira, torna-se um absurdo maior ainda, um verdadeiro escândalo.
Há menos tempo o Procurador Deltan Dallagnol foi flagrado como proprietário de duas casas do programa social “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Dilma.
Um juiz de Direito, com seu belo salário, é proprietário de duas casas em um programa social destinado à população de baixa renda, pessoas cujo sonho de vida é ter uma casa e não podem porque não chega pra quem quer.
Indagado se era correto um Promotor Público do nível dele e com o papel que desempenha assumir aquela postura, ficou perdido sem saber o que dizer e respondeu dizendo que não era para ele morar; “era para investimento”.
Enquanto as pessoas lutam uma vida inteira para ter uma casa onde morar, o promotor toma posse de duas delas para… ganhar dinheiro!
O que dizer desse homem, mais um herói brasileiro no combate à corrupção?
Agora, fica-se sabendo que Dallagnol virou palestrante, cobrando entre 30 mil e 40 mil reais por palestra.
Você já viu isso alguma vez em qualquer lugar do mundo?
Um Promotor Público, pago pelo governo federal com o dinheiro do povo, ter uma agência particular para agenciar as palestras dele??? (Clique aqui para conhecer a agência Motive Ação).
Depois de os membros da Lava Jato questionarem de todas as formas e dizerem que o dinheiro que Lula recebeu pelas palestras como ex-presidente era propina, o que se pode dizer do Promotor Público Deltan Dallagnol e de suas palestras?
Deve ser relembrado que, como Lula, Fernando Henrique Cardoso sempre fez e faz palestras como ex-presidente. Da mesma forma, Bill Clinton e outros presidentes dos Estados Unidos.
Mas só o que Lula recebe é propina.
Observe ainda que todos eles passaram a fazer as palestras depois que tinham deixado o cargo de presidentes. Dallagnol faz as palestras em pleno exercício da função de Promotor Público.
É assim que a Lava Jato diz que está passando o Brasil a limpo.
O que você acha?
Veja abaixo a matéria de Kiko Nogueira.
Dallagnol transformou Lula numa maneira de faturar alto com palestras
Faturando alto com palestras e com Lula, Dallagnol é um caso raro de auto constrangimento
Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Há uma velha máxima no futebol com respeito à figura mítica do perna de pau: “Esse aí pode deixar que a natureza marca”.
O procurador Deltan Dallagnol é o principal agente desmoralizador de si mesmo. Não precisa de ninguém para se ocupar disso.
Nele se unem a megalomania, a grana fácil, a ambição, a arrogância, a fama, a fé evangélica e a falta de noção, resultando num pacote de auto constrangimento e vergonha alheia.
Dallagnol embarcou numa ego trip que ninguém mais controla. De Silvio Santos a Elton John, passando pelo dono da Riachuelo, é comum o sujeito perder o senso do ridículo.
Vive cercado de yes men que não o censuram mais. Deltan está passando por isso precocemente, aos 36 anos. E usando dinheiro público.
Alguém que cita a si mesmo sete vezes, mais Sherlock Holmes e uma teoria que ele mesmo criou (o “explanacionismo”) numa peça jurídica deveria ser chamado de lado pelo juiz e instado a tirar uns dias de folga para pôr a cabeça no lugar.
Ao invés disso, Dallagnol vai faturando. Suas palestras são vendidas por entre 30 e 40 mil reais, como se vê num site que o agencia juntamente com Ana Paula Padrão, Caio Ribeiro, Família Schürman, entre outros.
Seu release é inacreditável. “Quando aparece para uma entrevista, fica claro que ele preparou cada tópico da fala e não foge do roteiro”, lê-se.
“Assim, dribla a timidez. Cordial, emprega frases de efeito, que também recheiam os processos. Para ele, por exemplo, Lula é o ‘comandante máximo’ do desvio de recursos da Petrobras”.
Como assim? Então era uma frase de efeito, um truque, para deleitar a plateia? Não importa? Tudo bem para o Lula ou não vem ao caso?
A repórter Anna Virginia Balloussier fez um relato na Folha sobre uma apresentação de Dallagnol num congresso da ala paulista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
“Nós antes éramos os golpistas. Agora nós somos os golpistas dos golpistas? Eu fico confuso”, disse.
Sacou?
Dallagnol fez merchã de seu livro e adaptou a cantilena ao público. “O país está desfigurado. Precisamos de uma cirurgia reconstrutiva. Acho que vim no lugar certo para pedir ajuda”, falou.
Pegou?
Outra: “Você já teve um paciente que se olhava no espelho e se achava mais bonito do que era? O Brasil se olhava no espelho e se achava mais bonito do que era. A corrupção vende ilusões”.
Quem o introduziu foi o cirurgião Rolf Gemperli, um tipo que costumava aparecer na bancada do Jornal da Cultura, de SP, com comentários pedestres. Num deles, defendia o fim do voto obrigatório porque eleições deviam ser só para quem tem “conhecimento da política”.
“Gosto dos médicos porque médicos gostam da Lava Jato”, declarou Deltan.
O ponto alto do show foi quando um espectador quis saber se ele tinha uma “previsão real” para a prisão de Lula.
“Vou exercer meu direito constitucional de ficar em silêncio”, respondeu Dallagnol.
Sacou?
Na semana passada, ele comemorava a marca de 100 mil seguidores no Twitter. A jornalista e blogueira Nina Lemos deu-lhe uma bronca, lembrando-o que não é “uma blogueira teen”.
Nina errou. No fundo, Dallagnol não passa muito disso. Lula e a batalha contra corrupção viraram um filão que DD, Moro e seus cometas exploram.
Enquanto durar a Lava Jato, e ela não tem hora para terminar, eles vão se dar bem. Se a grana é oriunda, eventualmente, de uma categoria extremamente afeita a sonegar impostos, como a dos médicos, não tem problema.
Business is business. O importante é dar um jeito nesse país. Eu não tenho culpa, eu votei no Aécio.