Por Ronaldo Souza
Quem se pôs diante de qualquer telejornal, particularmente os da Globo, quem leu a Veja, Época, Folha e Estadão nesses últimos meses desde 2013 não pode ter nenhuma dúvida de que o caos é o céu. Claro que para a oposição e a mídia.
Nenhuma novidade.
Há, entretanto, certa surpresa por um detalhe: nunca imaginei ver a Globo baixar tanto o nível e entrar de forma escancarada no jogo.
Claro que ninguém que tenha algum discernimento pode imagina-la com o mínimo de dignidade. A sua história não permite qualquer possibilidade nesse sentido.
Mas havia uma coisa; a tão propalada qualidade técnica da Globo. Qualidade que ninguém contestava nem contesta.
A sua incontestável qualidade técnica e audiência lhe permitiam manter uma postura de neutralidade, tão verdadeira quanto uma nota de 3 reais, mas que, aos olhos dos seus telespectadores era real. Somente eles, induzidos por ela própria ao longo dos anos à perda de discernimento, poderiam vê-la sob essa perspectiva.
Jamais perceberam que são tratados como seres ignorantes e sequer souberam que assim foram chamados por William Bonner, representando o pensamento da emissora, quando os comparou a Homer Simpson (personagem de Os Simpsons, série da própria emissora), numa clara analogia à estupidez daquele personagem. E os que souberam desse episódio continuaram merecendo a comparação.
Se a qualidade técnica da Globo é incontestável, a sua audiência segue ladeira abaixo. Ela vem quebrando os seus próprios recordes de queda de audiência (clique aqui para ver que a Globo segue em queda; Jornal Nacional está sangrando na audiência. Em Goiânia, no dia 28 de fevereiro, “Chiquititas” do SBT teve 17,78% de audiência ante 14,63% do Jornal Nacional.
A notícia mais recente diz que “no domingo de Páscoa (20) o programa “Fantástico” teve média de 14 pontos. É o recorde negativo histórico do “show da vida”. Antes, a mais baixa audiência era 15 alcançados no último Carnaval. A média de audiência em 2013 foi 19% e em constante decadência nos últimos anos.
Essa queda absurda e contínua de audiência explica porque a Globo agora muda a sua programação a todo instante. E explica também o seu desespero.
Já não é mais possível sustentar uma neutralidade que nunca existiu, mas que ela insistia em querer mostrar. Não há um só momento, um só setor do jornalismo da emissora que não se empenhe em notícias negativas que visam mostrar que o Brasil quebrou.
Quando isso aconteceu de fato, o Brasil quebrar, e não foi só uma vez, foram três, no governo de Fernando Henrique Cardoso, nenhum noticiário que pelo menos se aproximasse do que se vê hoje, chegou aos brasileiros.
Hoje o Jornal Nacional gasta em média cerca de 10 minutos do seu tempo falando mal do governo e do Brasil. Pouco importa que o Brasil seja visto de forma completamente diferente pelo resto do mundo.
Enquanto isso, parte da nossa sociedade consome os seus dias armando a próxima viagem para os Estados Unidos e Europa. Compras em Miami e uma foto na Torre Eiffel constituem a nossa razão de viver.
A visão futurista de Joseph Pulitzer (1847-1911) se impõe: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”.
Mídia e PSDB se irmanam mais uma vez. Veja a matéria do Brasil 247.
Dias abre o jogo: ordem é alimentar noticiário ruim
Senador paranaense Alvaro Dias (P
SDB-PR), um dos principais líderes da oposição, abriu o jogo numa rápida entrevista ao blog do jornalista Ricardo Noblat; "precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa", afirmou; "a instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução"; pelo que se lê nos jornais e revistas, tática de guerra tem funcionado
Qual é a principal missão da oposição nos dias atuais? O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um de seus principais líderes, responde. "Precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa", disse ele, numa rápida entrevista ao Blog do Noblat. "A instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução."
Ou seja: Dias, praticamente, abriu o jogo. A ordem é alimentar notícias negativas – o que tem dado certo, a julgar pelo que se lê em jornais e revistas – e usar a CPI da Petrobras, cuja instalação será decidida pela ministra Rosa Weber, na próxima terça-feira, para "desconstruir" a imagem do governo.
Leia, abaixo, a íntegra do depoimento de Dias a Gabriel Garcia, publicado no Blog do Noblat:
Três perguntas para… senador Alvaro Dias (PSDB-PR)
A presidente Dilma continua na frente nas pesquisas de intenção de votos. Caiu um pouco, passando de 40%, em março, para 37%, segundo o Ibope. Isso é desanimador para a oposição?
Pelo contrário. Os eleitores só vão se preocupar com eleições após a Copa. E vale verificar o ambiente hoje do país. A insatisfação da população com o governo é grande. Isso tende a trazer votos para a oposição.
Então o importante é que ela continue caindo, ainda que pouco?
Há forte tendência de queda de Dilma, verificada a cada pesquisa. Essa tendência vai se avolumar com o noticiário negativo. São as más notícias que desgastam e derrubam o governo. Temos um tempo de maturação para que esse noticiário reflita nas intenções de voto.
Mas a oposição não tem conseguido usar essa insatisfação a seu favor. O que fazer?
A oposição tem que ter clareza no discurso e ser mais afirmativa. Tem que se apresentar como alternativa real de mudança e convencer o eleitoral. Ao mesmo tempo, precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa. A instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução.
Obs. do Falando da Vida – Pouco importa se jogam contra o maior patrimônio do povo brasileiro. O objetivo da CPI da Petrobrás é tão somente tumultuar a vida do país para repercutir em Dilma. Nada mais. Objetivo, claro, as eleições.
Obs. 2. do Falando da Vida – Você vai ver deputado e senador dizer muita bobagem, de olho principalmente na televisão. Apesar do palanque que vão armar, essa CPI é a grande chance da Petrobrás e do governo. Acho que mídia e oposição não vão se sair como imaginam.