Por Ronaldo Souza
Pernambuco nunca teve tanto apoio de um presidente da república como teve de Lula.
Mesmo quando teve um pernambucano como vice-presidente do Brasil, Marco Maciel (vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso nos seus oito anos de presidência, de 1995 a 2002). Registre-se que como vice-presidente Marco Maciel nada fez pelo país. Pelo seu estado… menos ainda.
Com Lula, o estado deu um salto de desenvolvimento econômico como jamais tinha acontecido. Tinha como governador, Eduardo Campos.
Lula fez Eduardo Campos. Na sequência, Dilma continuou dando grande apoio a ele.
Havia uma possibilidade concreta de Eduardo Campos ser candidato a presidente da república em 2018 com o apoio de Lula.
Governador com índices de aceitação nas alturas, potencial candidato à presidência da república em 2018 com o apoio do maior político do Brasil e melhor presidente que o país já teve, Campos dormia com as estrelas.
O homem é movido por sentimentos, nem sempre nobres. E há entre eles aqueles que podem leva-lo por caminhos que nem sempre deseja seguir.
Foi na armadilha dos sentimentos que caiu Eduardo Campos. Viu-se um predestinado. Foi nesse momento que a vaidade e ambição, até então escondidas nos recantos mais profundos da alma, afloraram com uma intensidade inimaginável.
Fez-se candidato à presidente da república. Contra aquele que o fizera alguém na política.
O poder não corrompe o homem; mostra o homem.
Mais cruel é quando a possibilidade do poder já faz o homem se mostrar. Perder-se na possibilidade é fatal para um político ambicioso.
Leio no Brasil 247 que Campos disse que o Bolsa Família é uma conquista importante da democracia e que teria sido criado por Fernando Henrique Cardoso e adotado e melhorado por Lula.
A matéria diz ainda que os elogios foram seguidos de críticas acerca da conduta federal na administração do Bolsa Família. “Agora, o que me preocupa é que tem gente precisando, mas que está fora do programa”, criticou o gestor. “Nosso compromisso é universalizar o Bolsa Família, que é um direito das pessoas, para que ninguém vá para as portas das prefeituras, atrás de inscrição como se isso fosse um favor. Isso é um direito legal da cidadania”, acrescentou, já em tom presidencial.
Sigamos com a matéria. “O governador aproveitou também para alfinetar mais uma vez a ‘velha política’, que será um dos temas presentes na campanha presidencial do PSB… Os brasileiros querem escolher seus caminhos com alguém que se coloque como servidor do povo. Pessoas que saibam fazer o bem e que não se entreguem às conveniências de compor com alguns que a gente sabe que não têm compromisso com nada”, disparou.
Meu Deus. Atacar a “velha política” e dizer que “os brasileiros querem escolher seus caminhos com alguém que se coloque como servidor do povo. Pessoas que saibam fazer o bem e que não se entreguem às conveniências de compor com alguns que a gente sabe que não têm compromisso com nada” é de um cinismo absoluto.
A velha política está nele e com ele. Só para citar alguns, os Bornhausen estão com quem? Roberto Freire e o seu PPS estão com quem? Ronaldo Caiado estava com quem (foi Marina, a velha política que foi, não é mais, mas c
ontinua sendo, que afastou os dois, pelo menos por enquanto)?
Desde quando Jorge Bornhausen tem qualquer compromisso que não seja o de “extirpar essa raça”, (claro, o PT), aliás, objetivo e ponto de união que explica a paixão repentina de Marina pelos Bornhausen?
Bobagem em cima de bobagem. Tudo perdoável.
Imperdoável, governador, é tentar tirar de um homem o mérito do maior feito social do Brasil em todos os tempos, o Bolsa Família, feito que já passou para a História.
Imperdoável, governador, é tentar negar a um homem o reconhecimento pela obra maior que um político pode fazer, dar um pouco mais de condições e dignidade a milhões de seres humanos, por acaso brasileiros, que até então só conheciam a miséria.
Imperdoável, governador, é que, movido pelo desejo de agradar a grupos que são a negação de tudo que você parecia defender, você traiu a quem só lhe fez o bem. Governador, permita-me corrigir essa última frase; traiu a quem lhe fez.
Eduardo Campos se perdeu na possibilidade. Não é incomum a ambição ter como parceira a falta de visão.
Fatal para um político.
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