Por Ronaldo Souza
Escrevo sob dois sentimentos.
O primeiro, de tristeza.
O entusiasmo com que a minha filha chegou em casa vindo do #EleNão me fez ficar triste.
Não pude ir.
Emocionei-me vendo-a dizer como foi.
A quantidade de gente, pessoas idosas com nítida dificuldade para andar (sendo ajudada por parentes), cadeirantes, negros, brancos, homossexuais, ricos, pobres.
Povo.
O Povo Brasileiro.
O clima, o mesmo, conhecido de outras jornadas; muita sintonia e a chama da eterna luta pela causa, algo que conhecemos como ninguém.
Temos lado, temos causa.
E eu não estava lá.
“Meu pai, só pensei em você”.
Mais triste ainda.
Mas os olhos dela brilhavam tanto que mandaram embora a minha tristeza.
O entusiasmo dela me contagiou e então comecei a ver o que não fui ver.
Por já ter estado lá tantas vezes, algumas com ela, pude sentir a velha emoção; ver, sentir, tocar nas pessoas…
Eu estive lá.
E nunca estive tão bem acompanhado.
Ela, que em tantas outras vezes também esteve lá, era agora a dona da festa.
A mulher.
Ela, que só nasce quando o homem dá uma “fraquejada”.
Ela, que tem que ganhar menos que o homem porque engravida.
A mulher idiota, mentirosa e analfabeta.
A mulher estuprada, a depender de sua beleza.
Foi essa mulher que foi às ruas do Brasil ontem, encurralou e venceu o fascismo e seus pequenos machos.
Foi essa mulher que soltou o peito e a voz contra homens inseguros, com medo, frustrados, que buscam refúgio na violência.
A mulher.
#ElaSim.