A Bahia já me deu régua e compasso, quem sabe de mim sou eu, aquele abraço
Gilberto Gil
Por Ronaldo Souza
A primeira terra vista por Cabral.
A primeira missa foi rezada aqui.
O primeiro tudo foi aqui.
Aqui estão os primeiros registros da presença da Europa e da África no Brasil, com a força dessa mistura inexistente em qualquer outro canto do mundo e razão da sua inigualável e única riqueza em artes, folclore, música, cinema, culinária…
Nas suas ruas respira-se a história viva do Brasil.
Não, essa terra mágica, de estilo único, encantadora, acolhedora como nenhuma outra, de dias ensolarados e céu azul, terra onde a alegria e a felicidade deram as mãos, não há de deixar que seu povo se perca nos caminhos escuros da dor, do sofrimento, da desigualdade e da violência.
Somos filhos de Caetano e Gil e netos de Caymmi, na sua preguiça que só aos poetas é dado conhecer e curtir.
Mas não se esqueça, somos bisnetos de Castro Alves, que já tinha resolvido misturar o sangue de todos, brancos e negros.
Somos também amigos de Dodô e Osmar e por isso sempre estaremos aqui brincando o carnaval, também único e que nenhum outro povo sabe fazer e brincar igual.
No seu carnaval, Bahia, não sabem muitos, estão os gritos reprimidos e sufocados do Navio Negreiro de Castro Alves.
Vá Bahia, cante mais uma vez e mostre ao mundo a alegria de saber cantar como ninguém, tendo, lá dentro, bem fundo, no mais âmago do seu ser, reprimidas e sufocadas, todas as dores de negros, brancos, índios, homens, mulheres, todos.
Vá Bahia, mergulhe fundo e tire de lá toda sua dor e sofrimento e emerja e num só golpe de ar venha à tona e exploda de emoção.