Por Ronaldo Souza
O general Heleno é mais um “jênio” da raça humana a serviço do governo Bolsonaro.
Diante do impasse sobre a posse de armas que o seu governo tenta impor ao povo brasileiro, em entrevista tentou amenizar a situação com uma brilhante analogia, ao comparar as mortes pelas armas com as mortes provocadas pelo trânsito.
“Jênio”.
O nosso “jênio” ganhou um pouco mais de notoriedade nesta semana ao atacar Lula violentamente e dizer que ele merecia prisão perpétua.
Deixemos de lado o fato de um general desconhecer que no Brasil não existe prisão perpétua.
A proibição da prisão perpétua é cláusula pétrea da Constituição Brasileira e representa um direito e garantia fundamental do brasileiro.
Mas, convenhamos, seria demais querer que o pobre general alcance determinados temas.
Deixemos também de lado o fato de que uma reunião ministerial deveria exigir o mínimo de compostura, elegância e serenidade no trato dos temas que dizem respeito à nação.
Certamente, também seria demais querer que o pobre general entendesse questões como essa.
É um homem violento e que da sua vida militar parece não ter tirado melhor proveito.
Na sua carreira, há um episódio recente que mancha a biografia de qualquer homem, militar ou não.
O General Augusto Heleno foi o comandante da Missão das Nações Unidas no Haiti.
Comandando soldados brasileiros e de outras nações, o general esteve à frente de um episódio que vários grupos de direitos humanos hoje classificam como massacre.
Sob a sua liderança, houve uma operação de invasão na favela Cité Soleil, em Porto Príncipe, capital daquele pobre país.
A Agência Reuters fez uma investigação onde foram entrevistados diplomatas, trabalhadores de ONGs, autoridades haitianas, moradores e teve acesso a telegramas diplomáticos dos EUA e relatórios da ONU.
A matéria diz que “naquele dia 6 de julho de 2005 foram disparados nada menos que 22 mil tiros. Por aí se tem uma dimensão do episódio. Um relatório da diplomacia fala em 70 mortes, mas o número pode passar da centena. Dezenas de inocentes morreram ao ficarem no fogo cruzado. Muitas vítimas eram mulheres e crianças.”
Aos 71 anos, o general parece ser um daqueles homens que gostam de mostrar virilidade e vigor físico.
Alguns diriam; coisas de homem.
Algo que outros podem preferir chamar de coisas de macho.
Homem e macho.
Torço para que alguns que me leem alcancem as diferenças entre um e outro.
O desconhecimento disso pode levar a admirações equivocadas.
Por exemplo, é bem possível que em função dessa fala do general tenham sido feitos, ou ainda serão, comentários tipo; “até que enfim alguém disse o que o presidiário merecia ouvir”; “finalmente alguém pra dizer o que muitos queriam dizer”…, ou coisas semelhantes.
Fico imaginando o quanto demonstrações de virilidade devem ser realmente estimulantes para alguns “homens”.
Quanto ao general, deve estar feliz da vida.
Aos 71 anos merecer o elogio acima, feito por ninguém menos que um mito, um homem que dispensa comentários, deve ser a glória.