A “Retrospectiva do Brasil do Futuro” é uma “Bagagem de Dejeitos”

BolsoBic'

Por Ronaldo Souza

Seria cômico se não fosse trágico.

Já que eu me permiti usar esta frase, de tão gasta que está, vou dize-la de outra forma.

Nada existe de cômico nesse momento; tudo é trágico.

A começar pelo homem que foi eleito presidente, o mais incapaz que este país já elegeu.

Não temos um Presidente da República, temos um ocupante do Palácio do Planalto.

Um invasor.

Um extra terrestre.

Sua incapacidade é chocante e ninguém parece ter mais dúvidas quanto a isso.

A não ser “eles”.

Um desgoverno, sob todos os aspectos.

Os Insuperáveis

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Nada pode haver de mais grotesco, mais rude e primitivo do que essas imagens feitas no Palácio da Alvorada.

“Que presidente é este que veste camisa falsificada de um time e posa no palácio onde mora como um indigente?”

Este foi o questionamento de Ricardo Noblat, de O Globo.

Explico a Noblat.

Como este presidente foi eleito?

Graças às mais absurdas fake news, para usar a expressão da moda, ou seja mentiras, falsidades, farsas.

Tudo ali é farsa.

Por isso, Noblat, uma farsa usar uma camisa falsa dentro do palácio não significa absolutamente nada, é uma coisa normal.

Por outro lado, a indigência que nos acostumamos a ver, de “extrema necessidade material, de penúria, miséria e pobreza”, tão comum no nosso país, é cruel e desumana.

Mas não é para esses que fala e se exibe o ocupante do Palácio do Planalto.

Ele se dirige e se exibe, com as poucas palavras que dispõe o seu vocabulário e as repetidas imagens e ações grotescas que compõem a sua vida, a um auditório de indigentes diferenciados daqueles, já que a estes não faltam bens materiais que lhes permitem viver longe, bem longe, da pobreza e da miséria.

Ele fala e se exibe para uma plateia de indigentes mentais.

Posar “como um indigente”, como você diz, Noblat, nada significa de excepcional para ele, porque é simplesmente um falando para tantos.

Trata-se de um mundo à parte.

Sem ter a menor noção de liturgia do cargo da presidência, ele passa para os seus sensíveis eleitores a ideia de simplicidade, autenticidade, originalidade…, qualquer dessas coisas que seduzem seres impensantes com facilidade assustadora, aliás, estratégia largamente utilizada na campanha eleitoral.

Pelo visto, com resultados altamente positivos.

O morador do Palácio da Alvorada veste a camisa falsificada de um time de futebol em plena reunião presidencial de um país para fazer a única coisa que sabe fazer:

Alimentar a manada.

E, fato inegável, isso ele faz muito bem.

Cada um desses semblantes expressos nas imagens representa um perfil psicológico.

As imagens vão de um constrangimento menor ao mais acusador, passando por um carrancudo que talvez dê aos sensíveis adoradores do mito mico a ideia de seriedade e respeito quando, na verdade, é tão vergonhoso quanto o sorriso escancarado vizinho, que denuncia a idiotia em altos níveis, só superada pela do chefe.

A aplaudi-los, o rebanho.

Tenho me esforçado muito, mas confesso que tenho tido dificuldades para entender o que fala o mito, ainda que reconheça a sua intelectualidade e clareza de raciocínio.

Por mais que me esforce, não consigo entender, por exemplo, o que significa “retrospectiva do futuro”.

Com o longo tempo de governo já decorrido, afinal já são 45 intermináveis dias, só mesmo o comandante supremo das forças armadas do Brasil seria capaz de nos dizer o que significa “Retrospectiva do Brasil do Futuro”.

Como não podemos exigir dele nenhum tipo de esforço intelectual, ficaremos sem saber.

Como se trata de uma retrospectiva do futuro, esperemos então que no futuro brilhantes pensadores traduzam isso para os nossos netos e bisnetos.

“Se eu cair, Bolsonaro cai junto”

A ameaça feita por Gustavo Bebianno (Secretário-Geral da Presidência) ao mito, ao mandar um recado bem claro para ele – “Se eu cair, Bolsonaro cai junto” – assustou a todos.

Dizem que ele é um homem forte no partido.

Além de ser o presidente do PSL (partido pelo qual Bolsonaro foi eleito), segundo a imprensa tem noticiado, ele é um grande plantador de laranjas.

Tanto é que, como grande conhecedor da fruta, ele usa linguagem pertinente; “Se eu cair, Bolsonaro cai junto”.

Ou seja, ele sabe que laranjas podres tendem a cair.

Bolsolaranjal

Talvez para ele não seja difícil perceber quando todo o laranjal está podre.

A sua ameaça veio como resposta às ofensas que lhe foram dirigidas pelo pitfilho 03 de Bolsonaro, Carlos, ao chama-lo de mentiroso. Ofensas endossadas pelo pai.

Caos.

Um vereador do Rio de Janeiro chama um ministro de mentiroso e o ocupante do Palácio do Planalto não só endossa como diz ao ministro que tome outro rumo porque ele está demitido.

É claro que muitos eleitores no exercício de sua sensibilidade podem argumentar com o fato de que o vereador em questão é filho do presidente, o que lhe permitiria dizer e fazer o que quiser.

Que não estamos numa Democracia todos sabemos.

Devo admitir então que o regime adotado é a Filhocracia!

É isso?

Caos.

Os 325 ministros militares do governo, núcleo militar como é conhecido, exigiu que o vereador do Rio de Janeiro fosse afastado de suas “funções” em Brasília e voltasse a ser… vereador no Rio de janeiro.

Caos.

Fiquei completamente perdido.

Tudo bem que o Rio de Janeiro, terra de Aécio Neves, é um estado importante, mas o que um vereador da cidade do Rio faz em Brasília?

Aécio fez escola?

Resultado, Carlos Bolsonaro, ministro do twitter (sim, aquele mesmo que pegou carona no Rolls Royce presidencial no dia da posse), foi afastado do seu ministério em Brasilia pelo núcleo militar do governo militar e voltou a ser vereador no Rio.

Pelo menos é essa a notícia mais recente.

Você sabe que essa notícia me deixou um pouco mais tranquilo?

Calma, calma, não tire conclusões precipitadas.

É que pelo menos agora, como já estava planejado desde o início, definiram-se as funções no governo.

Pelo menos já se sabe quem governa e quem twitta.

Bolsonaro twittando

Agora estou achando que começo a entender o que o mito quis dizer com “retrospectiva do futuro”.

A “retrospectiva do Brasil do futuro” é a “bagagem de dejeitos” que escorrerá sobre as nossas vidas.

O legado do seu governo.

Meu Deus!