Nós e o Tempo

Por Ronaldo Souza

Em peças publicitárias muito divulgadas nesses últimos dias, a atriz Denise Fraga dá um show de interpretação e nos convida a pensar sobre o tempo, chamando a atenção das pessoas que “ouvem” na velocidade 2.

Há uma geração com pressa. Qualquer coisa escrita com mais de cinco linhas é chamada de textão, um texto grande demais. Qualquer coisa que seja um pouco mais longa é descartada. Nem mesmo um vídeo, que é algo mais dinâmico, resiste. Assim, tudo se modifica e se adapta ao desejo deles.

O que querem? Para onde querem ir?

Não percebem, claro, mas não irão a lugar algum. É como uma vitória de Pirro, expressão usada na antiguidade, como algo que se imagina ser uma vitória quando, na verdade, representa uma derrota.

Essa deterioração vai em todas as direções, mas, uma particularmente afetada é a área da Saúde. Tudo está sendo atropelado em nome dessa geração e as consequências virão mais rapidamente do que se pode imaginar.

É muito triste vê-los desrespeitarem a profissão e a especialidade que escolheram, induzidos que são por uma formação interesseira e absolutamente equivocada. Tornam-se incapazes de compreender coisas simples. Por exemplo. Se seus filhos, filhas, netos e netas precisarem de um tratamento endodôntico serão atendidos por esses profissionais forjados nessa perspectiva, profissionais que também desprezaram os “textões”, desprezaram professores, aulas e vídeos que ainda tentavam preservar o mínimo de respeito e compromisso com a Endodontia.

Incapacitados por um ensino que ao longo do tempo sofre mutilações ao sabor das conveniências, também não compreenderão que cardiologistas, pneumologistas, gastroenterologistas, todos os “istas” que atenderão seus filhos, filhas, netos e netas também terão sido forjados nessa mesma perspectiva, porque também fizeram e fazem parte dessa mesma geração que foi embalada pelo desprezo ao conhecimento. Pela mesma linha de raciocínio, eles serão os dentistas dos filhos, filhas, netos e netas desses “istas”.

Juntos, serão peças importantes desse processo de deterioração e os pacientes serão as suas maiores vítimas. Mas toda a sociedade será vítima.

Nada será percebido, simplesmente porque desconhecerão o que estará acontecendo. Como perceber algo errado se desconhecemos o certo?

E as instituições de ensino, o que farão?

O que já fazem; preservar os alunos, porque dependem deles.

E os professores?

Por razões diversas, muitos já estão devidamente engajados nesse processo e sob essa cartilha de tamanha pobreza de imaginação continuarão preparando os alunos para os seus cursos de atualização, aperfeiçoamento, especialização…

O show tem que continuar.

Denise Fraga, publicidade da Vivo

Um olhar sobre a vida

Por Ronaldo Souza

De maneira cíclica, há momentos em que a raça humana parece estagnar ou até mesmo retroceder. Na sua sabedoria, o povo define isso à sua maneira: “dar um passo para trás, para dar dois para a frente”.

Os registros desses momentos na história mostram que eles costumam perdurar por bom tempo.

Pela sua atuação como atriz, Angelina Jolie, que dispensa apresentações, já tinha um Oscar e diversos outros prêmios que deram a ela muita notoriedade e dinheiro.

Entretanto, diferentemente de inúmeros outros artistas mundo afora, ela lançou um outro olhar e viu a vida de outra forma.  

Veja que coisa encantadora. Pela sua obra humanitária, em 2013 Angelina Jolie ganhou o seu segundo Oscar.

Para a raça humana, qual será o Oscar mais importante?

Vem do site “Nome Perfeito” uma definição bem interessante:

“Angelina é um nome de origem latina que significa ‘pequeno anjo’ ou ‘pequena mensageira’.

A simbologia do nome Angelina é de anjo, representando pureza e lealdade. Angelina indica uma personalidade comunicativa, fiel aos seus amigos e ideais, amante da justiça…”

São coisas assim que me fazem cada vez mais acreditar firmemente que, apesar de eventuais tropeços, o destino da humanidade é sempre avançar.

Sobre isso, não pode haver nenhuma dúvida.

Na entrega da famosa estatueta, ela fez o discurso que você pode ver no vídeo.

O pensamento crítico na Endodontia

Por Ronaldo Souza

Mesmo tendo frequentado as melhores universidades da Europa, (René) Descartes, filósofo francês, achava que não tinha aprendido nada de importante, ou, pelo menos, consistente, em seus estudos, exceção feita à matemática.

Não é difícil imaginar o porquê desse comportamento quando vindo de um homem que pensava na razão humana como única forma de existência. Ele acreditava no “verdadeiro conhecimento”, algo irrefutável, inquestionável.

Como todas as teorias científicas são refutáveis, passou a duvidar de tudo, inclusive da sua própria existência.

Porém, ao duvidar da sua própria existência, Descartes se deparou com algo irrefutável: a dúvida!

E a dúvida o trouxe para a compreensão e aceitação da sua existência.

Se estivéssemos presentes naquele momento e pudéssemos “ouvir” seu pensamento, talvez fosse algo desse tipo: ao duvidar de algo, estou pensando, se estou pensando, é porque existo.

Daí a sua famosa frase:

“Penso, logo existo”!

Para um filósofo, a existência, algo tão complexo e, quem sabe, indecifrável, só é possível na racionalidade.

Assim, a constatação de sua própria existência pode ter sido a primeira verdade irrefutável com a qual se deparou.

É muito provável que Descartes tenha percebido que a certeza é a convicção do idiota.

Assim, ele nos ensina a “descerteza”, a dúvida, amiga inseparável do pensamento crítico.

Mas o mundo não vive só de Descartes. O mundo não vive só de quem ainda se permite ter dúvidas.

Há homens que de tudo têm certeza e, por isso, tudo afirmam.

A esses, talvez se pudesse dizer; pense, para que sua existência ganhe um significado maior.

Por que falo de mentes inquietas e de Descartes como um dos seus representantes mais importantes?

Porque, além de se questionar tanto, também questionou as melhores universidades da Europa.

E aí ele nos ensina mais uma vez, ao expor a falibilidade da Universidade.

É comum se deparar com afirmativas com veemência exagerada feitas sob a proteção do guarda-chuva de instituições de ensino renomadas. São os famosos protocolos apresentados aos alunos que, a partir dali, estarão sujeitos às mais diversas interpretações. Às vezes, nem alunos da instituição eles são, mas a usam para respaldar o que dizem como algo incontestável, porque teria sido dito por uma instituição consagrada.

Nunca é demais lembrar que o resultado de qualquer estudo tem a ver com a interpretação que se faz dele e essa apresenta variáveis (conhecimento do tema, saber ler, capacidade de interpretar…).

É comum que quem faz essas afirmativas, como quem acabou de descobrir a pólvora, sequer imagine o que a “sua” verdade pode representar de negativo para a instituição citada.

O objetivo é causar. Se há consequências, esse é um dado de menor relevância.

Não é sempre, mesmo em grandes e destacadas instituições de ensino, que há mentes inquietas, reflexivas, criativas…  

Já há algum tempo, isso tem se acentuado de maneira assustadora.

A Sala de Aula

Por Ronaldo Souza

“Minha vida foi uma sucessão de acasos felizes”

Esta frase é de Evandro Lins e Silva.

Jurista, jornalista, escritor e político brasileiro, um dos grandes homens desse país.

Talvez eu também possa ver a minha vida dessa maneira: uma sucessão de acasos felizes

Olho para trás e não consigo ver diferente.

De tudo que já fiz e faço, entretanto, do que mais tenho orgulho é de ser professor, ainda que tenha sido justamente na docência que vivi as minhas maiores desilusões.

Tendo ocorrido na minha vida como uma espécie de acidente de percurso (nunca tinha pensado em ser professor), a docência representa um dos meus melhores momentos nessa sucessão de acasos felizes.

Como Ítaca é para o filósofo e professor Clóvis de Barros Filho, a sala de aula é também para mim um mundo especial, um terreno sagrado.

Ali é o meu lugar.

Ali é onde tenho buscado o melhor de mim.

Ali foi onde os ventos da felicidade atravessaram a minha vida.

Ali é onde tento dar ao mundo o que tenho de melhor, como agradecimento à sucessão de acasos felizes.

Ali é onde é possível ser feliz.

A lágrima

Imagem retirada do Google

Por Ronaldo Souza

Éramos muitos, todos sentados à mesa

Pessoas, vozes, sons, uma coisa só

Em determinado momento, todas as pessoas, vozes, sons, haviam desaparecido

Estavam ali, presentes, mas haviam desaparecido

Estávamos sós

Eu e ela

Uma mulher

Linda, ouvinte, paciente

Enigmática

Encantadora

Quando dei por mim, estava me entregando

No seu silêncio, ela me envolvia

Naquele momento, o meu ser era tudo que eu tinha para dar

Ela percebia e me envolvia mais ainda

Meus medos, inseguranças, fantasmas… tudo ia sendo mostrado, como se ela já não os conhecesse

Fui me vendo, o homem

Nada mais, nem ninguém, estava ali

Só eu e ela

Irresistivelmente, sem pudor, o meu “eu” se mostrava, como se o Sol tivesse me invadido e, sob a sua luz, tudo estivesse exposto

Parecia não haver nenhuma parte da minha alma que não estivesse à mostra

E então, serenamente, ela debruçou o seu rosto sobre a mesa

Assustei-me um pouco quando vi que uma lágrima lhe correu pela face

Mas, antes de qualquer reação da minha parte, abriu-se um sorriso

Um discreto sorriso, belo e acolhedor, como eu jamais tinha visto

Só aí me dei conta de que estivera conversando com a Vida

Com a minha vida

Fazendo-se representar pela alma feminina, ela resolvera conversar comigo

E, só aí, também percebi que aquela lágrima e aquele sorriso eram uma mensagem

– Tenha calma, fique em paz. Está tudo bem

Sorri

E me pareceu ser o meu melhor sorriso

E uma paz enorme tomou conta de mim.

A noite da delicadeza

Por Ronaldo Souza

O dia a dia é capaz de nos embrutecer, ainda mais quando vivemos num país em que a maior parte da população encontra grandes dificuldades para sobreviver.

As condições socioeconômicas geradas por muitos dos nossos dirigentes têm sido a grande causa dessa condição.

Nesse sentido, entretanto, não se pode esquecer do papel desempenhado pelas elites de nosso país. Tradicionalmente, elas têm exibido uma postura selvagemente cruel e destruidora das mínimas condições de sobrevivência para boa parte da nossa sociedade.

No entanto, apesar desse casamento duradouro entre elites e políticos, não se tem registro de outro momento igual ao que vivemos.

Há algum tempo, não se trata mais de política.

Inegavelmente, e somente a história nos mostrará isso com mais clareza, vive-se a bestialização da sociedade brasileira.

Entre outras coisas, momentos como o atual se caracterizam pelas seguidas tentativas de destruição da cultura do povo.

A inteligência, a sensibilidade e o conhecimento são os primeiros e mais importantes alvos. A ignorância sai à caça de intelectuais, artistas, pensadores, poetas, professores…

E são justamente eles que nos salvam.

Comemorando os 80 anos de Caetano, parte da família Veloso se reuniu ontem à noite, domingo, 07 de agosto de 2022, em um show que não foi um show.

Mesmo aos olhos de um anônimo perdido entre os mais de 200 milhões de brasileiros, não houve um espetáculo impecável, de consagração artística.

Via-se, por exemplo, uma Betânia mais contida e tímida e não aquela que tem nos arrebatado pelos palcos do país ao longo dos anos. O próprio Caetano parecia demonstrar uma certa timidez que não lhe é peculiar.

Mas foi, sim, uma noite de estrelas.

Não as do palco, mas as que brilharam no nosso Céu.

Foi destaque algo que sempre mereceu destaque; a genialidade do artista, com a força da irmã e a musicalidade dos filhos.

Mas também estava lá, a contundência do poeta.

E o povo negro entendeu que o grande vencedor se ergue além da dor”.

No entanto, muito mais do que isso, estavam no palco a leveza e a sensibilidade, tão ausentes de nossas vidas nesses últimos tempos.

Pelo menos por uma noite, voltamos aos tempos da delicadeza.

Obrigado, Caetano.

Para onde estamos indo?

Por Ronaldo Souza

As distâncias e dificuldades existentes entre aluno e professor não são de agora. No entanto, a impressão que se tem é de que se acentuaram. Não é incomum, por exemplo, professores se queixarem da falta de comprometimento dos seus alunos. Pelo contrário, é queixa recorrente.

Essa queixa é improcedente? Seria apenas “mais um desafio para a docência”?

Mais um desafio para a docência, como já ouvi, parece querer significar responsabilidade da docência, mais especificamente, do professor. Se é esta a perspectiva, certamente estamos diante de um grande equívoco. Ainda que a participação do professor ocupe lugar de destaque nesse processo, há um simplismo desalentador nessa maneira de pensar.

A complexidade do tema dispensa comentários e é justamente por isso que é sempre bom reforçar que não há espaço para gestos e atitudes simplistas. Há sutilezas a exigir maior sensibilidade e ações mais conectados com a realidade que, com frequência, têm faltado nesses momentos.

Descer degraus para se fazer entender faz parte da docência. Diria mais, é princípio norteador. Entretanto, descer degraus, estender a mão em busca daquela que se deseja trazer para caminhar junto e não perceber nenhum movimento nesse sentido, pode representar uma frustração que, repetida diversas vezes, pode levar à solidão.

Sim, solidão. Há solidão na docência!

“Se tivesses que ver o que sou forçada a ver todos os dias,
também quererias ficar cego!”

Toda a população daquele país tinha ficado cega. Quando o oftalmologista, também cego, percebeu que sua mulher era a exceção, (somente ela não ficara), foi grande a sua indignação. Na sua ira, ele cobrou dela aquela condição especial, aquele privilégio.

Por ser a única a continuar enxergando, diariamente ela observava a degradação física e moral da sociedade. Por ver o que os outros não conseguiam ver, seu sofrimento foi ficando insuportável e, diante da ira do marido, respondeu com um desabafo: “se tivesses que ver o que sou forçada a ver todos os dias, também quererias ficar cego!”

Através dessa metáfora, no livro “Ensaio sobre a Cegueira”, Saramago mostra que ver o que outros não veem não é propriamente uma dádiva. Pelo contrário, pode ser angustiante.

Não “ver” traz conforto!

Ver o que existe, mas não é visto, pode gerar sensação de impotência e grande desconforto. A sensação de que nada pode ser feito traz muita tristeza e, a depender da intensidade, cria uma autopercepção de passividade. Daí ao desencanto é um passo, algo que se vê com frequência preocupante nos tempos atuais.

Desconhecer é ignorar.

Nesse sentido, o desconhecimento da real amplitude da docência pode ser cruel com o professor e tornar menor sua trajetória. Por desconhecimento, os horizontes se tornam curtos e os objetivos facilmente alcançáveis.

“O animal satisfeito dorme.” (Guimarães Rosa).

Veja o que diz essa definição de comprometimento: “É uma promessa recíproca de alguém que tende a cumprir com os seus acordos, independentemente da forma que eles sejam feitos”.

Chama a atenção o “independentemente da forma que eles sejam feitos.” É aqui que entra e adquire grande importância a participação do professor.

O fundamento para o professor/instituição de ensino é ensinar e é justamente este fundamento que passa a constituir um grande problema. Para o professor, ensinar sem qualidade não é ensinar.

Organização da disciplina/componente, assiduidade, pontualidade germânica…, são aspectos importantes para a instituição de ensino e por ela, instituição, os professores são cobrados. Sob essa perspectiva, torna-se inevitável a necessidade de mostrar serviço.

Entretanto, não está em disputa o título de funcionário do mês, com direito a foto pendurada na parede.

A incômoda e diária exibição de “produtividade” que se vê no cotidiano de uma faculdade talvez seja revigorante às necessidades de muitos e, quem sabe, consiga seduzir alguém. Mas, o que acrescenta ao ensino?

O dia a dia se torna sufocante. Num mundo em que aos professores eventualmente são oferecidas injeções de orientações de como despertar o aluno, o que se vê cada vez mais é o conhecimento ceder espaço ao pragmatismo de técnicas e protocolos.

“Sufoco de ter somente isso à minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo
… E o mundo quer a inteligência nova, a sensibilidade nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar, porque não é nada…”
Álvaro de Campos *

Já há algum tempo se ouve dizer que os alunos estão saindo das faculdades com baixo nível de conhecimento.

Sim, nossos alunos!

Tantas cirurgias, tantas restaurações, tantos tratamentos endodônticos, tantos…

Metas, metas! Tudo tem que ser mensurável.

É isso que temos para dar?

A que isso leva?

E agora, o que fazer se, por dificuldades e limitações inerentes a cada especialidade, até elas, as metas, diminuem por não mais se conseguir atingir a mesma obrigatoriedade numérica de fazer tantos isso e tantos aquilo?

Como despertar alguém com técnicas e protocolos e tão pouca criatividade?

De um lado, os protocolos, do outro, o desconhecimento!

Reina o fazer!

Pragmatismo: esta é a palavra de ordem.

Sob essa perspectiva, não há com o que se preocupar. Os alunos serão salvos pelos cursos de especialização, atualização, aperfeiçoamento…, que costumavam esperar por eles na porta das faculdades.

Agora, não! Vão pegá-los dentro das salas de aula e ambulatórios.

A indecente catequização começa cedo, mas, construída sobre o mesmo baixo nível de conhecimento que existe na graduação, traz consigo a perpetuação do pecado; o ensino de… técnicas e protocolos.

Você tem ideia de quem faz isso?

Há alguém preocupado com isso?

Já ouviu falar de “fecham-se os olhos”?

E o que isso reflete?

“Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que a nossa vã filosofia possa imaginar.”

Menos mistérios fazem parte dessa sentença de Shakespeare, porque muitos já deixaram de ser mistérios. A nossa vã filosofia, já não tão vã, consegue identificá-los.

Somente identificá-los, porém, não é suficiente. Precisamos trazê-los à superfície.

Muito mais do que tocar o barco, como se costuma dizer e, na verdade, o que tem sido feito, precisamos compreender o que está acontecendo, para que possamos enfrentar essa depressão que se abate sobre a sociedade.

Os horizontes do ensino exigem visão com alcance e sensibilidade muito maiores. Visão que, além de “ver”, seja capaz de estabelecer diagnósticos e prognósticos com competência.

Em 2021, em uma longa entrevista às TVs Educativas do Norte e Nordeste, o psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da USP, fez um comentário que não pode ser ignorado e passar despercebido, ainda que saibamos que será ignorado e passará despercebido. Ele disse:

“Perdemos o desejo de melhorar.”

A frase é muito forte e, ao mesmo tempo, altamente frustrante. Por uma razão bem simples. Podemos criar expectativas de que terá efeitos no atual cenário em que vivemos?

Não há como acreditar nessa possibilidade.

Muita coisa tem fugido à nossa compreensão. Talvez estejamos precisando entender, por exemplo, que instituição de ensino e ensino nem sempre caminham na mesma direção.

Ainda que se reconheçam dificuldades no horizonte, os parâmetros do ensino precisam ser mais bem estabelecidos e definidos para além da eventual aceitação e procura do curso, muitas vezes analisadas sob a perspectiva dos números.

Há mérito em se igualar por baixo?

Definitivamente, as instituições de ensino não podem se render ao que aí está. Esta postura, certamente, não é a opção mais apropriada e a sociedade brasileira pagará um preço muito alto pelas escolhas que estão sendo feitas neste momento. Afinal, como dito aqui, o fundamento para o professor/instituição de ensino é ensinar e ensinar sem qualidade não é ensinar.

O futuro já está aqui, estamos nele agora. E o seu gosto é bem amargo.

Instituições de ensino, professores e alunos, todos estão no mesmo barco.

Assustados e sem rumo.

* Álvaro de Campos é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa

Evolução

Por Ronaldo Souza

O médico é Deus.

Onisciente, onipresente, onipotente, onitudo.

Deus, portanto, o dentista não poderia ser.

O cargo estava ocupado, já tinha dono.

Filho de Deus!

Pronto.

Tá louco!

Filho daquele cara!!!

Não podia.

Tinha que haver outro cargo, ou deveria ser criado um, qualquer coisa.

E aí o dentista criou um de grande importância: corrigir a Natureza.

Outra forma de ser Deus.

Como você sabe, a Natureza é cheia de falhas, bastante imperfeita.

Oh coisinha feia! E mal-feita!

Alguém pode me explicar, por exemplo, por que a Natureza fez dentes amarelados?

Inaceitável!

Mas, doutor, a dentina é amarelada e o esmalte é fino, translúcido. Ele, esmalte, só faz “refletir” a cor da dentina. É uma coisa natural.

Então faça o seguinte; vá lá e convença ao dentista!

Pago pra ver.

Do alto do seu poder e sensibilidade, o que pensou o dentista?

Vou pintar o dente de branco.

Torno branco o que não é branco.

Não é uma ideia sensacional!

Diria até original.

Afinal, tudo devia ser branco.

Branco não é a cor da paz?

Então!

Viveríamos todos em paz.

Claro, desde quando tudo fosse branco.

Adolf ia adorar. Tudo branquinho.

Ah, agora sim, o branco imaculado, divino.

O sorriso dos deuses.

O dentista cumpria mais uma vez o seu destino; corrigir os erros da Natureza.

Acho até que começou com os artistas Globais. Aquele desfile de gente bonita, padrão FIFA, CBF (ou padrão Globo, dá no mesmo), todo mundo com dentes brancos, tudo igual.

E aí meu amigo, ninguém segura. Vai todo mundo querer ficar igual.

Um mundo diverso não interessa.

Montaram uma indústria bem montadinha e começaram a produzir dentes brancos em série.

Lente de contato!

Por que só nos olhos?

O dentista já estava incomodado, olhando de banda, se segurando…

Oh, quer saber de uma coisa!

Saiu botando lente de contato nos dentes de um bocado de gente.

E os canalistas!

Esses dispensam comentários, os caras são feras.

Ninja!

Tudo ninja!

Fazem canal como ninguém!

Histologia, biologia, fisiologia tecidual…, essas coisas sem importância, dizem que material obturador extravasado para os tecidos periapicais constitui fator de grande agressão aos tecidos.

Você pensa que os caras ligam pra isso?

Eles mostraram que tudo isso é bobagem.

Jogam quilos de material obturador nos tecidos periapicais e nada acontece, não morre nenhum paciente. Eu pelo menos nunca vi nenhum morto no Instagram. Nem dor eles sentem, e posso garantir que também nunca vi nenhum gemendo por lá.

Agora veja se não faz sentido?

Fica aquele osso periapical todo lá, enorme, bonitão, paradão, sem fazer nada.

Por que vocês acham que os macrófagos vão querer ir lá se não têm nada pra fazer?

O que foi que os canalistas fizeram?

Seguiram a orientação da cantora Claudia Leitte: Extravasa!

Jogue uns três quilos de material obturador nos tecidos periapicais (não precisa mais do que isso, não precisa exagerar), jogue um iodoformiozinho amigo…

Chove macrófago nos tecidos periapicais.

Ficam todos assanhados, doidinhos.

Só vai assim.

E não adianta se não fizer isso. Esses macrófagos de última geração, se você não jogar uma coisinha lá nos tecidos periapicais eles nem aparecem.

Não vão nem a pau.

Canalistas sim, esses são bons.

Nesses eu boto fé!

Tudo ninja!

“A geometria condena”

Por Ronaldo Souza

– Presidente, o senhor escala seus generais e ministros. Eu escalo o meu time!

Foi assim que João Saldanha cortou qualquer possibilidade de interferência de Médici na Seleção Brasileira, que iria à Copa do Mundo no México em 1970.

O general Emílio Garrastazu Médici, um dos presidentes do Brasil no período da Ditadura, queria a todo custo que Dario, ídolo do general e centroavante do Atlético Mineiro, fosse convocado para a seleção.

Não dava. Simplesmente, não havia espaço para ele naquele time.

Gaúcho radicado no Rio, jornalista, comentarista de futebol, valente, destemido…, Saldanha sabia que aquela atitude poderia lhe custar caro. Homens como ele sabem dos riscos que correm por assumirem suas posições.

Não temem traições, na essência da palavra, porque sabem que elas virão, de uma forma ou de outra. Têm a devida noção de que, na verdade, não precisam ser “traídos”. Nessas horas, basta que falte apoio (traição branca). Não ignoram que o apoio será negado, mesmo por aqueles que se criaram à sua sombra.

Essa tem sido e será a história de muitos, famosos ou anônimos, que ousaram ou ousam ser.

É A condição humana (clique no título ou aqui para ler).

Aonde quer que fosse, onde quer que estivesse, Saldanha se destacava. Seu talento, inteligência e facilidade de expressão e comunicação eram inquestionáveis.

Ele sabia.

E sabia que isso incomoda.

Entre os inúmeros momentos em que sua inteligência se manifestou, houve um em particular.

Comentando um lance em que um jogador de futebol tentara fazer o gol, “impossível” pela posição em que ele estava na hora do chute, Saldanha brilhou ao microfone:

– Meu filho, daí a geometria condena!

Idas e vindas, Saldanha foi “aposentado”, deixou de ser o técnico da seleção brasileira que iria para o mundial do México.

Não existia mais a Seleção do Saldanha, como ficara conhecida.

Zagalo assumiu.

Dario foi convocado!

Não argumentem a favor de Dario com o fato de que o Brasil foi campeão mundial. Com todo respeito, ele não jogou nem por um minuto na Copa do Mundo de 1970.

O que me encanta são as estrelas

Por Ronaldo Souza

O processo inflamação/reparo é de uma beleza ímpar.

Passei a conhecê-lo através do livro de Patologia de Robbins, onde mora o melhor capítulo sobre o tema.

Mas foi outro livro de Patologia, o de Catanzaro Guimarães (USP Bauru), que me trouxe grande inquietação há muitos anos:

Terminada a pulpectomia… tanto o coágulo como a faixa necrótica subjacente intensificam a reação inflamatória aguda ao longo do coto pulpar remanescente… sendo que na maioria dos casos o processo necrótico envolve todo o coto pulpar.

Não era verdade. Não podia ser!

Eu tinha aprendido que o coto pulpar era intocável, sagrado, e que, diante de agressão mecânica e/ou química, seu destino era a necrose. Necrosado, tudo estaria perdido.

Vou corrigir.

Não era que eu tinha aprendido. Era assim que todos ensinavam, o que é bem diferente.

Aprender é fruto de interpretação, portanto, pode-se aprender “errado” por conta de uma interpretação equivocada.

Quando digo que “era assim que todos ensinavam”, é porque aquele conceito de coto pulpar intocável e sagrado era consensual, era o que estava estabelecido como certo.

E, no entanto, ali estava um livro de Patologia me dizendo que “ na maioria dos casos o processo necrótico envolve todo o coto pulpar.

Ora, se “na maioria dos casos o processo necrótico envolve todo o coto pulpar“, na maioria dos casos o tratamento endodôntico em canais com polpa viva dá… errado!

É lógico!

Mas, como, se a grande maioria desses casos dava certo e é justamente onde há o maior percentual de sucesso do tratamento endodôntico?

O que dizia a literatura endodôntica e o que ensinavam os professores de Endodontia?

“Não há reparo quando não se preserva a vitalidade do coto pulpar”

Havia, portanto, um abismo entre o que dizia a Patologia e o que dizia a Endodontia!

Livros de Histologia, primeira edição brasileira do livro Microbiologia Médica (Mims, Playfair, Roitt, Wakelin e Williams)… livros!

Durante cerca de nove meses parei tudo; não lia mais nada. Só estudava Histologia, Microbiologia e Patologia.

Nove meses!

Já falei sobre isso algumas vezes em aula e somente agora me ocorre que é o período de uma gestação, tempo em que, diariamente, mundo afora, nascem novas mentes.

Uma cabeça, um mundo!

A Patologia me fez pensar.

Ao pensar, refiz tudo na minha mente. Mesmo sem ainda saber do “direito ao delírio”, eu me permitia delirar.

Ah! A Ciência, que maravilha!

Sempre livre, independente, sem conceitos preestabelecidos e imutáveis, sem correntes a amarrá-la.

Onipotente!

Abro um parêntese
– E o que está errado?

Em entrevista à revista “Isto é”, em setembro de 2009, fizeram essa pergunta a Olga Soffer, antropóloga e arqueóloga da Universidade de Illinois, e ela respondeu:

 – Não é a Ciência. Alguns acadêmicos é que são arrogantes e se esquecem da mera condição de ser humano.
Fecho o parêntese.

A Ciência não se incomoda, pelo contrário, mas, aqui e ali, alguns cientistas se sentem desconfortáveis com quem ousa.

Pensar é transgredir (Lya Luft).

Ao pensar, conceitos intocáveis e sagrados podem sofrer abalos.

A periodontite apical sob o aspecto clínico/radiográfico

Quando a inflamação envolve o tecido pulpar de maneira que o tratamento não consegue mais reverter a sua evolução, é comum desencadear-se o processo em direção à necrose pulpar, com as suas possibilidades e consequências.

Neste momento, o envolvimento/destruição do tecido ósseo medular já deverá estar ocorrendo. Entretanto, por ainda ser incipiente, essa lesão não se manifesta radiograficamente.

Em outras palavras, a periodontite apical já existe, mas não aparece na radiografia periapical. No seu processo evolutivo, ocorre maior destruição óssea e então ela se manifesta radiograficamente. A periodontite apical, que já existia, agora aparece na radiografia periapical.

Evidencia-se a necessidade do tratamento endodôntico.

Se eu perguntasse qual é o objetivo do tratamento endodôntico, não tenho dúvida de que você responderia que é remover a causa da patologia do paciente. Por uma razão bem simples: todo tratamento de uma patologia tem como objetivo remover a sua causa. Caso contrário, não haverá reparo.

Qual é a patologia?

A periodontite apical!

Tratamento endodôntico realizado, bem conduzido, o que nos resta?

Uma vez que a causa da periodontite apical, necrose pulpar/infecção do canal (sistema de canais) é removida, não deve restar outra alternativa que não seja o seu desaparecimento.

Portanto, antes do tratamento endodôntico, na evolução da periodontite apical:

  1. Inicialmente ela surge no osso medular, mas não aparece na radiografia
  2. na sequência, evolui, aumenta de tamanho e promove maior destruição óssea
  3. passa a “existir” também na radiografia periapical

Estima-se que são necessários cerca de três-quatro meses para que a periodontite apical ganhe imagem radiográfica. Alterações radiográficas mais sutis já podem estar presentes, mas não a imagem que caracteriza a lesão periapical.

Aliados a essas alterações radiográficas mais sutis, sinais e/ou sintomas clínicos eventualmente presentes representam fatores fundamentais para o estabelecimento de diagnóstico. É sempre bom lembrar que o relato do paciente também desempenha papel relevante.

Nesse momento, se você fizer uma tomografia de feixe cônico, ou, simplesmente, tomografia, poderá ter uma surpresa. A periodontite apical em evolução, que não existe na imagem radiográfica, deverá “aparecer” na imagem tomográfica.

Como já vimos, pela remoção da causa, proporcionada pelo tratamento bem realizado, o resultado que se deve esperar é o desaparecimento do efeito; a periodontite apical.

Algo importante deve ser relembrado. Uma vez que não se consegue eliminar a infecção do sistema de canais, deve-se ter em mente que a expressão mais adequada a essa etapa do tratamento é controle de infecção.

Portanto, após o tratamento endodôntico, na involução da periodontite apical:

  1. Inicialmente, a perda óssea e o tamanho da lesão diminuem
  2. a lesão deixa de “existir” na radiografia periapical
  3. mas continua existindo no osso medular

Em outras palavras, a lesão periapical não existe mais na imagem radiográfica. Neste momento, entretanto, não pode ser motivo de surpresa a sua presença na imagem tomográfica.

Aplique o conhecimento que você tem do processo inflamatório na sua fase evolutiva:

Na fase inicial da evolução da periodontite apical, ela não aparece na imagem radiográfica porque é incipiente, há pouca destruição óssea. Neste momento, ela está “escondida” da radiografia.

Agora, aplique o mesmo conhecimento do processo inflamatório no sentido contrário.

Na fase final da involução da periodontite apical, ela não aparece na imagem radiográfica porque apresenta menor perda óssea e diminuiu de tamanho. Assim, ela volta a ficar “escondida” da radiografia.

Da mesma forma que ela “precisou” de algum tempo (cerca de três-quatro meses) para surgir, precisará de algum tempo (quanto???) para desaparecer inteiramente.

Sob essa linha de raciocínio (existe outra?), a presença da lesão periapical detectável somente pela tomografia não deve representar fracasso do tratamento endodôntico.

Permita-me dizer isso de outra maneira.

Você acompanhou radiograficamente o surgimento e aumento de tamanho da lesão periapical no dente de seu paciente. Fez o tratamento endodôntico, acompanhou a diminuição da lesão periapical e agora vê o seu desaparecimento; ela não existe mais.

Considerando-se sempre que nas duas situações, diagnóstico e proservação, o exame do paciente é realizado (subtendendo-se, portanto, que sinais e sintomas e o relato do paciente são observados), a pergunta é: há razões que justifiquem a confiança na imagem radiográfica no diagnóstico, mas não no acompanhamento desse paciente?

Ou seja, ela serve para uma situação, mas não serve para a outra?

O processo inflamação/reparo não é um gesto dos deuses. É um fenômeno fisiológico, com mecanismos próprios que obedecem às regras do organismo. Precisamos entender e aprender a agir de acordo com ele.

“Estima-se que são necessários cerca de três-quatro meses para que a periodontite apical ganhe imagem radiográfica.”

Lembra-se dessa frase lá em cima?

A literatura sempre nos ensinou que mesmo antes do surgimento da lesão periapical na imagem radiográfica, ela já existe há cerca de três-quatro meses

O processo fisiológico inflamação/reparo é dinâmico e as células que participam dele são basicamente as mesmas. O que muda é a proporção na presença delas, que ocorre de acordo com o estágio do processo.

De acordo com o momento, células que configuram a defesa do organismo contra a agressão predominam no local da agressão. Uma vez eliminada ou controlada a causa, mensagens bioquímicas são enviadas e esse panorama muda, passando a predominar aquelas mais diretamente associadas ao reparo da destruição tecidual.

É esse dinamismo, com toda sua riqueza de ações e reações celulares e vasculares, que transforma o binômio inflamação/reparo em algo “de uma beleza ímpar”.

Entretanto, além da perplexidade e encantamento com tudo que o constitui, é necessário entendê-lo. É fundamental que o profissional de qualquer especialidade da área da saúde o conheça minimamente e nunca é demais lembrar que a Endodontia está inserida nesse contexto.

Assim, se o profissional desprezar esse fato e não reconhecer a necessidade de entender esse binômio, ele passará sua vida indo a eventos de Endodontia para comprar instrumentos e materiais para alargar e obturar canais.

Mas, dificilmente, ele se tornará um endodontista!

Tendo esse conhecimento, ele saberá, por exemplo, que, controlada a causa da inflamação, o reparo deverá ser o destino final, o desfecho do caso.

Entenderá que, enviadas as mensagens que “anunciam” o controle da causa da lesão periapical (infecção do sistema de canais), o processo de reparo, que sempre esteve presente, verá as células que o configuram dominarem o cenário inflamatório.

Uma vez que o momento em que as células que configuram o reparo predominam nesse cenário, ou seja, uma vez que o reparo é “iniciado”, não há mais como reverter esse momento.

Precisamos entender que, uma vez iniciado, o reparo não será impedido de cumprir e concluir suas etapas. Somente diante de eventuais modificações nesse cenário (por exemplo, nova contaminação do sistema de canais), a continuação do reparo poderá sofrer interferências.

https://www.youtube.com/watch?v=HjmfSjkhByM

É isso que, mesmo sem conhecê-lo em profundidade, o clínico observa e percebe ao fazer o acompanhamento clínico/radiográfico do seu paciente. Compreendendo o surgimento, desenvolvimento e estabelecimento da lesão periapical, ele saberá o que fazer para que o seu tratamento seja bem-sucedido.

Ao ter essa compreensão, realizado o correto tratamento, ele saberá entender a dinâmica do reparo. Essa dinâmica envolve evolução e involução da patologia durante todo o tempo do tratamento/proservação.

A imagem, seja ela radiográfica ou tomográfica, não. Estática, ela fala apenas do momento em que é realizada.

Na Endodontia, radiografia e tomografia caminham juntas e juntas desempenham papel da maior relevância, algo inquestionável.

Justamente por isso, a tomografia dispensa qualquer comentário sobre a importância do seu uso na Endodontia.

Entretanto, não tem sido incomum ter-se a sensação de que sua imprescindibilidade em todos os momentos do tratamento endodôntico é a verdade a ser considerada. Às vezes até em detrimento da radiografia.

Há que ter muito cuidado no trato com essas duas grandes e valiosas ferramentas na Endodontia.

A acuidade e a validade da aplicação da tomografia na Endodontia dispensam qualquer discussão e não é este o objetivo deste texto. Trata-se tão somente de tentar trazer de volta e enfatizar a importância da discussão sobre a periodontite apical em si e, com isso, fazer conhecer a(s) melhor(es) maneira(s) de tratá-la.

Se eu fosse um astrônomo, certamente daria enorme valor a lunetas e telescópios, mas não suportaria perder a noção de que busco conhecer as estrelas.