Curso de Especialização

O Prof. Gilson Sydney (PR) esteve recentemente no nosso curso de especialização dando aula (20 horas de carga horária) sobre preparo automatizado do canal. Como sempre, com seu jeito alegre e simpático o Prof. Gilson conquistou o grupo. É outra figura humana encantadora. Veja na foto abaixo um momento de descontração no encerramento do módulo (clique na imagem para ver em tamanho maior).

gilson-e-a-turma-de-2008-21 

Alunos do VI Curso de Especialização em Endodontia da ABO-Bahia (2008-2009) em foto de descontração ao final de vinte horas de aula sobre Preparo Automatizado do Canal com o Prof. Gilson Sydney. A aluna Talita Mota não está na foto.
Em pé: Sara Salgado, Érica Galvão, Prof. Gilson Sydney, Juliana Pedreira, Artur Paiva Neto, Alexandre Tahim, Eduardo Gonçalves e Profa. Suely Colombo.     
Agachados: Elisa Oliveira, Tatiana Conde, Carla Nunes, Fernanda Ferraz Nunes e Carolina Bastos.

Untitled

Paulo Souza:
Estou procurando parceiros da área odontológica para desenvolver equipamentos na área odontológica. Tenho experiência no desenvolvimento de equipamentos odontológicos. Trabalhei na Easy Equipamentos Odontológicos de Belo Horizonte no desenvolvimento de Equipamentos eletroeletrônicos para instrumentação rotatória com limas em NiTi, Motores para cirurgia de implante dentário, TermoPlastificador e Termo Injetor de guta percha, e outros.

contatos:
email: paulojas@gmail.com
msn: pajoalso@hotmail.com

Untitled

Renata Friedman:
Eu tenho pouco tempo de concluida a minha especialização e tenho muitas dúvidas da prática endodôntica.Uma delas é: quanto tempo deve-se considerar normal para o desaparecimento de uma fístula após terapia endodôntica ?

Renata, o prazo é variável em função de alguns aspectos. Lembre-se de que você está diante de um sistema de canais infectado e, apesar de quererem demonstrar que é muito simples, não é bem assim. Diante de um preparo de canal bem conduzido e que consegue o controle da infecção, normalmente uma semana já é suficiente para o desaparecimento da fístula, mas ela também pode persistir. Uma razão para isso é a presença de epitélio. Recomendo então, além de novo preparo do canal (instrumentação, irrigação com hipoclorito de sódio, medicação intracanal com hidróxido de cálcio), a curetagem da fístula.

Massagem de ego

Reconheço a reputação intelectual do professor que se oculta sob um palio de meritórias humildades mas que sei sobejamente merecida pelos seus conhecimentos da ciência odontológica.( Dedico estas palavras do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro no seu livro O sorriso do Lagarto ao Sr. Prof. Doutor Ronaldo, pelo brilhante e importante trabalho de divulgação e difusão dos mais importantes temas da odontologia na diciplina endodontica. Parabéns a todos.
Atenciosamente,
Heneias oliveira.
Diamantina, MG.

Heneias, agradeço imensamente as suas palavras. João Ubaldo é um dos mais importantes escritores brasileiros e seria uma estupidez da minha parte negar que, ao me dedicar essas palavras dele, voce faz uma bela massagem no meu ego.

Untitled

André Amaral Ribeiro
Bom dia, Dr. Ronaldo.
Tenho um caso de lesão periapical de 5 mm. O paciente sofreu trauma direto no 11, há mais de dez anos. Vou começar a endo, mas estou na dúvida em qual medicação intracanal usar. O próprio hidróxido de cálcio ou preciso acrescentar algo? Por ser uma lesão antiga e grande, fico um pouco preocupado. Quanto tempo devo deixar a MIC lá dentro? Uma semana é pouco?
Obrigado e bom dia

André, prepare o canal irrigando com hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária Qboa) e EDTA. Além disso, faça limpeza do forame (canal cementário). Como medicação intracanal, use hidróxido de cálcio PA com soro fisiológico ou água destilada. Não é possível comentar todas as possibilidades, mas como orientação, se houver exsudato muito intenso, faça a troca da medicação em um prazo entre uma e duas semanas. Em alguns casos é recomendável repeti-la uma a duas vezes, com prazo em torno de um mês entre ambas.

Untitled

Heneias Oliveira:
Bom dia professor.
Sou de Diamantina.
Gostaria de saber sua opinião a respeito do uso do ENDOPTC na instrumentação de canais.
Um grande abraço e parabéns pelo BLOG.

Heneias, não uso cremes, entre os quais o EndoPTC, no preparo do canal. A nossa recomendação é o hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária Q-Boa) e EDTA.
Obrigado pelo elogio ao blog. Aproveito para dizer que é possível, como tem acontecido com outros colegas, que você não saiba que o Blog da Endodontia faz parte do site www.endodontiaclinica.odo.br . Visite-o.

Untitled

Lorenza:
caro professor,estou com uma duvida em relaçao a uma paciente de 8 anos.ela tem o tratamento end do elemento 12 para ser feito ,mas tem o apice aberto demais.devo usar o hidroxido de calcio associado a algum medicamento e devo realizar trocas ,e com qual freqüência

Lorenza, uso o hidróxido de cálcio PA com soro fisiológico (veículo aquoso), isto é, sem nenhuma associação a qualquer outro medicamento, há cerca de 28 anos e acho que assim ele deve ser utilizado. Quanto às trocas de medicação, após uma ou duas iniciais com espaço de duas semanas entre elas, devem ser feitas a cada mês. Apesar de a literatura não concordar com prazos maiores de permanência pelo fato de ser veículo aquoso (há questões como a carbonatação do hidróxido de cálcio), posso assegurar que elas também podem ser feitas de dois em dois meses. Fiz em alguns casos e não é difícil explicar cientificamente porque é possível. Para isso, entretanto, é fundamental que se tenha um bom selamento coronário entre as consultas.

Untitled

Daniele Bueno:
Prof. Ronaldo, sou aluna do 3º ano de odontologia da Faculdade Luterana do Brasil/RS. Em alguns congressos e seminários é muito discutido a questão “Em que situação deixar um “dente” aberto?????”
Gostaria de saber sua opinião e se sabes de algum estudo científico a respeito??!!!!
Atenciosamente,
Daniele

Daniele, o dente não deve ficar aberto, pois isso permitiria o acesso de muitas espécies de microorganismos da cavidade oral ao sistema de canais, o que levaria a uma dificuldade maior para o controle de infecção. Portanto, deve-se evitar isso, entretanto, não deve existir nada absolutamente rígido, ainda mais nas ciências da saúde. As dificuldades ocorrem e têm as suas conseqüências em função de vários aspectos, como a experiência do profissional. Um caso que apresenta exsudato persistente, que não cessa, por exemplo, pode se tornar de difícil solução para alguns endodontistas. Considerando-se isso, acredito que em algumas situações não deve ser descartada a possibilidade de se deixar o dente aberto e até se encaminhar o paciente para alguém com um pouco mais de experiência.

Untitled

Casimiro Ricardo:
Prof. Ronaldo a limpeza do forame foi realizada, inclusive é um procedimento que realizo sempre em caso de necrose pulpar. O seu livro já tenho desde de 01/08/03, quando esteve aqui em Juazeiro-Ba. Voltando ao referido dente, a lima 80 já não tem muita ação (lembra que é um retratamento e o que o forame já está bem ampliado). Talvez fosse necessário fazer uso da 3ªsérie(não causaria um “arrombamento” do forame?). Caso venha usar a 3ªserie teria um tempo de uso com hidroxido de cálcio antes de partir para cirurgia? Obrigado pela atenção. Abraço

Ricardo, os incisivos centrais superiores normalmente já têm canais amplos. Tendo em vista que é um retratamento, portanto já foi ampliado (você mesmo fala que o forame já foi bem ampliado), não acredito que alargar mais ainda seja recomendável, portanto, não me parece que usar limas da terceira série seja a solução do problema. Porém, caso você utilizasse essas limas, lembre que seria para preparar o canal, o que deve ser feito no comprimento de trabalho, e não para “arrombar” o forame. Por outro lado, essa história de que a limpeza do forame deve ser feita com lima fina é um grande equívoco, ela deve ser feita com instrumento compatível com o diâmetro do forame. Se ele é pequeno, lima de pouco calibre, se é grande, lima de grande (proporcional) calibre. Complementando a resposta à primeira pergunta (que está no blog), faça a limpeza do forame (todo o canal cementário), e até passe cerca de 2 mm e instrumente com vigor (limpeza ativa, veja no livro). Todos os outros passos (EDTA, hipoclorito de sódio a 2,5%, hidróxido de cálcio e, nesse caso, medicação sistêmica com antibiótico) devem ser seguidos.

A geografia condena

Ao longo dos anos fui vendo em mim o psicólogo, que não sou, o conhecedor de história, que gostaria de ser, o escritor que nasceu recentemente, mas a quem falta competência. Vi em mim muitas coisas, sem ser nenhuma delas. Isso traz um razoável nível de inquietação intelectual.

Sem ter as armas para isso, busco compreender a alma humana. Tamanha pretensão que muitas vezes leva ao desencanto diante de algumas coisas. Somente com as armas às quais me referi poderia tentar fazer isso, pois só assim poderia ter a devida isenção de ânimos, ou seja, não me envolveria passionalmente, ou me envolveria menos, e, portanto, não sofreria, ou sofreria menos. É a noção de que muitas coisas escapam da minha compreensão que traz esse desconforto, como buscar entender, sem conseguir, determinados comportamentos.

– Há alguns anos Paulo Maluf foi a Washington Olivetto* para que este assumisse a sua campanha política. Algumas agências de publicidade não fazem campanhas políticas, entre elas a W/Brasil, de Olivetto. Foi esta a sua ponderação para não assumir a campanha, ao mesmo tempo em que sugeria um outro publicitário: Duda Mendonça**, publicitário baiano que já naquela época começava a despontar como um dos grandes do Brasil.

“Olivetto, eu venho aqui pedir um computador de última geração e você me sugere um computador boliviano”. Com essa resposta Maluf recusou a sugestão. Alguns poucos anos depois, em outra campanha, Maluf era eleito governador do estado de São Paulo. Quem estava à frente da campanha? O computador boliviano.

– Nizan Guanaes*** via todos os dias operários trabalhando sem nenhuma segurança na obra em frente à sua agência. Aquilo incomodava bastante, até que um belo dia, tendo chegado ao seu limite, foi à construção e falou com o responsável pela obra da sua preocupação e mesmo indignação pelas condições de trabalho (na verdade, a ausência delas).
“Nem se preocupe, não vai ter problema”, foi a resposta que obteve.

Um dia chega ao escritório e vê uma pequena multidão naquele local. Vai até lá e procura saber do que se trata; um operário tinha caído de um andaime e morrido. Vai reclamar do mestre de obra, da advertência feita dias atrás por ele mesmo, da sua negligência, etc. Ouviu.
“Quem vai sentir falta de mais um baiano que morreu”?

– Uma questão bioética que já existe há algum tempo, o problema da pesquisa científica em seres humanos e mesmo em animais de laboratório, foi resolvida por um professor de endodontia de uma importante universidade brasileira.
“Sem problema, usa os baianos como cobaias… não servem para nada mesmo”.

Entrevistas, reportagens, retrospectivas. Sempre busquei em tudo que pude. Quis um pouco mais. Parti para ler alguns textos e terminei dando de cara com Gilberto Freyre**** e seu livro Casa Grande e Senzala, escrito em 1933. Sempre quis ler esse livro. Fui ler. Está lá a explicação para esse arianismo.

No livro que até hoje é tido como um dos mais importantes na história da formação da sociedade brasileira, pode-se observar com muita clareza o surgimento de castas especiais, hoje bastante conhecidas como elite. Há vários outros registros desse tipo na nossa história. Uma elite formada por homens que até hoje choram a não descendência pura européia. Mesmo assim, pensam e agem como seres superiores. São superiores. São arianos.

Ah! Ia esquecendo. Segundo Gilberto Freyre “todo brasileiro traz na alma e no corpo a sombra do indígena ou do negro”.

 

Obs. Os dois primeiros episódios foram extraídos do livro “Na toca dos leões”, de Fernando Morais*****, que fala sobre a vida de Washington Olivetto. O terceiro foi observado em salas de aula.

* Washington Olivetto – Paulista, dono da W/Brasil, agência de publicidade sediada em São Paulo, um dos publicitários mais importantes do país.
** Duda Mendonça – Baiano, dono da DM9, agência de publicidade sediada em São Paulo, um dos publicitários mais importantes do país.
*** Nizan Guanaes – Baiano, dono da África, agência de publicidade sediada em São Paulo, um dos publicitários mais importantes do país.
**** Gilberto Freyre (1900-1987) – Pernambucano, sociólogo, antropólogo cultural, historiador, escritor, respeitado em todo o mundo. Já a partir dos anos 30 era recebido por presidentes, reis e rainhas do mundo todo. Homem rico, filho de senhores de engenho, sofreu pressões políticas e familiares, mas mesmo assim, estudou, conheceu como poucos e mostrou a formação da sociedade brasileira.
***** Fernando Morais – Mineiro, jornalista, político e escritor, cuja obra em boa parte é constituída por biografias e reportagens.