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Clara:
Olá, gostaria de ter informações sobre displasia cementária periapical,obgda

Clara, a displasia cementária periapical é uma alteração que aparece mais comumente em indivíduos de meia idade (em torno de 40 anos), com maior incidência em mulheres de raça negra. É descoberta por meio de radiografias de rotina sem que o paciente apresente qualquer sintomatologia. É mais freqüente no osso periapical dos dentes anteriores inferiores e os dentes afetados mantêm sua vitalidade. Se desejar um maior aprofundamento, você encontra esse tema facilmente em livros de Patologia e Radiologia.

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Casimiro Ricardo:
Prof. Ronaldo estou com um caso de retratamento do el.11 em que no ex. Radiográfico sugere uma lesão cística em que já envolve os ápices dos els.12 e 13 e que no teste de sensibilidade deu negativo. Já realizei a terapia endodontica desses els. (12 e 13). Porém, não consigo sucesso no el. 11,usei  medicação com hidróxido de cálcio em forma de pasta com trocas de 15 dias  por um periodo de quatro meses, mas não obtenho o conduto seco. Diante disso, qual o tempo que devo ficar tentando sucesso com o hidroxido de cálcio? Ou já que a lesão radiográfica é consideravelmente grande temos que partir para cirúrgia ?

Casimiro, devido às particularidades do tratamento endodôntico e do sistema de canais, as substâncias químicas desempenham importante papel. O hipoclorito de sódio, EDTA e o hidróxido de cálcio, fundamentalmente essas três substâncias, são importantes em Endodontia e devem ser utilizados como rotina, mas tenha sempre em mente o seguinte: o preparo do canal é um ato cirúrgico e como qualquer ato cirúrgico (a Medicina sabe disso), durante a sua realização o mais importante é a instrumentação cirúrgica, o ato mecânico. Alguns poucos casos podem precisar de complementação cirúrgica, mas existe um procedimento que realizo há 22 anos e sobre o qual venho falando em todos os lugares do Brasil onde dou aula, que é a limpeza do forame. Sugiro que você faça a limpeza ativa do forame apical. Para entender melhor, você pode consultar o nosso livro. Não quero induzi-lo a comprar o livro, não é a minha intenção. Veja se alguém que você conhece tem, a biblioteca na faculdade, ou qualquer outra maneira, mas lá você vai encontrar em detalhes como fazer isso. Como tem ajudado a resolver alguns casos (tenho essa informação de colegas de algumas cidades do Brasil), acredito que pode ajuda-lo também.

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Fabiana:
Olá! Gostaria de algumas dicas sobre a anestesia para tratamento endodôntico de molares inferiores com polpa viva… Geralmente os pacientes, memo bem anestesiados, sentem pelo menos um pouco de dor até conseguir uma anestesia intrapulpar e pior, as vezes numa segunda consulta, mesmo a anestesia intrapulpar não resolve… o pacinte sente dor enquanto a polpa não é totalmente removida… Existe solução…

Fabiana, eventualmente isso pode ocorrer, mas não geralmente como você fala. Em primeiro lugar, veja o anestésico que está usando. Diante do que você relata, talvez seja interessante usar a Mepivacaína a 2%. Faça anestesia troncular com pelo menos 1 tubete anestésico (às vezes é recomendável que dois sejam utilizados) e complemente com a intraligamentar. Nesta última deve-se observar uma isquemia na gengiva. Nos casos mais difíceis ela permite um acesso mais tranqüilo à câmara pulpar, mas, como não tem efeito muito prolongado e para os menos experientes a etapa de acesso pode demorar um pouco mais, pode ainda ocorrer a necessidade de se usar a intrapulpar. Será menos “torturante” para o paciente, pois o acesso já terá sido feito de maneira mais confortável. Na segunda consulta a intrapulpar não deverá fazer efeito porque a polpa já terá sido removida. Abrem-se aí algumas possibilidades (tempo que se leva para o preparo do canal, domínio de técnica, experiência do profissional, etc). Assim, se for o caso, faça a anestesia como na primeira consulta.

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Elton:
Primeiro gostaria de agradezer pela resposta da minha pergunta anterior e parabeniza-lô pelo blog! Professor estou com uma paciente em meu consultório e a questão é a seguinte: tratamento do elemento 12, necropulpectomia,durante o acesso na tentativa de remover toda a cárie existente, ocorreu um perfuração no sentido vestibular decorrente da remoçaõ da cárie, o canal permace intacto. Após limpeza do canal preenchi o mesmo com uma pasta de hidróxido de cálcio, na sessão seguinte pude notar que ocorreu uma retração da gengiva no local da perfuração, sendo motivo de queixa da paciente. Gostaria de saber qual a melhor conduta para correção dessa retração, se devo encaminhar a paciente para um periodontista após término do canal e fechamento da perfuração???

Elton, o hidróxido de cálcio tem um pH muito elevado (alcalino) e pode promover agressão química quando em contato com os tecidos, daí a retração gengival. Encaminhe para um bom periodontista.

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Casimiro:
Prof. Ronaldo na situação em que voce recebe um paciente vindo de outro colega, tendo ele realizado um tratamento de emergencia endodontica, deixando a cavidade aberta e segundo ele era uma quadro de pulpite. Diante dessa nova situação, trataremos como uma biopulpectomia ou não ? E se na consulta inicial não tiver tempo para o preparo do canal qual a medicação intra-canal deve-se usar?

Casimiro, em um quadro de pulpite não há porque deixar a cavidade pulpar aberta ao meio bucal, mas, infelizmente, isso ocorreu. A urgência foi feita somente com intervenção em polpa coronária ou removeu toda a polpa radicular também? Por quanto tempo o dente ficou aberto? Como é possível que voce não tenha detalhes precisos sobre esses aspectos, tenha em mente que esse canal está contaminado. Trate-o como se fosse polpa necrosada. A respeito da medicação intracanal, a nossa recomendação é o hidróxido de cálcio com veículo aquoso (soro fisiológico, água destilada).

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Marília:
Professor, como proceder em casos de hemorragia pulpar? Tive um caso de biopulpectomia do elemento 11 que a polpa sangrava constantemente. Não houve nenhum sinal de perfuração na radiografia,nem clínico.O sangramento procedia da polpa mesmo. estanquei o sangue com hidroxido de calcio e retirei o coágulo. Não sei como continuar,pois acho que o sangramento continuará se voltar a mexer no dente.

Marília, entre outras causas, é comum a polpa ser “empurrada” e não removida inteiramente, ficando enovelada no terço apical, e aí cada toque do instrumento promove sangramento. Pode ser também paciente muito jovem, polpa muito volumosa e gerar sangramento mais intenso. Seja qual for a causa, certifique-se do comprimento de trabalho e prepare bem o canal. O sangramento vai parar. Limas Hedstrom ajudam muito nesses casos. Se você ainda precisar recorrer ao hidróxido de cálcio, faça isso sem nenhum constrangimento.

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Luciana Porto:
Professor, estou com um caso de uma paciente com uma lesão no 22 e tumefação no palato. Porém não há ponto de flutuação e não drenou via canal. Fiz a instrumentação coroa ápice, irrigação com hipoclorito e fechei apenas com algodão. Fiquei com receio de fazer incisao por não ter o ponto de flutuação; achei que poderia fazer a incisão no local errado e disseminar a infecção. Mediquei com clindamicina, nimesulida e bochechos mornos e vou rever a paciente amanha. Portanto pensei que poderia talvez ter medicado com amoxicilina e metronidazol, mas a paciente em perguntas feitas demonstrou ser resistente à amoxicilina. O que fazer? dreno mesmo sem ponto? Se sim essa incisão é feita no centro? Obrigada por me ajudar.

Luciana, nessas condições não há drenagem pelo canal porque o exsudato já não se encontra no periápice, o que constitui o abscesso em desenvolvimento. A postura mais recomendável é fazer a intervenção endodôntica, sempre que possível com o preparo do canal e desbridamento do forame, e não deixar o canal aberto ao meio bucal (como fica com a bolinha de algodão), pois isso não promove alívio da dor/edema e traz mais dificuldades para o controle de infecção. A drenagem cirúrgica sem ponto de flutuação não tem sido estimulada e, até pela sua pouca experiência, acho que você deveria evita-la. As medidas de fisioterapia (calor, frio) são sempre bem-vindas. A medicação sistêmica ainda é ponto de polêmica e exige um melhor conhecimento do paciente. Em condições normais (paciente com boa saúde, sem manifestações sistêmicas, etc), a rigor o uso de antibióticos não seria o mais recomendável para situações como essa, pois pode encruar o processo, mas há de se ter uma preocupação com a proteção do paciente e, como esses casos costumam trazer mais desconforto ao paciente, é comum recorrer-se à medicação sistêmica. A não ser em situações bem específicas, não uso antibióticos associados a antiinflamatórios. Caso necessário, sugiro o uso de antibióticos e analgésicos.

Uma explicação

Estive há poucos dias ministrando um curso em Florianópolis (Endo na Ilha), voltei e emendei direto com o Congresso Internacional de Odontologia da Bahia (CIOBA) e na próxima semana irei dar aula no II Congresso Internacional de Endodontia do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Nesse espaço de tempo chegaram algumas perguntas para o nosso blog e comentários e não tinha nenhuma condição de responde-los de imediato. No dia-a-dia já não é fácil fazer isso e conciliar com estudar, dar aulas, cursos e as coisas pessoais, e fica mais complicado ainda quando os compromissos ficam muito próximos um do outro. Algumas já foram respondidas e outras serão aos poucos. Espero que vocês entendam.

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Vinicius Pires:
Colocando na balança a tecnica de obturaçao de condensaçao lateral e termoplastificada, devemos ficar com a técnica que nao extravasa material para o periápice mas nao obtura bem canais laterais ou a tecnica te geralmente extravasa material obturador ? Devemos priorizar o reparo biológico ou a obturaçao de canais acessórios ?

Vinicius, não está comprovada a relação da obturação de canais laterais com o reparo. Particularmente, acho que não existe essa relação. Há 21 anos venho observando e estudando essa questão e posso lhe assegurar: o reparo não depende da obturação. Hoje, outros autores já começam a dizer a mesma coisa. Vou reproduzir um trecho do texto “Obturação do canal ou Root canal filling?” que publiquei aqui no blog. “Leia o artigo de Sabeti e colaboradores – Healing of Apical Periodontitis After Endodontic Treatment with and without Obturation in Dogs (Journal of Endodontics, julho de 2006, p. 628-633) clique aqui. Após acompanhamento histopatológico de canais tratados, os autores dizem que “o achado digno de registro do estudo é que não houve nenhuma diferença na cura de lesões periapicais entre canais obturados e não obturados”. Veja também no Journal of Endodontics de fevereiro de 2007 (p. 96-105) clique aqui, que em uma revisão sistemática e meta-análise, Shahravan e colaboradores afirmam que “a técnica de obturação ou o cimento obturador não influenciam na qualidade do selamento”. No mesmo número, (p. 106-109) clique aqui, na conclusão de sua meta-análise, Peng e colaboradores dizem que “a comparação entre a técnica da guta percha plastificada e a condensação lateral mostra que o sucesso a longo prazo e a qualidade da obturação são similares”. Muitos equívocos têm sido cometidos com relação à obturação do canal e muita bobagem também tem sido dita. Após um bom preparo do canal, escolha a técnica que você dominar melhor, de preferência uma que não extravase material obturador, obture o canal e aguarde o reparo. Ele virá.