Santa Maria II

Em post anterior falei com alegria da minha ida a Santa Maria (RS). Recebi mais algumas fotos da Prof. Márcia Schmitz. Conheça um pouco da Universidade Federal de Santa Maria.
Um grande abraço para os colegas de lá.

Clique nas imagens para ve-las melhor.

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Reitoria

 

Planetário

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Maria Izabel:
gostaria de saber se o extravasamento de cimento para o seio maxilar pode gerar alguma complicação?

Izabel, pode sim. É imprevisível, mas há casos de extravasamento para o seio em que se recorreu à cirurgia. Às vezes ocorre para o canal mandibular, com dores intensas e parestesia. O extravasamento de material obturador é algo que pode acontecer com qualquer profissional. É um acidente indesejável, mas não se torture por isso. Porém, tenha sempre em mente duas coisas; cuidado com as técnicas que proporcionam mais facilmente o extravasamento de material obturador e profissionais que o recomendam como algo normal e necessário. Normal não é e é absolutamente desnecessário.

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Fabiana das Neves:
Estou com um caso clínico de uma paciente de 14 anos que sofreu um trauma. Antes que houvesse escurecimento dental, tratei ocanal (dente 11). Após 2 meses o dente escureceu. Qual o motivo do escurecimento?
Utilizei cimento sealer 26, e deixei a obturação bem baixa, justamente para não escurecer.
Obrigada desde já.

Fabiana, A remoção do material obturador da câmara pulpar é de grande importância para prevenção do escurecimento, mas não é o único fator. Se a câmara pulpar apresentar pontos retentivos (é muito comum observar-se isso), a matéria orgânica aí retida pode levar a esse quadro. Além disso, houve sangramento muito intenso durante o tratamento ou a polpa já estava necrosada há algum tempo? No primeiro caso, a irrigação farta com hipoclorito de sódio diminui bastante a possibilidade do sangramento penetrar nos túbulos dentinários, o que pode levar ao escurecimento. Na segunda situação, o tecido necrosado localizado nos túbulos pode levar a essa condição. Também é possível o escurecimento não ter ainda se manifestado claramente no momento do tratamento endodôntico mas já estar em “andamento” e somente algum tempo depois ser percebido.

Ainda é tempo

Saí um pouco mais cedo da Faculdade e fui correndo. Quinta-feira, perto das 18 horas, trânsito já meio lento, cheguei a tempo. No colégio da minha filha (13 anos) ela e os coleguinhas iam encenar Morte e Vida Severina.

Um poema pelo qual me apaixonei ao ver pela primeira vez há muitos anos. João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, embaixador do Brasil na França, um homem tido como pessimista. Poema forte, trágico, que dá a impressão de ser só dor, mas, no fundo, um hino à vida.

Musicado por Chico Buarque, foi transportado para o teatro. Fantástico. Pensei, texto difícil para alunos da 6ª série. E foi. A professora teve que ajudar várias vezes aos “atores”. Assistindo e pensando; como seria bom que entendessem pelo menos um pouco o significado das palavras que saem das suas bocas. Estou querendo demais. Mas, não perco as esperanças. Espero que daqui a algum tempo tenham oportunidade de se deparar outra vez com esse texto e aí sim possam perceber toda a sua beleza e força.

Estava querendo demais também quando, para poder começar a peça, esperei que fizessem silêncio assim que a professora pediu. Não podia. Três sextas séries juntas para encenar, crianças na faixa de idade entre 13 e 16 anos talvez, eram muitos, e mais outros alunos que estavam para assistir. Após alguns pedidos, começou.

Chegamos em casa, eu e a minha mulher, que estava comigo todo o tempo, conversamos com ela. Brinque, brinque muito. Aproveite a sua infância, adolescência, vida adulta, não deixe nada por fazer, mas, há tempo para tudo. Há o momento em que alguém vai pedir um pouco de silêncio, para parar a brincadeira, para fazer o trabalho. Quando chegar esse momento, entenda a importância dele, mas, sobretudo, respeite quem está ali, querendo fazer alguma coisa. E por aí foi a conversa. Mesmo sabendo que ela já tinha essa orientação, não podia perder a chance de reforça-la.

Sábado pela manhã, reunião de professores na faculdade. Todos chegando, conversas, vamos começar, coordenador do curso pedindo silêncio, um pouco difícil, muita gente, mas começou. Enquanto o coordenador falava, conversas paralelas, alguns note books ligados e neles colegas mostrando fotos, casos clínicos, arrumando aulas.

Só queria lembrar um detalhe; eram professores.

Voltei correndo para casa. Precisava reforçar mais ainda a conversa com a minha filha de 13 anos.

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Rosa Porto:
Ronaldo, estou com um caso de um adolescente de 14 anos com a unidade 12 que está com reabsorção de quase 2/3 da raiz e fistula,ja fiz a limpeza do canal e coloquei curativo de hca.Gostaria de lhe mostrar o RX para ver se vale a pena investir neste dente.

Rosa, estou à sua disposição. Uma maneira bem prática de fazer isso é escanear a radiografia e mandar por e-mail. Como você preferir.

"Puff"

Uma vez estava assistindo a um curso de Endodontia e o professor disse que “a dor pós-operatória severa (que alguns gostam de chamar flare-up) nos casos de obturações tridimensionais com guta percha plastificada não é induzida pelo cimento obturador nem pelos botões de cimento e/ou guta percha (também conhecido por “puff”), mas sim por microorganismos”.

O que você acha? Vamos analisar essa questão.

O preparo do canal é um ato cirúrgico e como tal gera resposta inflamatória, associada ou não à dor em graus variáveis. Assim, a depender de como o preparo é conduzido, poderemos ter desde ausência de dor até dores intensas. É claro que isso também depende do paciente, das suas reações fisiológicas e psicossomáticas. Porém, é fundamental entender que sempre haverá reação inflamatória. Não existe ato cirúrgico atraumático, portanto, não existe preparo de canal atraumático.

O que explica a dor pós-operatória no tratamento endodôntico é o próprio ato mecânico da instrumentação (agressão física), o uso de substâncias químicas (agressão química), através das soluções irrigadoras e medicação intracanal, e a eventual “chegada” de microorganismos e tecido infectado (agressão microbiana) aos tecidos periradiculares.

No tratamento de canal com polpa viva tem microorganismos? Você sabe que não. Se tiver dor pós-operatória depois que o canal foi instrumentado, a dor será de origem mecânica e/ou química, isto é, a sua origem está no preparo do canal. É sempre bom lembrar que a presença da dor e/ou a sua intensidade poderão ter algum componente psicossomático. Nos casos de dor após tratamento com polpa infectada, ela será de origem mecânica, química ou microbiana, ou as três causas juntas.

Na obturação do canal com polpa viva tem microorganismos? Você sabe que não. Se tiver dor pós-operatória com a passagem de cimento obturador ou pela formação dos botões de cimento e/ou guta percha (“puff”), qual a origem da dor? Justamente essa passagem de material, é lógico. Aí teremos agressão física, pela presença do material obturador nos tecidos periapicais, e química, pela sua ação química.

Na obturação do canal após tratamento endodôntico com polpa infectada, a dor pós-operatória poderá ser de origem físico/química (presença física do material obturador e sua ação química), e microbiana, pela participação dos microorganismos. Essa participação se daria, claro, somente nos casos mal tratados, onde a permanência significante de microorganismos poderia levar a essa condição.

Perceba que, como todos acreditam que fazem um bom preparo do canal, ou seja, não há mais infecção, como poderia o professor dizer que nos casos de dor pós-operatória severa em que houve extravasamento de material obturador e formação de botões de cimento e /ou guta percha (“puff”) a dor não é induzida pelo cimento obturador nem pelos botões, mas sim pelos microorganismos? É lógico que não. Se não há mais infecção, a dor não pode ser explicada pela presença deles.

Não se pode pensar em contra-argumentar dizendo que não se consegue eliminar todos os microorganismos. Se a presença destes é capaz de promover dor pós-operatória severa, não houve controle de infecção, portanto não há como pensar em obturar o canal. Como o professor, provavelmente, não obtura o canal na presença de infecção, a dor pós-operatória severa pode sim ser induzida pelo cimento obturador e pelos botões de cimento e /ou guta percha (“puff”) nos casos de obturações tridimensionais com guta percha plastificada.

O professor estava errado.

“Puff”

Estávamos com problemas na hospedagem do site (não estávamos conseguindo colocar artigos em Conversando com o Clínico e Falando da Vida, por exemplo), razão pela qual o artigo “Puff” foi colocado aqui no Blog da Endodontia. Como parece que o problema está resolvido, ele foi removido. Você pode le-lo agora no Conversando com o Clínico. Para isso, clique em Voltar na parte superior do blog e depois em Clique aqui para voltar à Página Principal. Quando aparecer a página inicial do site, vá no Menu e clique em Conversando com o Clínico. Se preferir, clique no endereço do site  www.endodontiaclinica.odo.br  e vá direto no Menu. Das duas maneiras você terá acesso a todas as seções do site.

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Pergunta de Fátima.
Ola Prof. Ronaldo, parabéns pelo blog execelente. Ocorreu um erro durante o tratamento endodontico do elemento dental 46 em que houve extravasamento do cone e material obturador nos canais mesiais. Ao tentar desobturá-los houve quebra dos cones permancendo a parte que ultrapassou no periapice dos canais.Este dente será pilar de ponte fixa que envolverá os elementos dentais 46 e 44. Gostaria de saber qual a conduta e terapeutica que deverá ser implementada neste caso. Grata desde já.

Fátima, o extravasamento de material obturador tem sido estimulado. Alguns acreditam que seria uma comprovação da qualidade da obturação, e consequentemente da Endodontia, o que é um grande equívoco. Entretanto, sabemos que o extravasamento acidental ocorre com alguma freqüência, como foi o seu caso. Sempre que acontecer isso, não só o extravasamento de cimento mas também de cones de guta percha, analise bem quais são de fato as chances de remover, pois há sempre reais chances de que a tentativa de remove-los complique mais ainda. Considerando-se que o tratamento endodôntico já estava pronto, tanto que os canais foram obturados, e que ficou inviável remover o material extravasado, você deve simplesmente reobturar os canais, liberar para a confecção da prótese e fazer acompanhamento clínico/radiográfico do paciente. Não encaminhe para a cirurgia parendodôntica. Diante do surgimento de qualquer alteração, aí sim, a solução deverá ser cirúrgica. Se você ainda tiver dúvidas, pode escrever.

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Pergunta de Luis do Pias:
Prezado professor Ronaldo meu nome e’ luis do pias do PERU, sou cirugao dentista e gostei muito do BLOG, e gostaria preguntar a voce como fazo para achar a concentracao de 1% de hipoclorito de sodio tenho duvidas de como fazer o preparo dessa solucao, sera que eu tenho que pegar o hipoclorito de 5% soda clorada e diuluir para achar o 1 % da concentracao dele o tenho que achar uma concentracao do 100% do hipoclorito para logo fazer a disolucao em 1% do hipoclorito porfavor me tira deesas duvidas, muito obrigado um abraço
luis

R. Prezado Luis, encaminhei a sua pergunta para um grande amigo e maior pesquisador e conhecedor de substâncias químicas do Brasil, o Prof. Jesus Djalma Pécora. Aí está a resposta dele.

“Não existe hipoclorito de sódio a 100%. O NaOCl é sempre em solução com água e assim a concentração pode ser obtida por titulação, pois é concentração de cloro ativo. Voce pode diluir o NaOCl a 5% até obter a 1%. Na prática, aqui, nós diluimos cinco copos americano de água sanitária, que no Brasil é de 2,5 a 3%,  em dois copos de água. Assim voce obterá o NaOCl a 1%. Fator de liluição  é 0,68, ou seja 680ml de água sanitária e completar até um litro com água. O melhor caso é realizar a titulação. Não dilua 1:1, por fica mais diluido. Ver trabalho na direção:”
http://www.forp.usp.br/restauradora/agsan.htm
Abraço
Pécora

Santa Maria (RS)

Da mesma forma que com os colegas de Brasília, peço desculpas pelo atraso do meu agradecimento também a todo o grupo de Santa Maria (RS), pelo convite para ministrar um curso na 30ª Semana Odontológica ABORS Centro.

Não posso deixar de comentar que Santa Maria me surpreendeu inteiramente pela sua força. Com duas faculdades de Odontologia, a Universidade Federal de Santa Maria foi a primeira Universidade Federal criada em uma cidade do interior no Brasil, cujo campus, que tive oportunidade de conhecer tendo como guia a Profa. Márcia Schmitz, também me impressionou.

Sob um frio de 5º, fui aquecido pelo carinho dos colegas daquela cidade gaúcha. Fica aqui registrado o meu agradecimento a todos eles, particularmente a Letícia Borges Jacques (Presidente da ABORS Centro), Claudio Figueiró e Carlos Alberto Escobar (Coordenadores da 30ª Semana Odontológica), Viviane Cademartori Danesi (2ª Secretária da ABORS Centro), Cristiane Cademartori Danesi (Vice-Presidente da ABORS Centro) e Márcia Schmitz (professora de Endodontia da Universidade Federal de Santa Maria).

Muito obrigado e um grande abraço.

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Da esquerda para a direita: Claudio Figueiró, Viviane Cademartori Danesi, Ronaldo Araújo Souza, Letícia Borges Jacques, Cristiane Cademartori Danesi e Carlos Alberto Escobar