Cemental canal instrumentation: a new concept

Ampliação foraminal, quem faz?

Por Ronaldo Souza

Em setembro de 2018 postei aqui no site alguns artigos sobre a questão do coto pulpar na ampliação foraminal.

O primeiro deles foi O que fazer com o coto pulpar?

Na sequência vieram O que fazer com o coto pulpar? Parte 2 O que fazer com o coto pulpar? Parte 3 e O que fazer com o coto pulpar? Final

É claro que em outros momentos o tema ampliação foraminal foi abordado, mas esses textos foram direcionados para determinada situação, no caso o coto pulpar.

Ampliação foraminal é um equívoco, principalmente como é “ensinada” por alguns ministradores de cursos e/ou Dador de curso.

Porque considerar ampliação foraminal um equívoco pode ser visto em alguns vídeos do meu canal no YouTube, o Falando de Endodontia (clique e vá direto ao canal).

No Falando de Endodontia você verá vídeos sobre temas pertinentes à Endodontia e alguns especificamente sobre a grande diferença que existe entre ampliação foraminal e instrumentação do canal cementário.

A diferença de conceito que existe entre ambos também é o tema do artigo cuja “capa” está exibida aí em cima.

Publico-o junto com Julian Webber, endodontista inglês que fez parte do desenvolvimento de alguns instrumentos endodônticos que são utilizados nos dias de hoje, como o Wave One Gold, instrumento reciprocante da Dentsply.

Ele foi editor do Endodontic Practice por 21 anos, mas deixou de ser em 2018, quando me disse que pretendia passar mais tempo com a família.

Tínhamos em mente escrever juntos alguns artigos sobre determinados temas em Endodontia. Não sei se teremos condições de fazer isso. Muitas coisas interferem em projetos assim, vamos ver.

O artigo será publicado agora em dezembro, mas já tenho o PDF dele e em breve postarei aqui.

Relationship between the apical limit of root canal filling and repair

Relationship between the apical limit of root canal filling and repair

Por Ronaldo Souza

Aqui no site temos vários textos falando sobre obturação do canal. Um deles foi dividido em cinco partes.

Clicando nos links, você terá acesso a cada um dos textos: 1ª parte, 2ª parte, 3ª parte, 4ª parte, 5ª parte.

Eles falam de obturação de maneira bastante informal, como sempre fazemos aqui, mas além disso também explicam porque o artigo acima foi publicado no Endodontic Practice.

Ocorre que quando postei o artigo aqui no site era uma versão de quando estava sendo editado pelo periódico e por isso fiquei de muda-lo depois, o que terminou não acontecendo.

Agora, ainda no mês de dezembro, será publicado outro artigo, mas já recebi o PDF dele (sobre o qual falarei muito em breve).

Lembrei-me então de fazer a referida mudança, o que fez apagar a quantidade de downloads que já tinha sido feita.

O que está postado agora é o mesmo que consta no periódico. 

Clique no título para ler Relationship between the apical limit of root canal filling and repair.

Quando você clicar, ele é logo o primeiro artigo.

Seja bem-vindo, Lula

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Lula livre'

Estávamos mesmo precisando de você, presidente.

Enquanto você estava lá, naquela cela-sala (ou sala-cela, sei lá), a coisa aqui piorou um bocado.

Ficamos mais pobres, ficamos mais brutos, ficamos mais tristes, encolhemos nossas esperanças.

Em lugar de matar a fome, como se fez nos seus tempos, simplificaram o programa: o negócio virou só matar, mesmo.

Não era melhorar as cabecinhas, era mirar nelas. Aquelas “arminhas” com os dedos, da campanha, viraram de verdade, com o sujeito que puseram na presidência dizendo que uma Glock na cintura era o caminho da paz.

As universidades, que você abriu como nunca antes na história deste país, deixaram de ser progresso para virarem, dizem eles, balbúrdia.

Aposentadoria voltou a ser coisa de vagabundo, como aquele presidente boca-mole – até hoje recalcado de nunca ser amado como você – dizia.

Aquele petróleo, que a sua turma descobriu e que ia ser nosso bilhete de loteria, tentaram vender, mas nem assim compraram, porque nossa imagem está mais suja que praia do Nordeste.

Até este mal fizeram aos “paraíbas”, que é como eles chamam os nordestinos.

O salário não subiu, como no seu tempo, nem vai subir, já prometeram. O emprego empacou em 12,5 milhões de desempregados e a garotada pedala, de caixa térmica nas costas, para ganhar cinco reais por encomenda. É o que temos, já dizia o outro, não é.

Porque, sem isso, é a calçada, a cama de papelão, o “o senhor me dá uma ajuda para comprar um pão?”. Está cheio de gente na rua, Lula, você não faz ideia de quantos.

Dá tristeza andar na rua, presidente.

Tanta, que às vezes não o perdoo por nos ter feito acreditar que isso ia acabar, me desculpe.

E nem falei como anda a nossa cara lá fora, humilhada por toda a parte, como se aqui fosse um país de selvagens. Selvagens, não índios, porque estes estão mais ameaçados que a ararinha-azul.

É garimpo ilegal, é agrotóxico liberado, é cana na Amazônia, é tanta sandice que parece que querem nos tornar malditos no mundo.

Não convém, para quem recém se achega de volta neste Brasil da rua, dar tanta má notícia, eu sei, mas nada é pior do que a gente ter virado bruto, ao ponto de ter gente urrando por ditadura, tortura, por porrada e tiro.

Por isso, paro por aqui, porque esta é uma carta de boas-vindas, num dia de festa.

Só não posso deixar de pedir uma coisa, injusta até para quem tem 74 anos e, depois desta provação, merecia descansar.

Nos tire da prisão, Lula.

Estamos enfiados num buraco imundo e triste, onde não podemos viver, onde não podemos sonhar, de onde não podemos ver nossos filhos e netos saindo, onde não podemos querer o melhor para eles, que para nos não queremos mais nada, que muito a vida já nos deu.

Precisamos de você, Lula, porque é você quem pode catalisar a imensa força de um povo que não é mau, que não é insensível, que não é obtuso como as elites que o dirigem para o caos.

Obrigado, Lula, por voltar para nós.

Um presidente em transe

Por Ronaldo Souza

Bolsobobo da corte

Do que é capaz um homem com “graves distúrbios psicológicos” quando se sente acuado?

Um homem com “graves distúrbios psicológicos” é a definição sobre Jair Bolsonaro que consta no relatório de sua expulsão do Exército Brasileiro.

Além de “canalha, covarde e contrabandista“.

Quem pode imaginar o que um homem assim é capaz de fazer?

Saber que isso não foi dito por uma hiena e sim pelo Exército Brasileiro deve ajudar a entender a dimensão e o alcance disso.

Não deveria ser, portanto, nenhuma surpresa o comportamento do presidente da república, comportamento desde sempre evidente nos seus gestos, palavras e ações.

Diferentemente do ditado popular que diz que “o poder corrompe o homem”, digo há muito tempo que o poder mostra o homem.

Assim, em absolutamente nada pode parecer estranha a absurda insanidade do presidente da república nesses últimos tempos.

É muito comum ouvir-se dizer que “fulano de tal mudou muito, quem diria que ele mudaria tanto…, cicrano é outra pessoa, completamente diferente…”.

A não ser talvez em situações bem específicas da vida, não ocorrem grandes mudanças na essência de uma pessoa.

O ser não se modifica assim.

As mudanças que experimentamos na vida são gradativas, proporcionadas por eventos como, por exemplo, o avançar da idade.

Com o passar dos anos desfila pela nossa mente e corpo uma série de eventos, reações, comportamentos, que nos fazem, por exemplo, querer ouvir música em volumes mais baixos, não somos mais tão tolerantes com algumas coisas e pessoas como éramos antes, como, por outro lado e aparentemente paradoxal, aprendemos a tolerar muitas outras.

Aprendemos também a querer e gostar de ficar mais a sós com nós mesmos, momentos que se traduzem em muita reflexão.

Alguém se percebe “de repente” lutando mais frequentemente e de forma mais decidida por coisas e causas que não pareciam fazer parte da sua vida.

Mas, ali, não é outra pessoa.

É a mesma, que foi continuamente incorporando vida à sua vida.

São mudanças gradativas que estão há algum tempo se incorporando, que podem nos fazer parecer outra pessoa.

Vamos lá.

Desde que o Brasil foi descoberto tem sido governado pelas classes dominantes.

Durante todo esse tempo, cinco séculos, em que das camadas mais inferiores do estrato social jamais saiu alguém para ocupar os mais altos cargos do país, particularmente a presidência da república, o país viveu sem grandes conflitos internos.

Em 2003, pela primeira vez, alguém com origem no seio do povo, um torneiro mecânico, semianalfabeto, foi eleito Presidente da República do Brasil.

É possível que muitos tenham imaginado que as elites do país pareciam concordar com aquilo.

Só pareciam.

Elites também não mudam a sua essência.

As nossas elites sempre foram e continuarão sendo isto que aí está.

Como diz Fernando Pessoa, “aristocratas de tanga de ouro”.

E então, como depois se manifestaria com violência jamais imaginada, o preconceito falou mais alto.

Em 2005, dois anos depois da eleição daquele torneiro mecânico, surgia o “maior escândalo de corrupção” do Brasil.

Começava ali, na verdade, a maior farsa do Brasil.

Farsa que culminou com o golpe e derrubada de uma presidenta e a prisão de um ex-presidente.

O maior da história desse país.

O presidente em cujo governo as elites jamais foram prejudicadas, pelo contrário.

Bancos e empresas jamais ganharam tanto dinheiro, reconhecido por todos eles, banqueiros e empresários.

Mas aquele presidente cometeu um grande pecado.

Condenado pela sua origem, ousou olhar para um povo que existia nas estatísticas, mas não na vida real, aquela que dá um mínimo de oportunidades e dignidade às pessoas, sejam elas quem forem.

Homens e mulheres do bem mostravam mais uma vez o lugar de cada um.

O recado estava dado.

Não ousem.

E ali estava o ovo da serpente.

Chocado.

Chocados também ficamos todos nós com o ovo chocado pelas “zelites” brasileiras.

Na sua composição clássica, comandados pela Globo, lá estavam Veja, Estadão, Folha, judiciário, ministério público, banqueiros, empresários e periferia.

Toda a periferia, eternos aspirantes às elites, onde se encontram profissionais liberais e, pasmem, professores.

Aquele núcleo da classe média tão bem definido por Marilena Chaui:

“Uma abominação política porque fascista, uma abominação ética porque violenta, e uma abominação cognitiva porque ignorante”.

O soldadinho de chumbo

O ovo foi finalmente chocado.

Acostumado com seu pequeno mundo, do qual, paradoxalmente, foi expulso com desonra, o novo presidente nos mostrou o seu universo.

Até então contido pelas paredes  da sua inexpressiva existência como homem e político, aquele vazio enorme se abriu e se expôs aos nossos olhos.

Visão inesquecível, fez-se noite, as portas das trevas se abriram, a escuridão se embrenhou e se apossou das nossas vidas.

A serpente estava solta.

Com ela, os seus filhotes.

As evidentes carências afetivo/emocionais do presidente da república (“distúrbios psicológicos graves”) encontraram guarida nas evidentes carências afetivo/emocionais de parcela significativa da sociedade, algo tão claro quanto a luz do dia.

Quando o presidente deseja a morte de Lula e Dilma de câncer ou de qualquer outra maneira, quando ele fala em matar milhares de pessoas, como o fez em vários momentos da sua vida política, quando frequentemente elogia torturadores de forma escancarada, ele se torna espelho e reflexo desse segmento da sociedade que tem os mesmos desejos e os expressa diariamente nas redes sociais, essa imensa caixa de ressonância que se tornou válvula de escape das frustrações pessoais de todos eles, ainda que não tenham a menor noção disso.

Uma definição de transe diz “que é um estado alterado de consciência, um dos objetivos a serem atingidos pela hipnose. Trata-se de um estado de consciência onde podem ocorrer diversos eventos neuro-fisiológicos (anestesia, hipermnésia, amnésia, alucinações perceptivas, hiper sugestionabilidade etc)”.

Lembremos que transe também representa algo em transição de um estado a outro.

Distúrbios psicológicos representam um estado que nos faz ver as coisas com outra perspectiva.

Quando um homem atinge níveis assim, ele se vê sem limites.

Nada mudou no presidente do Brasil.

Distúrbios psicológicos'

A sua essência é a mesma.

O comportamento dele é o mesmo, só que agora num plano maior, proporcional ao cargo que ocupa.

Maior poder ele alcançará quando atingir níveis ainda mais elevados de insanidade, o que se costuma chamar de loucura.

Aí então, ele se verá intocável.

Deus.

Acima de tudo e de todos.

Podres poderes

Bolsonaro, sempre idiota

Por Ronaldo Souza

Na esteira das mentiras deslavadas, tudo é permitido.

Ainda mais agora (já há algum tempo) que o abominável se incorporou às nossas vidas, amenizado e contando com a colaboração da nossa tradicional postura de eternos colonizados.

Sob a força da americanização da nossa fala e escrita, a própria imprensa recorre com frequência assustadora às fake news.

Como fez, mais uma vez para o deleite dos seus iletrados leitores, a revista Veja.

Capa da Veja

Quando o desprovido de tudo que ocupa a presidência postou o texto no seu twitter lá em cima, ele já sabia que a matéria da Veja era mentira.

Em menos de 24 horas, o delegado que tomou o depoimento de Marcos Valério negou o que diz a capa do “detrito sólido de maré baixa”, como Paulo Henrique Amorim chamava a Veja.

Observe o que diz o delegado, que inclusive tem os vídeos do depoimento.

“O Marcos Valério nunca afirmou que Lula é o mandante do assassinato de Celso Daniel”, disse ao DCM o delegado Rodrigo Pinho de Bossi, a autoridade que tomou o depoimento que Veja utiliza para construir a versão de que o ex-presidente está envolvido na morte do ex-prefeito de Celso Daniel.

“A Veja está querendo influir no julgamento da segunda instância, e nessa farsa posso dizer, com certeza, que há a ação de Mara Gabrilli”, afirmou, em referência à senadora do PSDB que é filha de um empresário do setor de ônibus que admitiu, em depoimento a uma CPI de Santo André, que participou, conscientemente, do esquema de corrupção que existia na cidade mesmo antes da administração petista.

Na sequência o promotor do caso e o empresário Ronan Maria Pinto também negaram a matéria da Veja.

Mas, ao desprovido de tudo nada importa. Só importa o que o beneficia.

O desprovido de tudo nada mais tem a dizer, ele sabe disso.

Mas ele precisa continuar dizendo nada.

Como, em visita à China, dizer que a China é um país capitalista.

Não procure entender porque ele consegue dizer nada, ou tudo quando se trata de asneiras, com a convicção de que é assim que ele cativa os seus seguidores/eleitores.

Ele fez tanta bizarrice que a conseguiu fazer rir.

A frase acima consta em um dicionário como exemplo para ajudar na definição de bizarrice.

O que seríamos se ríssemos da bizarrice do bizarro presidente eleito por eleitores bizarros?

Bizarros também.

O que faz ele, então?

Aposta nos seus seguidores/eleitores, o que mostra que, mesmo sem saber, recorre ao surreal; não se pode confiar no que não tem base.

E, por mais que até professores tentem negar, a base de qualquer coisa será sempre o conhecimento, jamais o desconhecimento.

É o absurdo desconhecimento sobre política que faz coisas como eleger um inútil político de 28 anos de inútil atividade política, cuja campanha foi feita como não político, atacando e desqualificando política e políticos.

É muita burrice junta.

Só idiotas consagrados entram em canoas furadas como ‘escola sem partido’, ‘mamadeira de piroca’, ‘kit gay’…

Como se chama o que ele fez quando “conversou” com ex-colegas de parlamento por 28 anos para aprovar as reformas que retiram direitos da sociedade, inclusive dos nossos sábios e dignos professores?

Até pouco tempo, na velha política, isso se chamava de toma-lá-dá-cá.

Como se chama hoje, na nova não-politica?

Mimo?

Um singelo mimo para para os que votarem pela aprovação?

Alheios a tudo, ontem os miquinhos amestrados estiveram com Aécio, hoje estão com o desprovido.

Outro desprovido já está sendo preparado para eles votarem amanhã.

Um televisivo animador de auditórios?

Deem ao povo qualquer coisa.

Pão e circo?

Podemos?

Uma coisa é fato.

Já há mostras evidentes de que, mesmo entre os desprovidos seguidores, muitos já estão abandonando a nau bolsonarista, por perceberem que o naufrágio é inevitável.

“Aqueles”, não.

“Aqueles” continuarão existindo porque constituem o equilíbrio da vida, a imperfeição do perfeito, sem a qual a vida seria um tédio.

Como dizia Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, “o enfadonho mundo perfeito dos deuses”.

Tão claro quanto isso é reconhecer que a vida vazia e sem razão dos cães raivosos os fará continuar latindo e espumando ad aeternum.

Necessários para a existência do dito popular; “enquanto os cães ladram, a caravana passa”.

Lembra quando escrevi Somente idiotas?

Bem antes daquele texto já estava claro que eles não são somente idiotas, vai muito além disso.

Naquele momento, a canalhice já se tornara evidente e se exibia sem nenhum pudor.

Mas, justiça se faça; já há algum tempo eles a assumiram definitivamente.

Um velhinho de 74 anos

Em uma das viagens de Lula à Europa, ainda como presidente, Clóvis Rossi foi um dos jornalistas destacados para cobrir a viagem.

Em um dos eventos, Rossi tomou uma queda e fraturou (soube-se depois) duas ou três costelas, não lembro exatamente. Lula interrompeu o que estava fazendo no encontro e não só se aproximou de Rossi como determinou que o médico da presidência o acompanhasse até o hospital. Terminada a reunião, Lula foi até o hospital visita-lo.

Todos sabiam que Clóvis Rossi vivia “esculhambando” Lula e ficaram surpresos com o seu gesto, porém, quem conhece o ex-presidente de perto diz que isso é típico dele.

Conversaram, brincaram, muitos surpresos com o clima que Lula conseguiu criar no ambiente, Lula teve que voltar. Não sem antes ouvir de Clóvis Rossi:

‘Presidente, o senhor é um péssimo presidente, mas uma figura humana formidável’.

Trago o texto acima de um artigo que escrevi em novembro de 2014 e nunca postei aqui, para mostrar o que sempre fizeram com Lula.

Veja o que o próprio Clóvis Rossi, jornalista da Folha, dizia; “… acho que os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva foram os melhores …”.

Ou seja, Rossi tinha que se desfazer de Lula e seu governo e, mesmo atenuado, o veneno tinha que ser expelido.

Por que buscaram sempre humilhar Lula?

Por que continuam tentando incansavelmente elimina-lo da cena política?

Não, não, por favor, não argumentem com “Lula ladrão, o mais corrupto…”, nem vocês acreditam mais nisso, a não ser que a estupidez tenha chegado a níveis inimagináveis.

“A inteligência humana tem limite, a estupidez não”.
(Frase atribuída a muita gente mas que parece ser de Claudinei Pereira)

Por que o temem tanto?

Como não conseguem perceber que nessa perseguição irracional só o fizeram crescer e agigantar-se?

Seria Lula de fato um gigante ou simples reflexo da burrice e incompetência dos seus adversários?

Chegaram a tentar transformar um pobre coitado em mito, um homem que só fez agigantar-se a sua própria estupidez, tamanha a necessidade de eliminar aquele que há muito tempo, ele sim, tornou-se um verdadeiro mito para o povo brasileiro.

Todos os poderes desse país, com seus homens e mulheres poderosos, estão ajoelhados na sua pequenez e mediocridade diante dele.

Prenderam-no mas nunca conseguiram e jamais conseguirão lhe tirar o espírito da liberdade, que goza enjaulado numa cadeia criada por homens e mulheres pequenos e covardes, todos presos no seu pequeno mundo de poderes apodrecidos por auto-degradação.

Sucumbiram e se degradarão mais ainda diante de algo muito maior que todos eles juntos.

Homens e mulheres descerem mais ainda os degraus dos porões que levam ao mais sujo e podre dos mundos.

Tudo pela tentativa de destruir um velhinho que está fazendo 74 anos.

Lula, feliz aniversário.

Reconvexo

Reconvexo

Por Ronaldo Souza

A deselegância grosseira de um bobo

Poucos dias antes, Renato Gaúcho tinha questionado a competência de Jorge Jesus, o técnico do Flamengo.

“(…) ele tem uma seleção nas mãos, qualquer um é técnico assim. Ele tem o que, 65 anos? Com essa idade, qual o título importante que ele tem…?”.

Além de mais uma vez se autoelogiar e se autoproclamar o melhor técnico do Brasil, foi quase que literalmente com essas palavras que Renato Gaúcho pretendeu desqualificar Jorge Jesus.

Inaceitável.

Como explicar essa agressão?

Nada justifica.

Um visitante que deveria ser bem-vindo, como todos têm sido ao longo da história desse país.

Não bastasse isso, alguém cuja origem e ligação com a nossa própria História dispensa apresentações e comentários.

Dias depois, o triunfo do Bahia sobre o Grêmio.

Dispenso-me de qualquer comentário sobre o jogo em si, para o qual os comentaristas atribuíram a vitória do Bahia aos seus próprios méritos.

Por que, apesar de não cita-lo nominalmente, aquela agressividade com Roger Machado, afinal, como treinador do Bahia, ele era talvez a principal razão da derrota do time de Renato?

Ainda que a absoluta certeza da vitória antes da partida, que só a arrogância e prepotência possibilitam, permitisse a Renato ostentar a soberba que lhe é característica, por que a tentativa de tirar o mérito do Bahia com aquela deselegância grosseira?

A elegância sutil de Bobô

Zózimo (Barroso do Amaral), consagrado colunista social do Rio de Janeiro, não suportou.

Era demais para ele.

Um time baiano chegava ao topo do nosso futebol; o Bahia se sagrava, mais uma vez, campeão brasileiro.

Naquele time um jogador se destacava; Raimundo Nonato Tavares da Silva.

Não, você não o conhece.

Talvez o conheça como Bobô.

Um grande jogador, fora do padrão.

O fora do padrão não interessa, pelo contrário.

Ele é “sinônimo” de fora da ordem.

Baiano, para alguns ele era mais um “baiano”, para outros mais um “paraíba”.

Nordestino.

Sem fazer o vestibular do Sul (para entender essa expressão, leia Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo), como bem definiu Alceu Valença, grande compositor/cantor pernambucano, Bobô foi convocado para a Seleção Brasileira jogando no futebol baiano, no futebol do Nordeste.

Direto da Bahia para a seleção brasileira.

E a carioquice de Zózimo não estava preparada para isso.

Como tem acontecido com frequência nos últimos tempos, o comentário pejorativo feito por Zózimo à época só expôs a causa de tudo que acontece neste país; o preconceito.

Preconceito que encontra nas mentes frágeis a sua morada ideal.

O futebol de Bobô nasceu na Bahia.

O futebol de Bobô se fez na Bahia.

A “elegância sutil de Bobô” era baiana.

E aquela elegância sutil não era comumente vista entre muitos daqueles que, como ele, jogavam futebol.

Ele não fazia parte da corrente.

Estava um pouco à margem dela.

Era, portanto, um marginal.

Um estranho no ninho.

Não, não é comum que alguém que não seja do “sul maravilha” ou que não tenha “passado” por lá se destaque no Brasil.

Não se aceita.

Aproveito mais um pouco de Caetano Veloso, quando ele diz em outra de suas belas músicas que “alguma coisa está fora da ordem, fora da ordem mundial…”, para dizer que muita coisa está fora da ordem.

Entretanto, não haveremos de permitir a grosseria, a tentativa de desqualificação das pessoas, o xingamento, a ofensa, a agressão gratuita.

Nada disso pode se incorporar a um povo que sempre teve como característica marcante tentar com todas suas forças  espaços iguais para os Bobôs e Renatos.

Particularmente a Bahia e o Bahia, que apresentaram Bobô ao Brasil, mas souberam receber muito bem Renato Gaúcho quando aqui esteve como técnico do Bahia e agora o faz com Roger Machado que, como Renato, é mais um gaúcho que nos honra com a sua presença.

Veja um trecho da entrevista de Roger à revista Época:

Época: Hoje o senhor mora em Salvador, cidade de população majoritariamente negra. Isso também estimula a falar sobre racismo?

Roger: Há uns dias, estava trocando mensagens com Guilherme (Bellintani, presidente do Bahia) e disse: “Hoje eu acordei com uma sensação de pertencimento tão grande a esse lugar e estou tão feliz de estar aqui no clube”.  Depois de minha manifestação, novamente a gente trocou mensagens e lembrei dessa conversa. Disse para ele que a Bahia e o Bahia me empoderaram para que eu tivesse a coragem de dar aquela declaração. O fato de, hoje, estar inserido nesse contexto me ajudou muito a dar aquela resposta sobre o tema.

A Bahia soube e sabe entender Renato, mas se permite amar Roger.

A Bahia, com sua eterna magia e beleza, estará sempre de braços abertos.

O Bahia, o primeiro campeão brasileiro, o primeiro time do Brasil a disputar a Libertadores, retoma o seu lugar no futebol brasileiro.

Um clube que se renova, inova e assume, mais uma vez, o pioneirismo que faz parte da sua história ao promover ações sociais jamais vistas no futebol.

Se a Bahia é o berço do Brasil é também a consolidação da sua independência, pois foi aqui que se deu a confirmação da Independência do Brasil.

Como reza a nossa tradição, estaremos sempre de braços abertos, para todos e, como demonstram as suas histórias, a Bahia e o Bahia representam um povo que se formou na luta e por isso sabe absorver como poucos eventuais agressões sofridas aqui e ali.

Somos assim.

Continuaremos sendo assim.

Com a elegância sutil de Bobô.

Além das fronteiras

Pink Floyd''

Por Ronaldo Souza

Há várias maneiras de se fazer sucesso, ou, quem sabe melhor dizendo, de parecer aos outros que é uma pessoa bem sucedida.

Se Hamlet já se debatia com o “ser ou não ser?”, hoje a angústia está na busca do parecer ser.

Não à toa, muitos precisam do carro importado, caro e bonito.

Frequentar determinados ambientes faz parte desse cardápio.

Assim, restaurantes precisam ser aqueles que pessoas de bem frequentam.

O vinho à mesa não pode faltar.

É claro que ambos, o bom restaurante e o bom vinho, são de fato merecidos e curtidos por muitos, mas para alguns o objetivo é mais abrangente e menos nobre.

Há algum tempo um colega disse a outro que se associara ao Yacht Clube da Bahia, ou simplesmente Yacht, porque “precisava ser visto frequentando o Yacht”.

Não, não estou brincando.

Ou fingiremos sempre dizendo que não somos assim?

Todos, o que quer que sejamos, somos verdadeiros?

Nem a Santa Dulce perdoaria tamanha “ingenuidade”.

Gosto de homens e mulheres que se “atiram” em alguma coisa.

Homens e mulheres que não se limitam.

Que ousam ir além do jardim.

Se sabemos o quanto é difícil vê-los hoje em qualquer segmento, como imagina-los no futebol?

Olhe para trás e veja o quanto você pode tirar do que já viu e ouviu.

Há atores consagrados, inclusive entre nós, que saem da zona de conforto e se transformam em diretores e ousam.

Quantos o fazem na música, na literatura, na Odontologia, na Medicina, no Direito…?

Quantos o fazem na política?

Quantos o fazem no futebol?

Roger Machado fez, Roger Machado faz.

Gosto de homens e mulheres que ousam.

Gosto de homens e mulheres que rompem limites.

Esses homens e mulheres têm um encontro marcado.

Com eles mesmos.

Roger Machado e Época

Por Elton Serra

Quando chegou à sala de imprensa do Maracanã, Roger Machado, de 44 anos, não imaginava que sua entrevista coletiva pudesse ganhar repercussão nacional.

Para o treinador, explicar a derrota de sua equipe, o Bahia, para o Fluminense parecia ser a tarefa mais difícil.

Ele se preparava para responder às críticas pela derrota de 2 a 0 no último sábado 12. Até que uma pergunta sobre racismo no esporte alterou o foco da conversa.

Machado e o técnico Marcão, do Fluminense, são os dois únicos treinadores negros da elite do futebol brasileiro.

O vídeo com a resposta de Machado a respeito do tema passou a ser compartilhado nas redes sociais e alcançou até mesmo o público que não acompanha o Campeonato Brasileiro.

Gaúcho de Porto Alegre, Machado começou a carreira de treinador em 2014, quando assumiu o time Juventude de Caxias do Sul.

Com passagens marcantes por Grêmio, Atlético-MG e Palmeiras, chegou ao Bahia em abril deste ano e logo criou uma relação de afinidade: o time baiano, engajado em questões sociais, cativou um técnico que procura seguir os mesmos princípios.

“Negar e silenciar é confirmar o racismo. Minha posição como negro na elite do futebol é para confirmar isso”, disse o treinador na entrevista coletiva.

Formado em educação física, Roger ingressou no ensino superior depois dos 34 anos. Antes, buscava conhecer um pouco mais a sociedade por meio de livros presenteados por sua irmã e os devorava durante as viagens como atleta de Grêmio, Fluminense e Vissel Kobe, do Japão.

Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, o treinador do Bahia fala sobre como construiu sua visão política e analisa o preconceito racial que ainda existe no Brasil.

O senhor esperava tanta repercussão após sua entrevista coletiva no Maracanã?

Não esperava. Na verdade, o que relatei, me baseando em dados, foi algo que sempre foi de senso comum. O racismo estrutural é de conhecimento geral. Confesso que não esperava uma repercussão tão grande de algo que, para mim, as pessoas sempre souberam. Como muita coisa no Brasil é um tabu, talvez as pessoas não queiram discutir o tema. Descobri que muitas pessoas não querem ouvir sobre esse assunto.

O senhor disse que não deveria ser novidade ter dois técnicos negros treinando clubes da Série A e que o preconceito no Brasil é estrutural. Como é possível acabar com essa forma de racismo no país?

A gente precisa deixar de negar que o racismo existe. É preciso aceitar essa condição, refletir sobre isso e, conjuntamente, buscar alternativas para solucionar esse problema. Ou a gente entende que não há esse problema, o que para mim é hipocrisia, ou assume que existe racismo. Na medida em que as pessoas afirmam que não existe racismo no Brasil, a gente pelo menos precisa tentar entender o porquê de tanta desigualdade. Uma parte importante é a educação. Um cidadão educado tem a condição de discernir com mais facilidade o que é certo e o que é errado.

Como o ambiente do futebol tem recebido seu posicionamento sobre o tema?

Muita gente me parabenizou, falou de minha coragem e tranquilidade, do aspecto didático e do conhecimento apresentado com embasamento. Confesso que coragem não é ausência de medo, porque senti receio de como as pessoas receberiam o que eu estava falando. Por dentro eu estava fervendo, meu coração estava batendo a 180 por minuto. Eu entendia que tinha de estar tranquilo para não parecer que estava me vitimizando, muito menos usando o tema como uma tentativa de revanche diante de um problema social tão sério. Não acho que deva ser parabenizado pelo que falei, sendo esse um assunto que todos deveriam abordar.

Hoje o senhor mora em Salvador, cidade de população majoritariamente negra. Isso também estimula a falar sobre racismo?

Há uns dias, estava trocando mensagens com Guilherme (Bellintani, presidente do Bahia) e disse: “Hoje eu acordei com uma sensação de pertencimento tão grande a esse lugar e estou tão feliz de estar aqui no clube”.  Depois de minha manifestação, novamente a gente trocou mensagens e lembrei dessa conversa. Disse para ele que a Bahia e o Bahia me empoderaram para que eu tivesse a coragem de dar aquela declaração. O fato de, hoje, estar inserido nesse contexto me ajudou muito a dar aquela resposta sobre o tema.

O senhor também citou temas como misoginia em sua entrevista coletiva. Outras questões sociais além do racismo precisam ser debatidas dentro do futebol?

Acredito no futebol como uma ferramenta. Ele é meio, e não fim. O futebol tem poder de alcance muito grande, por meio da paixão e do amor. Nós vivemos estruturalmente numa sociedade cheia de preconceitos e não devemos ter vergonha de assumir que temos preconceito de algum tipo, porque nós crescemos nessa estrutura de sociedade machista. A primeira coisa que precisamos fazer para mudar é aceitar que o preconceito existe. Não falar sobre racismo, homofobia, machismo e violência doméstica não diminui os casos. Falar sobre o assunto, ter órgãos para defender a mulher, ajuda. O que falta a nossa sociedade é empatia, se colocar na condição do outro para poder entendê-lo sem julgá-lo e aceitá-lo da forma que ele é.

Roger Machado '

O papel de um técnico de futebol vai além da discussão sobre o jogo?

Tanto dentro como fora de campo, tento influenciar positivamente as pessoas, seja por meio do jogo, de posicionamentos ou condutas. O futebol pode ser uma ferramenta de transformação social e que pode ser alcançada pelo jogo. Não faria sentido nenhum trabalhar num segmento em que você pode ter alcance e atingir apenas um lado. Eu me vejo também como um ativista político dentro do futebol. Muita gente diz que futebol e política não se misturam, mas eu discordo. Viver é fazer política. Se no final do livro da minha vida estivesse escrito: “Esse indivíduo ajudou a construir o esporte, mas acima de tudo ajudou a usá-lo como uma ferramenta de transformação”, eu estaria satisfeito e poderia morrer em paz.

Roger Machado, um grande técnico de futebol, um grande homem

Roger Machado

Por Ronaldo Souza

Como é que se perde um gol daquele, debaixo da trave?

Como é que um jogador de futebol profissional comete um pênalti infantil daquele?

O time se desencontrou no gol sofrido naquelas condições e fez um primeiro tempo ruim.

Voltou completamente diferente, jogou muito mais do que o Fluminense e o dominou em boa parte do segundo tempo.

Apesar de não dito por alguns, ficou bem claro para todos, inclusive para os comentaristas, que o Bahia merecia ganhar o jogo.

Gerson, o canhotinha de ouro, campeão mundial na Copa de 1970 e hoje comentarista de futebol, disse que o Bahia merecia ganhar de pelo menos 5 a 2.

Fiquei tão chateado com o resultado que não queria mais ver futebol ontem à noite.

Pensei em procurar um filme para assistir.

Resolvi, porém, assistir ao Troca de Passes, do SporTV, que tinha transmitido o jogo.

Liguei a televisão na hora da coletiva pós-jogo de Roger Machado.

Na coletiva ele mostrou com clareza e palavras cuidadosas, como sempre o faz, o que me tinha feito ficar chateado com o resultado; “confiança excessiva gera autossuficiência”.

Veja o que disse Flávio, volante do Bahia; “menosprezamos o Flu; quando acordamos, estava 2 a 0”.

Ainda que se saiba que é simplesmente impossível um time se manter concentrado todo o tempo, a rigor, nenhum jogador ou time poderia ter esse tipo de relaxamento.

Independente disso, há algum tempo desejo falar do Bahia e Roger Machado, mas o pouco tempo de que disponho nesses últimos dias não tem permitido.

Mas hoje, não.

Deixando esse texto sobre o Bahia e Roger para depois, tenho que falar alguma coisa porque seria impossível ficar indiferente à entrevista dele após o jogo contra o Fluminense.

Mais uma entrevista de Roger.

Tom de voz sempre sereno, faz ótima leitura do jogo, com honestidade, simplicidade, sem fazer malabarismos para enganar o torcedor. É uma das melhores coletivas pós-jogo do Brasil.

Mais uma entrevista de Roger.

Não, não foi.

Uma repórter lhe fez duas perguntas, a primeira sobre a campanha publicitária contra o racismo que ele e Marcão, técnico do Fluminense, também negro como Roger, protagonizaram no Maracanã e a segunda sobre sua rejeição ao convite do Internacional para dirigi-lo após a demissão de Odair Helman.

Disse que ia começar pelo fim e com toda elegância falou sobre o convite do Internacional e porque optou por ficar no Bahia.

E aí Roger sai da entrevista e entra Roger.

Sai o técnico de futebol e entra o homem.

Ao palco, quem sobe para falar não é o dentista, o médico, o arquiteto, o advogado…

É o professor.

Muitos não entendem que existem diferenças sutis e numa considerável quantidade de vezes nem tão sutis, entre uma e outra coisa.

Daí esse horror de palestrantes que rodam por aí e pouco ou nada dizem, só vendem.

O verdadeiro professor, não, um auditório inteligente percebe a sua presença e o distingue.

Aos palcos do futebol têm subido pessoas ligadas ao mundo do futebol, um mundo, permito-me toda a franqueza, onde, apesar dos altos salários, há enorme pobreza.

Acostumamo-nos a ver no futebol uma pobreza monumental e não falo dos jogadores, mas também dos dirigentes (com poucas exceções), dos técnicos e de boa parte da própria imprensa.

Ressalve-se que entendemos, acho que todos nós, as dificuldades que existem nesse sentido entre os jogadores, dificuldades que têm origem na condição social e que cada vez mais vão diminuindo, ainda que lentamente.

Observe, por exemplo, como se manifestam os técnicos de futebol, quando o fazem, sobre os diversos problemas da sociedade.

É assustador.

Inclusive técnicos campeões mundiais de futebol.

Nunca, em qualquer momento da minha vida, vi uma pessoa ligada ao futebol se agigantar da forma como Roger Machado fez.

Foi uma verdadeira aula de História, sensibilidade, bom senso, serenidade, coisas poucas vezes vistas no futebol.

Quando a reportagem voltou aos estúdios do SporTv, o comentarista André Lofredo estava perplexo e disse que nos seus 20 anos de futebol nunca tinha visto nada igual, comentando em seguida; “não tenho nada a acrescentar, nada a dizer a não ser bater palmas”.

E o fez, bateu palmas para Roger Machado em pleno estúdio do SporTv.

Coisa que eu tinha feito poucos minutos antes na minha casa.

Em seguida, Ana Thaís Matos disse; “gente, eu nunca vi isso, ele falou de feminicídio, deu uma aula de História…”

Ainda a se considerar, a coragem de Roger de falar sobre um tema tão delicado, particularmente no futebol, onde representa um tabu, ainda mais nesse momento por que passa o país.

Roger Machado vai além, muito além do que “pede” a sua profissão.

São homens assim que fazem a História.

Veja a parte da entrevista à qual me refiro.

Moro, o juiz que se desqualificou como homem

Por Ronaldo Souza

Antes de qualquer coisa, deixemos bem claro o seguinte.

Ao escrever ou trazer textos de jornalistas independentes sobre os heróis dos bolsominions, a ideia não é tentar convence-los de qualquer coisa.

Não conto com isso.

Sei o quanto o instinto de sobrevivência pode levar à irracionalidade e diante de situações assim não há porque esperar nenhuma capacidade cognitiva.

Há uma diferença considerável entre mostrar e esperar que entendam aquilo que se mostra.

São as diferenças sutis, por isso frequentemente imperceptíveis, que existem entre a informação e a possibilidade de assimilação e transformação em conteúdo.

Assim, a “reserva selvagem” de Bolsonaro e Moro pode ficar tranquila.

Não é minha intenção convence-los de absolutamente nada.

Esse poder, todos sabem, tem a Globo, e o exerce muito bem, tanto é que fez o que fez deles.

Como pretender “convencer” quem é Moro a uma sociedade que conseguiu eleger Bolsonaro, ainda que tenha sido uma eleição fraudulenta?

Como pretender “convencer” a essa sociedade que a eleição foi fraudulenta?

As informações sobre “essas coisas” estão disponíveis, mas como a Globo não mostra…

Como já dizia Ricardo Teixeira (sim, aquele mesmo, presidente da CBF, a da camisa amarela que eles usam aos domingos no Farol da Barra e nas avenidas paulistas do país), se não deu na Globo, não existe.

Por instinto de sobrevivência, eles precisam acreditar que nada do que tem sido mostrado é verdade.

Conscientemente, ignoram tudo.

É uma necessidade.

Nesses últimos dias, também a Folha desistiu de resistir; desistiu de Moro.

Colocou isso de forma bem clara, assumindo que reconhece o quanto errou ao defender Moro e a Lava Jato durante todos esses anos.

Razões para isso não faltaram.

Moro e a amnésia

Moro e caixa 2 de Lorenzoni'

Moro acusou o golpe.

No entanto, muito maleável, tem se mostrado camaleônico.

Desesperado, também nele o instinto de sobrevivência falou mais alto. Mudou tanto ao ponto de atropelar tudo que já tinha dito.

E não deixa de ser triste, muito triste, mesmo sendo Moro, ver um homem se humilhar tanto.

A defesa que fez de Onyx Lorenzoni é daqueles gestos que mostram o que pode haver de mais baixo na degradação moral do homem.

Dizer que o admirava e que já o tinha perdoado do crime de caixa 2 porque ele pediu desculpas, mostra o que já se sabia mas não se conhecia na sua real dimensão; a sua falta de dignidade e caráter.

Moro e caixa 2 de Lorenzoni'''

Mas aí veio à tona mais um novo caixa 2 de Lorenzoni.

Moro e caixa 2 de Lorenzoni''

Nada mais restou a Moro para dizer.

Calou-se.

Fechou os olhos, em mais um momento Moro de “não vem ao caso”.

Mostrava assim a sua inimaginável capacidade de perdoar.

E essa enorme capacidade de amar ao próximo e perdoar a todos foi evoluindo, até o ponto de se ver perdoando e protegendo outro mito, por sua vez também um homem de grande altruísmo e amor ao próximo; Moro não só perdoou o presidente da república como o está protegendo contra tudo e contra todos.

Flagrado pela Polícia Federal, o ministro do Turismo foi acolhido por Bolsonaro, a quem não restava outra atitude; o ministro sabe demais.

Foi quem comandou o episódio dos laranjas e do dinheiro ilegal que irrigou campanhas, inclusive a de Bolsonaro, conforme membros do próprio partido, que já admitem.

Tudo sob o guarda-chuva da omissão vergonhosa do ministro da defesa.

Resta a dúvida.

Quem será que está autorizando a Polícia Federal a investigar os laranjais, o partido (PSL) e o próprio presidente da república?

Faça um exercício de imaginação.

A Polícia Federal está sob o comando de quem, a qual ministro ela é subordinada?

Não, esqueça, deixa pra lá.

Pergunte ao presidente que ele sabe.

Só não pergunte onde está o Queiroz.

Ele vai responder que ‘tá com sua mãe’.

Moro acima de todos!

Bolsonaro acima de tudo!

A traição entre os membros do governo, todos sabem, é grande.

Lá, é ao contrário; ninguém segura a mão de ninguém.

Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil

Ainda que se entenda a sua preocupação, por estar envolvida no processo e ser a maior responsável pela criação do “mito” Moro, até onde irá a Globo na loucura dessa proteção insana, quando todos já perceberam quem é Moro?

Mesmo sabendo que também ela não vai resistir e em breve o abandonará, a Globo foi longe demais nessa irresponsabilidade.

Ainda que numa escala menor, juízes e ministros do judiciário sofreram um desgaste enorme pelo alinhamento automático à Globo e Lava Jato, mas, sem dúvida, Joaquim Barbosa e Carmen Lúcia sofreram um apequenamento bem maior, irreversível.

O que são eles hoje?

Não há, entretanto, como negar.

Como previ aqui há tempos, Sérgio Moro sairá muito menor do que todos os demais.

Ele morre desmoralizado.

Bolsonaristas, por favor, a morte aqui é uma metáfora, não como vocês a desejam a muitos na lucidez dos seus dias.

Dispenso-me de qualquer comentário sobre Dallagnol e companheiros, pequenos demais para que se gaste “tinta e papel” com eles.

Moro, sim.

Ninguém será melhor exemplo que ele do bagaço de laranja chupada e jogado fora pela janela.

Veja abaixo a matéria do jornal espanhol, EL PAÍS.

—–

Moro e caixa 2

Moro e caixa dois'

Por Marina Rossi, no EL PAÍS

A cruzada de Sergio Moro pelo combate à corrupção começou a enfrentar obstáculos desde que ele deixou a toga de juiz e foi nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública pelo presidente Jair Bolsonaro. Em um passado recente, o juiz curitibano fora celebrado durante as manifestações contra a corrupção. Super Moro estampava camisetas e bonecos nas ruas e, enquanto a personificação da Operação Lava Jato, fazia palestras e dava entrevistas condenando veemente crimes como o caixa dois. “É uma trapaça”, dizia, sobre essa prática.

Mas agora, à frente do Palácio da Justiça, o ministro mudou seu discurso. Ao apresentar seu pacote de medidas para combater os crimes de corrupção –bandeira que elegeu Bolsonaro–, teve de fatiar em três partes o plano e deixar em separado a proposta que criminaliza a mesma prática de caixa dois condenada no passado porque “vieram reclamações” dos políticos. “Alguns políticos se sentiram incomodados de isso [crime de caixa dois] ser tratado junto com corrupção e crime organizado. Fomos sensíveis”, disse o ministro. O Governo sabe que, do contrário, o pacote não seria aprovado. Além disso, ao anunciar o fatiamento, o ministro ainda atenuou a gravidade desse crime, afirmando que “caixa dois não é corrupção”.

Siga a cronologia da mudança de opinião do ministro:

Agosto de 2016: Caixa dois é “trapaça”

“Eu particularmente sou favorável a essa criminalização [de caixa dois]. Tenho uma posição muito clara: eu acho que o caixa dois muitas vezes é visto como um ilícito menor, mas é trapaça em uma eleição. E há uma carência da nossa legislação de tipificar esse tipo de atividade. E essa carência acaba gerando suas consequências no sentido de que se isso não é criminalizado, é tipo como permitido”. A frase fora proferida pelo juiz durante um debate no Congresso sobre o pacote que promovia as 10 Medidas Contra a Corrupção, que acabou não sendo aprovado.

No mesmo debate, Moro afirmou que o que mais lhe chamou a atenção no decorrer das investigações da Lava Jato foi o fato de os investigados citarem “de forma muito natural” o pagamento e o recebimento de propina. Em um discurso de aproximadamente uma hora, o então juiz também cobrou maior participação do Executivo e do Legislativo no combate à corrupção.

Abril de 2017: “Caixa dois é crime contra a democracia”

“Tem que se falar a verdade, caixa dois nas eleições é trapaça, é crime contra a democracia. Alguns desses processos me causam espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre corrupção para fins de enriquecimento ilícito, e a corrupção para fins de financiamento de campanha eleitoral. Para mim, a corrupção para financiamento de campanha eleitoral é pior que para o enriquecimento ilícito”. Sérgio Moro falou a uma plateia de estudantes brasileiros na Universidade Harvard no dia 8 de abril de 2017, sobre diversos assuntos. Dentre eles, a corrupção. “Se eu peguei essa propina e coloquei numa conta na Suíça, isso é provável crime, mas esse dinheiro está lá, não está fazendo mais mal a ninguém naquele momento. Agora, eu utilizo isso para ganhar uma eleição? para trapacear numa eleição? Isso pra mim é terrível”, seguiu.

Novembro de 2018, sobre caixa dois de Onyx Lorenzoni

“Ele foi um dos poucos deputados que defendeu a aprovação do projeto das 10 Medidas [contra a corrupção] mesmo sofrendo ataques severos da parte dos seus colegas. Quanto a esse episódio do passado, ele mesmo admitiu seus erros e pediu desculpas e tomou as providências para repará-lo”, amenizou Sérgio Moro, no final do ano passado, quando já havia sido anunciado para compor o novo Governo.

Moro deu uma entrevista coletiva em que foi questionado sobre o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Lorenozini, atual ministro-chefe da Casa Civil, admitiu, em maio de 2017, que recebeu 100.000 reais de caixa dois da JBS para a campanha que o elegeu deputado federal em 2014. “Usei sem [fazer a] declaração das contas”, afirmou em entrevista para a rádio Bandeirantes de Porto Alegre. “Quero pedir desculpas ao eleitor que confia em mim pelo erro cometido”, afirmou ele, que foi relator do projeto 10 Medidas Contra a Corrupção.

Fevereiro de 2019: “Caixa dois não é corrupção”

“Não, caixa dois não é corrupção. Existe o crime de corrupção e existe o crime de caixa dois. Os dois crimes são graves. Aí é uma questão técnica”. Pressionado pelos parlamentares, Moro fatiou seu projeto, como amenizou o discurso sobre o caixa dois.

Você conhece histórias como essa?

Por Ronaldo Souza

Por uma grande coincidência, há poucos dias pensei em escrever algo sobre essa história e talvez ainda o faça algum dia.

Pelo menos por agora, Bob Fernandes me poupa dessa tarefa em mais um vídeo muito interessante.

Roberto Fernandes de Souza, mais conhecido como Bob Fernandes (Barretos, 18 de maio de 1955) é um jornalista brasileiro. De pais baianos, é “Cidadão Baiano”, título outorgado pela Assembléia Legislativa, e um “baiano naturalizado”. Formou-se em jornalismo em Salvador, na Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Comunicação (FACOM). Mora em São Paulo, sobretudo por força de sua atividade profissional, mas viaja frequentemente à Bahia, onde reside grande parte das famílias materna e paterna.

Assim Bob Fernandes é “descrito” pelo Wikipédia.

Consta também no Wikipédia que “Bob Fernandes é autor do livro Bora BahêeeaA História do Bahia contada por quem a viveu, de 2003 (Ediouro), e coautor de O complô que elegeu Tancredo, de 1985″.

Não está escrito lá, mas Bob Fernandes é torcedor do Bahia.

Daí, claro, o livro que escreveu.

Não precisa dizer mais nada.

Está sempre por aqui e o vi há pouco tempo na Fonte Nova num jogo do tricolor.

Sobre o vídeo completo (enviado por minha irmã), espero ter tempo para conversar com você a qualquer momento.

Mas aqui vai uma parte dele, a parte que fala de um canal de televisão, cuja história de como surgiu é possível que poucos conheçam.

Esse episódio do estrangulamento da NEC, de Mário Garnero, com a Globo e ACM, do qual ele fala no vídeo, é escabroso.

São histórias de como se constrói o poder, diante do qual a hipocrisia hoje reina no Brasil.

Terreno fértil para a canalhice.

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