Caso Clínico 29

       A                                                       B

       C                                                         D

                                    E

Tratamento endodôntico do 31. Observe o afastamento entre as raízes do 31 e 41, uma das características de lesão "cística" (A). Em B determinação do CT. A limpeza do forame foi feita e a camada residual removida com EDTA e hipoclorito de sódio. O hidróxido de cálcio com soro fisiológico foi levado ao canal com lentulo. Observe a qualidade do preenchimento (C). Após renovação do hidróxido de cálcio, a paciente só voltou 1 ano e 3 meses depois (D). Pela extensão do período, perceba que o hidróxido de cálcio foi absorvido, o canal está vazio. Note também a forma apresentada pelo canal, o que mostra que ele foi realmente preparado. Observe em E o desaparecimento da lesão 3 anos depois e o posicionamento normal das raízes envolvidas. 

Caso Clínico 28

      A                                                        B

                              C

      D                                                         E

Retratamento do primeiro molar inferior com extensa lesão periapical. Obturação anterior dos canais mesiais feita com cones de prata. Observe o instrumento fraturado na porção inferior da lesão periapical (A). Em B, desobturação e determinação do CT. Como sempre, foi feita a limpeza dos forames. Em C, veja a qualidade do preenchimento dos canais com hidróxido de cálcio com soro fisiológico, levado ao canal com lentulo. Perceba a posição assumida pelo instrumento fraturado. Em D, canais reobturados pela técnica da condensação lateral. O instrumento fraturado aparece em nova posição. Em acompanhamento radiográfico de 2 anos pode-se observar o desaparecimento da lesão periapical (E). Como não há mais lesão, não mais cavidade, há uma acomodação do instrumento pela falta de espaço. Compare agora as imagens das figuras A e E, inclusive a posição do instrumento fraturado.

Caso Clínico 27

      A                                                         B

                                    C

       D                                                         E

Tratamento endodôntico do 36 com lesão endoperio envolvendo a raiz distal (A). Não há cárie. Os canais mesiais apresentavam vitalidade pulpar, mas os distais não. Em B, determinação do CT. Os canais mesiais foram preparados com a Técnica da Inversão Sequencial e aparecem obturados C. No preparo dos canais distais foi feita limpeza do forame e após o preparo a camada residual (smear layer) foi removida com hipoclorito de sódio e EDTA e os canais preenchidos com hidróxido de cálcio preparado com soro fisiológico (perceba a qualidade do preenchimento). Em D, tal qual nos mesiais, os canais distais foram obturados com a técnica da condensação lateral. Observe o pequeno extravasamento, não intencional, de material obturador. Em acompanhamento de 5 anos pode-se perceber considerável reparo das alterações periodontais, sem cirurgia periodontal (E). O material obturador extravasado foi inteiramente absorvido.

Caso Clínico 26

Retratamento do 16. A) Lima trabalhando no forame do canal palatino. B) Obturação realizada. Observe que mesmo com a limpeza do canal cementário ainda há resíduo da obturação anterior. Quando acontecer com você, não se preocupe. Estando o canal bem preparado, isso não impede o reparo.

Ouro de tolo

Moleskine
The legendary notebook of Hemingway, Picasso, Chatwin.

É assim que vem a apresentação de uma caderneta de anotações, com cerca de 10 X 15 cm de tamanho e 192 páginas. Para te-la, você paga R$125,00. Cento e vinte e cinco reais por uma caderneta de anotações!!! Você deve estar admirado. Uma “normal” equivalente a ela custa cerca de R$15,00. Ah! meu amigo, que é isso? Não seja vulgar. Não se esqueça, é uma Moleskine e, detalhe, Hemingway, Picasso e Chatwin tinham. Não vale a pena?

É claro que vale. Você vai poder exibi-la aos seus amigos e, mais uma vez, diferenciar-se. Você já pensou, sacar de uma Moleskine na frente de todos? Se anotar alguma coisa nela com uma Montblanc, aí não tem pra ninguém, você é um homem bem sucedido, fino. E não se esqueça, muito provavelmente você fará parte do time de João Dória Jr. e Danuza Leão.

Está ficando cada vez mais difícil. Em qualquer bate-papo para um chopp (talvez seja melhor eu dizer happy hour), há pouco espaço, quando há, para se falar de coisas simples. Sei que sempre foi difícil ser simples, mas parece que está mais. Não fale que você tem um laptop, não faça isso, diga Macintosh. Relógio, compre um falso, mas que seja ou imite o Rolex, de preferência.

Atreva-se a tomar um vinho. Você não vai escapar, vai ter alguém para falar que aquele vinho foi feito em um dia nublado, com pancadas leves de chuva, ele vai professar um bocado, dizer que a filosofia… e não caia na besteira de querer terminar o vinho sem fumar um charuto (cigarro não, pelo amor dos seus filhos). Talvez um cachimbo quebre o galho.

Um conhecido disse há algum tempo que não resistiu; não podia deixar de aproveitar que estava em São Paulo e foi “conhecer” a Daslu. Não, Daspu não, Daslu. O entusiasmo ao falar, contar o que viu, era tanto que tenho certeza que lá ele teve orgasmos.

No livro “A Sociedade da Decepção”, Gilles Lipovetsky* faz uma abordagem bastante interessante da sociedade atual, que ele chama de hipermoderna. O materialismo e o consumismo, que ele chama de hiperconsumismo, são a sua marca registrada. Antes, diante das intempéries da vida, as pessoas recorriam à religião para acalmar seus males; hoje vão ao shopping. Uma sociedade que tem praticamente todas as possibilidades abertas e por isso mesmo sujeita à grandes decepções.

Os bens de consumo sempre fizeram parte do imaginário do homem. Durante toda a sua vida ele é preparado nesse sentido. Há toda uma trama que o envolve e não permite muitas alternativas. Isso já esteve em níveis muito mais administráveis, hoje não. Há muito tempo as crianças e adolescentes já fazem parte desse processo e representam uma fatia que o mercado (que palavra, hein!) explora de maneira absolutamente despudorada e insaciável.

Acho que já faz parte da sabedoria popular que o homem precisa ter objetivos. Bens de consumo são objetos consagrados nesse sentido, e talvez não houvesse nenhum problema nisso. Você deseja, cria o objetivo, trabalha muito, cresce na profissão, torna-se um profissional bem sucedido (o que nem sempre significa um bom profissional), e compra. Conseguiu, outro logo surge, e você faz tudo outra vez. Raul Seixas, o maluco beleza, já dizia isso com uma beleza poética muito forte clique aqui.

É também o que ocorre quando se cria um outro tipo de objetivo, algo mais sólido, consistente. Por exemplo, um projeto pessoal de vida, seja qual for. Você deseja, cria o objetivo, trabalha muito e realiza. Conseguiu, outro logo surge, e você faz tudo outra vez. Mas, há uma diferença. No segundo, você olha para trás e vê que construiu algo. Você vê a sua obra, não importa se grande ou pequena. É a sua história. No primeiro, você olha para trás e vê que nada ficou.

Observe a criança (vá ao passado e se veja). Ela deseja um brinquedo, grita, esperneia, chora, sofre, e consegue. Com pouco tempo, aquele objeto de desejo, razão de viver, está em um canto qualquer do quarto, esquecido. Isso no adulto provoca um vazio enorme.

* Gilles Lipovetsky – Filósofo francês, vivo, com vários livros publicados e um dos nomes importantes da filosofia contemporânea.

Caso Clínico 25

 

Tratamento endodôntico do 46, com polpa necrosada e lesão periapical, realizado por Evaldo Rodrigues, aluno do Curso de Atualização. O preparo do canal foi feito com a Técnica da Inversão Sequencial, com limpeza do forame, e a obturação com a técnica da condensação lateral.

Big Brother Brasil

Está de volta o Big Brother Brasil (a Globo coloca Brasil ou Brazil? Por favor, me informem).

A rigor, você só pode fazer crítica a alguma coisa que você conhece. Sendo assim, não poderia fazer qualquer comentário sobre esse programa. Entretanto, apesar de não assisti-lo, acho que posso fazer alguns comentários. Há uma razão para isso; mesmo que você não assista, não há como não saber como é o programa, porque não há nenhum horário (nem nos telejornais) em que não sejam feitas inserções sobre ele. Em outras palavras, que a Globo não empurre goela abaixo.

Começo com uma declaração de José Wilker, feita há algum tempo: “É um programa de indigentes mentais. As pessoas que estão ali não têm nada a oferecer, são de uma pobreza mental que dá dó”.

É isso mesmo, a declaração é de José Wilker, um dos grandes nomes da Rede Globo de Televisão. É claro que ele não podia, e talvez não devesse, fazer uma crítica tão forte a um programa da “sua” emissora sem qualquer outro comentário que a amenizasse. A sua saída foi elogiar a direção do programa, (o diretor é Boninho, aquele que com os amigos joga ovos podres nas pessoas que passam embaixo dos seus belos apartamentos em Ipanema, filho de Boni, o todo-poderoso da Globo), e os aspectos técnicos do programa. Não há como negar a qualidade técnica da Globo. E só.

Na verdade, o processo de massificação (há quem diga de imbecilização) é bastante grosseiro, mas, infelizmente, a essa altura imperceptível. A coisa mais antiga do mundo é a forma como as gravadoras de discos (antes LP, hoje CD) criam alguns “grandes sucessos musicais”. Faz-se o velho acordo com os órgãos divulgadores (as rádios, por exemplo, sempre cumpriram bem esse papel) sobre quais e quantas vezes as músicas devem ser colocadas na programação. Ouvida repetidas vezes, qualquer música “cai” no gosto do povo e se transforma em grande sucesso, e aí surgem os discos de ouro, platina, etc. E tome banda de axé, música sertaneja e pagode. É um desastre.

Assim também fazem as televisões. Todos os dias põem no ar várias vezes as chamadas de um determinado programa, até as pessoas se acostumarem. Acostumou, aceita, o passo seguinte é “gostar”. Porém, não me lembro de ter visto nada igual ao que a Globo tem feito com o BBB. É toda hora. Repetidas vezes, não tem quem “não goste”.

Da mesma forma, algo, ou alguém, que pretendem desqualificar entra no noticiário de forma sutil (?). Nesse sentido, o noticiário político é de uma clareza impressionante. “Bate-se” em alguém várias vezes e de várias formas, e mesmo quando a notícia tem que ser favorável a aquela pessoa, geralmente é seguida de um comentário negativo. Você recorre aos canais fechados é, a mesma coisa. Mudam as figuras, os ataques são os mesmos. Não se percebe facilmente.

Muitos deles não percebem e por isso não entendem, mas mesmo assim comento com os meus alunos: vocês não podem fazer parte desse processo de massificação, são universitários, daqui a algum tempo estarão dirigindo esse país (só não digo que eles fazem parte da elite, isso não faço, seria muita maldade), precisam evoluir e fazer o país avançar.

Quando falo que o BBB é indecente, alguns pensam que é porque tem algumas cenas de apelo sexual (podem esperar, terá cada vez mais). Não, não é por isso, até porque, como falei, por não assistir, não saberia em que níveis isso acontece. Ele é indecente na sua concepção. Ele é indecente porque visa, e atinge, uma sociedade que há muito é preparada para não ver, não saber. Os seus altos índices de audiência refletem simplesmente o tamanho do ralo pelo qual se foram as mais elementares noções de inteligência, sensibilidade e percepção.

Você conhece a música de Zé Ramalho, Vida de Gado? Ela diz:

Eeeiii, oohô, vida de gado
Povo marcado, povo feliz.

Será que ao dizer que “é um programa de indigentes mentais e que as pessoas que estão ali não têm nada a oferecer, são de uma pobreza mental que dá dó” José Wilker quis dizer algo mais?

Caso Clínico 24

Retratamento do 34. A) Desobturação e determinação do CT. Há um espessamento do espaço do ligamento periodontal apical. B) Obturação realizada pela técnica da condensação lateral. Observe o espessamento do espaço do ligamento periodontal apical e também o preenchimento com material obturador de vários canais laterais e delta-apicais nos 2 mm finais. Apesar de já ter visto dizerem isso, as "linhas" radiopacas que você vê acima do referido ponto não são obturações do "sistema" de canais, mas sim imagem do trabeculado ósseo que se superpõe à raiz em diferentes pontos. C) Acompanhamento de 5 anos. Perceba a diferença na imagem daqueles 2 mm finais; o material obturador não é mais visto na radiografia, foi absorvido. Há sim um forte trabeculado ósseo superpondo-se à raiz em todo o terço apical. Perceba também que os referenciais anatômicos (espaço do ligamento periodontal e lâmina dura) estão absolutamente normais.

Os cantores da Bahia

Era um desastre que há anos se repetia. Cada vez que eles paravam os seus trios elétricos na passarela da imprensa e das autoridades no Campo Grande era um desastre. Era a nota triste do carnaval de Salvador.

Anunciavam-se como amigos íntimos das autoridades presentes e lhes dirigiam elogios de todo tipo. Das mulheres desses políticos eram super íntimos e a ambos, marido e mulher, muitas vezes tratavam pelos apelidos.

A um determinado político, o líder, de quem diziam existir além da amizade a condição de ídolo, dirigiam-se durante minutos intermináveis, quando talvez (devo estar querendo demais) devessem estar cantando. Quantas vezes, em pleno clima de carnaval, irritei-me profundamente ao ouvir toda aquela baboseira. Certamente, eram muito amigos. Um deles, na verdade uma deles (também na verdade não é cantora, mas faz parte desse grupo), fez desse líder padrinho de casamento, sem dúvida uma demonstração inequívoca de grande amizade (não sei se os outros fizeram algo semelhante). E assim caminhava a humanidade.

Dizem que a morte tem muitos poderes. Tem sim. Um deles, inexorável; você foi, não é. E isso muitas vezes se manifesta com uma clareza chocante.

Aquele político, o líder, faleceu. Momento de solidariedade, apoio à família, necessária a presença dos amigos. Onde estão? Não estão. Não, não é possível. Os cantores da Bahia não estavam. Não importa se o líder já estava em pleno ocaso, não importa. Eram amigos.

Ali manifestava-se a face mais cruel do poder; foi, não é mais.

Vou tentar me conter. São sem alma. Para eles é só o dinheiro, e não me digam que um ou outro tem um projeto social; pudera, com o que ganham. Para fazer justiça a um deles, fiquei sabendo que Durval Lélis esteve presente no funeral.

Já digo há algum tipo; têm algum mérito? Têm sim, afinal contribuíram para o fortalecimento da indústria em que se transformou o carnaval da Bahia (para quem isso foi bom?), porém, é importante que uma coisa fique bem clara: êles não são o carnaval, como já chegaram a dizer. Talvez merecessem ser citados nominalmente. Não precisa, todos sabem de quem estou falando.

O carnaval está aí. Há um outro grupo político à frente da Bahia. Para onde soprarão os ventos?

Cantores da Bahia. São lamentáveis.

Caso Clínico 23

      

Tratamento endodôntico do 37. A) Observe a interferência acentuada na entrada do canal MV (o que está sem lima). Foi feito preparo cervical de acordo com a Técnica da Inversão Sequencial (Souza, RA. Endodontia Clínica, 2003). B) Observe a retificação do terço cervical dos canais mesiais e a posição do forame apical na raiz distal evidenciada pela obturação.