Os crimes do falso Messias

Breve comentário

Por Ronaldo Souza

O site Brazil Journal é descrito como “uma das referências para os investidores da Avenida Faria Lima, em São Paulo”, aquela elite com a qual sonham muitos dos nossos doutores e da qual alguns imaginam fazer parte.

Em outras palavras, os homens do dinheiro.

Perceberam o nome? Brazil Journal!

Precisa dizer alguma coisa mais?

Boa parte do texto é pobre e todo ele farsante. Justiça se faça; as bandeiras foram bem boladas.

Pobre porque primário e farsante porque todos votaram no mito e agora, por razões óbvias, desejam tirar o deles da reta. Como se nada tivessem a ver com a situação.

Exatamente como fazem e sempre fizeram.

Exatamente como já está tentando fazer boa parte da manada, eternos idiotas.

Lembremos, muitos dos quais também doutorzinhos.

Mas não adianta mais também tentar tirar o deles da reta.

Como gado, já estão marcados.

O grande problema é que quando a elite financeira chega a dizer o que diz aí embaixo, é porque o mico hoje é um grande mico.

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Os crimes do falso Messias

 Do Brazil JournalEditorial

Jair Bolsonaro perdeu qualquer condição moral para continuar governando o País. Sua remoção do cargo é uma questão de saúde pública, de vida ou morte para milhões de brasileiros.

As cenas da comitiva brasileira aceitando usar máscara em Israel chocam por sua perversidade.

Aqui dentro, o Governo zomba do distanciamento social, se irrita quando alguém se apresenta de máscara e — apesar de nosso histórico de sucesso nas vacinações em massa — sabotou todas as medidas de prevenção da pandemia. Mas lá fora, quando um governo soberano estrangeiro manda, os funcionários do povo brasileiro aceitam — cordeirinhos! — usar a máscara que a Ciência recomenda.

Ou seja: aqui dentro, Ignorância, Negação e Morte. Lá fora, Normalidade.

A hipocrisia é inaceitável.

Instado a colocar máscara, a obrigação do bolsonarista-raiz era dizer ao israelense que não, jamais, que aquilo ali era uma “frescura” e que “temos que lutar sem nos amedrontar!” Por que não seguiram o script, covardes?

Desta vez, a malignidade deste desgoverno não se perderá em meio aos factoides; desta vez, não é a política que está em jogo. É gente morrendo na rua.

Muitos já sabiam que Bolsonaro nunca teve o equipamento intelectual necessário — temperamento, lógica e racionalidade — para performar as tarefas mais simples que a Presidência exige.

Mas as cenas desta semana — com o Presidente berrando para o brasileiro buscar vacina “na casa da sua mãe” e insistir que o luto e a angústia de tantos são “frescura e mimimi” — são, na MELHOR das hipóteses, crimes de responsabilidade, senão crimes contra a própria humanidade.

Cadê a vacina, Jair? Sua mãe, que criou um negacionista, já foi vacinada. As mães de milhões de brasileiros, não.

Por MUITO MENOS, este País foi às ruas para tirar Fernando Collor e Dilma Rousseff. Um caiu por uma Fiat Elba; a outra, por uma pedalada. Ambos pagaram por suas irregularidades, mas nenhum brincou com vidas.

Bolsonaro prova que só há uma coisa pior do que um idiota com iniciativa: um idiota com iniciativa que precisa lidar com uma pandemia.

Se Dilma Rousseff estivesse hoje na Presidência e se comportando como Jair Bolsonaro, a Faria Lima e o Jardim Europa — o principal público deste site — já estariam na Paulista batendo panelas e exigindo sua remoção do cargo.

Perdemos nossa bússola moral?

Na economia, Bolsonaro fez o mínimo para não deixar o País quebrar. O mínimo! Não privatizou nada, não passou reforma relevante nenhuma, e recentemente voltou a seus instintos originais: estatismo, intervencionismo e populismo.

A incompetência é tão grande que nem sua antecessora conseguiu produzir uma taxa de câmbio tão depreciada — e num momento de preços recordes das commodities.

Em sua trajetória de Mito a Coveiro do Brasil, Bolsonaro arrastou os militares — alguns fascinados com cargos que lhes deram salários com os quais não sonhavam. É hora de desmamar do DAS e servir à Pátria à qual juraram lealdade.

Apesar de tudo isso, no Congresso ainda não há coragem para um impeachment.

Nossos políticos não são líderes, são liderados — pelas pesquisas.

O novo presidente do Senado, Rodrigo Otávio Soares Pacheco, disse recentemente que “não é hora” nem de CPI nem de impeachment.

Rodrigo é um jovem político mineiro — pessoa de bem, ao que consta — mas está enveredando na trilha que desgraçou Rodrigo Maia. Maia apostou tudo na contemporização, e acabou sem legado algum, sem amigos em qualquer um dos lados.

O Presidente da Câmara, Arthur César Pereira de Lira, poderia aceitar um pedido de impeachment. Arthur tem a oportunidade de deixar para trás o carimbo de fisiológico do Centrão e se reinventar como um homem de Estado corajoso, sensível ao que está acontecendo no País.

Se nada fizerem, Pacheco e Lira sairão de cena minúsculos, menores do que entraram.

Até o Senador Tasso Jereissati, um dos homens públicos mais sérios do País, precisa recalibrar sua indignação. Tasso fez pressão por uma CPI e disse que “é preciso parar esse cara,” mas disse que um impeachment “vai criar uma crise sem tamanho.”

Data venia, Senador: “crise sem tamanho” é quando mãe, pai e filho morrem sem respirador, é quando prefeitos têm que fechar as cidades porque a vacina ainda está longe.

É impossível contemporizar com este Governo. É inviável tentar negociar com quem não quer remar na mesma direção.

Não são apenas os chefes dos Poderes que têm responsabilidade. O Procurador Geral da República se omite, mas onde estão os demais membros do Ministério Público Federal? Vão prevaricar? Não há vida depois da Lava Jato?

E a oposição? Ainda existe? E as mesas diretoras da Câmara e do Senado? Todos vocês têm CPF, todos têm biografia, todos têm família que precisa da vacina.

E aos amigos do agronegócio, que vão muito bem, obrigado, e ainda constituem a base de apoio mais fiel ao Presidente, um lembrete amigável: mesmo quem está na primeira classe do Titanic morre afogado quando o navio afunda. Ou morre sem vacina.

Empobrecidos em dólar, desempregados aos milhões, isolados sanitariamente do mundo e sem amigos nas grandes potências, os brasileiros seguem sua vidinha medíocre — até que a coisa transborde em manifestações de rua para, aí sim, os políticos encontrarem sua coluna vertebral.

Guru da estupidez

Por Ronaldo Souza

Esfarela-se o herói plantonista da mídia.

O homem para quem tentaram erguer uma estátua de ouro virou lixo.

A história da humanidade está cheia deles.

Onde faltam palavras, gestos e ações dignas, sobram heróis ocos, forjados na fantasia criada por aqueles que manipulam as mentes frágeis e débeis.

A Globo faz a diferença

 

Não, Chico, ainda hoje não vão entender.

Na sua inteligência e sutileza, ao dizer “O Globo faz a diferença” você foi muito contundente. A pancada foi forte e por isso a Globo não publicou.

Mas, pelo menos nisso, temos que concordar com o que disse o editor de O Globo. De fato, a manada não entenderia.

É claro que o argumento dele, por não publicar sua resposta, foi ridículo, uma desculpa esfarrapada, mas ele estava certo, como também sabem os demais editores da Globo. 

Os criadores conhecem as criaturas.

Os manipuladores conhecem os manipulados.

Sabem da sua estupidez.

Sabem que as suas mentes foram sequestradas de forma irreversível.

Hoje, os manipulados se “rebelam” contra aqueles que os manipulam desde sempre por uma simples razão.

Ao se posicionarem contra o cavaleiro do Apocalipse (a pobre criatura que eles próprios tornaram presidente da república), os manipuladores estão batendo na criatura que representa, sintetiza e reflete a indigência coletiva. 

Como sempre, os manipuladores obedecem aos seus interesses. Neles, tudo é extremamente racional, frio e calculista. 

Como sempre, os manipulados obedecem aos seus instintos. Neles, tudo é extremamente irracional e burro.

O “mundo” mudou

Todo dia surgem novos crimes cometidos e à medida que forem tendo acesso às conversas que estão com o STF, mais surgirão.

Deve ser registrado que todas elas já foram periciadas e comprovadas como verdadeiras pela Polícia Federal. Vou repetir; pela Polícia Federal.

Além disso, alguns dos promotores envolvidos, eles próprios, também já confirmaram a autenticidade delas.

Mas que ninguém se engane!

Nada acontecerá com Moro, Dallagnol e a trupe de delinquentes, como estão sendo chamados os membros da Lava Jato.

Não serão afastados do serviço público, não perderão seus empregos, não serão presos, nada acontecerá, e continuarão do mesmo jeito, tentando tapar o sol com a peneira, peneira essa que já perdeu os furos; é um rombo só!

Esse mundo não mudou e não vai mudar!

Entre outras coisas, porque o corporativismo, fortíssimo entre os “homens da lei”, não permitirá qualquer tipo de punição.

A imagem da lei não pode ser arranhada, ainda que acreditar nisso e que ela é para todos seja tarefa para os incultos e incautos, como diria Nelson Rodrigues. 

Mas nada disso importa mais; eles estão completamente desmoralizados.

Não são mais os dias de glória, de um verdadeiro popstar, aquele das imagens lá em cima, que estão reservados ao homem que enganou de maneira vergonhosa parte considerável da sociedade, particularmente aquela mais vulnerável; a dos doutores, eternos aspirantes à elite.

Com o tempo, mesmo entre os seus pobres seguidores, desprovidos de capacidade de cognição, Moro terá cada vez mais dificuldades para encontrar quem não o perceba como ele é.

Lixo humano.

De tão envergonhados, irão se esconder, como alguns já estão fazendo.

O seu destino agora será outro.

E na galeria do esquecimento terá outra companhia que, como ele, também foi herói há bem pouco tempo.

Meu Deus! Houve professor, inclusive aqui na Bahia, que na sua linha do tempo (timeline) no face book, usou a foto de Moro no lugar da dele.

Tamanha estupidez certamente não passará impune.

Mesmo em ambientes “seletos”, daqui por diante Moro será cada vez mais confrontado. Como neste abaixo na Universidade Mackenzie (SP), em que uma estudante interrompeu a transmissão da videoconferência e mostrou um cartaz ao ex-juiz federal, em que estava escrito: “Moro, explica as mensagens da Vaza Jato”.

A sua cara de constrangimento, à direita da mensagem, é aterrorizante.

Esta será sua realidade.

Obs. Para os que não “conhecem” a Mackenzie, sugere-se que procurem ler sobre a história política brasileira contemporânea.

Rodriguinho, um jogador sem valor

Por Ronaldo Souza

Rodriguinho não se deu bem lá pelas Minas Gerais.

Não seria, entretanto, a primeira nem a última vez que um jogador não corresponde às expectativas criadas em torno de si na chegada ao novo clube.

Sem esconder o seu desejo de voltar ao Corinthians, não foi esse o seu destino quando saiu do Cruzeiro.

Veio para o Bahia.

Incensado por torcedores e jornalistas, também no Bahia, nem de longe Rodriguinho conseguiu ser o que se imaginou.

Ainda dentro do normal.

E aí, o inusitado!

Chamou a atenção o fato de ele não conseguir conter a sua frustração quando chegou em Salvador, ao reafirmar o seu desejo de voltar ao Corinthians.

Acho que posso afirmar que nenhuma torcida deve ficar satisfeita ao ouvir de um jogador que está chegando para o seu time a confissão de que gostaria de estar chegando em outras praias.

A torcida do Bahia, corretamente, fez de conta que não ouviu aquilo e, como sempre se faz com relação a todos que aqui chegam, particularmente aqueles que terão a sorte de ser baianos pelo menos por um tempo, foi toda abraços e carinhos.

Muito provavelmente, Rodriguinho não percebeu o grande e afetuoso abraço que o envolveu assim que pisou em solo baiano.

E, como sabemos, as coisas não percebidas não têm importância.

“O Bahia tem um poder econômico bem interessante no momento, uma estrutura muito boa, time competitivo, um treinador de respeito, me deu mais estabilidade na carreira agora com um contrato de dois anos com opção de renovação por mais um. Agora sou pai de família, tenho uma certa idade também. O projeto de crescimento para os próximos anos me trouxe pra cá também e pelo Bahia ser o maior do nordeste também me convenceu a vir”.

Este é um dos trechos de uma entrevista de Rodriguinho, quando chegou ao Bahia.

Absolutamente normal para uma relação profissional.

  • Estabilidade – desejo e direito do jogador de futebol ou qualquer outro profissional. Apesar das dificuldades enfrentadas por todos por conta da Pandemia, inclusive os clubes de futebol, o Bahia está entre aqueles que melhor cumprem esse papel.
  • Pai de família – a estabilidade permitida pela relação com o clube é fundamental nesse processo. Mesmo diante das razões expostas acima, o Bahia está sabendo honrar o compromisso assumido com seus jogadores. Certamente, não será por isso que Rodriguinho deixará de exercer a condição de pai com tranquilidade.
  • Bahia, o maior do nordeste – Essa era a parte que cabia a Rodriguinho e seus colegas. Pelo menos manter o time na condição que ele próprio reconhece, com aspirações e condições de ser mais que isso. Está sendo cumprida?

Por saber da sua importância, Steven Spielberg já pediu desculpas por “privilegiar” a imagem em detrimento da palavra.

Ele sabe do peso que ela possui.

A palavra dita pela alma ganha o coração de um povo.

Mas aquelas ditas pela boca não passam de meras palavras, sem nenhum valor.

Foi no que se transformaram as palavras iniciais de Rodriguinho.

Ainda que possa existir em situações bem específicas, os tempos de amor à camisa se foram. Hoje, é exceção e não regra.

Não se pediu isso em nenhum momento e não se pede agora.

No entanto, o descompromisso, a indiferença pelos resultados, a apatia em campo e a falta de luta desonram o pai diante do filho, ainda que este, pela idade, não tenha a compreensão para tal.

Por tudo isso, mas principalmente pela palavra dita em nome do filho recém nascido (afinal, o que representa citar a condição de pai se não justificar ações e gestos pelo filho que se pretende honrar?) e pelo futebol que já demonstrou ter, Rodriguinho deveria representar uma liderança importante nesse momento que atravessa o time.

Mas não é.

Ele não parece ter a menor noção do que significa um time manter os seus compromissos com os seus jogadores nessa conjuntura tão louca que envolve o nosso futebol, ainda mais para aqueles que não possuem um “caixa” tão forte quanto os reconhecidos como ricos e poderosos.

É lamentável ver como ele ignora o que passam, como vivem e o que sofrem milhões de torcedores no país do futebol quando veem o seu time oferecer todas as condições para que seus jogadores e suas famílias sejam bem tratados e felizes, como devem ser, mas não veem o menor compromisso com o clube.

No caso em particular, numa torcida de massa como é a do Bahia, não faz ideia de quem são na sua grande maioria esses torcedores e por isso, no seu alheamento e indiferença, ignora e despreza o seu sofrimento.

Como atenuante, talvez até se pudesse utilizar o seu início, em que chegou a fazer alguns gols e depois a fissura que teve no pé, afastando-o do gramado por algum tempo. 

Entretanto, o fato de não se cuidar como deve um jogador de futebol profissional, representa um agravante importante.

E que não se argumente com o fato de que a vida pessoal do jogador só a ele cabe.

É verdade, contanto que não interfira no seu rendimento dentro de campo e não é isso que fica configurado quando se observa a sua condição física.

Se algum dia acontecer de o seu filho perguntar se ele soube ter uma relação de respeito com aquele time que o seu dedinho aponta, Rodriguinho não poderá olhar nos olhos dele e dizer que sim.

Ao não perceber os reais valores envolvidos em momentos como esse, Rodriguinho se tornou um jogador sem valor.

Sem dignidade, não há glória.

“Lava Jato, maior escândalo judicial da história brasileira”

Por Ronaldo Souza

Tinha lido o artigo abaixo no Conjur ontem no começo da tarde, mas, por falta de tempo, não o postei.

Para minha surpresa, Gilmar Mendes o citou no final da tarde durante seu voto sobre a suspeição de Moro.

Publicado no The New York Times e traduzido e também publicado na sua versão em espanhol, o artigo de Gaspard Estrada só confirma aquilo que todos já sabíamos; a corrupção e desmoralização de Moro, Dallagnol e toda a Lava Jato.

O reconhecimento dessa corrupção é há algum tempo fato consumado. A diferença é que agora a identificação da corrupção está disseminada por todo o mundo.

Não adianta mais a Globo, como fez ontem no Jornal Nacional, tentar esconder e continuar protegendo a sua criatura; Moro é lixo da História.

Lembram de Joaquim Barbosa?

Como Moro, também já foi guindado pela mesma Globo à condição de herói de plantão!

Por onde anda?

Muito menos adianta o espernear dos seguidores de Moro.

Na sua estupidez, farão de tudo para não ver.

E daí?

Num país minimamente sério, Batman e Robin ao avesso estariam presos.

Presos ou não, com “supostas mensagens” ou não, os paladinos da justiça, os combatentes da corrupção, estão completamente nus.

Uma nudez que mostra o quanto são feios e cheiram mal.

Há mais.

Podem aguardar.

Lava Jato, maior escândalo judicial da história brasileira

Conjur, sobre texto de Gaspard Estrada, cientista político francês

A “lava jato” se vendia como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se transformou no maior escândalo judicial da história brasileira. É o que afirma Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris, em artigo publicado nesta terça-feira (9/2) no jornal norte-americano The New York Times.

Ao comentar o fim da força-tarefa no Paraná, Estrada aponta que osprocuradores defendem a operação com uma série de números: 1.450 buscas e apreensões, 179 ações penais, 174 condenados, incluindo políticos e empresários, incluindo o ex-presidente Lula. “Porém, para conseguir esses resultados, os procuradores violaram o devido processo legal, sem reduzir a corrupção”, diz.

Se antes já havia dúvidas sobre a sua parcialidade na condução dos processos contra Lula, cita Estrada, com a divulgação de mensagens de Telegram se verifica que o ex-juiz Sergio Moro orientou a construção da acusação contra o ex-presidente, “violando o princípio jurídico de não ser juiz e parte ao mesmo tempo”.

Quando foi relevado que o escritório Teixeira Zanin Martins Advogados, responsável pela defesa do petista, foi grampeado pela “lava jato”, os procuradores alegaram que se tratou de um erro. Entretanto, ressalta o diretor do Opalc, hoje é possível confirmar que os membros do Ministério Público Federal eram constantemente informados por agentes da Polícia Federal sobre as ligações, com o objetivo de traçar estratégias e obter a condenação de Lula.

Para Estrada, as consequências da atuação ilegal da “lava jato” estão claras: ‘O Estado de Direito está cada vez mais em perigo, com a aprovação de grande parte do establishment político e econômico que ontem apoiou cegamente a operação ‘lava jato’ e hoje apoia a chegada de um político acusado de corrupção [Arthur Lira] à presidência da Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo em que o presidente [Jair Bolsonaro] desmantela grande parte das instituições de combate à corrupção e ao crime.”

Um time que cai

Por Ronaldo Souza

“Eu pretendo que tenha acabado hoje!”

Foi o que disse Dado Cavalcanti sobre os erros da defesa do Bahia logo após o jogo contra o Goiás.

Fiquei confiante.

Muito seguro de que com essa determinção o treinador resolveria todos os problemas.

Tomei consciência de que agora no Bahia a melhora do time não ocorre mais pela troca de jogadores que estão mal técnica e/ou taticamente, por mudanças no jeito de jogar (mudanças táticas), na postura, no comprometimento dos jogadores…

Não!

Agora elas ocorrem por decreto.

“Temos força para sair dessa situação!”

Outra fala do treinador.

Não deu para conter minha perplexidade; se têm, vão usar quando?

“Talvez esse grupo tenha se acostumado a estar com a corda no pescoço!”

Também dito pelo treinador. Alguém consegue me dizer o que isso significa?

Vamos tentar entender.

  • Como o grupo já se acostumou com a corda no pescoço, o que nos resta é esperar cair para a série B e confirmar; morremos com a corda no pescoço, mas já sabíamos disso. Ou seja, um time experiente; já sabia o que ia acontecer.
  •  Por já ter se acostumado com a situação, já sabe como sair e a qualquer momento mostrará que vai sair dela. (Há um detalhe que eu gostaria de lembrar; só faltam três jogos).
  • Não seria razoável imaginar que se o grupo tivesse se “acostumado a estar com a corda no pescoço” já estaria jogando melhor, uma vez que a corda não o afetaria mais?
  • Não seria também razoável imaginar que, por acostumado, já deveria saber o momento de tirá-la para respirar e jogar melhor?

Há alguma coisa próxima de qualquer uma dessas possibilidades acontecendo?

Você já percebeu o tamanho do disparate?

A cada coletiva pós-jogo, o torcedor tem a nítida impressão de que o treinador já percebeu tudo e que na próxima partida as coisas estarão resolvidas.

Alguém consegue explicar a insistência com Juninho Capixaba?

Já perceberam que uma grande quantidade dos gols tomados pelo Bahia ocorre do lado do zagueiro Juninho e Juninho Capixaba?

Ao invés de colocar um jogador de meio (povoar o meio de campo e assim ocupar espaços) ou um atacante mais veloz para um eventual contra ataque, colocou Juninho (zagueiro) no final do jogo contra o Goiás.

Quem estava do lado, literalmente do lado, de Fernandão no terceiro gol?

Juninho e Juninho Capixaba!

Em outras palavras, o desastre que é o sistema defensivo se torna um desastre maior ainda com esses dois jogadores.

Nada a fazer?

Hoje, 09/02, terça-feira, é dia de reunião do Conselho Executivo com o Conselho Deliberativo.

Não há como saber o que acontecerá e muito menos o que dela sairá.

Mas que algo precisa ser feito, precisa.

E que o presidente e sua diretoria precisam sair da atual apatia não há mais nenhuma dúvida.

Vamos torcer para que essa reunião consiga convencê-los disso.

Centrão Futebol Clube

Por Ronaldo Souza

Há muito tempo Moro e Dallagnol fizeram do judiciário um trampolim para a política.

Cansei de falar aqui sobre o que há bastante tempo está evidente; a indecência de Moro e Dallagnol como membros de um judiciário já desmoralizado e os prejuízos que isso trouxe para a justiça brasileira (agora mais desmoralizada ainda) e para as empresas mais importantes desse país.

Detalhar aqui agora seria absoluta e desnecessária perda de tempo.

A tentativa de Moro de chegar à presidência foi percebida por todos, particularmente nos primeiros passos que deu em direção ao governo Bolsonaro, e ficou escancarada quando finalmente se tornou ministro.

O pior de tudo, mas já esperado, foi o fato de que todo o tempo agiu como um traidor de Bolsonaro, na velha parceria com a Globo.

Um espião no governo.

Por tão escancarada a sua atuação, foi-se o seu desejo inicial; o de ser ministro do STF.

Dallagnol já estava armando sua candidatura ao Senado. No entanto, ainda que não letal, o vazamento das suas tramas com Moro pela Vaza Jato o atingiram de forma irreversível.

Completamente desmoralizado, hoje vive se escondendo.

Agora, será pior.

Por intimação de Ricardo Lewandowski (ministro do STF), a Lava Jato teve que entregar aos advogados de Lula todos os documentos pertinentes ao seu “julgamento”.

E lá estão os diálogos entre Sérgio Moro, Dallagnol e toda a Lava Jato.

Já um pouco mais adiantada a análise dos documentos, somente os 4,6% vistos até agora (aproximadamente 34 Gb dos 740 Gb totais disponibilizados) já seriam suficientes para demissão e prisão desses grandes homens que lutaram bravamente contra a corrupção e se tornaram heróis de expressivo (em termos de quantidade) segmento da sociedade brasileira.

Veja o que diz a procuradora Livia Tinoco em um dos diálogos, publicados pela imprensa:

“TRF, Moro, Lava Jato e Globo tem um sonho: que Lula não seja candidato em 2018. E o outro sonho de consumo deles é ter uma fotografia dele [Lula] preso para terem um orgasmo múltiplo, para ter tesão”.

Em outro momento, veja o que diz Deltan sobre Moro:

“O material que o Moro nos mandou é ótimo. Se for verdade, é a pá de cal no 9 (apelido pejorativo dado por ele a Lula) e o Márcio merece uma medalha”.

SEN-SA-CIO-NAL!

Mas é na percepção que tive há alguns poucos anos que quero chegar.

O que se pode esperar de uma sociedade que não conseguiu ver o que esses dois cidadãos e toda a trupe representam (óbvio do óbvio) de nefasto ao país chamado Brasil?

Qualquer coisa!

Vou além.

Se a visão curta não lhes permite enxergar nada, como se surpreender quando elegeram Bolsonaro e o defendem ainda hoje?

Sem ter a menor noção do que acontece e agindo por instinto, afinal, o que lhe resta, esse segmento da sociedade brasileira se expôs de tal forma que corpo e mente ficaram nus em praça pública.

O corpo mostrou vísceras apodrecidas, com o odor mais fétido que se poderia imaginar; a mente exibiu sem nenhum pudor a já conhecida ignorância.

Abriram-se os portões do porão onde pareciam jazer os instintos mais primitivos e baixos da raça humana.

Esse conjunto, regido pela irracionalidade, permite a eles defenderem que não há mais corrupção no governo.

Inacreditável, não é mesmo?

Vamos lá.

Que importância tinha Bolsonaro na política nacional?

Nenhuma.

Zero.

Daí eu parto.

Até bem pouco tempo, como seria comprar os passes de Aécio e Bolsonaro? Qual seria o mais caro?

Por exemplo, se Furnas formasse um time de futebol (FFC – Furnas Futebol Clube) e desejasse ter algumas “vantagens” no jogo jogado, qual seria o jogador mais importante e, portanto, o mais caro?

Alguma dúvida de que seria Aécio?

Ou seja, na folha de pagamentos de Furnas Aécio aparecia como recebendo milhões e Bolsonaro alguns poucos “contos de réis”, em função de sua nenhuma importância para o time.

As premiações de Aécio por cada jogo (“bichos”, como são conhecidos no futebol) sempre muito altas, porque era tido como craque.

Bolsonaro sempre um perna de pau.

Acostumado como jogador a ganhar bichos irrisórios, pelo seu fraquíssimo futebol, viu-se de repente diante do poder que lhe foi dado.

Agora poderoso, resolveu então formar seu próprio time.

Ainda com o apoio do dinheiro pesado de grandes empresários, com apoio total da imprensa e tendo até a proteção de árbitros (juízes, como são mais conhecidos) digamos, não muito confiáveis, ele formou um time que, no início, parecia que tinha tudo para vencer os futuros campeonatos.

Entretanto, completamente desqualificado para um projeto tão ambicioso e com a formação de um time de péssima qualidade, a percepção de que não tinha nenhuma condição de ir além da função de roupeiro do time (com todo respeito à categoria) foi se tornando evidente e generalizada.

Os donos do dinheiro e do poder que bancaram sua ascenção passaram a se dizer “surpresos” com a sua total incapacidade e alguns começaram a abandonar o Titanic, ainda que timidamente e de forma velada.

“Perceberam” que o paspalho a quem deram o poder era um desastre como empresário/gerente daquele time de futebol.

Ocorre que a torcida do seu time, que sempre fez parte do jogo, não só aceitara todas as regras sujas como passou a adotá-las, como nenhuma outra tinha feito até então.

Ela, que já tinha mostrado todo seu potencial de muita violência, com torcedores sem nenhuma noção de como é o campeonato, desrespeitando todas as regras e com a enorme capacidade de desqualificar e difamar jogadores e diretoria dos times rivais (uma característica de torcida nunca vista naquelas proporções), dava sinais claros de assimilação, incorporação e adoção de todos os métodos daquele novo empresário/gerente.

A simbiose perfeita.

A tal ponto que aquele ser se tornou um mito para eles, numa relação de identificação de capacidades, propósitos e ações poucas vezes vista.

Foi nesse processo, respaldado pelo grande dinheiro (que muitos chamam de grande capital) e por forças armadas de todas as maneiras para protegê-lo, que ele construiu o seu próprio time.

Um time que chegou ao mercado com um grande poder de compra.

O Centrão Futebol Clube.

Moro e Dallagnol, as provas da promiscuidade de Curitiba

Por Fernando Brito

Os diálogos revelados ontem à noite pela revista Veja não prova apenas o que todos já sabem sobre a parcialidade de Sergio Moro nos processos movidos contra o ex-presidente Lula em razão da Operação Lava Jato.

Atesta que ele e os procuradores chefiados por Deltan Dallagnol agiam em absoluta promiscuidade, numa associação para delinquir contra o sistema judicial.

Você pode ver aqui os diálogos que a revista transcreve, todos já periciados e dados como verdadeiros.

Moro orienta e combina pedidos de perícia, encomenda manifestações do MP, define o que os delatores podem ou não tratar em depoimentos, cobra a anexação de documentos, interfere nas articulações com agentes suíços e norte-americano para que estes produzam provas.

E tudo isso em apenas 10% dos 740 gigabytes de dados que registram as mensagens obtidas pelo hacker Walter Delgatti Neto e em parte divulgadas pelo The Intercept.

Os documentos foram obtidos um dia antes de tudo ser colocado sob “absoluto” segredo de Justiça, o que é incompreensível, pois não há investigações em curso que possam ser prejudicadas, não se trata de intimidades de Moro e dos procuradores, mas de diálogos relativos às suas funções públicas e é assunto, pela sua repercussão política, sobre o qual cada brasileiro tem o direito de estar informado: afinal, foi algo que levou à prisão, por 580 dias, um presidente desta república.

Por serem provas obtidas de maneira ilegal, além do mais, não se cuida de dar ao ex-juiz e aos procuradores punição por seus atos ilegais, mas tão somente fazer com que eles parem de produzir efeitos sobre terceiros, porque praticados ilegalmente e em desrespeito ao princípio constitucional de que todos possam ser julgados com imparcialidade.

Já não há mais explicações ou justificativas para que se adie o julgamento sobre a suspeição de Sergio Moro nos processos contra Lula, tanto quanto já há muitas provas de que ele mancomunou-se ao Ministério Público para conduzir um julgamento que já tinha um resultado pronto antes de começar.

É impossível que o STF se mantenha silente, do contrário, cada juiz do Brasil se sentirá livre para “combinar” resultados de processos com promotores, combinando os passos até pelo zap e transformando os autos judiciais em simples cenários destes conchavos.

E esta abjeção é a maior das corrupções, porque, além de negociar a liberdade de indivíduos, pode levar às mais tenebrosas transações, todas acobertadas pelo “sigilo” e “privacidade” a que não tem direito quem exerce função pública.

Gado marcado

Por Ronaldo Souza

Um ex-presidente da república foi “julgado” e condenado sem nenhuma prova e sem que a sua defesa tivesse acesso aos documentos do processo. Só no Brasil isso é possível.

Somente anos depois (você é capaz de imaginar por que?) Ricardo Lewandowski, ministro do STF, intimou a Lava Jato a entregar todos os dados do processo de Lula à defesa do ex-presidente.

Moro, Dallagnol e a Lava Jato fizeram de tudo para impedir isso.

Não conseguiram.

Logo em seguida, o ministro determinou que tudo permanecesse em sigilo, inclusive a parte à qual os advogados de Lula já tiveram acesso.

Vou fazer a mesma pergunta; você é capaz de imaginar por que?

É que o 1% do que já foi visto revelou que nada deveria ser revelado (a construção da frase é intencional).

O que está lá está assustando meio mundo de gente (em parte já vazado e publicado pela revista Veja).

A velha dúvida; a vida imita a arte ou a arte imita a vida?

Moro está aprendendo que muitas vezes a vida imita a arte.

O país do vazamento, arte criada por Sérgio Moro para condenar Lula, ensaia voltar à realidade da vida e é ela, a vida real, que vai destruí-lo mais ainda.

Ninguém mais que Moro, Dallagnol e o resto da trupe sabiam que os vazamentos da Vaza Jato eram a mais pura verdade.

Entretanto, com o poder que sempre tiveram (lá estava de novo o guarda-chuva protetor da velha Rede Globo, com Míriam Leitão e tudo), conseguiram abafar e tudo caiu no esquecimento.

O que fazia a manada nesse tempo?

Enfeitava as avenidas e praças nos domingos do Brasil, com aquele colorido verde-amarelo que se tornou símbolo da luta contra a corrupção, em memoráveis encontros de grande exaltação à inteligência, sensibilidade e conhecimento sócio-político.

Não haverá mais como contornar e muito menos tentar esconder o que esses bandidos fizeram ao país.

Definitivamente, as sus máscaras cairam.

Ainda que vocês (todos sabem muito bem quem são esses “vocês”) não queiram ver, pela absoluta estupidez que os domina, ainda que nada aconteça a eles, ainda que esse país demonstre mais uma vez que nunca esteve tão desmoralizado e possua um paspalho como presidente, nada disso importa.

Definitivamente, eles acabaram.

E, finalmente, atropelados pelo que está vindo à tona, alguns jornalistas resolveram fazer o “mea culpa“.

Agora é a vez do jornalista Chico Alves reconhecer a verdade que foi escondida de toda a manada que, como tal, não consegue pensar.

Alfafa só alimenta o corpo.

Aguardem o que ainda virá.

Na cadeia (onde deveriam estar) ou não, eles servirão para marca-los em definitivo com mais um ferro.

Um gado já marcado com o ferro JB, agora será marcado também com o ferro SM!

Ambos, em definitivo!

Armações de Moro e Dallagnol na Lava Jato são atos de corrupção?

Por Chico Alves, no UOL

Desde que começou, há seis anos, a força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, se apresentou como grupo de super-heróis decididos a varrer a corrupção do Brasil. Também o juiz escolhido para julgar os casos, Sergio Moro, se vendeu assim. Praticamente todas as instituições da República, a imprensa inclusive, avalizaram essa bravata.

Após esses anos de atuação espetacular, os procuradores e seus fãs se gabam da recuperação de quantia superior a R$ 4 bilhões, provenientes de maracutaias contra os cofres públicos.

Das acusações do Ministério Público Federal e das sentenças de Moro resultaram mais de 155 condenações – em sua maioria, de figuras de destaque na República, como o ex-presidente Lula.

Há evidências de sobra de um gigantesco esquema de corrupção encravado na Petrobras. Segundo várias acusações e provas, no entanto, a força-tarefa da Lava Jato e o juiz Sergio Moro só chegaram a tal performance por meio de expedientes que estão fora dos manuais jurídicos: uso abusivo das delações premiadas, divulgação estratégica de dados sigilosos e parceria indevida entre acusadores e magistrado.

Essas reclamações passariam apenas como choro dos advogados de defesa, não fosse a atuação de hackers que invadiram ilegalmente o aplicativo de mensagens de Moro, Deltan Dallagnol e sua turma. O conteúdo das conversas veio a público em 2019, na série de reportagens conhecida como Vaza Jato, publicada pelo site The Intercept Brasil.

Os bate-papos confirmaram as acusações contra o juiz e os procuradores, revelando um indevido jogo combinado entre eles.

Depois de causar muito barulho e obrigar Moro e Dallagnol a se explicarem muitas vezes – inclusive no Congresso -, a Vaza Jato foi esquecida como se tivesse tratado de um tema irrelevante.

O ocaso da Operação Lava Jato ocorreu pela atuação do procurador-geral da República, Augusto Aras, não pelas acusações feitas anteriormente.

Dallagnol pendurou as chuteiras e Moro, depois de uma temporada como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, saiu com a popularidade abalada para quem tem pretensão de ser candidato a presidente. No entanto, seu status de caçador de corruptos permaneceu.

Agora, por conta de um pedido da defesa de Lula, acatado pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski, parte das mensagens trocadas entre o ex-juiz e os procuradores da Lava Jato foram encaminhadas ao ex-presidente.

Ali está a confirmação de que houve tabelinha entre Moro e a força-tarefa. A tal ponto que Dallagnol apresentou ao magistrado um esboço da denúncia contra Lula, para que ele avaliasse se o documento estava contundente o bastante. Essa colaboração, exposta em matéria do jornalista Jamil Chade, do UOL, é ilegal.

Desde que apareceram as primeiras críticas aos paladinos anticorrupção, os defensores da Lava Jato responderam com os resultados da operação, que prendeu engravatados desonestos e recuperou bilhões em dinheiro público.

É um raciocínio parecido com o que os moradores das favelas cariocas usavam no início da atuação das milícias: são ilegais, mas aumentam a sensação da segurança. Deu no que deu.

O brasileiro parece não se acostumar com a ideia de que só é possível fazer justiça dentro da lei. Agentes públicos que investigam e julgam acertando de antemão a sentença são tão criminosos quanto supõem ser os réus que condenam.

Nesse sentido, talvez os super-heróis da Lava Jato tenham cometido uma modalidade bastante grave de maracutaia.

No dicionário Caldas Aulete, a palavra “corrupção” quer dizer “ato ou efeito de subornar, vender e comprar vantagens, desviar recursos, fraudar, furtar em benefício próprio e em prejuízo do Estado ou do bem público”. Nesse caso, os acusados de desviar dinheiro da Petrobras estão incluídos.

Mas também há outro significado no dicionário: “adulteração das características originais de algo; desvirtuação, deturpação”. Foi exatamente o que Moro e a turma de Dallagnol teriam feito com as regras do processo legal, segundo o que se conclui dos diálogos que vieram à tona.

Os tietes de Moro e da Lava Jato não gostam dessa avaliação – muitos deles certamente irão consignar sua discordância nos comentários que você lerá abaixo desse texto.

Mas, a não ser que achemos boa coisa fomentar o culto à personalidade, é preciso arrancar o ex-juiz e os procuradores do pedestal em que se instalaram. Seus admiradores precisam avaliar objetivamente as acusações e tirar conclusões desapaixonadas.

Isso vale tanto para o cidadão comum quanto para as instituições que inflaram a aura de perfeição.

Nós da imprensa tivemos papel fundamental no surgimento dessa lenda. Apesar de quase sempre avessos à autocrítica, é chegada a hora de dizer com todas as letras: erramos.

Ainda há o que fazer

Por Ronaldo Souza,

Tinha assistido ao jogo anterior do Sport, quando ele perdeu de 3 X 0 para o Corinthians.

Um time sem nenhuma qualidade, entregue em campo, sem esboçar qualquer possibilidade de reação. O Corinthians passeando em campo.

O que poderia esperar do Bahia contra o mesmo Sport, que seria o jogo seguinte?

A “luzinha” verde da esperança estava acesa outra vez.

Para minha surpresa, ainda que não muito grande, o Bahia conseguiu ser pior do que o Sport.

Diante do resultado, a primeira reação foi a de que estaria decretada a queda para a série B.

No último texto sobre o Bahia, O Bahia ontem e hoje, fiz essas indagações:

  • São jogadores que não se respeitam?
  • Não estariam comprometidos?
  • Não estariam respeitando o clube e sua torcida?

Além disso, mostrei a minha preocupação quanto à possibilidade de que o presidente e sua diretoria não estivessem conseguindo dimensionar a real gravidade desse momento.

E na sequência outros questionamentos.

Quem “chega” nos jogadores?

Por que o time entra em campo mudo e sai calado?

Há quem saiba chegar nos líderes (parece não existir isso nesse time) e “sugerir” uma conversa fechada do grupo, para o famoso lavar a roupa suja?

Não há a nítida impressão de que estão soltos, sem rumo?

Em seguida, arrematei.

Presidente, não parece provável que Dado Cavalcanti seja a alternativa mais adequada e talvez estejamos cometendo outro grande equívoco.

Não parece haver mais dúvidas de que Dado foi sim um grande equívoco.

O que fazer agora?

Nesse momento, as opiniões transitam mais entre o pessimismo e o otimismo de cada um do que apoiadas em análises sobre possibilidades.

Aproveito para fazer uma pergunta.

Como se apoiar em análises sobre possibilidades diante da oscilação dos times, que se tornou uma tônica no futebol em tempos de Pandemia?

Quem já não oscilou ou não está oscilando?

Estatísticas

Basear-se em estatísticas em futebol, como tem sido feito, chega a ser uma brincadeira.

Por acaso, elas levam em consideração o momento de determinado(s) jogador(es), que de repente “entra(m)” numa fase boa e leva(m) o time a ganhar jogos?

Por acaso, elas levam em consideração o momento do próprio time como um todo?

O time eleito “campeão” perde dois-três jogos, entra em crise (a imprensa faz isso com enorme facilidade); “… e se não se cuidar, sei não, viu!”

Pronto, está instalada a crise.

O time apresenta considerável percentual de possibilidade de cair para a série B, ganha dois-três jogos e já se livrou, passando a disputar vaga na Sul-Americana!

Qualquer torcedor sabe as possibilidades de seu time ser campeão ou cair, não precisa de estatísticas para isso.

A complexidade do futebol não deveria permitir que elas fossem elevadas ao patamar que foram.

Feitas aos montes, servem para preencher espaço nos jornais, tempo nos programas de rádio e televisão e levar o torcedor à loucura.

Independentemente do que cada um pensa, a grande questão é o que fazer?

Em primeiro lugar, esqueça o dedo indicador, aquele que tem estado em destaque nos últimos tempos apontando para tudo e para todos; o dedo que está acima de tudo e de todos.

O Bahia não precisa dele, precisa da união de todos.

Seguramente, há pessoas importantes e influentes no Bahia, da diretoria ou não, que têm acesso ao presidente, à sua diretoria e até aos jogadores.

Essas pessoas deveriam ser convidadas pelo clube para discutir como sair dessa. Essas pessoas podem ajudar. 

Ou o presidente continuará acreditando que a sua capacidade administrativa, excelente, por sinal, resolverá a complexidade que envolve as questões do futebol em momentos como esse?

Particularmente, reconheço até um certo brilhantismo no presidente Bellintani, mas será que a sua inteligência o leva a autossuficiência, que pode torná-lo incapaz de ver que esse não é o caminho?

Será que ele não vai perceber que precisa urgentemente chamar alguns abnegados do clube, que talvez estejam mais perto dele do que ele possa imaginar, para ajudar a tirar o time desse desastre que cada vez mais se aproxima?

Há coisas simples que podem funcionar.

Lembro que em um dos jogos importantes do Bahia, Roger Machado levou Beijoca para o vestiário e o fez referência motivadora na preleção, como símbolo da garra tricolor que era. Pode-se pensar em algo desse tipo.

Por outro lado, alguém poderia ter uma reunião com a torcida e sugerir que ela receba o ônibus do Bahia com muita festa, como ela sabe fazer, já nesse jogo contra o Corínthians.

Por sua vez, não há nesse time um único jogador capaz de reunir o grupo e ter uma conversa somente entre eles?

Não há um único jogador com brios capaz de chamar essa responsabilidade para si?

Não há um único jogador capaz de chamar todo o time e fazê-lo acordar para a gravidade do que está acontecendo?

Não há ninguém, jogador ou não, que mostre a todos que o Bahia, como poucos clubes no Brasil, cumpre todas suas obrigações com eles? Aliás, razão pela qual vários disseram por que vieram para o Bahia.

Então é isso, vir, receber em dia e voltar?

Que destinação será dada, por exemplo, à concentração antecipada? É só para ficarem juntos, cada um com seu fone de ouvido, ou para, juntos, assistirem ao Big Brother Brasil e depois irem dormir?

Nesse tempo a mais juntos, nada “diferente” pensando no momento será feito?

Vamos continuar confiando somente no comportamento quase adolescente de Dado Cavalcanti, a explicar cada derrota, como se pudesse corrigir tudo para o próximo jogo, até chegarmos ao próximo que será o último, e aí dizermos resignados; é, não teve jeito!

É sensato imaginar que por meio de elucubrações táticas e técnicas ele poderá mudar o atual panorama?

Ainda dá tempo, ainda há o que fazer!

Mas para isso, é fundamental entender que tem que se fazer alguma coisa que ainda não foi feita! 

O que não se pode fazer é repetir o nada feito até agora.

Fazer o mesmo jamais corrigirá erros que se repetem.

Dilma Rousseff, a mulher que Míriam Leitão jamais conseguirá ser

Por Ronaldo Souza

Nunca escrevi sobre Míriam Leitão.

Míriam parece falar somente de economia, entretanto, os seus comentários e textos sobre economia apresentam um teor político como poucos conseguem apresentar.

E é nesse campo, o político, que pela primeira vez farei considerações sobre ela.

Míriam Leitão é uma mulher que foi torturada pela ditadura militar de 1964!

Bastaria isso, ou deveria bastar, para que qualquer coisa que cheirasse à ditadura ou remetesse à mais remota lembrança do que aquele momento representou para esse país fosse suficiente para ela correr à léguas de distância.

Para Míriam Leitão, não basta!

A História do Brasil registra a grande ligação entre algumas empresas jornalísticas e a ditadura. Podem ser citados, por exemplo, o Estadão e a Folha, ambos jornais de São Paulo.

Entretanto, não parece haver nenhum outro órgão de imprensa que tenha tido ligações tão íntimas com aquela noite tão duradora e tenebrosa para o Brasil e seu povo que a Rede Globo.

Antecipo-me a qualquer coisa para dizer que nem de longe se pode condenar Míriam Leitão pelo fato de ter sofrido tortura durante a ditadura militar e trabalhar na Globo. Por favor, eliminem qualquer possibilidade de que as minhas considerações sejam vistas sob essa ótica.

Há muitos jornalistas (pode ter certeza, são muitos) que também trabalharam/trabalham lá e que se mantiveram fieis aos seus princípios.

São jornalistas e precisam trabalhar.

Há que se ter, porém, um mínimo de dignidade.

Míriam não soube ou não quiz ter isso.

Veja pequeno trecho de um depoimento dela feito ao jornalista Luiz Cláudio Cunha em 19/08/2014:

“Em texto publicado nesta terça-feira (19) no site “Observatório da Imprensa”, o jornalista Luiz Cláudio Cunha publica pela primeira vez um depoimento da também jornalista Míriam Leitão em que ela conta como foi torturada com uma cobra, nua e grávida, durante a ditadura militar (1964-85). Míriam foi presa em Vitória (ES), no final de 1972, com o seu então companheiro, Marcelo Netto. Opositores do regime instaurado em 1964, eles passaram por diversas sessões de tortura no período em que ficaram presos pela ditadura. Mantido por nove meses em uma solitária, Marcelo também sobreviveu.

No depoimento, a jornalista narra o período em que passou numa unidade do Exército no Espírito Santo. Além de simulações de fuzilamento e ameaças de estupro, Míriam foi torturada com cães pastores alemães e uma cobra jiboia, que foi colocada numa sala escura com ela após ser despida pelos militares. Míriam, à época, estava grávida de seu primeiro filho. “Minha vingança foi sobreviver e vencer. Por meus filhos e netos, ainda aguardo um pedido de desculpas das Forças Armadas. Não cultivo nenhum ódio. Não sinto nada disso. Mas, esse gesto me daria segurança no futuro democrático do país”, termina o depoimento da jornalista ao colega Luiz Cláudio Cunha”.

Toda e qualquer mulher xingada, ofendida, agredida, torturada, representa uma violência inaceitável a todas as mulheres.

Como admitir que essa mulher, Míriam Leitão, que, como jornalista, sabe muito bem o que isso representa para o país, não consiga ver que, entre outras coisas, a concepção do seu primeiro filho esteve absurdamente ameaçada por homens das Forças Armadas e venha dizer que “minha vingança foi sobreviver e vencer. Por meus filhos e netos, ainda aguardo um pedido de desculpas das Forças Armadas”.

Sobreviver por seus filhos e netos teria sido sim uma grande vitória, se você tivesse sido capaz de perceber que ali você não era Míriam Leitão, que seria anos depois a “famosa” jornalista da Rede Globo.

Ali, você era a mulher brasileira torturada pela ditadura militar, como foi Dilma Rousseff.

Dilma Rousseff, muito jovem, percebeu que tinha um lado.

Não o negou; enfrentou aqueles que a fizeram sofrer pela tortura e, à força, impuseram a noite de trevas mais longa da nossa História.

De torturada pelas Forças Armadas, Míriam, Dilma Rousseff chegou ao posto de Presidenta do Brasil, portanto, como você deve saber como jornalista, Comandante Suprema das Forças Armadas.

Não houve vingança, Míriam, não houve retaliação. Durante todo seu governo tratou as Forças Armadas com a dignidade e altivez que o cargo exigia.

Dignidade e altivez que as Forças Armadas não souberam ter com ela no golpe de 2016, processo que você, como jornalista da toda poderosa Rede Globo, viu de muito perto, até porque foi peça importante dele.

Você, Míriam, não precisava escolher o caminho que Dilma escolheu.

Não precisava e não devia, porque seguir o caminho que ela escolheu exigia o que você não teve, não tem e jamais terá.

Mas você também sabia que tinha que ter um lado.

E escolheu!

Precisa dizer qual foi sua escolha ou as suas íntimas relações com pessoas como FHC, Aécio, Moro, Serra…, para citar as mais recentes e conhecidas, denunciam? Toda essa gente sempre sob o guarda-chuva da Globo e das Forças Armadas, aquelas que, segundo você mesma, lhe torturaram “nua e grávida, com cães pastores alemães e uma cobra jiboia, que foi colocada numa sala escura após ser despida pelos militares…”.

E agora, Bolsonaro!

Sim, aquele mesmo que desonrou o exército brasileiro e agora, como Comandante Supremo das Forças Armadas, cria todas as condições para que o mesmo exército, estranhamente, assuma o papel atual, manchando mais ainda a sua história.

Sim, Míriam, Bolsonaro.

Você e sua empresa criaram Bolsonaro.

Você, Míriam, mulher brasileira que nua e grávida do seu primeiro filho (hoje também jornalista da mesma Globo) foi torturada por gente como Bolsonaro (até hoje referências para ele) e pelo mesmo exército que o expulsou por desonra como “canalha, covarde e contrabandista… um homem com graves distúrbios psicológicos” e agora, perdendo-se nas suas funções constitucionais, o acolhe.

Você esteve todo o tempo ao lado dele.

Essa guerrinha particular e ridícula que a Globo parece travar com ele só existe porque interesses mútuos foram contrariados.

Por que a Globo, apesar de tudo, não quer o impeachment?

O que você fez de sua vida?

Sobreviver e vencer

O que significa sobreviver e vencer para você, Míriam?

Que honra pode haver em sobreviver e vencer do lado de quem fez e faz mulheres sofrerem da forma mais desumana, cruel e covarde, tendo sido você, mulher, vítima desse processo?

Há alguma honra nessa sua glória?

Você acha que honra a mulher brasileira?

Você acha que honra as tantas mulheres brasileiras que lutaram e continuam lutando por esse país, algumas das quais até à morte?

E agora vem você, em mais um texto oportunista e covarde, e agride Dilma.

Fazer analogias, quaisquer que sejam elas, entre Dilma e Bolsonaro (como fizeram com Fernando Haddad e ele) é de uma indignidade absurda sob todos os aspectos, porém, compreensível, porque é típico de gente como você.

Você sabe como poucos porque houve o impeachment de Dilma, para o qual você e sua empresa foram fundamentais, e não deverá ocorrer o de Bolsonaro.

Você sabe e aborda no seu texto covarde que o argumento utilizado para o impeachment dela era absolutamente ridículo (tanto é que depois de concretizado o impeachment ela foi inocentada pelo próprio judiciário, que também fez e faz parte de todo esse processo), como ridícula é a imprensa da qual você faz parte.

Você sabe também (até porque os inúmeros crimes de responsabilidade já foram listados por incontáveis juristas e professores de Direito) porque o impeachment de Bolsonaro não é levado adiante.

Por que a Globo não quer o impeachment dele?

Negar mais uma vez os fatos que mais do que ninguém você conhece é de uma covardia, para não dizer outra palavra, inominável.

Logo você, Míriam, desqualificar Dilma Rousseff!!!

Digo assim, mas o meu “espanto” é facilmente explicável. 

Dilma Rousseff, Míriam, tem uma dignidade e vive a liberdade que você jamais conheceu.

E jamais conhecerá.

Isso deve lhe trazer dificuldade incontornável para se ver diante dela e um enorme desgosto na vida.

Pobre Míriam Leitão, a famosa jornalista da Rede Globo que tão bem representa o jornalismo do qual faz parte.

Obs. Se quiser ver o depoimento de Míriam Leitão ao jornalista Luiz Cláudio Cunha, clique aqui Gazeta do Povo: Míriam Leitão revela como foi torturada nua, grávida e com cobra pela ditadura.