“A morte excita Bolsonaro. Ele não é diferente do país que o elegeu”

Por Ronaldo Souza

O Unibanco foi criado pela família Moreira Salles. Mais tarde, na fusão com o Itaú, formou-se o Itaú Unibanco, que depois passou a se chamar simplesmente Itaú.

O artigo abaixo foi escrito em julho de 2020 pelo documentarista João Moreira Salles (da família proprietária do Unibanco) e publicado na revista Piauí, da qual ele é editor fundador.

O texto “A morte e a morte” fala sobre “Jair Bolsonaro entre o gozo e o tédio” na pandemia de coronavírus e comenta sobre as reações do presidente nesse evento histórico com milhares de mortos.

Acho que terminei esquecendo de postar aqui. O que sei é que nunca foi tão atual!

Aliás, será sempre.

Confira alguns trechos de João Moreira Salles:

“Quando as vítimas da pandemia passaram de 5 mil, no dia 28 de abril de 2020, Jair Bolsonaro foi a um estande de tiro. No dia em que chegamos aos 10 mil mortos, ele passeou de jet ski no Lago Paranoá. Na cerimônia em que concedeu a Ordem do Mérito Naval a Abraham Weintraub e Augusto Aras, o país havia superado os 25 mil óbitos. Dois dias depois ele andou a cavalo no meio de seus apoiadores. Dali a poucas horas, quase 30 mil brasileiros já não estariam vivos por causa da doença. O presidente desconfiou dos hospitais quando os registros contabilizaram 40 mil mortos: “Arranja uma maneira de entrar e filmar”, comandou. E no fim de semana em que a conta da nossa tragédia chegou a 50 mil vidas perdidas, ele ajudou Weintraub a enganar a imigração americana.

Variações do parágrafo acima vêm sendo publicadas a toda hora na imprensa. Seria impossível não reparar no óbvio: em nenhum momento da tragédia o presidente articulou uma frase de pesar verdadeiro. Não houve nem esforço de marketing político para demonstrar que se compadecia dos que estavam sofrendo. O presidente é honesto. Uma das frases mais sinceras da história política brasileira é a breve: “E daí?” Há muitas outras – “Eu não sou coveiro”, “Quer que eu faça o quê?”, “É o destino de cada um” –, mas nenhuma tem a concisão aforística de “E daí?”. Nenhum substantivo, nenhum adjetivo, nenhum verbo. Os mortos, os doentes, os que perderam pais, mães, filhos e amigos, os que diariamente vão para a linha de frente salvar vidas – uma locução adverbial de quatro letras dá conta de tudo que o presidente tem a lhes dizer.

(…)

Trump, aqui, não interessa. Entrou na história por ser o modelo de que Bolsonaro se pretende imitador. Gripezinha, vírus chinês, cloroquina – o presidente brasileiro não foi capaz sequer de inventar as próprias fábulas. A coisa é trazida de Washington e aqui piora um pouco mais, como a má tradução de um livro ruim. O que não significa que Bolsonaro seja apenas uma versão abastardada de Trump. Uma das diferenças entre os dois é que a ausência de empatia no norte-americano está associada ao solipsismo radical de seu narcisismo, ao passo que em Bolsonaro ela tem uma origem mais perigosa. É algo anterior a toda convenção, um impulso que corre por baixo, mais primitivo, mais perturbador, e que no entanto, quando se manifesta, parece lógico: a morte o excita.

Mais precisamente: certas formas de morrer o excitam, enquanto outras o deixam frio. Qualquer antologia das frases que notabilizaram Bolsonaro terá cheiro de sangue e morte. Estupro, tortura, fuzil, exterminou, morra, morrido, matando, pavor, Ustra. Essas são algumas palavras-chave que dão sentido às citações mais conhecidas do presidente. Sem elas, as frases se desfariam. É o sofrimento do outro que as organiza.

(…)

É isso. Em 1964, o poder foi tomado à força. Em 2018, 57,7 milhões de brasileiros sufragaram a versão piorada de um regime odioso. Outros 11 milhões anularam ou votaram em branco. No fim das contas, talvez fosse inevitável chegarmos a isso. Bolsonaro não é diferente do país que o elegeu. Não todo o Brasil, nem mesmo a maioria do Brasil (uma esperança), mas um pedaço significativo do Brasil é como Bolsonaro. Violento, racista, misógino, homofóbico, inculto, indiferente. Perverso”.

(…)

Obs. Se desejar ler o artigo na íntegra, clique aqui: www.piaui.folha.uol.com.br/materia/a-morte-no-governo-bolsonaro/

A estupidez em estado puro

Por Eric Nepomoceno, jornalista e escritor

Embora a estas alturas seja certeza absoluta que ninguém, absolutamente ninguém, a não ser ele mesmo, é capaz de superar Jair Messias na hora de disparar estupidezes, surpresas acontecem.  

É que em termos de estupidez, o Ogro psicopata que habita o Palácio da Alvorada continua conseguindo se aprimorar a cada dia.

Nesta segunda-feira, por exemplo, ele dedicou quase 22 minutos para falar com os apoiadores arrebanhados que esperam toda manhã e toda tarde pela sua palavra na porta da residência presidencial.  

Entre uma estupidez e outra, mentiu como sempre, já que se trata de um mentiroso compulsivo. E demonstrou que, entre as tantas características de seu caráter, a ingratidão continua ocupando lugar de destaque.

Falou dos cilindros de oxigênio enviados da Venezuela pelo governo de Nicolás Maduro para Manaus, coisa que seu general ministro da Saúde foi incapaz de fazer.

Só que em vez de agradecer, aproveitou para criticar o presidente venezuelano e dizer que já não há cães nas ruas de Caracas porque foram todos comidos pelo povo esfomeado.  

Pouco antes, a outro fanático havia insistido em criticar o governo de Alberto Fernández, da vizinha Argentina.  

Só não criou novos problemas diplomáticos porque é impossível piorar o ambiente externo do Brasil.

O desequilíbrio de Jair Messias alcança patamares mais elevados a cada dia, a cada declaração sua.  

Agora, aquela que era “a vacina do Dória” passou a ser do Brasil. Só que o Brasil continua sem saber quando e como será vacinado.  

O general da ativa Eduardo Pazuello, que o Ogro dizia ser um alto especialista em logística, conseguiu armar tamanha confusão nos voos de entrega da vacina que vários governadores que tinham ido ao aeroporto de suas capitais voltaram para casa de mãos abanando.

Para culminar a disparada de estupidezes, Jair Messias reiterou a necessidade do tal tratamento preventivo.  

Será que ele não ouviu, ou não foi informado, que a diretoria da Anvisa, e até mesmo o almirante que ele aboletou na cadeira de presidente da agência, expressando, de maneira claríssima, que não existe tal tratamento e que as únicas medidas eficazes são a vacina e o isolamento social?

O fiasco criminoso do governo e principalmente do ministério da Saúde, encabeçado por Pazuello, cuja incapacidade é gritante, tornou indiscutível a cumplicidade tanto dele como principalmente de Jair Messias na morte de parte significativa de 210 mil brasileiros.      

Há sinais palpáveis de que o Ogro se sente, além de derrotado pelo esperto – porém hábil – governador João Dória, acuado.

Que ele e sua quadrilha familiar toquem seguidamente no tema do impeachment mostra que temem essa possibilidade, e por mais que o presidente trate de comprar – literalmente, comprar – apoio na parte mais putrefata do Congresso, o risco existe e cresce conforme cresce o drama das mortes causadas pela pandemia.

Sabemos todos que um psicopata, quando acuado, é capaz de reações violentas. Nesta segunda-feira de estupidez em estado puro, Jair Messias tornou, de maneira nada velada, a ameaçar um autogolpe.

Lembrou que “ainda” temos liberdade, e advertiu que “tudo pode mudar”. Disse também, e com ênfase, que não é a Constituição, mas as Forças Armadas, quem decide se o país viverá uma democracia ou uma ditadura.

Diante tanto das ameaças de Jair Messias como da atuação patética do general Pazuello, o silêncio omisso, a estranha inércia do alto comando militar começa a ser motivo de preocupação.

Será que seus integrantes concordam com o que diz o presidente?

É Tostines por que é mais crocante ou é mais crocante por que é Tostines?

Por Ronaldo Souza

“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

Um grande mistério da humanidade: Desde a década de 80, diversas campanhas apresentavam este questionamento. A partir disso, Tostines ganhou notoriedade e popularidade com este conceito criado pelo publicitário Enio Mainardi. A partir deste momento a Tostines se tornaria um ícone do segmento de biscoitos no Brasil.

Encontrei este texto sobre a propaganda (1984) do biscoito da Tostines no site Propagandas Históricas.

Sem dúvida, marcou uma época, mas não só para nós consumidores. Segundo o próprio site, também no meio da Publicidade promoveu discussões muito interessantes.

Sempre que vejo “fenômenos” inexplicáveis, lembro dela.

Falar da incapacidade de Bolsonaro já se tornou desnecessário, todos já perceberam. Não se trata de incompetência para isso ou aquilo; é incapacidade total para qualquer coisa.

Como consta nos relatórios de seguradoras sobre grandes acidentes de carro: perda total.

Como disse nesta semana Roberto Requião, ex-senador pelo Paraná, ele ja não diz coisa com coisa. Completamente perdido, vive procurando a quem xingar, mandar calar a boca, ofender, enfim, com quem “brigar”.

A própria imprensa brasileira, um dos seus alvos, em cima de quem espertamente ele joga a culpa pela situação e assim tira de foco sua absurda inércia, já não se sente tão incomodada pelas tolas manifestações do presidente da república. Imprensa, diga-se de passagem, que contribuiu de forma decisva para a gestação e criação deste ovo de serpente que nem (Ingmar) Bergman poderia imaginar tão maligno.

Há algum tempo sua válvula de escape preferida é “mussolinizar” gestos e atos em aglomerações que se tornaram essenciais à sua vida. O ato seguinte é se juntar ao pessoal do curral montado nas proximidades do palácio, dizer as bobagens de sempre e se deliciar com a inteligência, sensibilidade e grande lucidez daquelas pessoas que respiram e transpiram a mesma pobreza de espírito que ele.

Isso lhes permite serem tão felizes.

Sem aquele curralzinho Bolsonaro não consegue viver mais.

Aquele curralzinho, que se estende e se projeta em boa parte do Brasil, é o oxigênio de que Bolsonaro precisa para respirar e continuar morrendo a sua morte diária.

Nos últimos dias, diante da sua absurda inércia para mais uma vez atrasar o andamento do processo da vacina, o presidente vinha tentando travar de todas as maneiras qualquer iniciativa para que ela ocorresse.

Dispenso-me de qualquer comentário sobre o governador de São Paulo. Este é um problema dos eleitores que o elegeram, portanto, pertinente a aquele estado.

No entanto, por questões pessoais com o governador, o presidente da república percebeu que estava perdendo uma batalha na guerra da estupidez e conseguiu fazer o que parecia impossível; desceu ainda mais na escala do comportamento humano.

Desceu, sem nenhuma dificuldade, aos porões da podridão humana.

 

Na arte de atentar abertamente contra a vida das pessoas, o genocida atingiu a perfeição e os orgasmos de eleito/eleitores foram observados com clareza poucas vezes vista.

A insistência na “prescrição” ignorante e cínica do kit prevenção era a prova absoluta de sua suprema estupidez, mas, ainda que seguida por fieis também estúpidos, deixava-o cada vez mais nu.

Não adiantavam as evidências científicas, agora negadas por professores da área da saúde num cinismo assustador e preocupante, que chegavam de todos os cantos.

Veja o que diz o chefe da UTI de dois hospitais de Manaus, que inclusive votou nele.

 

Vários pesquisadores já falam há tempos da ineficácia e riscos oferecidos pelo kit prevenção preconizado por ele, como profundo conhecedor das ciências da saúde que é.

Como ficam agora esses homens e mulheres que assumem como verdade científica o que diz um homem que nada sabe sobre qualquer coisa?

Como ficam os professores que se negaram ao negarem as evidências científicas produzidas por pesquisadores de todo o mundo? Evidências às quais frequentemente recorrem e em torno das quais erguem catedrais do conhecimento que se transformam em pedestais para a competência ostentada.

Este aí em cima é Didier Raoult, conhecido como o “pai” da cloroquina. Veja o que agora ele está dizendo.

“The need for oxygen therapy, transfer to ICU and death did not significantly differ between patients who received hydroxychloroquine (HCQ) with or without azithromycin (AZ) and in controls with standard care only”.

“A necessidade de oxigenoterapia, transferência para UTI e óbito não diferiu significativamente entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina (HCQ) com ou sem azitromicina (AZ) e nos controles com tratamento padrão apenas”.

Se você quiser conferir a veracidade da informação, clique aqui International Journal of Antimicrobial Agents.

Da violência arrogante e subserviente do presidente, o país se viu de repente de joelhos diante de inimigos por ele criados.

De joelhos para a Venezuela, China e Índia.

Por outro lado, nada recebeu daquela bandeira para a qual Bolsonaro, com subserviência vergonhosa jamais vista, bateu continência. Às voltas com seu inferno pessoal (o mesmo destino que aguarda Bolsonaro), Trump, seu ídolo e guru, estava muito ocupado para lhe dar atenção.

Bolsonaro, o ínfimo, agora amarga uma derrota acachapante na guerra que ele mesmo criou; a guerra da vacina.

Uma guerra vergonhosa sob todos os aspectos e ao mesmo tempo reveladora do caráter dos seus comandantes.

Jamais, jamais essa guerra teve como objetivo o direito da população à vacina.

Transformaram o direito à vacina, algo tão naturalmente vinculado às nossas vidas desde sempre, num espetáculo onde se exibiu a mais baixa forma de fazer política.

O seu objetivo, da tal guerra, era única e exclusivamente saber quem ia dar a primeira espetada.

Imbatível nas batalhas travadas sob a escuridão das trevas, Bolsonaro encontrou um rival à sua altura (na verdade, baixeza); perdeu para um comandante muito parecido com ele nas suas “virtudes”.

Um comandante que, tendo a mesma origem, sabe, como ele, jogar todos os jogos: aplicou-lhe um golpe fatal, golpe digno de ambos.

Aguardemos os próximos embates.

Bolsonaro é muito idiota porque foi eleito por idiotas ou eles são muito idiotas porque elegeram Bolsonaro?

É difícil negar a socióloga Marilena Chaui: “a classe média brasileira é uma abominação política porque é fascista, uma abominação ética porque é violenta e uma abominação cognitiva porque é ignorante”.

Como diz o também sociólogo Celso Rocha de Barros, “Jair Bolsonaro é o policial com o joelho no pescoço de Manaus enquanto a cidade grita ‘I can’t breathe’ (eu não consigo respirar)”.

Sob suas ordens, o Ministério da Saúde interrompeu o transporte de oxigênio por 24h, o que levou à tragédia. Veja o que diz Igor Spindola, Procurador de Manaus.

 

Bolsonaro é um homem derrotado pela vida.

Nada mais lhe restou se não a morte, a quem abraçou desde sempre.

“Quem que eu matei?”

 

Por Ronaldo Souza

Genocídio

Extermínio que, feito de maneira deliberada, aniquila (mata) uma comunidade, um grupo étnico ou religioso, uma cultura e/ou civilização etc.: o genocídio dos índios das Américas.

Massacre que atinge um grande número de pessoas (populações ou povos).

Ação de aniquilar grupos humanos através da utilização de diferentes formas de extermínio como: a pobreza ou a fome em certas regiões do mundo; sequestro permanente de crianças e refugiados etc.

Genocida

Pessoa que ordena ou é a responsável pelo extermínio de muitas pessoas em pouco tempo.

Pessoa que cometeu genocídio, quem deliberadamente ordenou o extermínio de um grande número de pessoas, de todo um grupo étnico ou religioso, de um povo, uma cultura ou civilização.

Que produz genocídio, aniquilando grupos humanos através da utilização de diferentes formas de extermínio: pobreza genocida.

Essas são respectivamente as definições de genocídio e genocida do Dicionário Online de Português, que você pode confirmar aqui www.dicio.com.br/genocidio/ e aqui www.dicio.com.br/genocida/.

Abro um parêntese para trazer o que diz o psicanalista Albertino Ribeiro.

A psicanálise classifica os impulsos humanos em duas categorias antagônicas (vida e morte). Estes possuem relação direta com dois senhores soberanos do gênero humano, segundo Jeremy Bentham: a dor e o prazer.

O impulso de vida é aquele que nos leva a pensar e a dominar nossas emoções e nossas dores, ajudando-nos a procurar uma saída nas situações em que algo nos falta. Sob este, o ser humano opta por tentar consertar as coisas e não dar causa a intentos engendrados por sentimentos primitivos e destrutivos.

Por seu turno, o impulso de morte nos leva para um caminho oposto, onde optamos por descarregar nossas tensões mesmo que mais tarde tenhamos que pagar a fatura. Podemos observar alguns comportamentos como gula, abuso de drogas, agressão, consumismo desenfreado, enfim.

A mente pensante, a todo momento, pratica uma musculatura psíquica na tentativa de conciliar suas pulsões com a difícil realidade da vida, buscando o seu desenvolvimento. Destarte, estar vivo pressupõe tensão. É como disse Freud: “haverá sempre conflito enquanto houver vida. Pressões e tensões cessam apenas com o advento da morte”.

O jornal folha de pernambuco publicou em 01/07/2020 um estudo realizado por pesquisadores da universidade federal do ABC (UFABC), da fundação Getúlio Vargas e da USP que sugere uma forte correlação entre o discurso negacionista do presidente e o aumento do número de mortes por covid-19.

O trabalho sustenta que a votação do presidente no primeiro turno, por município, tem correlação negativa com a taxa de isolamento; e correlação positiva com mortes por Covid-19. Em resumo, onde Bolsonaro teve mais votos, o isolamento tem sido menor e o número de óbitos maior.

Mas como isso acontece?

Parece que essas pessoas, em nome do seu mito, abriram mão da liberdade e da própria capacidade de pensar; agem como manada. Trata-se da psicologia dos grandes grupos onde os indivíduos partícipes tendem a exacerbar seus comportamentos mais primitivos (Le Bon – Psicólogo Francês do séc. XX)”.

Fecho o parêntese

Veja o que diz a teoria de redução de impulsos: “Pulsão designa, em psicanálise, um impulso energético interno que direciona o comportamento do indivíduo. O comportamento gerado pelas pulsões diferencia-se daquele gerado por decisões, por ser aquele gerado por forças internas, inconscientes, alheias ao processo decisional”.

Matar pode ser um impulso, uma “inclinação”, que em algum momento se concretiza ou não.

E como diz o psicanalista Albertino Ribeiro, a concretização do ato tem ligação direta com a racionalidade; A mente pensante, a todo momento, pratica uma musculatura psíquica na tentativa de conciliar suas pulsões com a difícil realidade da vida…”.

Os impulsos (bravatas, xingamentos, ofensas, agressões verbais e físicas) não, mas a racionalidade exige uma mente pensante.

As pulsões de Bolsonaro já foram assumidas inúmeras vezes por ele próprio, claro, sem a menor noção do que estava dizendo.

Não há mais como ignorar a irresistível atração que ele tem pela morte. Nem os mais idiotas entre os que o seguem conseguirão isso.

 

Comandantes não vão para o campo de batalha!

Comandantes não pegam um revólver, matam alguém e pronto, cometeu um genocídio, é um genocida!

Não é assim.

O genocida não precisa sequer dar um único tiro para ser um… genocida!

Para citar somente um, Benjamin Netanyahu (primeiro ministro de Israel) é reconhecido como um genocida, inclusive apontado internacionalmente como “criminoso de guerra”.

Mas não se tem notícia de que ele foi visto matando alguém.

Então, segundo Bolsonaro, Netanyahu não é um genocida!

Independentemente de tudo isso, mesmo tendo sido expulso do Exército Brasileiro como “canalha, covarde, contrabandista e um homem com graves distúrbios psicológicos”, Bolsonaro atingiu a patente de tenente (como consolação foi transformado em capitão na expulsão do exército) do Exército Brasileiro e hoje é um comandante.

Comandante supremo das Forças Armadas. 

Como tal, não saber o que é um genocida é…, é constrangedor e angustiante identificar as enormes limitações dos horizontes intelectuais do presidente do seu país.

Aquela cabeça privilegiada não se cansa de surpreender.

Não, não me pergunte sobre a manada.

Já estou cansado de falar sobre isso.

Mas você pode imaginar o quanto é também constrangedor falar de horizontes intelectuais de pessoas que se identificam fortemente com o presidente e em cujos currículos consta uma expressão consagrada para definir a formação: nível superior.

Quanto a você, nunca esqueça.

O genocida não precisa sequer dar um único tiro para ser um… genocida!

 

Obs. Os negritos e as frases sublinhadas são do Falando da Vida.

Governo prepara “Show do Agulhão” para não ‘perder’ para Doria

Por Fernando Brito, no Tijolaço

O general Eduardo Pazuello foi à televisão anunciar o “início” da vacinação contra a Covid 19 em algum dia antes de 25 de janeiro, ou seja, em alguma data anterior ao início do plano de vacinação feito pelo governo de São Paulo com a vacina Coronavac, por acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac.

Seria ótimo, se não fosse uma mentira, uma vacinação, como tenho chamado aqui, de “coreográfica”.

Por uma simples razão: o governo brasileiro não tem vacinas e vai improvisar com um lote de dois milhões de doses arranjado às pressas na Índia, uma versão da “vacina de Oxford que, em tese, seria produzida – primeiro o envase e, a seguir, a formulação – aqui pela Fundação Oswaldo Cruz.

Em tese, porque até agora não há em território brasileiro uma gota sequer do ingrediente farmacêutico ativo, matéria prima essencial da vacina, e nenhuma transparência sobre a estrutura da Fiocruz que seja capaz de produzir o imunizante final na quantidade e no tempo necessários.

São Paulo tem, segundo afirma, perto de 11 milhões de doses. Uma quantidade mais que suficiente para aplicar a primeira dose em um quarto da população paulista e com um contrato de fornecimento que garantiria sua continuidade sem maiores sobressaltos.

Os dois milhões de doses indianas seriam suficientes para menos de 1% dos brasileiros, o que tem feito zero no bloqueio da propagação da doença e na mitigação do número de mortes nos grupos de maior risco.

Aguarda-se, ansiosamente, saber quando chegará o material para produzir as quantidades que a Fiocruz promete entregar e sua capacidade de processá-lo.

Pazuello frisou que o Brasil tem uma quantidade de seringas e agulhas para iniciar o processo de vacinação.

Sim, tem.

O que o Brasil não tem, exceto em São Paulo, vacinas para isso.

Todos os 350 milhões de vacinas anunciados por Pazuello são virtuais, à exceção dos já armazenados pelo Butantan, que correm sério risco de serem confiscados.

É a única forma da vacinação federal não começar numa semana e parar na seguinte, por falta de imunizantes.

Vem aí um espetáculo de arbítrio e espetacularização de uma vacinação completamente insuficiente e desorganizada.

O “Show do Agulhão”.

Quem vai dar a primeira espetada?

Por Ronaldo Souza

O pobre general Eduardo Pazuello, ministro da saúde do Brasil, falou à nação braileira em cadeia nacional no dia 06/05/2021.

Um desastre.

Não se poderia esperar outra coisa, tudo bem, concordo com você.

Como uma cópia do seu chefe, ainda que com nível de mediocridade ligeiramente menor, mas com a mesma arrogância, sem perceber o general ministro da saúde só fez mostrar, mais uma vez, toda a incompetência do atual governo e o seu absurdo descompromisso e desconexão com os fatos.

Não tem vacina, não tem seringas, não tem agulhas e o pobre general minstro da saúde diz que o Brasil vai fazer isso e aquilo e que irá… exportar vacina.

Não é mesmo sensacional?

Só um detalhezinho a mais.

O pobre general minstro da saúde não disse a data da vacinação.

Nem poderia dizer, por uma razão bem simples; ele não faz ideia de quando será.

A preocupação do presidente da república é única e exclusivamente impedir que Dória seja o primeiro a aplicar a vacina.

Por um lado, num processo de estupidificação absurda, ele dificulta tudo para que ocorra a vacinação. Por outro, está fazendo de tudo para impedir que Dória seja o primeiro a vacinar.

 

Esse absurdo desfile de incompetência, descompromisso e desconexão com os fatos é diário.

O presidente, ele próprio, faz isso (aí sim, com competência inigualável) e depois vai ali para o curralzinho na frente do palácio do planalto e complementa, com sua reconhecida capacidade intelectual/verbal.

Resultado!

Um país acéfalo.

Houve tempos em que o governo federal tinha uma postura diferente, uma postura de respeito ao seu país e ao seu povo.

A imagem acima é de 2008, quando Lula (PT) era Presidente da República e José Serra (PSDB) era governador de São Paulo. Apesar de oponentes políticos, ambos resolveram se unir para incentivar a vacinação contra a gripe.

São Paulo eleger alguém como Dória para governador de São Paulo é mais um desastre absurdo, mas é problema de São Paulo (a redundância é intencional). Ninguém mais tem culpa.

Quem elegeu Dória?

Os mesmos que elegeram Bolsonaro.

Os mesmos que elegeram Moro, como combatente da corrupção.

Alguém tem dúvida da inteligência-sensibilidade-capacidade desses eleitores?

Eles não conseguem perceber (são realmente incríveis) que ELES votaram em Bolsonaro e Dória porque, iguais, são o mesmo tipo de político. Fizeram campamha juntos.

Já esqueceram do “BolsoDória”, o casamento perfeito?

Casamento perfeito porque era um casamento perfeito!

Ou não era?

Agora divididos, cada banda podre dessa dobradinha (calma, calma, não falei rachadinha, falei dobradinha) foi para o seu lado e levou consigo a banda podre do eleitorado que lhe correspondia.

São esses homens… deixe-me corrigir, são esses governantes que comandam o país.

Comandam literalmente, diga-se de passagem, no caso do governo federal, sob o comando dos generais do exército brasileiro, já há algum tempo uma instituição em busca de um rumo.

A relação pais-filhos / filhos-pais será sempre permeada por sentimentos muito fortes, que atenuam ou fazem “desaparecer” os pecados e, ao contrário, maximizam eventuais virtudes.

No entanto, não nego a minha curiosidade em saber o que, de fato, pensam os filhos desses homens em relação aos seus pais.

Teje preso

Por Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado criminalista

“Uma mão fria aperta-me a garganta e não me deixa respirar a vida. Tudo morre em mim, mesmo o saber que posso sonhar! De nenhum modo físico eu estou bem. Todas as maciezas em que me reclino têm arestas para minha alma. Todos os olhares para onde olho estão tão escuros de lhes bater esta luz empobrecida do dia para se morrer sem dor.”
Fernando Pessoa, no Livro do Desassossego

O respeitado site de informação UOL traz hoje uma notícia que chamou muito a atenção: a Deputada britânica Margaret Ferrier foi presa na Escócia depois de admitir que viajou de trem – de Londres a Glasgow, na Escócia – sabendo que estava infectada com Covid-19. Tal ato irresponsável foi objeto de indignação na Inglaterra e na Escócia e a Deputada foi suspensa do Partido. É claro que foi levado em consideração, para esta medida extrema, o efeito deletério que causa a notícia no sentido de que, quem tem a responsabilidade de um cargo público, está agindo de maneira leviana, imprudente ao colocar em risco outras pessoas.

Imagine, para efeito somente de argumentação com liberdade ficcional, que em um determinado país, hipotético, o Presidente da República afrontasse diariamente todas as normas sanitárias da OMS, negasse a existência do vírus, a letalidade da doença e pregasse a necessidade de confrontar as mais comezinhas regras de cuidado para evitar a propagação da doença. Que este Presidente se negasse a usar máscara, mesmo quando infectado, que fizesse lives desdenhando da obrigatoriedade da máscara. Que pregasse que o uso da máscara diminui a oxigenação no sangue!

Para coroar o absurdo, já que a fantasia é livre, que o Presidente da República deste triste país fizesse pregação pública, usando os aposentos oficiais, de drogas que não têm comprovação científica, sabe-se lá com qual propósito. E mais. Que desdenhasse da dor de milhões de pessoas que perderam entes queridos e amigos afirmando que: “não sou coveiro”, “todo mundo morre um dia”, “esta doença é para maricas”, “eu sou atleta, se pegar será só uma gripezinha”….

Como se não bastasse, para sair do trágico e incursionarmos no mundo teratológico, das monstruosidades, se este Presidente entrasse numa politização do vírus e trabalhasse abertamente contra a vacina, usando não apenas o seu poder como Presidente mas a estrutura do Estado para inviabilizar a vacinação, inclusive se posicionando contra a vacina, criando notícias falsas no sentido de que a vacina pode transformar pessoas em animais, e pregando que a melhor vacina é se infectar, é pegar a Covid-19!

Em um país presidencialista, a força simbólica do cargo de Presidente é muito significativa. Imagine por absurdo, neste país ficcional, o desastre, a tragédia para os cidadãos ter um Presidente que cultua a morte, despreza a ciência, ridiculariza a dor e humilha as pessoas que tentam ser solidárias. E se este Presidente tivesse a ousadia de não ter um Ministro da Saúde técnico no meio desta grave pandemia e que, não satisfeito em insurgir-se contra a vacina, também não se preparasse para a vacinação, não se preocupando sequer em ter as necessárias seringas em estoque.

Claro que tudo é ficcional! Mas imagina o efeito se este irresponsável, este genocida, fosse preso em nome da ciência, em respeito à vida, em solidariedade a todos que sofreram  com os mais de 200 mil mortos, em homenagem aos agentes e aos trabalhadores da saúde que se expõem há meses numa luta desesperada pela cura dos infectados. Eu, como advogado criminal, jamais defendo a prisão, mas como é tudo uma ficção, eu me permito perguntar. Claro que não pode existir um país com um Presidente assim! Seria muita tragédia e ele já teria sofrido impeachment antes de ser preso. Como disse a grande Clarice Lispector:

“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

Soldadinhos de chumbo

Por Ronaldo Souza

Cometi um erro.

Um erro que incomoda e me deixa inquieto.

Tenho como atenuante o fato de que para evitá-lo precisaria ter um grande conhecimento além das fronteiras da minha atividade profissional.

Precisaria estudar muito sobre História, Antropologia, Sociologia…

Não haveria como e isso me traz algum conforto.

Esse conforto, entretanto, não significa paz de espírito.

Apesar de sabe-los normais, não gosto de me ver cometendo erros, muito menos os maiores.

Uma vez que o meu deficit de conhecimento é culpa minha, de mais ninguém, não posso usá-lo para me acomodar. Não posso aceitar a minha ignorância e nela me esconder.

Ainda que não se perceba, a ignorância é o pior esconderijo.

Ler, pensar, buscar compreender, procurar mentes parecidas, conhecer um pouco mais do que é capaz o ser humano, a consciência de tudo isso não me permite aceitar a zona de conforto.

Zona de conforto é acomodação.

Acomodação é sinônimo de aceitação.

Não aceito aceitar.

Caetano Veloso, jovem, disse que é proibido proibir!

Eu, ontem, hoje e amanhã, digo que é inaceitável aceitar!

Quando falei da imagem acima em um texto anterior, reportei-me a ela como algo medíocre e ridículo, como de fato é.

Os adolescentes dessa imagem talvez tenham um dia pensado em fazer parte de uma cavalaria partindo para enfrentar os índios malvados e bandidos, como nas nossas tardes de matinê.

Em seus sonhos, tinham à frente John Wayne, como o seu país, o xerife do mundo.

Aí está o meu pecado.

Essa e outras imagens significam algo bem mais profundo.

Não mais somente um desejo, mas o projeto em andamento.

Como sempre, fala mais alto nesses momentos o espírito de colonizados que muitos brasileiros possuem e nos últimos tempos já escancararam.

Em outros lugares, onde determinados projetos foram levados adiante (fontes de inspiração para o projeto tupiniquim, certamente), havia, em primeiro lugar, a originalidade, que poucas vezes se deixa superar pelas cópias, ainda mais quando grosseiras, como costumam ser.

Também havia um pouco mais de… talento, digamos assim.

Talvez só os historiadores e biógrafos de Mussolini possam confirmar, mas, possivelmente ele ainda guardava em si muito do adolescente.

De modo geral, o desenvolvimento da estrutura psicológica, consequentemente do comportamento, de alguns deles fica ali, na adolescência.

Ele tinha, por exemplo, o hábito de mandar dizer à população o local, dia e horário em que ia nadar. E muitas vezes o fazia com seu séquito. Em momentos assim, é fundamental passar a imagem de combatentes unidos por alguma causa. Ajuda muito a criar o imaginário da população.

Com um corpo invejável para sua idade, a exibição era necessária, afinal o ego precisa ser alimentado. Ao mesmo tempo, porém, sabia o que aquilo significava para a população.

A exibição era necessária, ainda mais para aquele segmento de homens e mulheres menos favorecidos de atributos intelectuais.

Entenda “intelectual” não como o homem/mulher culto, com grande conhecimento formal, mas como alguém com inteligência e conhecimento mínimos, que permitam o ato de pensar, refletir.

Com a alma colonizada, o brasileiro não se cansa de ser cópia.

Nesse sentido, o episódio em Praia Grande (SP) é pedagógico.

Cópias jamais serão originais!

A nossa cópia, entre outras coisas, nem de longe apresenta, por exemplo, a compleição física que se aproxime daquela de Mussolini.

Por mais que o sentimento de perda dos que não são mais seja “compensado” pela necessidade de dizer que já foram, um ‘ex’ não é mais!

Pior ainda, há até casos conhecidos de ‘ex’ que nunca foi.

Diante do espelho da vida, dizer-se um ex-atleta, por exemplo, pode representar o abismo da frustração mal resolvida de alguém que imagina ter sido um dia.

Ser o que o tempo não mais permite ser é uma necessidade dos que não se encontram.

Estão desajustados consigo mesmo.

O mundo sofre com as consequências disso. 

Aqui, nesse pobre quintal do mundo em que foi transformado o país, a incapacidade não permite ir além de imitar e se tornar mais uma vez cópia de péssimo gosto e qualidade.

Veja o que ocorreu na Praia Grande (SP), no dia 01 de janeiro de 2021.

O relato de alguém que presenciou a cena, com Ester Oliveira :

“Um número de homens foi chegando a orla, e entrando no mar, como a espera de algum acontecimento, do qual mais ninguém sabia. Após uns vinte minutos chega o falastrão, cheio de pompa, e dentre os seus ‘seguranças’, que foram os primeiros a descer da embarcação, começaram a puxar um coro sinistro, com palavras de baixo calão, para incendiar a turba. Após o teatro macabro, estes mesmos que haviam aparecido do nada, se dispersaram e a praia voltou ao normal”.

Alguns já foram identificados e tiveram inclusive os nomes expostos. Tem tenente com o primo, delegado e o segurança, pastor com os 2 filhos, dono de academia e 6 alunos…, todos de um determinado grupo de whatsapp, também já identificado.

O país se tornou uma farsa.

Definitivamente, não é recomendável desprezar Bolsonaro, mesmo com a sua reconhecida incapacidade para qualquer coisa, pois ele está sendo bem conduzido.

Por outro lado, o desencontro de cada um consigo mesmo fez surgir uma geração que carrega uma frustração que transpôs os limites do saudável.

Quando se veem em alguém, este é o eleito.

Custei um pouco a entender isso.

Bolsonaro, personalidade do ano em corrupção e crime organizado no mundo

Por Ronaldo Souza

“Jair Bolsonaro, President of Brazil, has been named the Organized Crime and Corruption Reporting Project (www.occrp.org/en) 2020 Person of the Year for his role in promoting organized crime and corruption”.

“Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, foi eleito a Personalidade do Ano 2020 do Projeto de Relatório sobre Crime Organizado e Corrupção (www.occrp.org/en) pelo seu papel em promover o crime organizado e corrupção”.

Começa assim o texto da matéria do Projeto de Relatório sobre Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, sigla em inglês), organização internacional que concedeu o prêmio a Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Segundo a organização internacional, não foi fácil a disputa, afinal ele competiu com gente como Donald Trump (presidente dos Estados Unidos) e Recep Erdogan (presidente da Turquia).

Mas Bolsonaro venceu.

O seu invejável currículo não deixou dúvidas quanto ao merecimento desse título tão importsnte que honra e dignifica a presidência da república do Brasil.

É a primeira vez na história que um presidente do Brasil consegue.

Sem dúvida, uma grande vitória.

Em 31/12, último dia do ano, o presidente do Brasil se dirigiu à nação brasileira.

Deveria ser dito assim, mas não foi isso que aconteceu.

Pela primeira vez assisti a uma live do presidente e confesso que nunca tinha visto tanta asneira ser dita numa fala de presidente.

Sei do que ele é capaz e por isso não deveria estar surpreso.

E não estou.

Ocorre que, não sei as outras, mas essa live teve 1 hora, 04 minutos e 26 segundos de duração. Portanto, é em função do tempo longo que afirmo que “nunca tinha ouvido tanta asneira dita numa fala…”.

Pude ver com mais clareza porque, depois de 27 anos como o mais medíocre dos deputados (tempo em que só teve 2 projetos na Câmara), ele conseguiu ser eleito presidente da república.

É que ele foi percebendo como devia se dirigir à manada que terminou elegendo-o presidente da república.

Ele percebeu e acentuou traços característicos de sua personalidade que não eram bem captados pelo homem, mas eram por outros animais.

Lembra dos famosos gritos de Tarzan que eram sinais entre os animais?

A live é patética. Quem quiser, é só procurar na internet e ver.

Inimigo da saúde pública, inimigo e destruidor da ciência, destruidor de sonhos e esperanças, um homem que fez da discórdia, do xingamento, da ofensa baixa, da agressão gratuita, do desrespeito acima de tudo e de todos uma razão de viver.

Já reconhecido como mentalmente doente, desde os seus tempos de exército, tornou-se um sabotador da alegria e felicidade.

Nada animador viver sob os desvarios de um animador de palco nas festas da morte.

Um mensageiro da morte.

Um genocida.

Perspectivas para o Ano Novo

Segundo o jornalista Kennedy Alencar, em 2021 “o coronavírus continuará a ser o principal inimigo sanitário e econômico do Brasil porque temos o pior político de nossa história. Bolsonaro continuará a agir como genocida”.

A miséria humana continuará reinando sobre as cinzas do país e seu povo.

Feliz Ano Novo!

O Bahia ontem e hoje

Por Ronaldo Souza,

Dentro de campo o Bahia sempre foi um gigante.

Um time aguerrido como poucos, valente, destemido, capaz de feitos “impossíveis”, como registra sua história.

Fora das quatro linhas, porém, era um clube que sempre deixou a desejar.

Por conta disso, nunca foi de fato um grande do futebol brasileiro.

Hoje, porém, a situação é completamente diferente.

Há coisas que precisam ficar bem claras e definidas e há nesse contexto uma verdade que precisa ser dita: o Bahia nunca tinha chegado ao patamar em que hoje está.

Há que se considerar, inclusive, que esse processo de mudança foi mais rápido e forte do que se poderia imaginar, ainda mais quando analisamos particularmente a situação em que gestões anteriores nefastas deixaram o clube há bem pouco tempo.

Situação que fez surgir o movimento que levou 50.000 torcedores às ruas de Salvador, algo jamais visto em qualquer outro clube do Brasil, que culminou com a implantação da democracia na sua vida, inédita no futebol brasileiro pela forma como aconteceu.

Uma grandiosa revolução: a revolução tricolor.

Revolução em que muitos tricolores importantes para o clube foram fundamentais. Ainda que sabendo da real possibilidade de parecer injusto com os demais, permito-me citar, até como representantes deles, nomes de pessoas como Fernando Schmidt e Fernando Jorge Carneiro.

Revoluções costumam se justificar quando seguem o natural caminho em busca da evolução.

Inquestionável nesse sentido, não podemos deixar de reconhecer e até salientar a administração Marcelo Sant’Ana, que tirou o clube da maior crise de sua história e criou as condições mais favoráveis para a administração que viria na sequência.

Marcelo Sant’Ana foi, sem dúvida, um grande presidente. 

Com a base criada por ele e sua diretoria, surgiu a administração Guilherme Bellintani, que fez o Bahia dar um grande salto de qualidade, razão pela qual aplaudo quase que de pé a atual gestão.

Política e futebol

Desde que me entendo, ouço dizer que não se deve misturar política com um bocado de coisas, uma delas, o futebol.

Como se fosse possível separar algo de que se depende para viver dos diversos contextos que fazem parte da vida.

Não há como negar os vários momentos em que essa “mistura”, política-futebol, foi utilizada com objetivos inconfessos, isso sim, o grande pecado, por demais conhecido pela sociedade brasileira.

Mas como seria possível promover o bem estar social de um povo que vive no “país do futebol” sem que se permita a esse povo viver e se identificar plena e intensamente com os seus clubes, com as alegrias e tritezas das vitórias e derrotas, componentes indispensáveis à vida?

Tendo em vista esse papel diante da sociedade, que outro clube conseguiu promover essa identificação entre time e torcedores como vem fazendo o Bahia nos últimos tempos?

Que outro clube conseguiu promover tantas ações de inclusão social, intensificadas de maneira admirável na gestão Bellintani, que ecoam mundo afora?

Diante de tanta coisa, por que então aplaudo essa gestão quase que de pé e não de pé?

O futebol

Porque é justamente no futebol que essa administração pode e precisa melhorar.

O momento que estamos atravessando é absolutamente inesperado e por isso totalmente surpreendente.

Entretanto, analisá-lo somente sob a ótica de contratações eventualmente mal feitas não seria inteligente da nossa parte. 

É o que vem fazendo, por exemplo, parte da imprensa local. Aliás, o que não constitui nenhuma surpresa, pela pouca qualidade que com frequência vejo em algumas de suas análises.

Ocorre que, com o poder do qual se investe, não é incomum que a imprensa, por razões diversas, crie dificuldades onde deveria esclarecer.

Num momento tão delicado, a torcida tricolor não pode se deixar influenciar por comentários que pretendem comparar e tornar igual a situação do Bahia com outro time qualquer, seja ele qual for.

A evolução do Bahia é flagrante, surpreendente e invejável. Não cabem comparações.

Na verdade, o momento se deve a diversos fatores, mas vamos observá-lo sob a ótica do erro das contratações.

Houve equívocos? Sem dúvidas. Mas talvez seja interessante lembrar em primeiro lugar que alguns desses “equívocos” foram endossados pela torcida.

Quando jogadores são anunciados/contratados, não é difícil perceber se a torcida aprova ou não, ainda mais em tempos de redes sociais. 

A contratação de Rodriguinho (Corinthians), Rossi (Vasco), Clayson (Corinthians), Daniel(zinho) (Fluminense), para ficar nesses mais recentes, foi festejada pelos torcedores e teve o aval da imprensa, que falava com entusiasmo do bom momento do Bahia pela capacidade de “tirar” esses jogadores dos seus times.

Excetuando Danielzinho, que tem mostrado comprometimento em justificar sua contratação e tem sido muito útil, o que fizeram os outros três, por sinal, mais consagrados que Danielzinho.

O que têm jogado Rossi (ídolo no Vasco) e Clayson (dividia a torcida do Corinthinas, mas longe de ser taxado de ruim)? Nada.

Por acaso a contratação de Rodriguinho pode ser taxada de ruim? Claro que não.

Ele foi ídolo no Corinthians!

Mas já digo há algum tempo que com a bola que ele vem jogando desde que chegou, o Bahia nâo vai a lugar nenhum. Discordo, portanto, de quem acha que ele chegou jogando um futebol que justificava a sua contratação.

Parece então sensato afirmar-se que houve erro da diretoria nessas contratações?

Não acredito.

Seja pela razão que for, o fato é que eles estão jogando muito pouco ou nada e isso complica todo o planejamento do time, além de permitir ao torcedor abrir um leque de deduções.

  • São jogadores que não se respeitam?
  • Não estariam comprometidos?
  • Não estariam respeitando o clube e sua torcida?

Alguém pode afirmar que sim ou não?

Independentemente dessas questões, o que preocupa muito nesse momento é a possibilidade de que o presidente e sua diretoria não tenham conseguido dimensionar a real gravidade desse momento.

Parece haver equívocos também aqui, talvez decorrentes da ausência de um olhar mais cuidadoso sobre as coisas do futebol.

O olhar de quem entenda mais de futebol, de como ele é jogado, do que ocorre nos vestiários, de como lidar com os jogadores, coisas desse tipo.

Quem “chega” nos jogadores?

Por que o time entra em campo mudo e sai calado?

Há quem saiba chegar nos líderes (parece não existir isso nesse time) e “sugerir” uma conversa fechada do grupo, para o famoso lavar a roupa suja?

Não há a nítida impressão de que estão soltos, sem rumo?

Em uma de suas recentes entrevistas, para explicar a efetivação de Dado Cavalcanti como treinador do time, o presidente Bellintani argumentou com as recentes contratações de técnicos de ponta como Roger Machado e Mano Menezes.

Como não deram certo, e não deram mesmo, quem poderia assegurar que a essa altura o mais acertado seria contratar um novo treinador, também renomado? Sem dúvida, um argumento no mínimo razoável.

Assume então Dado Cavalcanti.

“Se nós fizermos as mesmas coisas, nós vamos colher os mesmos resultados!”

Essa foi uma das frases ditas por Dado Cavalcanti na coletiva em que foi apresentado ao elenco e torcedores. Não é difícil concordar com ela.

Mas o anúncio de mudanças sempre tem algo de preocupante, principalmente pela forma como é feito.

E Dado Cavalcanti levou a sério o que disse.

Foi absolutamente esquisito e, para mim, incompreensível e inexplicável quando o time começou a jogar com Ramirez, o jogador mais talentoso e criativo do elenco nesse momento, como uma espécie de segundo volante e Gregore no setor de criação/definição de jogadas. Essa mudança parece dispensar considerações, de tão equivocada. O argumento utilizado na coletiva pós-jogo para explicar essa tomada de decisão não faz sentido.

Isso ficou mais claro na sequência da mesma entrevista, quando ele disse: “O Ramírez contribui muito ofensivamente, é um cara extremamente lúcido, está bem confiante. Acaba sendo o cara da última bola, como também é o cara que oferece aos nossos companheiros uma condição de gol.”

Quanto mais distante do gol, menos Ramirez terá oportunidade de desempenhar esses papéis.

A maior prova do equívoco do grotesco experimento feito por Dado Cavalcanti foi o que Ramirez fez no jogo contra o Flamengo, ao ponto de desestabilizar alguns jogadores adversários, como ficou patente na reação deles após a virada do Bahia, e contra o próprio Internacional no segundo tempo, quando ele jogou com mais liberdade.

O pior de tudo é que Dado disse na coletiva que gostou do ensaio! Fará outra vez?

Presidente, não parece provável que Dado Cavalcanti seja a alternativa mais adequada e talvez estejamos cometendo outro grande equívoco.

No entanto, se vamos com ele, nessas horas, é possível que alguém mais ligado nas coisas do futebol enxergue um pouco melhor e também saiba mais o que fazer.

Nessas horas, alguém tem que “encostar” com jeitinho no treinador, conversar com ele, essas coisas.

Não é prudente deixá-lo totalmente solto, não é hora de experiências desse tipo.

Mudar por mudar para colher resultados diferentes não constitui acerto.

Apesar de fora de moda, o futebol também pede bom senso.

Só um comentário final.

Se o Vasco confirmar a contratação de Zé Ricardo como treinador, deverá sair da zona de rebaixamento.

E aí tremo só de imaginar quem vai entrar.