Um dia com a Endodontia

Local

Sede da ABO-BA: Rua Altino Serbeto de Barros, 138, Pituba – Salvador, Bahia

Investimento

Profissional:                R$ 100,00

Aluno de graduação: R$ 50,00

Programa

15/03 – Manhã

Figueiredo

Prof. José Antônio P. de Figueiredo

08:00 – 08:30 – Chegada/acomodação dos participantes e abertura

08:30 – 10:00 – Desinfecção do sistema de canais radiculares e do sistema de túbulos dentinários –Técnicas alternativas ao hipoclorito de sódio

10:00 – 10:30 – Parada para o café

10:30 – 12:30 – Desinfecção do sistema de canais radiculares e do sistema de túbulos dentinários – Técnicas alternativas ao hipoclorito de sódio 

15/03 – Tarde

 Estrela

Prof. Carlos Estrela

14:00 – 16:00 – Caracterização do tratamento endodôntico bem-sucedido

16:00 – 16:30 – Parada para o café

16:30 – 18:00 – Caracterização do tratamento endodôntico bem-sucedido

18:00 – Inauguração do Laboratório de Microscopia da ABO Bahia, com um brinde para fechar a nossa programação

Evolução

Geanequini'

Por Ronaldo Souza

Médico é Deus.

Onisciente, onipresente, onipotente.

Deus, portanto, o dentista não poderia ser.

O cargo estava ocupado, já tinha dono.

Filho de Deus!

Pronto.

Tá louco!

Filho daquele cara!!!

Nem pensar.

Tinha que haver outro cargo, ou deveria ser criado um, qualquer coisa.

E aí o dentista criou uma missão de grande importância:

Corrigir a Natureza

Outra forma de ser Deus.

Como você sabe, a Natureza é cheia de falhas, bastante imperfeita.

Alguém pode me explicar, por exemplo, porque a Natureza fez dentes amarelados?

Sorriso 1

Olha que coisa horrorosa!

Inaceitável!

Mas, doutor, a dentina é amarelada e o esmalte é fino, translúcido. Ele, esmalte, só faz “refletir” a cor da dentina.

É uma coisa natural.

Então faça o seguinte; vá lá e convença ao dentista!

Pago pra ver.

Do alto do seu poder e sensibilidade, o que pensou o dentista?

Vou pintar o dente de branco.

Torno branco o que não é branco.

Não é uma ideia sensacional!

Sorriso 2

O branco imaculado, divino.

O sorriso dos deuses.

O dentista cumpria mais uma vez o seu destino; corrigir os erros da Natureza.

Sorriso completo

Acho até que começou com os artistas Globais.

Aquele desfile de gente bonita, padrão FIFA (ou padrão Globo, dá no mesmo), todo mundo com dentes brancos, tudo igual.

E aí meu amigo, ninguém segura. Vai todo mundo querer ficar igual.

Ao mundo não interessa diversidade.

Bem montadinha a indústria, começaram a produzir dentes brancos em série.

O seleto clube dos endodontistas

Esses dispensam comentários.

Os caras são feras.

Ninja.

Tudo ninja.

Num mundo em que a estética é quem manda (obedece quem quer), já lançaram até “curso de especialização em endodontia estética – a nova endodontia”.

Endodontia Estética'

Maravilha.

Nesse mundo à parte, a biologia, fisiologia tecidual, histologia…, essas coisas sem importância, mostram (tentam mostrar) quão agressivo é o extravasamento de material obturador para os tecidos periapicais e o quanto essa “técnica” interfere na cura da patologia.

Você pensa que os caras ligam pra isso?

Os canalistas já mostraram que tudo isso é bobagem.

Surplus'''

Jogam quilos de material obturador nos tecidos periapicais e nada acontece, não morre nenhum paciente. Eu pelo menos nunca vi nenhum morto no Instagram.

Nem dor eles sentem, e posso garantir que também nunca vi nenhum gemendo por lá.

Agora veja se não faz sentido?

Fica aquele osso periapical todo lá, enorme, paradão, sem fazer nada.

Por que vocês acham que os macrófagos vão querer ir lá se não tem nada pra fazer?

Agora, jogue uns três quilos de material obturador (não precisa mais do que isso, não precisa exagerar), jogue um iodoformiozinho amigo…

Macrófagos

Chove macrófago nos tecidos periapicais.

Ficam todos assanhados, doidinhos.

Só vai assim.

E não adianta se não fizer isso. Esses macrófagos de última geração são cheios de exigências, se você não jogar uma coisinha lá nos tecidos periapicais eles nem aparecem.

Não vão nem a pau.

Os endodontistas sabem disso como ninguém.

Os caras são bons.

Nesses eu acredito.

Tudo ninja.

Um dia com a Endodontia

Figueiredo e Estrela'

Olá pessoal,

Aqui está mais uma boa notícia do Departamento de Endodontia da ABO Bahia para esse início de 2019.

Aproveitando a vinda dos professores Estrela e Figueiredo para os Cursos de Especialização e Atualização, teremos um momento à parte para que eles tenham um encontro com os endodontistas da Bahia.

Vamos promover Um dia com a Endodontia.

Serão dois cursos para os profissionais e alunos da Bahia que gostam de Endodontia.

Um de 04 horas com o professor Figueiredo na manhã de sexta-feira e outro à tarde com o professor Estrela, com a mesma carga horária.

Anote na sua agenda.

Dia 15/03 – sexta-feira

Tema do Prof. José Antônio P. de Figueiredo – Desinfecção do sistema de canais radiculares e do sistema de túbulos dentinários – Técnicas alternativas ao hipoclorito de sódio

Tema do Prof. Carlos Estrela – Caracterização do tratamento endodôntico bem sucedido

Depois, uma cervejinha.

Desde 1987

Influence of foraminal enlargement on the healing of periapical lesions in rat molars'

Por Ronaldo Souza

Esse é o artigo da dissertação de Paula Maciel Brandão, minha orientanda no Mestrado do Curso de Odontologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).

Foi publicado em novembro de 2018 no Clinical Oral Investigations, porém, somente agora tive condições de sentar e escrever para falar um pouco sobre ele.

É o primeiro de alguns que estamos fazendo na mesma linha de pesquisa, em ratos. Outra orientanda já defendeu e o artigo está em fase de redação.

Ambos foram realizados no laboratório da PUC-RS, em Porto Alegre, com o professor José Antonio P. de Figueiredo e sua equipe.

Aproveito para agradecer à PUC-RS e ao professor Figueiredo e sua equipe por tudo, desde a gentileza com que fui tratado todas as vezes em que estive lá, como pelo uso do laboratório onde pudemos fazer trabalhos com a qualidade que as imagens abaixo podem comprovar.

Influence of foraminal enlargement on the healing of periapical lesions in rat molars''

Não bastasse isso, tive a honra de participar de discussões científicas com a Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) através de seminários.

O experimento do terceiro orientando será iniciado neste mês de fevereiro, mas, de agora por diante no laboratório da UFRGS.

Já como Professor Titular, Figueiredo passa a se dedicar exclusivamente a aquela bela Universidade.

É um tema que comecei a estudar em maio de 1987 e vinha publicando alguns artigos realizados com microscopia eletrônica de varredura com outro grande amigo e referência importante para mim, o professor Pécora. Na sequência, também com o Prof. Figueiredo.

Agora, nesse novo momento, estamos realizando esses estudos com acompanhamento histopatológico.

Achei que devia trazer essa informação para vocês.

Se desejar ler, clique aqui Influence of foraminal enlargement on the healing of periapical lesions in rat molars

Professores Estrela e Figueiredo farão aula de abertura dos cursos de Endodontia da ABO Bahia

Estrela e Figueiredo (2)

Olá pessoal,

No nosso último contato falei que os Cursos de Atualização e Especialização em Endodontia da ABO Bahia têm 22 e 19 anos de existência respectivamente.

Disse também que pela primeira vez as duas turmas terminaram no mesmo mês, dezembro de 2018.

Para o início das duas novas turmas agora em março de 2019, teremos uma grande novidade.

Elas começarão juntas e a aula de abertura será com os professores Estrela e Figueiredo.

  Estrela e Figueiredo

Isso mesmo, os professores Carlos Estrela e José Antonio P. de Figueiredo, autores do livro – Endodontia, Princípios Biológicos e Mecânicos – farão a aula de abertura para as turmas de Especialização e Atualização.

Que tal, gostou?

Venha.

Fale com George e se inscreva. As inscrições para as novas turmas de 2019 já estão abertas.

George (EAP – ABO)
eap@abo-ba.org.br
Telefones: (71) 2203-4078 —— (71) 98116-3493

Ou pelo site da ABO Bahia.
www.abo-ba.org.br

Seja bem-vindo.

Cursos de Endodontia em 2019

Logo da ABO-BA

Olá pessoal,

O primeiro Curso de Atualização em Endodontia da ABO Bahia ocorreu em 1996, ainda na sede antiga. primeiro Curso de Especialização foi em 2000, aí já na nova sede, inaugurada em 1997.

Já se vão 22 anos.

Desde então, pela primeira vez as duas turmas (Especialização e Atualização) terminaram no mesmo mês. Isso ocorreu agora em dezembro de 2018.

Nesses anos todos nunca paramos. Terminávamos uma turma em determinado mês e logo no mês seguinte estávamos começando a seguinte.

Dessa vez, não.

Resolvemos dar uma parada, que teve dois objetivos; descansar um pouco, afinal foram 22 anos ininterruptos e, sobretudo, implementar algumas mudanças nos dois cursos.

Na verdade, modificações pontuais vinham sendo feitas ao longo desse tempo.

A primeira turma da Especialização em 2000, por exemplo, já começou com instrumentação mecanizada (instrumentação rotatória, como é mais conhecida), que foi cada vez mais ganhando espaço nos cursos.

De tal maneira que em 2007 já tínhamos um motor para cada box, oferecido pelo curso ao aluno sem nenhum custo para ele. Nesse espaço de tempo já disponibilizávamos também localizadores foraminais e ultrassom.

Instrumentação mecanizada rotacional e reciprocante e tudo mais, continuaremos tendo isso, claro, mas agora será um pouco diferente.

A partir de agora vamos começar a divulgar mais as nossas propostas, objetivos, ferramentas utilizadas…, para que você esteja bem informado sobre os nossos cursos.

A construção do Laboratório de Microscopia da ABO Bahia (já em andamento) se insere nessa nova perspectiva e em breve estaremos conversando mais sobre este e outros temas.

É também nesse novo panorama que quero lhes apresentar o mais novo membro da nossa equipe.

Carlos'

Este é o Prof. Dr. Carlos Vieira Andrade Junior.

Professor Adjunto do curso de Odontologia da UESB
Especialista em Endodontia (ABO-BA)
Mestre em Clínica Odontológica, Área de Concentração em Endodontia (FOP-UNICAMP)
Doutor em Odontologia pela UNESA- RJ

Com mestrado na FOP-UNICAMP, sem dúvida uma bela escola, ele fez o doutorado no Rio de Janeiro com o Prof. Siqueira, um dos grandes nomes da nossa Endodontia.

Entretanto, apesar de rico o currículo do Prof. Carlos diz pouco dele.

Ele é daquelas poucas pessoas que a despeito do conhecimento adquirido consegue manter a simplicidade, um caminho que costuma moldar o professor de verdade.

Conhecendo-o, você entenderá melhor do que falo.

Venha.

Seja bem-vindo.

O que fazer com o coto pulpar? Final

Dúvida''

Por Ronaldo Souza

Estivemos conversando sobre esse assunto nas três primeiras partes desse texto (aqui, aqui e aqui)

Como finalmente responder a essa pergunta?

A primeira coisa a ser feita é reforçar que não existe preparo de canal atraumático. Como qualquer outro ato cirúrgico, o preparo do canal gera trauma aos tecidos, no caso em particular, ao coto “pulpar”.

Uma coisa é preparo do canal sem dor pós-operatória, outra, completamente diferente, é preparo do canal sem trauma.

Isso não existe.

Sendo assim, qual será a resposta ao trauma do preparo do canal?

Poderemos ter basicamente três situações.

  1. Ausência de dor
  2. Dor provocada
  3. Dor “espontânea”

Ausência de dor

Diante de um preparo bem conduzido, não deverá haver dor pós-operatória.

Perceba que não estou dizendo que não haverá reação inflamatória e sim que não haverá dor.

No preparo de canal bem conduzido, com pouco potencial agressivo, haverá resposta inflamatória de pequena intensidade.

Assim também deverá ser o edema inflamatório consequente ao preparo.

Nessas condições, com pouco volume, o edema terá menor ou nenhum potencial de compressão tecidual e células sensitivas. Acomoda-se nos espaços medulares dos tecidos periapicais e o paciente se apresenta assintomático.

Dor provocada

A ação mecânica menos cuidadosa da instrumentação, ação física negligente durante a irrigação e o uso de soluções irrigadoras quimicamente mais agressivas configuram um preparo de canal com maior potencial de agressão aos tecidos tratados.

Em situações assim o edema tenderá a se apresentar com maior volume.

A depender disso ele ainda poderá “se acomodar” nos tecidos periapicais e não gerar dor pós-operatória. Nesses casos o paciente deverá permanecer assintomático, a não ser quando houver “provocações adicionais”, como mastigação, toques do dente antagonista…

Em outras palavras, diante dos impactos sofridos pelo dente ao exercer as suas funções ou outros estímulos, o edema sofre compressão e por sua vez comprime tecido e células sensitivas. O resultado é a dor.

São as dores provocadas.

Dor “espontânea”

Existem dois fatores geradores de dor; os externos e os internos.

Vamos lá.

Quando você faz o teste de sensibilidade pulpar ao frio, o surgimento da dor se dá pela aplicação do frio, um estímulo externo.

Quando o estímulo é removido, cessa a dor.

No entanto, quando o paciente se apresenta com alterações vasculares mais avançadas ou, pior ainda, já com sintomas bem definidos de pulpite, diante da remoção do estímulo a dor não desaparece. Ela se mantém “espontaneamente” (não está sendo provocada) graças a fatores internos.

É o que ocorre quando o paciente se queixa de dor “espontânea” ao deitar ou quando faz atividade física mais intensa. Diante do maior aporte sanguíneo em situações em que o fluxo sanguíneo está alterado, a pressão pulpar se acentua e se manifesta através da dor.

Para o paciente, é espontânea porque, de fato, ele nada fez que a justifique, tendo em vista que deitar e fazer atividade física são coisas comuns na sua vida. 

Assim, quando o preparo do canal é malconduzido, com instrumentação muito traumática, irrigação feita com ação física intempestiva, de forma descuidada, com soluções irrigadoras de potencial químico agressivo, a reação inflamatória também deverá ser mais intensa.

Nessas condições o edema tenderá a ser bem maior.

Sem espaço para se acomodar nos tecidos periapicais, ele não precisa ser “provocado” para gerar dor. Pelo seu maior volume, todo o tempo estará fazendo compressão e daí virá a dor, definida como espontânea.

Há acontecimentos muito interessantes durante todo esse processo que mostram a beleza e importância da reação inflamatória, cuja discussão em detalhes não cabe aqui por não ser o objetivo deste texto.

Intencionalmente, deixei de lado e o faço também agora alguns aspectos da reação inflamatória, como por exemplo a liberação de citocinas.

Se falo em “deixar de lado” aspectos tão importantes como a participação de citocinas na reação inflamatória é tão somente por pretender, através de abordagem bem clínica, tornar mais didática a compreensão do que acontece com os tecidos periapicais após o preparo do canal.

Entretanto, é necessário entender que, seja qual for a situação (ausência de dor, dor provocada ou dor “espontânea”), haverá sempre uma reação inflamatória.

Neste momento torna-se fundamental a compreensão de que morte celular e necrose tecidual são inerentes à reação inflamatória pós ato operatório.

Assim, é de grande relevância a compreensão de que na maioria das vezes após o preparo do canal o coto pulpar deve entrar em necrose, parcial ou total.

Catanzaro Guimarães

Ora, se na maioria das vezes ocorre necrose do coto pulpar, na maioria das vezes os canais com polpa viva que tratamos ao longo de todos esses anos teriam se tornado insucessos. A literatura afirmou isso em vários momentos.

Coto pulpar M Leonardo'

E não parece ser esse o relato dos endodontistas.

“Com relação ao chamado coto pulpar, em condições normais…”

Coto pulpar M Leonardo

Se morte celular e necrose tecidual são inerentes à reação inflamatória pós ato operatório e “na maioria dos casos o processo necrótico envolve todo o coto pulpar”, como diz Catanzaro Guimarães, elas, morte celular e necrose tecidual, parecem estar inseridas nas condições normais.

E aqui está a confirmação do que acabo de dizer; “…os fibroblastos jovens e outras células da região se mobilizam em direção ao coágulo e iniciam a deposição de um novo tecido, o chamado tecido de granulação”.

Dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Se um novo tecido, o chamado tecido de granulação, está sendo depositado é porque o que estava lá, o coto pulpar, não está sendo preservado.

Se ele não é preservado, não parece correto afirmar que “a reparação não se produz quando não se preserva a vitalidade do coto pulpar”.

Não lhe parece óbvio?

As contradições da literatura sempre existiram e sempre exigiram maior cautela por parte de quem a produz e sobretudo na sua interpretação, aspectos que parecem não ter merecido a devida atenção.

Por essa razão, há de se repensar algumas recomendações que têm sido feitas nos últimos tempos.

Ampliação foraminal

Uma vez que o coto pulpar vai entrar em processo de necrose, o que levaria ao insucesso do tratamento, ele deve ser removido.

Esta era a concepção que reinava; coto pulpar necrosado era sinônimo de caso perdido.

Imaginou-se inicialmente que, removendo-o, a ampliação foraminal seria necessária para que houvesse espaço físico suficiente para a invaginação tecidual e a consequente formação de um novo coto “pulpar”.

À luz do momento em que está ocorrendo o desenvolvimento radicular, é fato que o espaço físico apical apresenta grande diâmetro (rizogênese incompleta).

Por conta desses aspectos, surgiu a nova onda.

Passou-se à disseminação ampla, total e irrestrita da necessidade de se fazer ampliação foraminal. Ao mesmo tempo em que se removia o coto pulpar, criava-se o espaço necessário para a invaginação tecidual e consequente formação do novo coto.

As ondas são perversas, não têm compromisso e são bem coordenadas.

Massifica-se um determinado conceito, cria-se uma enorme corrente que a tudo e a todos arrasta, de maneira que, mesmo quem discorda ou não concorda inteiramente, fica acuado, entra e passa a fazer parte dela.

Uma vez nela, não é permitido pensar.

Ainda que a linha de raciocínio da necessidade de maior diâmetro apical para a invaginação tecidual e formação do novo coto pareça lógica, é possível que um olhar mais cuidadoso não apresente convergência com esse modo de pensar.

Como de fato aconteceu. Não se confirmou a relação de causa e efeito que se pretendeu dar ao procedimento.

Questionamentos básicos precisam de uma explicação e aqui vão pelo menos alguns deles.

  1. Qual lima ou quantas limas seriam necessárias para se remover o coto pulpar?
  2. Quantas análises, estudos de relação das limas com os forames, foram feitos para investigar isso?
  3. Nessas condições, em quantos casos os cotos foram de fato removidos ou simplesmente lacerados?

Não, não houve esse tipo de preocupação.

A regra era e é fazer ampliação foraminal.

Porque e como, não importa.

Finalmente, faz ou não a ampliação foraminal?

Não.

Ela é inteiramente desnecessária.

Sobre isso já falei anteriormente, particularmente na parte 2 desse texto (veja aqui).

Repito.

Ampliação foraminal nos casos de polpa viva não traz nenhum benefício ao tratamento.

Nenhum.

A História de um trabalho. Além do final

Relationship between the apical limit of root canal filling and repair

Por Ronaldo Souza

“São 20 casos clínicos, dos quais 10 são apresentados no artigo.
Como falei, são todos do meu consultório, realizados entre 1987 e 1996 (10 anos), com tempo de acompanhamento de até 21 anos e com tomografia de alguns deles. O último acompanhamento foi feito em 2008.
Quando vi o material que tinha nas mãos (aí já era professor), resolvi que um dia sentaria para escrever sobre ele.
Sem pressa, como também já falei, só comecei a escrever entre 2010-2011 e se desenrolou então toda essa “história” que contei aqui.
Por tudo que relatei, no final do ano passado resolvi voltar a “pensar” na publicação.
Dei a ela um novo rumo e aí escolhi o Endodontic Practice, uma revista inglesa bem clínica.
Achei que devia contar a você.
Em virtude do que tenho visto ultimamente, essa conversa certamente não morre aqui”.

Assim terminei o texto de A história de um trabalho. Final.

Uma vez que falei que o artigo foi publicado num periódico inglês que não é on line, só impresso, ficaria muito difícil para a maioria conseguir lê-lo, particularmente os brasileiros.

Argumentei isso com Dr. Julian English, editor do Endodontic Practice, (até janeiro deste ano era Julian Weber) e ele, aceitando a ponderação, me autorizou a postar o PDF aqui no site.

A partir de hoje, portanto, o artigo “Relationship between the apical limit of root canal filling and repair”, publicado em maio de 2018, está à sua disposição. Para ler e baixar, clique aqui em Publicações.

Permita-me acrescentar um detalhe.

Pelas suas características, entre as quais o fato de ir no sentido contrário de toda a literatura endodôntica, até onde eu sei nenhum outro artigo igual a esse foi publicado em qualquer parte do mundo.

Daí a necessidade de chamar a sua atenção para o fato de que se você ainda não leu as outras partes que compõem essa “história”, leia a 1ª parte aquisegunda aqui e terceira aqui.

Faço isso em nome da melhor compreensão de todo o processo.

Endodontia e o Laboratório de Microscopia

ABO

Departamento de Endodontia

Por Ronaldo Souza

Já tive oportunidade de falar aqui sobre as mudanças que vêm sendo implementadas na atual gestão da ABO Bahia.

Não são poucas, algumas das quais claramente perceptíveis.

Não há, porém, como não destacar a mais recente.

Era um desejo antigo e estivemos perto de concretiza-lo há algum tempo, porém não foi possível com a empresa com a qual conversávamos.

Agora, entretanto, o Departamento de Endodontia da ABO-BA tem a alegria de comunicar a criação de um Laboratório de Microscopia, cuja construção será iniciada no começo de 2019.

Os microscópios já foram adquiridos.

Nesse momento inicial, serão 6 microscópios de bancada e um clínico.

Os microscópios de bancada servirão para o treinamento contínuo do aluno.

Estarão lá à disposição dele em cada módulo, para que o seu treinamento seja o mais completo possível.

Em outras palavras, um aprendizado consistente, pois o aluno terá tempo suficiente para, além de “conhecer”, aprender de fato a usar o microscópio.

Na sequência, ele fará uso do microscópio clínico em paciente.

Em breve teremos notícias com mais detalhes, mas, desde já ficam os cumprimentos e agradecimentos à Dra. Maria Angélica Behrens (presidente), Maria Rita Sancho Rios Xavier, Maria Amélia Ferreira Drummond e toda a diretoria por essa realização da ABO-BA.

Abraços

A Endodontia e o CIOBA

CIOBA 2018

Por Ronaldo Souza

Em novembro de 2016 escrevi e postei A ABO Bahia está de parabéns, no qual me reportei à feliz condução do CIOBA daquele ano.

Tendo havido um desabamento de parte da estrutura do Centro de Convenções da Bahia um mês antes do congresso, Dra Maria Angélica Behrens (presidente da ABO) e sua diretoria foram heroicos.

No curto espaço de tempo de um mês “construíram” um novo CIOBA, realizado na Fonte Nova.

Sobre essa questão, encerrei o meu texto assim:

É nítido que a ABO-BA respira novos ares e dá sinais de viver um novo momento.

Mesmo desvinculado por razões pessoais de participação no CIOBA desde a sua última versão em 2014, por estar no dia-a-dia da ABO através dos nossos cursos de Especialização e Atualização pude ver o “sufoco” que foi a vida de Dra. Angélica e de alguns membros de sua equipe durante o mês que antecedeu o Congresso.

Posso dizer, portanto, que qualquer crítica nesse sentido não tem pertinência.

A ABO Bahia está de parabéns.

E então abordei outro tema, dessa forma:

Entretanto, se, diante do que foi exposto, essas eventuais críticas devem ser desconsideradas, outras talvez não.

Durante os encontros pelas “ruas” do Congresso, alguns colegas (posso assegurar que não foram poucos) conversaram comigo e houve uma crítica de todos eles, alguns de forma tímida outros mais veementes, sobre o apelo comercial em algumas palestras.

Disseram que o nome do instrumento, do sistema, do material, o que fosse, aparecia com frequência inaceitável.

Alguns comentaram que já tinham percebido isso antes, mas a surpresa é que mais recentemente tem sido exagerado e que o envolvimento de alguns ministradores estaria ficando muito evidente.

Se pudesse fazer uma síntese do que ouvi, seria esta: não se falou ou pouco se falou do tratamento em si, mas sim do instrumento para fazê-lo.

Parece que as plateias estão percebendo algo estranho, algo que não seria de agora e muito menos estaria acontecendo somente no CIOBA.

E no estranhamento desses colegas parecia haver um pedido implícito.

Não deixem que isso aconteça também com o CIOBA.

Falei aí em cima que “mesmo desvinculado por razões pessoais de participação no CIOBA desde a sua última versão em 2014…

De fato, afastei-me da elaboração e organização da parte científica da Endodontia nos congressos de 2014 e 2016.

Assisti a todos os cursos dos professores convidados nos dois congressos, mas sem qualquer participação na sua elaboração.

Em conversas com a Dra. Maria Angélica Behrens, sempre atenta às coisas, ela não tardou a perceber; “alguma coisa está fora da ordem”, como diz Caetano Veloso em uma de suas músicas.

Os cursos do CIOBA voltariam, como voltaram, às mãos dos coordenadores dos departamentos da ABO.

Corrigiram-se os rumos de algo que não tinha sido bem traçado.

Tive o prazer de trabalhar com a Profa. Eneida Araújo na elaboração e organização do módulo Endodontia. Sua reconhecida simplicidade torna bem mais fácil a relação profissional. A sua também reconhecida humildade torna agradável o convívio.

Ficamos todos felizes diante dos elogios ao módulo Endodontia, particularmente o debate final, que, por questões de disponibilidade de horário, não estava previsto na programação oficial, mas pelo qual “briguei” até a quinta-feira (25/10), véspera do módulo.

Assim, em meu nome e no de Eneida, ficam aqui os parabéns pela qualidade das aulas e do debate e os agradecimentos aos professores Alexandre Capelli, Antônio Batista, Eudes Gondim Jr. e Rodrigo Vivan.

Afinal, foram eles que deram brilho a aquele momento e o fizeram “bombar”, segundo as palavras de Dr. Luciano Castelucci, vice-presidente do congresso.

Todos os parabéns a Maria Angélica Behrens, Luciano Castelucci, Paulo Feitosa, Cláudia Albernaz, Maria Rita Sanches e a todos os membros das comissões que organizaram o CIOBA e aos funcionários da ABO Bahia.

Vocês fizeram um belo congresso.