A mulher mais poderosa do mundo

Artigo do jornal inglês ”The Independent”

por Hugh O’Shaughnessy,
Tradução: Katarina Peixoto
Veja aqui o original
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O Brasil deverá eleger uma líder extraordinária no próximo fim de semana.

A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.

Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff irá se tornar mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.

Sua ampla vitória prevista para a próxima eleição presidencial será comemorada com encantamento por milhões. Marca a demolição final do “estado de segurança nacional”, um arranjo que os governos conservadores, nos EUA e na Europa uma vez tomaram como seu melhor artifício para limitar a democracia e a reforma. Ele sustenta um status quo corrompido que mantém a imensa maioria na pobreza na América Latina, enquanto favorece seus amigos ricos.

A senhora Rousseff, a filha de um imigrante búlgaro no Brasil e de sua esposa, professora primária, foi beneficiada por ser, de fato, a primeira ministra do imensamente popular Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ex-líder sindical. Mas com uma história de determinação e sucesso (que inclui ter se curado de um câncer linfático), essa companheira, mãe e avó será mulher por si mesma. As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% – sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Há pouca dúvida de que ela estará instalada no Palácio Presidencial Alvorada de Brasília, em janeiro.

Assim como o Presidente Jose Mujica do Uruguai, vizinho do Brasil, a senhora Rousseff não se constrange com um passado numa guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e um tempo na cadeia como prisioneira política.

Quando menina, na provinciana cidade de Belo Horizonte, ela diz que sonhava respectivamente em se tornar bailarina, bombeira e uma artista de trapézio. As freiras de sua escola levavam suas turmas para as áreas pobres para mostrá-las a grande desigualdade entre a minoria de classe média e a vasta maioria de pobres. Ela lembra que quando um menino pobre de olhos tristes chegou à porta da casa de sua família ela rasgou uma nota de dinheiro pela metade e dividiu com ele, sem saber que metade de uma nota não tinha valor.

Seu pai, Pedro, morreu quando ela tinha 14 anos, mas a essas alturas ele já tinha apresentado a Dilma os romances de Zola e Dostoiévski. Depois disso, ela e seus irmãos tiveram de batalhar duro com sua mãe para alcançar seus objetivos. Aos 16 anos ela estava na POLOP (Política Operária), um grupo organizado por fora do tradicional Partido Comunista Brasileiro que buscava trazer o socialismo para quem pouco sabia a seu respeito.

Os generais tomaram o poder em 1964 e instauraram um reino de terror para defender o que chamaram “segurança nacional”. Ela se juntou aos grupos radicais secretos que não viam nada de errado em pegar em armas para combater um regime militar ilegítimo. Além de agradarem aos ricos e esmagar sindicatos e classes baixas, os generais censuraram a imprensa, proibindo editores de deixarem espaços vazios nos jornais para mostrar onde as notícias tinham sido suprimidas.

A senhora Rousseff terminou na clandestina VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Nos anos 60 e 70, os membros dessas organizações sequestravam diplomatas estrangeiros para resgatar prisioneiros: um embaixador dos EUA foi trocado por uma dúzia de prisioneiros políticos; um embaixador alemão foi trocado por 40 militantes; um representante suíço, trocado por 70. Eles também balearam torturadores especialistas estrangeiros enviados para treinar os esquadrões da morte dos generais. Embora diga que nunca usou armas, ela chegou a ser capturada e torturada pela polícia secreta na equivalente brasileira de Abu Ghraib, o presídio Tiradentes, em São Paulo. Ela recebeu uma sentença de 25 meses por “subversão” e foi libertada depois de três anos. Hoje ela confessa abertamente ter “querido mudar o mundo”.

Em 1973 ela se mudou para o próspero estado do sul, o Rio Grande do Sul, onde seu segundo marido, um advogado, estava terminando de cumprir sua pena como prisioneiro político (seu primeiro casamento com um jovem militante de esquerda, Claudio Galeno, não sobreviveu às tensões de duas pessoas na correria, em cidades diferentes). Ela voltou à universidade, começou a trabalhar para o governo do estado em 1975, e teve uma filha, Paula.

Em 1986 ela foi nomeada secretária de finanças da cidade de Porto Alegre, a capital do estado, onde seus talentos políticos começaram a florescer. Os anos 1990 foram anos de bons ventos para ela. Em 1993 ela foi nomeada secretária de minas e energia do estado, e impulsionou amplamente o aumento da produção de energia, assegurando que o estado enfrentasse o racionamento de energia de que o resto do país padeceu.

Ela tinha mil quilômetros de novas linhas de energia elétrica, novas barragens e estações de energia térmica construídas, enquanto persuadia os cidadãos a desligarem as luzes sempre que pudessem. Sua estrela política começou a brilhar muito. Mas em 1994, depois de 24 anos juntos, ela se separou do Senhor Araújo, aparentemente de maneira amigá
vel. Ao mesmo tempo ela se voltou à vida acadêmica e política, mas sua tentativa de concluir o doutorado em ciências sociais fracassou em 1998.

Em 2000 ela adquiriu seu espaço com Lula e seu Partido dos Trabalhadores, que se volta sucessivamente para a combinação de crescimento econômico com o ataque à pobreza. Os dois se deram bem imediatamente e ela se tornou sua primeira ministra de energia em 2003. Dois anos depois ele a tornou chefe da casa civil e desde então passou a apostar nela para a sua sucessão. Ela estava ao lado de Lula quando o Brasil encontrou uma vasta camada de petróleo, ajudando o líder que muitos da mídia européia e estadunidense denunciaram uma década atrás como um militante da extrema esquerda a retirar 24 milhões de brasileiros da pobreza. Lula estava com ela em abril do ano passado quando foi diagnosticada com um câncer linfático, uma condição declarada sob controle há um ano. Denúncias recentes de irregularidades financeiras entre membros de sua equipe quando estava no governo não parecem ter abalado a popularidade da candidata.

A Senhora Rousseff provavelmente convidará o Presidente Mujica do Uruguai para sua posse no Ano Novo. O Presidente Evo Morales, da Bolívia, o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela e o Presidente Lugo, do Paraguai – outros líderes bem sucedidos da América do Sul que, como ela, têm sofrido ataques de campanhas impiedosas de degradação na mídia ocidental – certamente também estarão lá. Será uma celebração da decência política – e do feminismo.

A Anticristo

Recebi mais um daqueles e-mails falando “dos absurdos” de Dilma Roussef. Vejam.

Passe para todos que. Não podemos compactuar com isso!
O Senhor Deus, soberano de todo o universo, não pode ser zombado e a pessoa não colher o resultado.
Brizola e Tancredo Neves declararam algo semelhante. Brizola nunca foi presidente. Tancredo foi eleito pelo congresso mas não assumiu.

A NOVA DEUSA
REPASSANDO
Nem mesmo Cristo querendo, me tira essa vitória. Palavras de Dilma Roussef
Após a inauguração de um comité em Minas, Dilma é entrevistada por um jornalista local. Veja:
 
como a senhora vê o crescimento da sua candidatura nas pesquisas?
O povo brasileiro sabe escolher, é a continuidade do governo Lula, e após as eleições nós vamos dessarmar o palanque e estender os braços aos nossos adversários, o candidato Serra está convidado a participar do meu governo, porque nesta eleição nem mesmo Cristo querendo, me tira essa vitória,  as pesquisas comprovam o que eu estou dizendo, vou ganhar no primeiro turno. Parece que está caindo a imagem de boa moça e aparecendo quem realmente é a Dilma Roussef.
 
"O Povo Brasileiro estará cometendo um grande erro elegendo Dilma presidente e vão sofrer." 

Poucos minutos após a entrevista, já tinha caido na internet, twitter…. e ela disse ter sido mal interpretada e que a frase não foi essa, porém alguns mineiros já repudiam a candidata e o quadro eleitoral começa a dar uma reviravolta, em Minas a petista estava a frente de José Serra e agora Serra já ultrapassou com uma vantagem de 5 pontos, tanto que Aécio Neves já está aparecendo na TV pedindo aos mineiros o apoio unanime a Serra.
IMPORTANTE: a Dilma já está até sentando na cadeira presidencial, dá pra acreditar.
 
Vamos passar adiante, passe para o maior número de contatos possiveis, o Brasil precisa saber disso.

Coisas simples não são observadas:
1. Qual foi o “jornalista local” que fez a entrevista? Qual é o nome dele?
2. Em que jornal, televisão, rádio… foi feita a entrevista?
2. Tem algum vídeo ou o áudio da voz de Dilma Roussef dizendo isso?

Todos sabem que a religiosidade dos brasileiros é tão grande que nenhum candidato teria coragem de dizer qualquer coisa que agredisse as pessoas na sua fé. Pelo contrário, geralmente peregrinam pelas missas e cultos atrás de votos.

Como se pode ver no texto acima, a mensagem vem com frases típicas de quem é muito religioso. Devo deduzir que haveria uma preocupação legítima de respeito a Deus.

A outra alternativa é de que essas manifestações partem de pessoas querendo se aproveitar da religiosidade daquelas boas e puras, preocupadas com o respeito a Deus. Esta alternativa surge como muito provável, senão vejamos.

Se fosse a primeira alternativa, ou seja, a preocupação com a religiosidade, também estariam preocupados e teriam dificuldades, como a própria Marina deveria ter, com um aspecto. Sem fazer juízo de valor, todos sabem que o PV, partido de Marina Silva, defende a liberação da maconha e tem no seu nome mais consagrado, Fernando Gabeira, o maior defensor desse projeto. Marina não parece estar preocupada com isso.

Vocês sabem que o PV, o partido de Marina Silva, é favorável ao aborto, mas ela, como evangélica, não é. No entanto, disse que, se eleita, quer promover um plebiscito “para que a sociedade possa debater com clareza”.  Vejam aqui e confirmem o que ela disse no debate da CNBB
http://www.band.com.br/jornalismo/eleicoes2010/conteudo.asp?ID=100000349670 É a mesma opinião de Dilma Roussef, também exposta no referido debate. Esquecem de comentar que Plínio de Arruda Sampaio e o seu partido, o PSOL, têm como natural a defesa do aborto.

Também esquecem de dizer, tendo em vista que esses textos saem em nome do respeito a Deus, que "o partido de José Serra (PSDB) assinou, em novembro de 1998, quando ele era Ministro da Saúde, uma Norma Técnica que instituiu a prática do aborto no Sistema Único de Saúde em nível federal". Quem diz não sou eu, vejam
http://epocaestadobrasil.wordpress.com/2010/09/19/posicao-candidatos-sobre-a-legalizacao-do-aborto-no-brasil-desmascarando-serra-documento/.

Enquanto isso, a senhora Mônica Serra, esposa de José Serra, sai espalhando que Dilma é que é a favor de matar criancinhas. E aí repercute na Internet com milhares de e-mails.

Por que não repercutem na Internet cenas em que José Serra aparece com a Bíblia na mão, rezando, usando a religiosidade e boa fé das pessoas? Por que não repercute na Internet e na imprensa o que José Serra faz nas igrejas? Vejam o que aconteceu na missa em Araraquara (cliquem no link)http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/catolicos+criticam+presenca+de+serra+e+ alckmin+em+igreja/n1237784326135.html

Chama a atenção o fato de que, como pessoas muito religiosas, em nenhum momento se referem ou pedem voto para Marina, o que seria de se esperar, por ser a que parece ter mais declarada a condição de religiosa. Não, preferem falar mal de Dilma.

Na nossa boa fé e religiosidade, é justo não ter indignação por coisas como espalhar que a Sra. Dilma Roussef, mãe e avó, é lésbica e está sendo processada por uma suposta amante porque não assume publicamente o romance delas? Vocês não acham que ultrapassaram todos os limites do respeito a Deus e às pessoas? Não acham que é um jogo sujo demais? Querem demonizar só um dos candidatos. Por que?

Espero não estar sendo leviano, que Deus me perdoe, mas parece ser mais uma preocupação com a possibilidade da vitória da Sra. Dilma Roussef do que qualquer outra coisa.

Não é verdade o que estão atribuindo a Dilma Roussef. Sei que alguns podem ainda ficar em dúvida; será que ela disse ou não. Parece justo que nós, na nossa fé e respeito a Deus, ajudemos a espalhar uma notícia que não tem nenhum documento comprovando a sua veracidade, que não se sabe de onde saiu. Quem plantou a not&iac
ute;cia e se encarregou de espalhar? Quem terá sido o primeiro? Quem atirou a primeira pedra?

Vejam de onde saem notícias como essa; cliquem aqui Bruninha. Só como esclarecimento, a figura que vocês viram é a suástica, símbolo do nazismo.

Que todos vocês tenham um bom final de semana. Não peçam votos para esse ou aquele candidato. Nas suas orações nesse final de semana, peçam a Deus que nos ilumine na hora de escolher o futuro Presidente do Brasil. Vocês não acham que essa deveria ser a nossa prece? Ficaríamos de bem com Ele.

Terrorista (adivinhe de quem estou falando)

Quando alguém digita www.endodontiaclinica.odo.br, espera faze-lo e encontrar um site sobre endodontia. E é. Porém, desde o início criei nele uma sessão chamada Falando da Vida. A idéia era simplesmente ter um espaço onde pudesse falar de coisas como cinema, música, lembranças, perspectivas, enfim, um pouco de mim. Sempre que tive oportunidade de falar sobre ele, disse: “aqui é o meu xodó, quem quiser me conhecer um pouco, estou aqui”.

Sabia, porém, que ali estaria realmente só um pouco de mim. Não pretendia abordar temas que me mostrassem muito por dentro. Fui descobrindo, no entanto, que era mais do que isso. Comecei a perceber que era um local onde eu desaguava as minhas tensões. E em um desses momentos, cheguei a falar que deve ser muito bom ser escritor.

Assistindo uma vez a uma reportagem sobre Érico Veríssimo*, vi o depoimento de vários parentes dele dizendo que tal personagem era uma tia dele, Érico. Que outro personagem era um sobrinho, e por aí ia. Acho muito pouco provável que um escritor não se ponha no texto em vários momentos da sua obra. Nisso estaria uma coisa boa de ser escritor: a vida tomava o rumo que o autor queria (claro que aí tem algumas nuances, envolvendo personagens que adquirem vida própria, etc).

Mesmo tendo as minhas opções políticas, que, tenho certeza, todos já sabem quais são, sempre evitei coloca-las. Observem que em nenhum momento, fiz campanha política aqui no site. Em todos os momentos em que saí do texto ameno, fui em uma direção bem definida: promover a defesa de pessoas sobre as quais foram colocadas as nuvens do preconceito, da discriminação, da prepotência. Fiz assim com os negros, com os “baianos e paraíbas” e até com técnico de futebol.

Ultimamente tenho postado diversos textos sobre política. Por algumas razões, não queria isso. Uma delas, uma experiência recente de colocações agressivas contra mim, pelo meu posicionamento. Entretanto, graças ao meu temperamento, tornou-se muito difícil ficar indiferente aos recentes episódios que envolvem o momento mais importante da cidadania.

Não importam as opções políticas, todas devem ser respeitadas. O que importa é como se dá o processo. Qualquer democracia só pode ser assim chamada se houver partido de oposição ao governo. Quando não há esse panorama, estamos diante de uma ditadura. E aí pouco importa se é de esquerda ou de direita.

Se em algum momento, por qualquer razão que seja, a oposição está fragilizada, esse é um problema dela. Há de se fortalecer então para exercer a sua função; ser oposição. Vigiar e denunciar o governo quando este sai dos trilhos. O que não pode é, pela fragilidade da oposição, a imprensa assumir esse papel.

Acham que estou exagerando? Vejam essa colocação de Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo: “…e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”. Como não faço acusações levianas, clique no link para ir na fonte Observatório da Imprensa.

Política tem um pouco a ver com o futebol; mesmo que em intensidade menor, envolve paixão. No entanto, sem precisar de muita isenção, percebe-se que em nenhum outro momento da política brasileira houve uma campanha tão radicalizada pela imprensa. Com esse mínimo de isenção, todos que estão acompanhando as eleições de 2010 podem perceber isso facilmente. Basta ter acesso ao outro lado das notícias.

Podem ter absoluta certeza que são vários, é isso mesmo, vários registros e documentos que mostram a manipulação das informações. Um detalhe: todos estão sendo escondidos da sociedade, alguns poucos já disponibilizados aqui nos textos. É claro que não pretendo cansa-los com isso, mas vou acrescentar alguns outros.

A atual governadora do Rio Grande do Sul, a Sra. Yeda Crusius (PSDB), está afogada em corrupção. Tudo bem, eu sei que ninguém sabe, afinal a grande (?) imprensa abafou mais uma vez, mas se quiser pode procurar na Internet que você acha farto material sobre isso. Você vai ver vários vídeos, mas comece por aqui. Você já percebeu que de um modo geral os atuais governadores irão se reeleger. Ela não. Está em terceiro lugar na disputa sem nenhuma chance. Por que será?

Na atual eleição para governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) lidera as pesquisas com chances de ser eleito no primeiro turno. Em entrevista à RBS, afiliada da Rede Globo, tentaram mais uma vez o denuncismo. Observe como o nobre jornalista toma uma pancada forte. Ele faz uma pergunta sobre os recentes “escândalos” do PT, imaginando que criaria mais um momento de embaraço. Perceba que, diante da resposta de Tarso, político de larga experiência, já acostumado com a imprensa, o jornalista sai logo do assunto (veja aqui).

Por falar nisso, você não deve saber nada sobre esse escândalo da filha de Serra que Tarso abordou. Foi capa da Veja? Você viu manchetes enormes na primeira página da Folha e do Estadão? Você viu brilharem os olhos do muito simpático casal William Bonner/Fátima Bernardes ao dar a notícia no
Jornal Nacional? É claro que não viu nada disso, por uma razão bem simples: diferentemente de reportagens simplesmente jogadas no ventilador, sem comprovação (posso lhe assegurar), eles esconderam uma reportagem toda documentada. O que você vê aqui é só um trecho dela. Quer ver uma pequena visão do outro lado? Clique aqui e aqui.

Agora veja como se faz um vídeo com grande estilo e elegância, de alto nível, digno de pessoas civilizadas. Estas sim, podem classificar tudo que não faz parte do seu mundo de baixaria, de terrorismo. Confira comigo esse primor o Brasil não é do PT.

Agora estão correndo várias “informações” na Internet dizendo que Dilma Roussef é lésbica e está sendo processada pela suposta amante por não assumir o seu romance publicamente.

Confesso que às vezes me perco. Um desses momentos é esse. Fico sem saber o que significam baixaria, manipulação, terrorismo, e se têm significados diferentes, a depender de quem acusa. Recorro ao Novo Dicionário Aurélio e à Internet.

Baixaria. Situação em que os limites éticos, morais ou estéticos são desrespeitados.
Manipulação. Ato ou modo de manipular.
Manipular. Engendrar, forjar, maquinar, manipular um plano.
Terrorismo. Modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas ou de impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror.

Aí me perdi mais ainda.

No fundo, no fundo, acho que tudo que faço não passa de um desabafo.

Já são 02:45, madrugada, e estou cansado. Acho que agora posso dormir melhor. Tenham também uma boa noite.

* Érico Veríssimo – Escritor gaúcho de grande qualidade literária. Pai de Luis Fernando Veríssimo.

Conhecendo (só um pouco) a grande imprensa

Há algum tempo falo da grande (?) imprensa e é possível que alguns não entendam porque o faço com desdém. Faço assim pelo que tenho visto ao longo dos anos. Eu poderia dizer que a história contemporânea do jornalismo brasileiro não deixa ninguém que tenha neurônios ativos sem se revoltar, mas não vou dizer, por uma razão bem simples. Trata-se de alguns jornalistas, não do jornalismo.

O grande papel da imprensa é informar a sociedade. É um equívoco, porém, pensar que ela, a imprensa, não tem preferências, inclusive políticas. Afinal é feita por jornalistas, homens e mulheres, com as suas próprias idéias, para o bem e para o mal.

Porém, reza o bom jornalismo que a opinião de um jornal, não necessariamente a dos seus jornalistas, deve ser expressa em algo que se chama Editorial. Quando você lê um editorial, sabe que ali está expressa, por exemplo, a opção política daquele jornal.

Nada demais, pelo contrário. Muitos países adotam essa postura, inclusive aquele que muitas vezes, erradamente, é o referencial dessa nossa sociedade tupiniquim, os Estados Unidos. Seria muito melhor que assim fosse. Mas, não é o que ocorre no Brasil. A melhor revista brasileira, Carta Capital, fez essa opção e deixou de forma bem clara, sem nenhum subterfúgio, que apoia o atual governo. Entretanto, é interessante observar que ela faz muitas críticas ao governo, como deve ser.

Vocês já devem ter ouvido falar várias vezes da alardeada neutralidade da Rede Globo. A partir do momento em que comecei a acompanhar as coisas mais de perto, já se vão aí alguns anos, percebi, a cada momento com mais clareza, que neutralidade é uma coisa que passa à grande distância da Central Globo de Jornalismo.

Nunca me convenceram, por exemplo, os argumentos do Sr. Armando Nogueira, a tentar justificar o seu comportamento como chefe de jornalismo daquela rede de televisão, à época da ditadura militar, como única alternativa diante das pressões dos militares. O que existe, isso sim, é competência técnica, entenda bem, técnica, justificada por jornalistas competentes.

Tenho absoluta certeza que todos conhecem profissionais competentes nas suas áreas, alguns dos quais se tornam referenciais, mas que não possuem um caráter, digamos, louvável. É claro que no caso específico do jornalismo existe esse problema, mas é possível que aqui haja uma outra questão (como em qualquer outra profissão), uma coisa chamada necessidade do emprego. Acho, porém que isso não justifica certos caminhos tomados por alguns desses jornalistas. Em outros, não, a causa não é essa e sim o caráter pouco louvável, para ficar na expressão que usei anteriormente.

Sim, mas qual é o problema? O problema é que esses homens e mulheres com um microfone e uma câmera de televisão ou um jornal “nas mãos” se tornam um grande perigo.

Vocês podem não acreditar, eu entendo, mas a audiência da Rede Globo, despencou nesses últimos 10 anos. É claro que ainda é maior, mas não como antes. É possível que não se tenha percebido, mas também a revista Veja perdeu muito da sua vendagem (não confunda com tiragem, que é outra coisa). Procure saber quantas pessoas e empresas a recebem de graça em promoções. Alguns dos grandes jornais estão em situação idêntica.

Qual é a razão? Perda de credibilidade. Podem observar como surgem as reportagens: Começam nos fins de semana, com capas estrondosas da Veja e os “teriam sido descobertos”, “seriam documentos do” “teriam sido pagos” “segundo fontes sigilosas” “e assim estaria comprovada”.

Depois vem a outra fase. Repercussão no Jornal Nacional, gastando em média um terço do tempo do jornal e depois, na sequência, nos jornais Estado e Folha de São Paulo.

Perceberam que sumiu a dos sigilos fiscais. Fizeram um estardalhaço, viram que, além da farsa (clique em Serra já sabia), não ia dar em nada, criaram outra. Como não funciona, criam outra e assim vai. Não lhe chama a atenção que isso só acontece no período de eleições?

Veja três exemplos.

Desabafo do ex-leitor da Folha

Por Felis

Ontem, dia 17/09/2010, rompi, após trinta anos de relacionamento, meu derradeiro vínculo com o jornal Folha de São Paulo: cancelei minha assinatura do portal UOL, por intermédio do qual acessava a versão eletrônica daquele diário.

A decisão de fazê-lo deve ser entendida num contexto temporal mais amplo, ainda que tenha tido como motivação mais próxima a postura obscena da Folha em favor de determinado candidato na atual campanha presidencial. Não que, como é patente no caso da Folha, um veículo de imprensa não possa ter seu candidato. É legítimo que o tenha e que manifeste sua preferência por ele. Mas, para isso, há um local apropriado: o editorial. O que não se admite é que se contamine o noticiário com essa preferência, seja omitindo, distorcendo ou inventando notícias.

De qualquer forma, o fato é que, afora a falta de isenção e a resultante perda de credibilidade, há muito a Folha passava também por um processo de perda de qualidade. Ao longo dos anos realizou a façanha de se tornar, talvez atendendo um desejo dos novos tempos, um jornal para quem não gosta de ler. Textos encolhendo mais e mais pouco tinham a acrescentar a qualquer jornal televisivo, com a desvantagem do atraso da notícia em relação ao fato quando comparado à televisão. Algumas matérias chegavam ao cúmulo de mais parecerem mensagens do twitter.

Como se não bastasse, o jornal foi mais e mais se afastando do pluralism
o que foi sua marca nos anos 80. O leque de colunistas que poderia servir de contraponto ao noticiário crescentemente enviesado foi se estreitando com o passar do tempo. O tiro de misericórdia foi a recente reforma pela qual passou o jornal.

Enfim, fica aqui meu desabafo. As perdas financeiras resultantes da minha decisão para o grupo Folha resumem-se a R$ 11,90 mensais. Ainda assim tenho a esperança de que no futuro o jornal venha sofrer as conseqüências das escolhas que agora faz. Mais do que inútil, um jornal que, tal como falsário, manipula a informação, é nocivo à nação. Não merece sobreviver .


Por Terezinha Maria Scher Pereira

O que me intriga em relação à Folha de São Paulo é pouca preocupação dos responsáveis com a reputação de um jornal que já teve momentos de honra, ao se colocar, um dia, a favor da redemocratização do país. A Folha hoje demonstra um desprezo arrogante pelo povo brasileiro que aprova o governo de Lula, pelo fato indiscutível de que a vida dos mais pobres melhorou. Os enfatuados colunistas e editorialistas do jornal não se envergonham de ostentar um pouco caso, de resto, ridículo ( quem lê a Folha?) em relação ao sentimento real da maior parte da nação? Em que mundo vive essa gente? No Brasil não parece ser.

Desabafo de leitor 2

From: João Carlos Cardoso
To:
ombudsman@uol.com.br
Sent: Sunday, September 12, 2010 5:04 PM
Subject: Crítica, crítica, crítica….

Li seus comentários, hoje, e me desanimei, menos, com o futuro da cobertura da Folha. Há alguma racionalidade possível e esta parece começar a ser recuperada pela senhora. É o que sinceramente espero. Leio a Folha há muitos, muitos anos. Estudei a Folha em minha pesquisa de Doutorado, há oito anos. Não por ser leitor, mas pelos méritos do jornal em dar espaço para idéias e debates sobre a redemocratização brasileira, objeto de minhas pesquisas de então.

Mas confesso minha decepção e crescente desinteresse em ler o jornal, no que se refere à cobertura política. Comecei desconfiando das matérias. Havia coisas estranhas. Com o tempo passei a não confiar mais em vocês. Agora leio, apenas, para detectar a que ponto de indecência e decadência se pode chegar. Esta é a verdade! Não estou querendo ser rude e me desculpe se pareço sê-lo. Mas quero ser veemente em minhas colocações. A Folha deixou de fazer jornalismo políti co e passou a fazer campanha contra uma candidata. E o que é pior: sem avisar ao seu leitor fiel, como eu sempre fui e estou deixando de ser.

Tenho pensado em romper meu vínculo midiático com o portal UOL que já remonta há vários anos somente pela revolta que me assalta com o nível de dirigismo, de cinismo, de desonestidade jornalística com que o jornal e o portal têm tratado a cobertura político-eleitoral de 2010.

O ridículo do Dilmafactsfolha relatado pela senhora é parte de um processo de constante ataque que o grupo tem empreendido contra a candidata, o seu mentor e o governo dele. Tudo bem, quer fazer isso, faça! Tem todo o direito de criticar erros cometidos por quem quer que seja. Mas devo discordar quando a senhora denuncia desequilíbrio na apuração da Folha. Não é só desequilíbrio. É opção ideológica ou política. Não há críticas a Serra ou a seu governo porque obviamente ele é o candidato do grupo Folha. Mais u ma vez digo: se a Folha admitisse isso, se assumisse sua opção, em editorial, como jornais de outros países fazem eu seria o promeiro a aplaudir. Mas não o faz e finge, tanto quanto outros meios de comunicação, proceder com isenção , equidistância e "equilíbrio". Isto se chama mentir ao leitor.

A senhora vai ter trabalho. Veja o jornal de hoje: Pergunto-lhe: Por que a primeira matéria de cobertura das eleições é a repercussão da matéria do panfleto Veja anti- Dilma. Me diga com sinceridade: se a Folha quisesse tratar com isenção o episódio porque colocar a matéria como parte da cobertura eleitoral? Por que não no caderno Poder? Erenice é ministra não é candidata. Seu filho é candidato? Há.. não, mas eles estão ligados à Dilma, então….

Me permita a franqueza, cara Suzana Singer, mas colocar como manchete " Filho de sucessora de Dilma teria feito lobby" é patético. A Folha, na sua cobertura política, também o é.

Isso vem acontecendo há anos, mas somente hoje me ocorreu escrever esse texto e aí peguei os depoimentos mais recentes. Se quiserem ver a fonte cliquem em Luis Nassif Online. Lá vocês encontram mais.

Podem aguardar que até o dia 03 de outubro vai aparecer uma bomba com a maior repercussão no Jornal Nacional (grandes chances para os dias 01 e 02, quando não dá mais tempo para uma comprovação da farsa). Deve ser algo sobre as várias bombas que Dilma Roussef já atirou, as várias pessoas e criancinhas que ela já matou…

Aproveitem e aguardem também o livro que será lançado em 2011, “Nos Porões da Privataria”. Vai mostrar muita coisa. Quer que eu antecipe o que vai acontecer? Esses órgãos de imprensa mencionados aqui vão esvaziar o livro. Surgiu de quebra de sigilos fiscais, é uma fraude, não tem nada comprovado… Aliás, esse processo já está em curso.

A marolinha

Crise projeta o Brasil entre os protagonistas do mundo

No aniversário de dois anos da maior turbulência dos últimos 80 anos, Brasil comemora altas taxas de crescimento econômico

Não foi a “marolinha” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esperava, mas a crise do subprime ajudou o mundo a voltar os olhos para o Brasil. Dois anos após o estopim da maior turbulência econômica dos últimos 80 anos – completados nesta quarta-feira, aniversário da quebra do banco de investimento Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008 -, a economia brasileira ganhou holofotes pela rápida recuperação, após a primeira queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 17 anos, ao contrário do que acontecia em crises anteriores das décadas de 1980 e 1990. Agora, no pós-crise, o País sustenta uma das maiores taxas de crescimento do mundo.

Enquanto na Europa e nos Estados Unidos ainda existem temores com relação a uma nova depreciação da economia, puxada, principalmente, pelos altos índices de desemprego, no Brasil, a discussão é outra: poderá a economia seguir crescendo em um ritmo tão acelerado? Para este ano, espera-se que o PIB cresça acima dos 7%, o que será a maior expansão dos últimos 24 anos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que, até 2014, o Brasil deve crescer, em média, 5.5% ao ano.

O desempenho da economia brasileira surpreendeu o mundo. Desde o estouro da crise, o Fundo Monetário Internacional (FMI) errou todas as projeções que fez sobre o Brasil. Já com relação à Europa, o Fundo se mostrou benevolente e acabou surpreendido por resultados ruins das principais economias da região. Mas o Brasil não passou ileso pela crise. Em 2009, o PIB teve queda de 0,2%, o primeiro recuo desde 1992. No entanto, a baixa foi bem menor que a observada em outros países: nos Estados Unidos, a queda foi de 2,4%, a maior desde 1946, e a União Europeia teve baixa de 4,1%.

Em 2010, o Brasil também está à frente dos chamados países desenvolvidos: com crescimento de 9% no primeiro trimestre e 8,8% no segundo, o País só é superado pela China em termos de expansão entre as principais economias do mundo.

"A recessão por aqui durou apenas dois trimestres, o último de 2008 e o primeiro de 2009, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE), da FGV", diz Octávio de Barros, economista-chefe do banco Bradesco. "Cabe destacar que a média histórica de recessão no país é de 5 trimestres. Desde então, foram 5 trimestres consecutivos de expansão forte, cuja média foi de 2,0% ao trimestre."

Desempenho impressionante

“O desempenho do Brasil tem sido extremamente impressionante”, diz Jim O’Neill, economista-chefe do Goldman Sachs e criador do termo Brics (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Para ele, o Brasil deve crescer de 5% a 6% na década e, nos próximos 20 anos, deve responder por 5% de toda economia mundial.

Ricupero destaca que a crise ajudou o Brasil a ganhar voz no cenário internacional, a partir do momento em que o G20 ganhou força como grande fórum da discussão mundial. No estouro da crise, a presidência rotativa do grupo das 20 maiores economias do mundo era ocupada pelo Brasil.

Desde então, praticamente todos os indicadores brasileiros já responderam ao pior da crise. As reservas internacionais – importante “colchão de proteção” contra a variação da moeda – estão em alta há 16 meses, ultrapassando a casa dos US$ 250 bilhões (no estouro da crise, estavam em US$ 207,4 bilhões). A geração de empregos com carteira assinada está em alta em todos os meses de 2010, enquanto a utilização da capacidade instalada da indústria e a produção industrial se aproximam dos patamares pré-crise.

Do ponto de vista do consumo (importante motor para a economia), o rendimento médio real habitual dos trabalhadores está no maior nível desde o estouro da crise. Pela primeira vez na história, mais da metade da população passou a compor a classe média. Cerca de 3,1 milhões de pessoas das classes D e E migraram para o segmento C entre 2008 e 2009.

Segundo Daniela Prates, professora de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), a crise reforçou a condição do Brasil de “menina dos olhos” da economia mundial…

Acordo hoje, quarta-feira, 15 de setembro de 2010, às 05:00, um dia bonito, temperatura agradável, data de aniversário da deflagração da maior crise mundial dos últimos 80 anos (15 de setembro de 2008), “abro” a Internet e vejo a reportagem que você acabou de ler.

Li com atenção. Li outra vez. Acho que entendi bem, mas confesso que fiquei confuso. E ao ficar confuso, fiquei mais confuso ainda. Como pode alguém ficar confuso com algo que leu e entendeu? Vou tentar explicar.

O Brasil tinha quebrado três vezes durante o período entre 1993 e 2002 (não sou eu quem diz, são os estudiosos do assunto), e por isso recorrido ao FMI.

Durante a crise que hoje faz dois anos, a maior dos últimos 80 anos, o Brasil teve esse comportamento relatado acima. O governo responsável por essa condição, reconhecido e aclamado em todo o mundo, sempre foi, é e continuará sendo humilhado e mal tratado pela imprensa brasileira. Foi aí que fiquei confuso.

Freud explica? Explica sim. Mas a explicação maior você vai encontrar lendo como se formou a sociedade brasileira, como se formaram as castas, como se constituíram as relações entre a Casa Grande e a Senzala.

Ainda é assim.

A farsa dos sigilos (ou Serra já sabia)

Já tive oportunidade de dizer aqui o quanto a grande (?) imprensa manipula o noticiário no Brasil. Para alguns talvez seja difícil acreditar, mas quem acompanha essas questões de perto já sabe disso há muito tempo. A Rede Globo, Veja, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo… esqueceram as regras do bom jornalismo. Isso não é de agora, muito pelo contrário.
 
Não sei para que falei isso, sabia que você não ia acreditar.

Outra coisa que você não vai acreditar, mas é por demais sabido que o Sr. José Serra é um homem que, politicamente, como devo dizer, é barra pesada. Antes que você ache que estou exagerando, vou dar um exemplo bem prático. Vamos a fatos recentes.

Em 2009, quando ainda havia a “briga” entre Aécio Neves e José Serra para ver quem seria o candidato do PSDB à presidência da república, houve uma guerra interna. Veja o que escreveu então Mauro Chaves, do Estadão (como é conhecido o jornal Estado de São Paulo), um dos jornalistas apontados como integrante da tropa de choque de José Serra.

Pó pará, governador?

Em conversa com o presidente Lula no dia 6 de fevereiro, uma sexta-feira, o governador Aécio Neves expôs-lhe a estratégia que iria adotar com o PSDB, com vista a obter a indicação de sua candidatura a presidente da República. Essa estratégia consistia num ultimato para que a cúpula tucana definisse a realização de prévias eleitorais presidenciais impreterivelmente até o dia 30 de março – "nem um dia a mais". Era muito estranho, primeiro, que um candidato a candidato comunicasse sua estratégia eleitoral ao adversário político antes de fazê-lo a seus correligionários. Mais estranho ainda era o fato de uma proposta de procedimento jamais adotada por um partido desde sua fundação, há 20 anos – o que exigiria, no mínimo, uma ampla discussão partidária interna -, fosse introduzida por meio de um ultimato, uma "exigência" a ser cumprida em um mês e meio, sob pena de… De quê, mesmo?

O que Aécio fará se o PSDB não adotar as prévias presidenciais até 30 de março? Não foi dito pelo governador mineiro (certamente para não assinar oficialmente um termo de chantagem política), mas foi barulhentamente insinuado: em caso da não-aprovação das prévias, Aécio voaria para ser presidenciável do PMDB. É claro que para o presidente Lula e sua ungida presidenciável, a neomeiga mãe do PAC, não haveria melhor oportunidade de cindir as forças oposicionistas, deixando cada uma em um dos dois maiores colégios eleitorais do País. E é claro que para o PMDB, com tantos milhões de votos no País, mas sem ter quem os receba, como candidato a presidente da República, a adoção de Aécio como correligionário/candidato poderia significar um upgrade fisiológico capaz de lhe propiciar um não programado salto na conquista do poder maior – já que os menores acabou de conquistar.

Pela pesquisa nacional do Instituto Datafolha, os presidenciáveis tucanos têm os seguintes índices: José Serra, 41% (disparado na frente), e Aécio Neves, 17% (atrás de Ciro Gomes, com 25%, e de Heloisa Helena, com 19%). Por que, então, o governador de Minas se julga capaz de reverter espetacularmente esses índices, fazendo sua candidatura presidencial subir feito um foguete e a de seu colega e correligionário paulista despencar feito um viaduto? Que informações essenciais haveria, para se transmitirem aos cerca de 1 milhão e pouco de militantes tucanos – supondo-se que estes fossem os eleitores das "exigidas" prévias, que ninguém tem ideia de como devam ser -, para que pudesse ocorrer uma formidável inversão de avaliação eleitoral, que desse vitória a Aécio sobre Serra (supondo que o governador mineiro pretenda, de fato, vencê-las)?

Vejamos o modus faciendi de preparação das prévias, sugerido (ou "exigido"?) pelo governador mineiro: ele e Serra sairiam pelo Brasil afora apresentando suas "propostas" de governo, suas soluções para a crise econômica, as críticas cabíveis ao governo federal e coisas do tipo. Seriam diferentes ou semelhantes tais propostas, soluções e críticas? Se semelhantes, apresentadas em conjunto nos mesmos palanques "prévios", para obter o voto do eleitor "prévio" cada um dos concorrentes tucanos teria de tentar mostrar alguma vantagem diferencial. Talvez Aécio apostasse em sua condição de mais moço, com bastante cabelo e imagem de "boa pinta", só restando a Serra falar de sua maior experiência política, administrativa e seu preparo geral, em termos de conhecimento, cultura e traquejo internacional. Mas se falassem a mesma coisa, harmonizados e só com vozes diferentes, os dois correriam o risco de em algum lugar ermo do interior ser confundidos com dupla sertaneja – quem sabe Zé Serra e Ah é, sô.

Agora, se os discursos forem diferentes, em palanques "prévios" diferentes, haverá uma disputa de acirramento imprevisível. E no Brasil não temos a prática norte-americana das primárias – que uniu Obama e Hillary depois de se terem escalpelado. Por mais que disfarcem e até simulem alianças, aqui os concorrentes, após as eleições, sempre se tornam cordiais inimigos figadais. E aí as semelhanças políticas estão na razão direta das diferenças pessoais. Mas não há dúvida de que sob o ponto de vista político-administrativo Serra e Aécio são semelhantes, porque comandam administrações competentes.

Ressalvem-se apenas as profundas diferenças de cobrança de opinião pública entre Minas e São Paulo. Quem já leu os jornais mineiros fica impressionado com a absoluta falta de crítica em relação a tudo o que se relacione, direta ou indiretamente, ao governo ou ao governador.

O caso do "mensalão tucano" só foi publicado pelos jornais de Minas depois que a imprensa do País inteiro já tinha dele tratado – e que o governador se pronunciou a respeito. É que em Minas imprensa e governo são irmãos xifópagos. Em São Paulo, ao contrário, não só Serra como todos os governos e governadores anteriores sempre foram cobrados com força, cabresto curto, especialmente pelos dois jornais mais importantes. Neste aspecto a democracia em São Paulo é mais direta que a mineir
a (assim como a de Montoro era mais direta que a de Tancredo). Fora isso, os governadores dos dois Estados são, com justiça, bem avaliados por suas respectivas populações.

O problema tucano, na sucessão presidencial, é que na política cabocla as ambições pessoais têm razões que a razão da fidelidade política desconhece. Agora, quando a isso se junta o sebastianismo – a volta do rei que nunca foi -, haja pressa em restaurar o trono de São João Del Rey… Só que Aécio devia refletir sobre o que disse seu grande conterrâneo João Guimarães Rosa: "Deus é paciência. O diabo é o contrário."

E hoje talvez ele advertisse: Pó pará, governador?

Mauro Chaves é jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas e pintor.

Agora vamos entender. Vamos começar pelo título. Por que a maldade e covardia do Pó pará, governador? Simples. A palavra entra aqui porque atribuem a Aécio Neves hábito, digamos, não convencional. Era um aviso: se você insistir na sua candidatura nós vamos jogar pesado. Viram a data? 28 de fevereiro de 2009.
 
Abro um parêntese para dizer que, como recebo quase que diariamente e-mails com muita bobagem atribuída a alguém famoso, se você quiser ver o texto original clique em Pó pará, governador?

Foram muitas iguais a essa. Vejamos o momento atual.
 
Nessa guerra interna no ano de 2009, Aécio Neves foi avisado de que pessoas ligadas a José Serra estavam investigando a sua vida pessoal. O deputado Marcelo Itagiba*, ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, braço direito de José Serra, estaria à frente dessa operação.

Minas Gerais se mobilizou. Aécio Neves e o jornal Estado de Minas puseram o jornalista Amaury Ribeiro Jr., ganhador de vários prêmios nacionais de reportagens, para fazer a contra-espionagem. Amaury viajou a vários lugares coletando material sobre José Serra e as pessoas ligadas a ele. O famoso caso do superfaturamento das ambulâncias feito por José Serra (será que conhecem essa história?), como tinham ocorrido as privatizações, tudo, inclusive sigilos fiscais.

Quando se decidiu que José Serra seria o candidato do PSDB, “acabou” a guerra. “Dispensaram” os serviços de Amaury. Ele então percebeu que tinha muito material nas mãos para simplesmente descartar. Resolveu escrever um livro, Nos Porões da Privataria.

Moral da história: essa questão que está sendo bastante explorada e amplificada há cerca de três semanas por toda a grande (?) imprensa já é conhecida há mais de um ano e nada tem a ver com a atual eleição (até agora são pelo menos 140 pessoas que tiveram seus sigilos violados). Parece que os caminhos levam a Minas Gerais.

Ou seja, todo dia dizendo que é coisa de bandido, do partido dos trabalhadores, da Sra. Dilma Roussef, Serra já sabia que o sigilo da filha foi violado há muito tempo. E achou normal, reagiu com a maior tranquilidade do mundo, como você pode ver nessa reportagem de 2009 do SBT Serra já sabia

Qual é a preocupação agora? Segundo alguns analistas, José Serra, o PSDB e a grande (?) imprensa já sabem que a eleição está perdida. Estão tratando de cortar a mata em volta para conter o desastre que o incêndio está provocando. O livro Nos Porões da Privataria disseca as privatizações no Brasil. Ia ser lançado antes das eleições, mas, Amaury Ribeiro Jr, recém contratado pela TV Record, parece que acatou o pedido da emissora para que só o fizesse depois. Os que já tiveram acesso a partes dele dizem que está todo documentado e que a coisa vai pegar para muita gente que fez parte das privatizações.

Você não está achando estranho demais a mesma reportagem, o mesmo do mesmo, por vários dias seguidos. Dizem que toda essa guerra da violação dos sigilos fiscais, além do desejo de levar as eleições para o segundo turno, já é para esvaziar o livro. Quando ele for lançado, dirão: é um livro apoiado em dossiês ilegais e falsos.
 
Você já percebeu que agora toda eleição tem dossiê?

Ah, ia esquecendo. Todos estão se perguntando qual vai ser a bala de prata dessa vez. Aquela que, como já fez antes, o Jornal Nacional vai soltar às vésperas da eleição, sexta-feira, quando não dá mais tempo para desmascarar, destruindo Dilma Roussef. Estão apostando que vai ser um vídeo com ela metralhando alguém.

 
*Marcelo Itagiba – Deputado Federal (PSDB), assessor de José Serra no Ministério da Saúde, Superintendente Regional da Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro e Secretário de Segurança Pública.

Dilma será presa nos Estados Unidos

Há algum tempo circulou na Internet um texto atribuído a Luis Nassif em que ele fazia pesadas e ofensivas críticas ao atual presidente da república. Qualquer um podia ver que pela (falta de) qualidade e sutileza do texto jamais poderia ter sido escrito por Nassif. Ele desmentiu a sua autoria. Tempos depois, o mesmo texto voltou a circular na Internet. Nassif, irritado, negou outra vez e divulgou no seu site, Luis Nassif Online.

Surgiram vários outros. Mais recentemente, circulou um atribuído à jornalista e apresentadora de televisão Marília Gabriela, com o mesmo teor, isto é, críticas pesadas e ofensivas ao atual presidente da república. Marília Gabriela, irritada, não só negou como ameaçou processar quem o divulgasse, inclusive jornalistas e políticos que colocaram nos seus blogs e sites, entre os quais, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), dois dos mais representativos exemplos de dignidade na política brasileira. Deve ser dito que, de imediato (confesso que não sei porque), eles tiraram dos seus sites.

Agora tem outro, com mais uma bobagem (de novo!!!). Depois que a grande (?) imprensa repercutiu a falsa ficha do DOI-CODI mostrando a Sra. Dilma Roussef, candidata à presidência da república, como terrorista assassina (o jornal Folha de São Paulo, que “criou” essa pérola do jornalismo e colocou em destaque na primeira página, teve que pedir desculpas, ainda que ninguém tenha percebido, porque o pedido de desculpas foi publicado em poucas palavras em um canto de página), surge agora outro movimento.

A nova mensagem que vem sendo espalhada na rede diz que a candidata Dilma Rousseff não poderá representar o Brasil se for eleita, por ter condenação nos Estados Unidos!!! Para variar, esse texto também prima pela inteligência e sensibilidade.

Veja a obra prima.

O texto:
Você pode responder a esta pergunta ?
A PERGUNTA É A SEGUINTE:
No caso da srª Dilmente ser eleita Presidente do Brasil, quem será a pessoa que irá aos Estados Unidos para a fala habitual na Assembléia Geral da ONU, ou para discutir com o presidente americano sobre questões de comércio, por exemplo?
A Presidente não irá, com 100% de certeza.
Então, repito a pergunta: Quem irá aos Estados Unidos no lugar dela?
Bem, você deve estar intrigado com esta pergunta meio sem sentido, não é?
Aqui vai a explicação:
Dilma Roussef foi condenada nos Estados Unidos pelo seqüestro do embaixador norte-americano, na década de 60 (Charles Elbrick) remember ? Juntamente com outras pessoas (por exemplo: Fernando Gabeira).
A pena é bem grande e não há como pensar em liberdade condicional. Lá o crime não prescreve !
A questão secundária é que isto vale para outros 11 países.
Muitos governantes de países periféricos já foram apanhados nesta armadilha e a maioria perdeu o cargo que ocupava, para satisfação da oposição local.
Nós temos uma solução ideal para resolver esta questão: não elegê-la presidente. Desta maneira ela poderá escolher lugares muito confortáveis para viver o resto da vida como, por exemplo, Havana, em Cuba, ou La Paz na Bolívia, o que resolverá vários problemas: os dela e os nossos.
Portanto, pare de imaginar que é implicância minha quando coloco na Internet a folha corrida policial desta senhora, cheia de crimes. Esqueça estes documentos e (se for o seu caso) continue com a sua fé inabalável nas qualidades desta mulher, legítima porta-voz da quadrilha do sr.Lula da Selva.
Mas……. se eu fosse você, começava a me preocupar com esta possibilidade. Já pensou se ela resolve fazer uma visitinha àquele cara simpático e ultra democrático da Venezuela, o Huguinho Chávez e, de repente, uma tempestade no Caribe obriga o avião a descer em Miami, que fica ali perto. Imagine a encrenca monumental que nem o presidente americano vai poder desfazer?
Bem… talvez você seja um sábio e tenha uma boa idéia para resolver a situação. Por isto volto a perguntar:
Quem vai representar o Brasil nas viagens internacionais aos Estados Unidos e aos 11 países onde ela pode ser presa no próprio aeroporto onde desembarcar?
TENHO CERTEZA ABSOLUTA QUE ESTA, VOCE DESCONHECIA !

A Internet é uma das melhores coisas do mundo contemporâneo. As informações estão à nossa disposição ali, na hora, na bucha, não importa em que parte do mundo esteja acontecendo. Não tem e não deve ter mecanismos de controle, porém, como tal, há um preço a pagar e este é ver essas bobagens diariamente.

Veja como a Sra. Dilma Roussef está proibida de entrar nos Estados Unidos:

Em Nova York, Dilma diz ser a favor da Ficha Limpa
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,em-no…  http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/…

Nos EUA, Dilma se manifesta contra privatização de empresas do setor elétrico e da Petrobrás http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/defau…

Dilma Rousseff promete nos EUA que o Brasil crescerá e permanecerá estável http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia1…

Dilma chega a NY para premiação de Meirelles
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,dilma…

Só mais duas informações. Tudo isso aconteceu sem ela ter sido eleita. Se for eleita, como presidente ela tem acesso a todos os países do mundo com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. O cargo está acima de qualquer outra questão.

Nietszche* já dizia que “a inteligência humana tem limite, a estupidez, não”.

 

* (Friedrich) Nietszche, filósofo alemão do século XIX, um dos mais respeitados filósofos de todos os tempos.

Stuart Angel

Você acha que Jesus Cristo foi um bandido? Como não? Claro que foi. Afinal, rompeu com o sistema da época. Possuidor de grande aceitação popular, subverteu as normas. Você não acha que ele foi um bandido, não é? Está bem, concordo com você, não foi. Mas você concorda comigo se eu disser que foi um subversivo, não concorda? Foi preso e torturado até a morte.

Você já ouviu falar de Antônio Conselheiro? Diante do atraso e descontentamento geral do povo, resolveu formar uma comunidade igualitária (que palavra horrorosa), que rapidamente cresceu e tornou-se uma das maiores cidades do nordeste à época, com 25.000 habitantes. Organizada, religiosa, produtiva e comunitária. A reação das pessoas de posses, dos políticos e de alguns setores da igreja (em outras palavras, a elite), deu início à Guerra de Canudos (1896-1897). Todos os habitantes foram mortos (nem as crianças foram poupadas). Canudos virou cinzas, mas também tornou-se, por seu sonho e resistência, símbolo de luta e esperança de um outro Brasil. A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram Antônio Conselheiro como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso. Morto pelo regime.

Nas suas aulas de história voce deve ter ouvido falar muito de um homem chamado Joaquim José da Silva Xavier. Não? E aquele chamado Tiradentes, da Inconfidência Mineira? Pois é, é ele. Vá ao dicionário e verá uma das definições de Inconfidência – falta de fidelidade para com o Estado (está lembrado que o Estado é a ordem, a lei?). Tiradentes era um inconfidente, um bandido. É lógico que tinha que ser punido. Foi executado e esquartejado, a cabeça erguida em um poste e os demais restos mortais foram distribuídos ao longo dos lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Hoje, é um herói, cantado em prosa e verso em todas as escolas do Brasil (está lembrado que há um feriado nacional em sua homenagem?).

Em todos os tempos, qualquer cidadão que se posiciona contra a autoridade é motivo de cuidados especiais. Está contra a ordem ideológica, econômica e política, contra o establishment. Fora da lei, é bandido.

É infindável na história o registro sobre homens e mulheres que se rebelaram contra o sistema e por este foram apontados e mostrados à sociedade como perigosos, subversivos. Por que será que homens assim, banidos da sociedade, muitas vezes eliminados fisicamente, hoje, aos nossos filhos, são mostrados como heróis?

A história sempre reserva a esses homens e mulheres uma página especial. Homens e mulheres que, a despeito de serem mostrados como inimigos que ameaçam a segurança nacional, entregaram-se a causas cujo combustível eram os ideais.

Você já ouviu falar de Zuleika Angel Jones? Era mais conhecida pelo nome de Zuzu Angel. Estilista carioca (apesar de mineira) de grande sucesso (vestiu estrelas do cinema americano como Liza Minelli, Joan Crawford e Kim Novak), casada com o americano Norman Angel Jones. Teve três filhos, Hildegard Angel (jornalista), Ana Cristina Angel e Stuart Angel.

 Stuart Angel, foi militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8). Foi preso pelo regime militar aos 24 anos. Após inúmeras sessões de tortura, já com o corpo totalmente esfolado, foi amarrado à traseira de um jipe da aeronática e arrastado pelo pátio da Base Aérea do Galeão com a boca colada ao cano de escape do veículo, o que ocasionou sua morte por asfixia e intoxicação por monóxido de carbono.

Enfrentando a ditadura militar, Zuzu tentou encontrar o corpo do filho até os últimos dias de sua vida. Por isso, falou-se da sua grande coragem. "Eu não tenho coragem, coragem tinha meu filho. Eu tenho legitimidade", foi como ela respondeu. A sua luta incessante era em vão; depois de preso, torturado e executado, Stuart Angel teve o seu corpo jogado ao mar (descobriu-se depois). Por sua vez, a morte de Zuzu até hoje não foi explicada (Clique aqui para ouvir a música que Chico Buarque e Miltinho fizeram para ela).

Veja a carta que Stuart Angel escreveu para sua mãe.

Mãe,

Você me pergunta se eu acredito em Deus e eu te pergunto, que Deus? Tem sido minha missão te mostrar Deus dentro do homem, pois, somente no homem ele pode existir.

Não há homem pobre ou insignificante que pareça ser, que não tenha uma missão. Todo homem por si só influencia a natureza do futuro. Através de nossas vidas nós criamos ações que resultam na multiplicação de reações.

Esse poder, que todos nós possuímos, esse poder de mudar o curso da história, é o poder de Deus. Confrontado com essa responsabilidade divina eu me curvo diante do Deus dentro de mim.

Stuart Edgar Angel Jones

De fato, uma carta de quem não tem coração, de um homem frio e sanguinário, um terrorista assassino.

O que leva um homem ou uma mulher a abandonar bens materiais, conforto, família, e sair vida afora lutando por uma causa da qual não dependeriam?

Hildegard Angel se emociona ao falar do irmão

Por favor, não os chame de assassinos.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão (Paulo Freire).

O insustentável preconceito do ser

Já tive oportunidade de falar sobre o que está escondido no nosso inconsciente. Sentimentos fortes, que incomodam, que muitas vezes queremos fazer de conta que não existem, não podem ser nossos. Não adianta esconder, estão lá, camuflados. Chamo de pontos escuros que existem dentro de nós e aqui mesmo no site já postei alguns artigos que remetem a esse tema (veja aqui, aqui e aqui).

Para outros, entretanto, não. Esses sentimentos não incomodam (quem sabe nem percebam que existe, é algo natural). Muitas vezes se manifestam sutilmente, no dia-a-dia, individual ou coletivamente. Em outras situações manifestam-se abertamente (veja aqui).

Depois que escrevi “Um metalúrgico presidente ou um presidente metalúrgico?” (mais um a abordar o tema – veja aqui), tive a felicidade de ler este texto de Rosana Jatobá*. O texto é irretocável. Vou me limitar a transcrevê-lo. Veja.

O insustentável preconceito do ser
Rosana Jatobá

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.

Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:

– Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar….

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que, de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.

Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.

Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.

Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:

"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".

"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constrangimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.

O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:

"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra ‘niger’ par
a humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
‘Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe’…que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan ‘black is beautiful’. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".

Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?

A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos", mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

– A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !

E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

– Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
– Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia …

Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem".

Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.

A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável.

O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque, em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorancia e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

-Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

-Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.

PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos…

Sem comentários.

* Rosana Jatobá é jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo. Também apresenta a Previsão do Tempo no Jornal Nacional, da Rede Globo.

O Brasil, o Irã e o mundo

Não há como negar a importância e influência dos Estados Unidos no resto do mundo. País rico, possui duas indústrias muito poderosas, de grande importância e retorno financeiro: a cinematográfica e a bélica. A cinematográfica vai muito bem, obrigado. A bélica, precisa continuar.

Agora é a vez do Irã. Acusado de estar enriquecendo urânio para fazer a sua bomba atômica, é um país demonizado. Há algum tempo se busca uma negociação em nome da paz (parece que é o único país do mundo que tem ou quer fazer uma bomba atômica) e até pouco tempo não se conseguia. Houve fracasso nas negociações no ano passado.

Aí vem um pobre país do terceiro mundo e acha, veja que petulância, que pode tentar negociar nessa direção. Você queria o que? É claro que o mundo todo achou um absurdo. O Presidente da Rússia disse, na frente do Presidente do Brasil e da imprensa de todo o mundo, que “pelo seu entusiasmo, daria no máximo 3% de chances para o sucesso nas negociações”.

A Secretária dos Estados Unidos, a senhora Hillary Clintom, disse que, apesar de o Brasil não ter nenhuma chance, seria a última tentativa. Vazou para imprensa internacional a carta com o pedido do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Presidente do Brasil, para tentar resolver o impasse, ao mesmo tempo em que lhe desejava sorte na missão.

O governo brasileiro, juntamente com o turco, conseguiu o acordo. Detalhe: com as exigências feitas e negadas na tentativa do acordo de 2009.

No outro dia, exatamente no outro dia, os governantes dos países mais ricos do mundo negaram toda a importância do acordo e mais do que rapidamente reverteram todo o noticiário internacional para as sanções que estavam sendo estudadas para aquele país de terroristas. Inclusive, possibilidade de invasão.

O texto acima é uma parte do artigo “O mundo em paz”. Clique aqui para vê-lo.

Quando esses fatos ocorreram, a imprensa e os partidos de oposição ao atual governo fizeram todas as críticas possíveis e imagináveis. Coisas como, o Brasil está apoiando países terroristas, é um absurdo o país se envolver com coisas desse tipo, está se associando a assassinos frios, está contra os países que buscam a paz…

Vou corrigir. Não foram críticas, este seria o papel da imprensa e dos partidos de oposição. Na verdade, as razões são outras. Até o dia 03 de outubro, histórias muito piores do que essa surgirão.

O povo brasileiro, todos sabemos, sempre se caracterizou pelo seu comportamento pacífico. Tenho certeza de que você sabe que se fosse por nós não haveria nenhuma guerra no mundo. E mais, se pudéssemos faríamos qualquer coisa para acabar com elas.

Ocorre que a nossa posição, sempre num plano inferior em relação aos países que decidem os destinos do mundo, nunca permitiu qualquer iniciativa nesse sentido; simplesmente não seríamos ouvidos.

Qualquer um de nós pode ser contra o atual governo, este é um direito que estabelece a democracia, o direito de escolha. Mas, acredito que você vai concordar se eu disser que atualmente o Brasil ocupa uma posição como jamais conseguiu no cenário internacional. Se conseguirmos fazer um esforço um pouco maior, uma análise sem paixão, veremos isso.

O que a diplomacia brasileira fez foi simplesmente aproveitar esse momento. E fez o que o brasileiro sabe fazer de melhor, agir com o coração aberto. Não se trata de apoiar países terroristas, não é nada disso, não faz parte da nossa história. Que apoio ao terrorismo é esse às claras, diante dos olhos do mundo? Será que a grande imprensa pensa que somos idiotas? Esse é um jogo pesado que envolve outros interesses.

Estou cansado. Era pouco antes de 01:00 da manhã quando me preparava para pegar o livro de cabeceira para ler um pouco e dormir, quando recebi o e-mail com esse vídeo. Clique aqui para ver o discurso de um soldado americano. Ele mostra o que está por trás do desejo de impor sanções aos países. Não resisti e resolvi escrever algo para desabafar, nem que fosse para falar para mim mesmo, e aí poder dormir.

PS. Dois dias após o discurso, o soldado apareceu morto. A autopsia revelou ter sido um ataque cardíaco …