Talvez não seja tão simples nos tempos atuais não ficar triste.
Se olho para a profissão, incomoda a quantidade de “professores” com interesse meramente mercantilista.
Foi-se o tempo em que ensinávamos?
Em que tempo estamos? No tempo de tirar de quem nos procura, ao invés de dar? Estamos para brindar pelo que entra como dividendos e não mais pelo que sai dos nossos corações e almas como orientadores do futuro de jovens que ainda sonham? Tornaram-se eles somente o nosso meio de vida?
Que maravilha ser professor!
Quantos cargos imponentes. Diretor, chefe de departamento, coordenador de núcleo, homenagens, professor melhor amigo, melhor isso, melhor aquilo, tantos trabalhos, tantas publicações… e os nossos alunos buscando seguir os nossos passos.
Que passos, se nos perdemos?
E os alunos, desnorteados, achando que os parâmetros que estabelecemos para nós são os que devem estabelecer para eles.
Estamos diante de um momento único, sem dúvidas.
Momento em que novas ideias e concepções estão aí, pairando no ar. Concepções que precisam ser discutidas e que sobre elas sejam lançados novos olhares.
Por que não acontece?
Talvez seja mais interessante a criação de novas especialidades, novos cursos…
Necessidades não surgem mais naturalmente; são criadas.
Se olho para o mundo só vejo dedos apontando para os erros. Que não sejam os nossos ou dos nossos, mas os daqueles que não rezam na nossa cartilha.
Só vejo dedos acusando alguém de algo. Só vejo autoridades ignorantes e descomprometidas me dizendo o que fazer.
Tentam tirar a minha cidadania. Ninguém quer me permitir ser eu.
Quero ser marginal.
Aquele que vive à margem.
À margem da mediocridade, do que você determina.
Sou aquele que não lhe segue porque você não tem competência para ser seguido.
Quero escolher!
Errar, acertar, e depois, lá na frente, olhar para trás e dizer:
Eu fiz!
Resta-me torcer para quando chegar esse momento poder contabilizar mais acertos do que erros, porque ambos, acertos e erros, estarão comigo. E aí terei feito as minhas escolhas, terei vivido a minha vida. Os pecados e glórias serão meus.
E então poderei dizer aos meus filhos:
Sejam!
Onde vou encontrar esse mundo?
Onde você vai encontrar?
Não, não vamos encontrar. Simplesmente, não vamos encontrar.
Temos que construir.
Não quero um mundo em que me digam; faça. Quero um mundo em que façam comigo.
Quero fazer o meu mundo.
Mas, como?
Vivendo a vida dos meus pais, dos meus professores, dos “professadores” da verdade?
Quero viver a minha vida.
A minha!
Crescer, amadurecer.
Como é difícil!
Vive-se cada vez mais a vida do outro.
Somos cópia.
Somos manada.
“A gente nasce primeiro para os outros. Há um dia em que nascemos para nós mesmos”.
Essa frase é de um personagem do livro “Antes, o verão”, de Carlos Heitor Cony.
O seu primeiro nascimento não foi escolha sua.
O segundo é.
“Vem, vamos embora que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer…” (Geraldo Vandré)
Como descrever esse depoimento do jornalista e acadêmico uruguaio Leonardo Haberkorn?
Li há poucos dias que ele pediu demissão e não continuará lecionando na carreira de Comunicação na Universidade ORT de Montevidéu.
Como deve se sentir um professor ao ler esse texto?
Tocado, comovido, assustado…?
Desesperançoso?
Quantos terão a real dimensão do texto?
Ou simplesmente colocaremos na cota daquilo que se convenciona chamar de desafios da docência e que o professor Haberkorn não teria sabido contornar?
O que é desafio da docência?
É algo quixoteano?
O professor terá que cada vez mais “lutar contra moinhos de vento”?
O comportamento dos alunos traz em si a complexidade de algo que vai muito além da sala de aula.
Não se pode tratá-lo de maneira tão simplória como mais um desafio da docência.
Já não chega ter que lutar contra a desconstrução do saber, que tira os moinhos de vento do terreno da imaginação e os torna reais?
Todo esse processo atingiu proporções inimagináveis e encontra nas tentativas de descontrução do saber não só mais uma dificuldade, mas uma barreira quase que intransponível.
Inimigos do saber não são amigos do professor.
É impossível!
Quando chegará o dia em que todos os professores, todos os países, todos os povos, irão lutar, juntos, contra os inimigos do saber?
No professor, nunca chora de forma solitária o coração.
Também chora a alma.
A demissão de Leonardo Haberkorn, que atinge a todos nós, foi anunciada por meio dessa carta que, segundo também li, vem mexendo com o mundo da educação em seu país.
Que ela sirva como denúncia dos professores que se alinharam a aqueles que são inimigos do que há de mais belo e nobre na vida: a construção do saber.
Mas, ao mesmo tempo, elevemos as mãos aos céus em uma prece aos deuses da sabedoria para que essa carta se transforme em mais uma ferramenta de resistência na luta da civilização contra a barbárie.
Leia a carta:
“Depois de muitos, muitos anos, hoje lecionei na universidade pela última vez. Cansei de lutar contra o celular, contra o WhatsApp e o Facebook. Eles me venceram. Desisto. Joguei a toalha. Cansei de falar sobre assuntos dos que sou apaixonado, para pessoas que não conseguem tirar os olhos de um telefone que não para de receber selfies.
Claro, é verdade, nem todos são assim. Mas há cada vez mais. Até três ou quatro anos atrás, o pedido para deixar o telefone de lado por 90 minutos – pelo menos para evitar ser grosseiro – ainda tinha algum efeito.
Já não. Pode ser que eu tenha me desgastado muito em combate, ou que acabei fazendo algo errado.
Mas há uma coisa certa: muitas dessas crianças não sabem o quão ofensivo e nocivo é isso que elas fazem. Além disso, é cada vez mais difícil explicar como funciona o jornalismo para pessoas que não o consomem ou veem sentido em ser informadas.
Nesta semana, o assunto Venezuela surgiu na aula. Apenas um aluno em 20 poderia dizer o básico do conflito. O básico. O resto não tinha a menor ideia. Perguntei se sabiam qual uruguaio estava no meio daquela tempestade. Obviamente, ninguém sabia.
Perguntei a eles se sabiam quem é Luis Almagro. Silêncio. Após um intervalo constrangedor, do fundo da sala, uma garota gaguejou: ‘não era o chanceler?’. Então segui, e perguntei o que está acontecendo na Síria. Silêncio.
Qual partido é mais liberal ou mais de esquerda nos Estados Unidos: os democratas ou os republicanos? Silêncio. Vocês sabem quem é Vargas Llosa? Adivinhem…
Sim! Alguém leu algum de seus livros? Não, nenhum. Lamento que os jovens não possam deixar seus celulares, nem mesmo na aula. Conectar essas pessoas desinformadas ao jornalismo é complicado.
É como ensinar botânica a alguém que vem de um planeta onde não existem vegetais. Num exercício em que tiveram que sair para procurar notícias na rua, uma estudante voltou com a notícia de que jornais e revistas ainda estão sendo vendidos na rua.
Chega um momento em que ser jornalista se torna uma realidade que joga contra você. Quando se é treinado para se colocar no lugar do outro, se cultiva a empatia como ferramenta básica de trabalho.
Então, podemos ver que esses meninos – que ainda têm a inteligência, a simpatia e o calor de sempre – foram enganados, que a culpa não é só deles. Essa ignorância, esse desinteresse e alienação não nasceram do nada.
Que mataram a curiosidade que tinham, que cada professor que deixou de corrigir seus erros ortográficos lhes ajudou a ensinar que tudo dava mais ou menos no mesmo.
Então, quando se entende que eles também são vítimas, quase sem perceber, eles baixam a guarda.
E o mau acaba sendo aprovado como medíocre; o medíocre passa a ser bom; o bom, nas poucas vezes que chega, é festejado como se fosse brilhante. Não quero fazer parte desse círculo perverso. Nunca fui assim, e nunca serei.
O que eu faço, sempre gostei de fazer bem. O melhor que posso. E não suporto o desinteresse em cada pergunta que faço, sempre respondida com silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Eles queriam que a aula acabasse.
Eu também”.
Leonardo Haberkorn
*Publicado originalmente no blog do autor | Tradução de Victor Farinelli
Não tenho nenhuma dúvida de que Miguel Arraes teria grande orgulho da neta, Marília Arraes.
O seu Projeto de Lei, vetado pelo deprimente presidente, seria algo muito importante para as mulheres pobres.
Com relação ao veto do deprimente, disse-me a moça que trabalha aqui em casa há 22 anos:
“Ele não tem noção do que passam as mulheres muito pobres e suas filhas”.
Miguel Arraes tinha.
Sua neta, Marília, também tem.
Mas ela é mulher, pernambucana, nordestina…, ah, sim, e do PT.
O deprimente tinha que vetar.
Por outro lado, sendo pernambucana, nordestina e do PT, Marília enfrenta outro problema.
Órgãos de imprensa como Estadão e Folha (quantos mais?) escondem o seu nome como autora do projeto e o “atribuem” a Tabata Amaral.
É mais fácil digerir.
Tabata, sempre esperta, não só dá as boas-vindas à maternidade, como a assume com ares de que continua tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Conheça um pouco mais a realidade dos fatos na matéria abaixo.
Padre Julio põe os pingos nos is na briga entre as turmas da Tabata Amaral e Marília Arraes
Por José Cassio
Na briga entre Tábata Amaral e Marília Arraes quem pôs os pingos nos ‘is’ foi o padre Júlio.
Bolsonaro vetou distribuição de absorventes para meninas de baixa renda.
A web entrou numa disputa pelo reconhecimento da autoria da iniciativa.
A coisa tomou ainda mais proporção porque tem família no meio: Tabata é namorada de João Campos, prefeito de Recife, e filho de Eduardo Campos, primo-irmão de Marília.
Bisneto de Miguel Arraes, e neta, se pegam como cão e gato na disputa pelo poder em Pernambuco.
A real entre Marília e Tabata
Real da história: o PL é de autoria de Marília Arraes (PT-PE) e acabou virando bandeira de Tábata. Ambas têm o dedo, portanto.
Como também padre Julio Lancellotti, que não perdeu tempo e mandou uma linda mensagem na manhã desta sexta.
Padre Julio sabe o que nós devemos combater neste caso: o genocida que responde pelo cargo de mandatário número 1 da Nação.
Elas poderiam tranquilamente entrar naqueles momentos tipo “Imagens que falam por si”.
São muitas.
Tantas, que tornam muito difícil a escolha da melhor.
Esta abaixo é uma das minhas preferidas:
Um garoto que não conseguiu crescer, vive, como adulto, seu sonho de infância: marchar com soldadinhos de chumbo na vida real.
Como se soldados fossem.
Comovente, essa imagem não fala, grita!
Mas, voltemos ao atual momento em que sonhos são destruídos e a vida apanha diariamente do grotesco.
Por não ter sido vacinado contra a Covid-19 e pela comenda e glória que lhe foram concedidas pelos deuses da burrice, da ignorância e da estupidez, o presidente do Brasil “invade” os Estados Unidos para a reunião da ONU.
O que pretende o pobre homem?
Desafiar Nova York?
Desafiar a ONU?
Desafiar o mundo?
Parece ser essa a interpretação da imprensa internacional.
Não seria algo menor?
Algo mais compatível com o seu pequeno universo?
Vamos lá!
Todos querem ser vistos!
Todos precisam ser vistos!
Em tempos de redes sociais, por conta dessas necessidades, o ridículo e o grotesco se exibem diariamente, sem nengum pudor.
Até a sobremesa precisa ser mostrada.
Há um grande simbolismo na imagem lá em cima.
Por conta da comenda e da glória dos deuses da burrice, ignorância e estupidez, o presidente está proibido de entrar para almoçar nos restaurantes de Nova York.
O vexame internacional é enorme e dispensa comentários, pelo menos para os que pensam.
Entretanto, na imagem, que aguardará o futuro para ser exibida aos netinhos, ele e seus ministros orgulhosamente comem pizza com as mãos na calçada.
No seu diminuto universo, o que o presidente quer, precisa e está fazendo é alimentar o gado.
– Viu como sou poderoso? Mesmo nos Estados Unidos, não uso máscara, faço como quero!
Afinal, ainda que com algumas pequenas restrições (por exemplo, essa de entrar nos restaurantes), como se trata de um chefe de estado, ele pode transgredir as leis de outro país, mesmo sendo este o grande e poderosíssimo Estados Unidos da América, o John Wayne do mundo.
E isso inclui não usar máscara por conta das normas impostas pelo estado de Nova York.
Faz parte da dieta que diariamente alimenta aqueles 11% que as pesquisas apontam como fieis adeptos da estupidez como norma de vida.
Para quem, na primeira viagem como presidente do Brasil, foi “flagrado” sem segurança comendo sanduiche numa mesinha, a de agora está no mesmo patamar; estupidez como marketing.
Ele sabe que funciona.
Jânio Quadros meio que inventou esse tipo de marketing no Brasil.
Entre outras coisas, ele “jogava” algumas caspas (isso mesmo, de cabelo) sobre o paletó para parecer um homem comum, isto é, do povo.
Assim foi eleito presidente do Brasil!
Porém, ainda que oportuna em seu tempo, hoje, as caspas provavelmente não funcionariam.
Os tempos são outros.
Por exemplo.
Se os cantores sertanejos tivessem noção de alguma coisa, qualquer coisa, veriam com clareza o valor do presente, autografado, que ofereceram a ele.
Para que serve um violão?
Quem pensou tocar, cantar, compor, elevar o espírito, a alma…, errou feio.
Quanto a comer pizza naquelas condições, era absolutamente desnecessário.
Eles poderiam almoçar no hotel, onde não há nenhum tipo de restrição.
E fariam uma bela refeição.
Comer pizza naquelas condições teve outro sentido.
Antídoto contra a ignorância e a estupidez, no aniversário de 100 anos, que faria hoje, ele recebe homenagens de todo o mundo.
Patrimônio brasileiro.
Veja o que diz o jornalista Alex Solnik.
“É um alento ver o Google incorporar o rosto barbudo e nordestino de Paulo Freire ao seu logotipo.
Nessa hora em que poltrões são elevados a mitos e os que merecem estátuas são condenados ao ostracismo, é um alento ver o Google incorporar o rosto barbudo e nordestino de Paulo Freire ao seu logotipo, ao lado de um lápis faiscante a girar, como um farol.
Aqueles que fazem a humanidade avançar são indestrutíveis porque passam de homens a imortais.
Os que tentam empurrar a roda da história para trás acabam sendo esmagados por ela“.
O título deste texto foi retirado de uma entrevista do jurista Eugênio Aragão.
Veja o que ele diz:
“Para essa elite, se o Bolsonaro tentou dar um golpe, antes disso eles deram um contragolpe. Ou seja, colocaram uma coleira nele, e vamos ver quanto tempo essa coleira vai segurá-lo”.
Na verdade, a diferença entre pouco tempo atrás e hoje é que Bolsonaro assumiu que não governa.
Nunca governou, agora, assumiu!
Algumas caras não estão mais na retarguada. Outros sorrisos assumiram a dianteira do poder e esconder isso se tornou impossível.
Ele não tinha opção.
Continua Eugênio Aragão:
“Me parece que ninguém concordou em arquivar tudo, mas pelo menos em dar uma folga para o Bolsonaro. Acredito que Bolsonaro entrou nesse jogo porque o que estava do outro lado da bandeja não era nada agradável – acabava também envolvendo os filhos dele”.
Apesar da proteção, a prisão parece inevitável, particularmente do 02, o filho que agora decidiram que precisa casar.
Mais uma vez, Eugênio Aragão:
“O cachorro aqui de casa costuma roer a coleira, daqui a pouco ela já não vale mais nada. Me parece que o Bolsonaro, como o cachorro doido que é, uma hora também vai roer essa coleira. Mas por enquanto ela segura Bolsonaro. Acredito que estamos nesse passo”.
Sabe-se que, acuado, um homem com diagnóstico de distúrbios psicológicos graves é capaz de coisas inimagináveis, mas os donos do poder e os que assumiram o governo contam com poder controlá-lo com rédeas curtas.
Muitos não percebem o que se faz com ele.
Observe como a própria mídia faz o jogo de cena.
“Bate” nele, mas quando surge uma real possibilidade de impeachment, é a primeira a espernear e se colocar contra.
Pelo potencial avassalador que possui, o documentário “Bolsonaro e Adélio – uma fakeada no coração do Brasil”, do jornalista Joaquim de Carvalho, está deixando todo mundo preocupado.
Até a Globo criticou.
Por que a Globo não aproveitou o documentário e, ao contrário, criticou?
Não, não há interesse em retirá-lo do governo. Ele continua sendo muito útil.
Só querem controlar o animal.
Entretanto, não há como não reconhecer que é um risco.
Já se sabe que ele, o Messias, será preso quando deixar o governo.
Porém, se investigarem a “facada”, o impeachment e a cadeia podem se tornar inevitáveis já agora.
A insignificância dele pode ser observada no vídeo gravado e divulgado pelo marqueteiro de Temer, o homem que escreveu a carta para o Messias “falar” com o país (incompetência elevada ao absurdo).
Qual a intenção daquele vídeo?
O que pretende a elite com aquilo?
Por que foi vazado?
O Messias foi humilhado e ridicularizado da maneira mais grotesca possível!
Aqueles membros de parte da elite brasileira tripudiaram sobre um cadáver ambulante.
E ele ficou pianinho!
E o gado?
Movimentando-se sempre em direção única, de um curral para o outro, continua sem tomar conhecimento de nada.
O que fazem eles?
Xingam, ofendem, agridem, é comunista aqui, corrupto ali…, aquela competência que você já conhece!
Desde jovem, aprendemos a identificar, uns nos outros, algumas características.
Elas se evidenciam mais cedo e às vezes fortemente. É o caso da mentira e da covardia.
O menino mentiroso exige algum tempo para ser identificado. É o tempo, pela repetição das mentiras, que assim o define.
Da mesma forma, o valente covarde.
É o menino que bate nos mais novos, que bate nas meninas, os dois-três que se juntam para bater em um…
Bater em meninas, por exemplo, é um traço marcante. Esses, além de rapidamente identificados, costumam ser desprezados; “bater em mulher”, desde cedo, é um sinal inequívoco de covardia.
O mundo infantil, e mesmo o adolescente, “permite” algumas pequenas distorções comportamentais sem que sejam necessariamente taxadas de patológicas.
Ocorre que, fruto de um meio ambiente desequilibrado, algumas dessas “pequenas distorções” se incorporam à vida dessas crianças e passam a fazer parte delas.
O ambiente famíliar é um deles.
O ambiente familiar racista tende a gerar um racista.
O ambiente familiar violento tende a gerar um adulto violento.
O ambiente familiar homofóbico tende a gerar o que estamos vendo nesse momento.
O ambiente familiar em que a filha não tem a mesma liberdade, o mesmo direito, enfim, a “mesma criação” que o filho, poderá fazer dela uma mulher submissa. Do filho, um macho e não um homem.
O macho submete, o homem convive e respeita.
Também o contrário, uma mulher “rebelde”, ativa, pode surgir como resultado desse processo.
Entenda que não estou estabelecendo estereótipos, dizendo que é necessariamente assim, mas que apresenta possibilidades de ser.
E entenda também que algo que se incorpora a você passa a ser natural para… você. E só para você.
Assim, você poderá ter dificuldades para perceber que as “pequenas distorções” da criança ficaram e hoje constituem o adulto.
Qual será o resultado?
A vida, como sempre, ensina.
Ela sempre se encarrega, por exemplo, de expor a fanfarronice dos valentões, aqueles casos mais graves, os que saem da perspectiva da criança e a acomapnham na vida adulta.
Característica marcante, a valentia fanfarrona se entrega em vários momentos.
O “imbrochável” brochou
O encontro do Messias com Vladimir Putin, presidente da Rússia (veja imagem lá em cima), reconhecido como homem duro, frio, foi brochante, mesmo sendo o Messias “imbrochável”, como ele alardeia.
Teria sido a única vez em que a brochada ocorreu?
Deixo a resposta com a sua memória.
Alguém tem alguma dúvida sobre os constantes ataques e agressões do Messias à China e ao povo chinês?
Nos BRICS, onde o Brasil, como um dos fundadores, sempre desempenhou papel de relevância, o presidente brasileiro nada significa. Recomenda-se, porém, que, como presidente do país, deve se fazer presente nas reuniões.
Na última reunião da cúpula dos BRICS (09/09/2021), o Messias enalteceu a importância da parceria com a China, particularmente no tocante à pandemia da Covid-19 e as vacinas.
Brochou!
Outra vez.
Você pode dizer amarelou, arregou (muito na moda), recuou, deu pra trás, piscou…, como quiser.
Dizer, desdizer, dizer outra vez, dizer que foi mal-interpretado, tudo vai ficando, convenientemente, para trás. Os miquinhos amestrados, em particular, parecem possuir péssimas audição e visão (nada ouvem e nada veem) e, pior ainda, péssima memória.
Um blefador sempre se supera
Além de sua contumaz e contundente estupidez, esse pobre coitado é um blefador amador, dos piores. Se fosse um profissional, jamais faria a asneira que, mais uma vez, fez.
Há tempos vem agredindo e ameaçando ministros e STF. No 7 de setembro, não fez outra coisa.
Chegou, inclusive, a ameaçar com a convocação do Conselho da República.
Será que sabe do que se trata?
Será que sabe quem são os membros do Conselho da República, o que significa e as eventuais implicações dessa reunião?
Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) ignorou e Artur Lira (presidente da Câmara), mesmo ele, não conseguiu segurar a asneira dita pelo chefe. Mourão, vice-presidente, foi mais longe e o ridicularizou; “não estou sabendo de nada. Acho que ele se equivocou”.
Passou a quarta-feira, a quinta, a sexta e o infeliz não tocou mais no assunto. Assim será com o sábado, o domingo…
O que ele fez foi mandar o avião presidencial buscar (Michel) Temer em São Paulo para lhe dizer o que fazer, diante de tanta sandice dita por ele mesmo nos últimos tempos, particularmente no 7 de setembro.
Como sempre, completamente perdido.
Um parêntese.
Segundo o gado, agora mais gado do que nunca, este é o melhor ministério que o Brasil já teve.
Que maravilha!
Agora, acompanhe comigo a composição desse ministério: general Augusto Heleno, Onyx Lorenzoni, General Pazuello, Damares, general Braga Neto, Marcelo Queiroga, os que tornaram a Terra plana, os geniais três patetas, os que já sairam…
Meu Deus!!!
É tão grande a competência desse ministério de notáveis que o valente presidente (quantas mulheres já foram ofendidas, xingadas, empurradas… por ele!) não conseguiu “tirar” uma única pessoa para o orientar; mandou buscar Temer.
Temer não só o orientou, como escreveu a carta que o mito do “calor da luta” apresentou ao país.
O ex-presidente escreveu uma carta à nação para o atual presidente ler.
Em outras palavras, o ex-presidente falou à nação.
O outro, o atual, emprestou a voz.
Foi vergonhoso!
Veja como Moisés Mendes, jornalista gaúcho, descreve o episódio:
“O pedido de socorro a Michel jaburu Temer e o reconhecimento público de que houve a conversa por telefone com Moraes são a prova da humilhação imposta pelo ministro.
Moraes deve ter deixado bem claro a Michel Temer: aceito a sua mediação, meu padrinho, e o recuo do sujeito dos blefes, mas desde que de forma explícita e com nota nas redes sociais.
Moraes impôs o roteiro. Nada de reuniões secretas e com desfechos encobertos. Fez o Brasil saber que Bolsonaro rezou ajoelhado no milho. Mas não pode ser tomado pelo engano de que o outro ficará ajoelhado por muito tempo”.
Tudo isso é triste, muito triste.
Enlameia o Brasil e mostra o total desequilíbrio e incompetência do homem que está no comando.
Apesar de tudo, que niguém se engane!
As negociações continuam a pleno vapor.
Pactos, nesse exato momento, estão sendo construídos.
Como o famoso “com o Supremo, com tudo”, do digníssimo Romero Jucá.
Aquele, para forçar o vergonhoso impeachment de Dilma.
Agora, para impedir o impeachment do vergonhoso Bolsonaro!
E aqui há uma “sutil” diferença:
Confirmado o impeachment, Dilma foi inocentada em todos os processos.
Ao todo, mais de 1550 pessoas e mais de 550 organizações assinaram pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Foram enviados 136 documentos ao presidente da Câmara dos Deputados, sendo 82 pedidos originais, 7 aditamentos e 47 pedidos duplicados.
O governo Bolsonaro não existe há muito tempo, mas é preciso que seja mantido lá. Todos os que o mantêm lá sabem que ele não serve pra nada, mas, para eles, é importante que ele permaneça.
Ele está lá e lá vai ficar.
Não haverá impeachment!
Simples assim.
E o gado?
Passa à margem.
De um curral para o outro.
Como canta Gonzaguinha em uma de suas músicas:
A plateia ainda aplaude, ainda pede bis A plateia só deseja ser feliz
Tornou-se muito cansativo falar de Bolsonaro, sua família e seu governo.
Escândalos surgem a todo instante, todos envolvendo desde o Messias e sua família ao seu desqualificado e falido governo.
Pior, porém, é falar de tudo que está acontecendo no entorno deles.
É doloroso!
Ver ao vivo, mas sem cores, a degradação mental e intelectual de uma sociedade dói muito e provoca mal-estar.
Um mal-estar que, entre outras coisas, gera um desconfortável sentimento de pena por parte da socieade que, nesse processo de degradação, tornou-se incapaz.
Tocam a vida, mas não sentem o seu pulsar.
Para alguns, certamente, alguém dizer “tocam a vida, mas não sentem o seu pulsar” é mi mi mi.
Lamento por eles.
Pela reconhecida ignorância e incapacidade de reflexão, reagem sempre da mesma forma; a negação e a tentativa de desqualificação daqueles que não rezam na mesma velha bíblia do atraso.
Agem por impulsos.
Freud os definiria como impulsos pulsionais.
Aliás, ele, Freud, não ignorou esse mal-estar. O seu livro, “O mal-estar na civilização”, fala sobre a dicotomia entre os impulsos pulsionais e a civilização, isto é, entre indivíduo e sociedade.
Não se compra a reação qualificada, aquela que se apresenta com contra-argumentação, como se compra uma arma. Esta, cada vez mais facilmente, está à disposição das mentes empobrecidas pelo retrocesso a que foram submetidos esses segmentos da sociedade.
Há “produtos” que não são construídos e postos à venda, mas construídos pelo saber e incorporados ao ser que se desenvolve pela civilidade.
Estamos na fronteira entre civilização e barbárie.
É em momentos assim que a vida se perde.
Momentos em que, tal qual o persongaem de Saramago, no seu livro Ensaio sobre a Cegueira, eu gostaria de ficar cego:
“Se tivesses que ver o que sou foraçda a ver todos os dias, também quererias ficar cego.”
Sim, gostaria de ficar cego.
Apresso-me em explicar aos bolsonaristas, para que possam entender alguma coisa, que se trata de uma figura de linguagem, uma metáfora. O cego aqui não é a condição da cegueira física, mas da incapacidade de “ver” o que de fato ocorre ao seu redor.
A cegueira, como ignorância, não traz sofrimento.
Como diz a velha e bendita sabedoria popular, “o que os olhos não veem, o coração não padece”.
Não há sofrimento no que não se vê.
Não há sofrimento naquilo de que não se toma conhecimento.
O fato de Bolsonaro, sua família e seu governo já fazerem parte do lixo da história diz bem como têm sido enormes o esforço e o sacrifício de falar sobre eles. Algo que faz mal à saúde.
Como também faz mal à saúde conviver nesse momento em que, como diz Bertrand Russel, “a ignorância coloca-se na primeira fila para ser vista. A inteligência coloca-se na retaguarda para ver“
A ignorância e a estupidez ocuparam todas as primeiras filas dos auditórios do país.
Do processo civilizatório de todos nós, fizeram parte as comemorações das datas cívicas, entre elas, o 7 de Setembro.
Quantos milhões de crianças por esse Brasil afora já desejaram desfilar nas paradas de 7 de Setembro!
Momentos em que soldados desfilavam pelas ruas e avenidas desse imenso país e projetavam naquelas crianças os sonhos mais nobres de defesa da Pátria, que eles, soldados, juraram respeitar.
E, de repente, transformam uma data cívica, quem sabe a mais importante delas, a que comemora a Independência do Brasil, no momento mais oportuno para que se promovam dias de insegurança.
Nas paradas de 7 de Setembro, os soldados marchavam com armas, na construção de momentos mágicos em que o simbolismo da Pátria pairava sobre nós. Uma demonstração cívica de amor e respeito ao país.
Neste 7 de setembro, do mesmo jeito, irão às ruas armados, mas com objetivos em nada nobres e muito menos de qualquer demonstração cívica de amor e respeito ao país.
Serão muitos os que irão às ruas? Serão poucos?
Agarram-se aos números, aos quais, como tudo mais, sempre manipulam na arte de falsear, arte em que são mestres.
Ao final, isso será o que menos importa, mas é compreensível que não consigam ver dessa forma.
Não lhes é possível dimensionar o gigantesco retrocesso que vive o país.
Todo o processo civilizatório, de milhões de crianças e da sociedade como um todo, está sendo abortado da maneira mais absurda possível, uma obra de arte ao avesso e de péssimo gosto.
Como todos já sabem ACM Neto é o que restou do Carlismo na Bahia e ele tenta de todas as formas se agarrar nos escombros da memória do avô, também conhecido como o “Malvadeza”. Mesmo que para isto tenha que buscar uma tábua de salvação e escondê-la por vergonha como faz com Bolsonaro.
Em outubro de 2018, Neto declarou apoio individual à candidatura de Bolsonaro no segundo turno. Ele disse à época, “Não concordo com tudo que ele (Bolsonaro) diz, mas queremos mudança”. E a mudança veio da forma que estamos vivendo. E mesmo agora querendo se desvencilhar de sua responsabilidade por contribuir com a eleição do atual presidente, o ex-prefeito de Salvador não conseguirá enganar os baianos.
ACM Neto não só apoiou a eleição de Bolsonaro, mas está dentro do governo com ministros indicados pelo Democratas, do qual é o presidente nacional da legenda. Querer vender a imagem de independente não cola, a internet está aí para provar.
Ele pode até tentar, mas o acordo do DEM no Rio de Janeiro com os Mercadores da Fé liderados pelo pastor Silas Malafaia desnuda a sua intenção. Neto fez um acordo diretamente com Bolsonaro. Ele entrega a estrutura do partido no estado para servir de palanque a apoio estrutural e recebe em troca o apoio da turma da “teologia da prosperidade” na Bahia. Mais uma vez o povo evangélico sendo usado como massa de manobra eleitoral.
Falando em mentir, isto não é uma exclusividade da família Bolsonaro, Neto que diz não fazer parte do governo federal tem a Tereza Cristina, na Agricultura, e Onyx Lorenzoni, no Trabalho como ministros. No congresso nacional o partido que ele preside faz parte do Centrão. Grupo de parlamentares da pior qualidade e vota na maioria das propostas de Bolsonaro, tanto na Câmara Federal como no Senado.
Grampinho, como também é conhecido, após ser envolvido no caso de supostos grampos ilegais feitos pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia contra opositores do avô. Naquele ano Antônio Carlos Magalhães era senador e mandava na Bahia com mão de ferro. Deve achar que o tempo da mentira e da truculência pode retornar a Bahia. Ele tenta vender a ideia de que nos últimos 16 anos nada foi feito na Bahia. Há de se perguntar onde ele andou durantes estes anos que não enxergou o canteiro de obras que o estado vive?
Neto e Bolsonaro são irmãos siameses nascidos da política e da mesma prostituta do fascismo que vive na sarjeta e nos becos procurando atalhos para os seus propósitos. O lugar dos dois é o lixo da história para onde devem ser mandados todos aqueles responsáveis por colocar o Brasil nesta situação.
Inicialmente, confesso que fiquei perplexo com a perplexidade dos perplexos com o preocupante “estado mental” de Jair, indivíduo que nada tem de Messias e chefe da famiglia Bolsonaro, tutti buona gente!
Nunca leram nada sobre ele?
Nunca observaram a atuação dele como “parlamentar”?
Nunca leram o relatório de sua expulsão do exército, onde consta como “canalha, covarde e contrabandista“?
Nunca leram o mesmo relatório de sua expulsão do mesmo exército, onde consta como homem “com graves distúrbios psicológicos“?
Insignificante, como sempre foi, ele o era a esse ponto, de ter se tornado invisível?
A minha perplexidade com a perplexidade dos perplexos me irritava.
Por exemplo.
Como ficar perplexo diante da manchete lá em cima, que fala do pedido do Messias para sua filha não ter que fazer, como os mortais, o processo seletivo para entrar no Colégio Militar?
Se medalhas e comendas tidas como importantes para o exército (seria este o mesmo Exército Brasileiro do Duque de Caxias?) já foram conferidas à primeira dama, aos seus filhos, amigos…, por que alguém se “perplexaria” diante de pedido tão pueril do comandante em chefe das forças armadas?
Sim, eu ficava irritado com o samba da perplexidade geral da nação!
Até que li que o Messias tinha dito, observe que não teria dito, mas que (já) tinha dito, que era idiota o cara que diz que tem (precisa) comprar feijão!!!
Não acreditei, só podia ser má vontade da imprensa com o Messias.
Não podia ser verdade.
Mesmo como comandante em chefe das forças armadas, ele jamais diria aquilo!
Corri atrás de algum vídeo que pudesse comprovar. Eu precisava ouvir dele.
Ouvi!
E vi!
Tentei buscar refúgio em Fernando Pessoa:
“Navegar é preciso, viver não é preciso“.
Cheguei a cometer a blasfêmia de plagiá-lo, ao construir uma frase em apoio ao Messias:
“Atirar é preciso, comer não é preciso”.
Não dava.
Era demais.
E ocorreu a penosa queda da ficha (estou tentando ser o mais poético possível, na vã tentativa de amenizar a situação).
Caí na real.
E lá fui eu outra vez em busca dos poetas, eterno refúgio para resistirmos aos brutos.
E um deles me disse que alguma coisa está fora da ordem.