Estadão infla lista de apoio a Moro com repetições de nomes

Milagre dos pães ou Canalhice sem limites

Por Ronaldo Souza

Algumas coisas são facilmente percebidas  nas redes sociais.

Há uma grande desinformação e ignorância, esta vomitada de forma arrogante (alguns podem estranhar, mas não é incomum ignorância e arrogância andarem de mãos dadas) todos os dias, e uma dose assustadora de mau-caratismo. A estes, não me dirijo.

Se há uma coisa que não permite meio termo é caráter; ou se tem ou não.

Faço questão, entretanto, de registrar que não tenho nenhum dúvida de que muita gente está inocente nessa história. Algumas pessoas não têm ideia do quanto estão sendo manipuladas.

Quando não se percebe o óbvio, é no mínimo extremamente difícil que alguém consiga mostra-lo.

Costuma ser em cima disso que se constroem as unanimidades.

Quem ousaria contestar Joaquim Barbosa quando era ele o rei.

Só vou relembrar uma das coisas que escrevi sobre ele; eu disse que Joaquim Barbosa seria mais um bagaço de fruta chupada e jogada pela janela.

Onde está Joaquim Barbosa?

O texto abaixo mostra com uma clareza tão grande a manipulação que sofrem as pessoas desinformadas, ou quem sabe seja melhor dizer mal informadas, que não restará nenhuma duvida.

Se depois de ler alguém ainda continuar se deixando levar pelos órgãos de imprensa que o conduziram até este momento, deixará de figurar entre os desinformados ou mesmo ignorantes citados aí em cima.

Provavelmente o seu destino será outro.

Veja o texto.

Moro duplicado

500 juízes assinam abaixo assinado em apoio a Moro. Será mesmo 500????

Por Rogério Maestri, no Jornal GGN

Parece que a política esta tirando não só o bom senso de alguns dos nossos juízes e jornais, mas também o senso do ridículo

O Estadão, publica uma notícia bombástica:

500 colegas de Moro avisam que ‘não se curvarão a condutas anti-republicanas’” indicando a notícia um apoio maciço dos colegas de Moro aos seus atos.

Moro duplicado'

Para começo de conversa na lista são apresentadas 471 assinaturas, com que faz que o autor da notícia tenha inchado um pouquinho o apoio, nada de mal para um jornal que apoia os Golpistas.

Porém este número é uma verdadeira FARSA, pois se olharmos a lista de assinaturas, que propositalmente não está por ordem alfabética veremos alguns nomes duplicados. Ainda é possível tolerar um ou dois nomes duplicados! Porém como sou engenheiro resolvi verificar quantos nomes estão duplicados, e para meu espanto o número 471 é um verdadeiro engodo, fica mais fácil contar os números que não estão duplicados.

Das 471 assinaturas somente 123 não estão duplicadas, ou seja as restantes 348 são duplicadas. Isto já começa a ser um horror, mas não basta isto. Das 348 restantes há assinaturas triplicada e quadruplicadas. Em resumo, a duplicidade (ou mais) das assinaturas no documento é aREGRA e não o ERRO.

Eu sempre soube que advogados e juízes não são muito bons em matemática e também sempre ouvi que juízes se acham deuses, mas nunca pensei que copiando o “Milagre da Multiplicação dos Pães” fazendo o “Milagre da Multiplicação das Assinaturas”.

Para me resguardar de possíveis processos, aviso aos navegantes, que já fiz uma cópia da fantástica lista.

Uma contribuição à apuração

Jornal GGN – O alerta foi dado e o GGN tentou ajudar na apuração. A ideia foi buscar o magistrado em seu estado. Só por amostragem. Do Acre, dois nomes, Alex Oivane e Alex Oliveira. Os dois estão repetidos na lista do Estadão: duas vezes cada um. No Tribunal de Justiça do Acre estão listados. Alex Oliveira: o único encontrado, é Alex Freitas de Oliveira, que não aparece como juiz e sim como técnico judiciário, em Bujari e sem cargo de confiança.

Alex Oivane é juiz substituto no 3º Juizado de Rio Branco. Os dois podem ser encontrados neste link: http://www.tjac.jus.br/wp-content/uploads/2015/03/Anexo_V_MARCO_2015.htm

Um belo dia de sol

Salvador e minha rua

Por Ronaldo Souza

Há cerca de 13 anos um grande amigo me telefonou.

Era o professor de Cirurgia da UFMG, Henio Geraldo Parreira Horta, Hênio Horta, um dos melhores que vi em cirurgia parendodôntica. Não sei se vi igual.

– Ronaldo, vem um professor da Alemanha dar um curso de Cirurgia no Congresso de Odontologia aqui de Minas Gerais. Ocorre que uma das “exigências” dele foi conhecer Salvador. Ele vai passar primeiro em Salvador e chega aí tal dia. Não se preocupe, não precisa sair para os lugares com ele, nada disso. Só peço a você que converse com ele para orientar sobre lugares que ele pode e deve ir, a que horas, cuidados que deve ter, essas coisas.

Fui recebe-lo no aeroporto.

Passei 3 dias com o professor, mulher e filha e Evandro (hoje professor de Cirurgia), que fazia mestrado à época com o professor na Alemanha.

Introduzi nesse circuito um colega que era próximo a mim e gostava de cirurgia. Achei que seria um bom contato para ele.

Como não cabíamos todos no mesmo carro, eu saia no meu com o professor e o colega com Evandro, a mulher e a filha do professor.

Mostramos Salvador e um pouco mais a eles. Até à praia, em um belo dia de sol, fomos.

Aquela figura branca, cerca de 2 metros de altura, de boné, cachecol em volta do pescoço, um pullover, manga comprida, na praia lotada de gente.

Ele já ouvira falar do nosso sol. Mas que foi muito estranho, foi. Todos olhavam para nós.

Em 3 dias nunca vi um único sorriso do alemão.

O que eu podia pensar? Ele não está gostando.

Até que em um desses dias, vínhamos conversando distraídos quando, saindo de uma pequena rua no Farol da Barra, “bati” de frente, literalmente de frente, com o mar e com o sol da Bahia.

– Se eu morasse numa cidade como essa teria dificuldade em voltar para o consultório à tarde.

Nunca esqueci isso.

Foi o seu jeito de dizer que estava gostando.

Sem conhecer o seu sorriso, ele foi para o congresso em Minas.

Tempos depois, Evandro escreveu dizendo que o professor tinha adorado os 3 dias aqui em Salvador.

Por que escrevo isso?

Não sei. Só sei que me lembrei desse episódio.

Talvez tenha contribuído o fato de que hoje estou diante de outro belo dia de sol.

Hoje me ocorreu que aquele professor alemão sentiu o pulsar da vida.

Hoje tenho a certeza de que, mesmo aquela frieza, aquela ausência de sorriso, sentiu o coração bater mais forte.

Há estudos que mostram que as pessoas que vivem em lugares mais frios, cinzentos, sem ver o sol por períodos mais prolongados, apresentam maior tendência à depressão, algumas chegando ao suicídio.

Triste.

Hoje é sexta-feira e não há nenhum dia melhor do que sexta-feira.

Quero sair, quero andar pelas ruas de Salvador, quero ver as pessoas, quero falar, quero principalmente sorrir.

Sorrir, sorrir muito.

Sou um privilegiado.

Moro em uma “cidade”, a Bahia, que é plena em luz, em brilho, festa, onde as pessoas se cumprimentam, dão bom dia e sorrisos, muitos sorrisos, são vistos e curtidos a toda hora, a todo instante.

Somos, os brasileiros, privilegiados.

O Sol é nosso, faz parte das nossas vidas. Os nossos sorrisos estão aí, soltos, distribuídos, compartilhados.

Em todas as cidades brasileiras; Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Cidades também sorridentes, alegres, com suas roupas coloridas com o azul do Céu, o amarelo do Sol, o verde das árvores, a beleza dos rios, o verde-azul do mar de quem o tem.

E as nossas aves e pássaros!

Onde os há diversos, coloridos, vivos, como aqui?

E lá estão as nossas nuvens, brancas, mas também às vezes cinzentas ou mesmo escuras.

Sinais de mau tempo?

Não, de mudança de tempo.

Trazem a chuva para adubar o nosso solo para preservar as nossas matas e trazer os frutos coloridos, saborosos e únicos.

Cores vivas, típicas desse país encantado.

Com a alegria desse povo bonito na sua miscigenação.

Um povo único.

Já houve quem dissesse que o nosso é o último povo feliz na face da Terra.

Já perceberam uma mudança de hábito?

Diante da dor da morte, vestíamos luto.

A dor da morte da mãe, do pai.

Roupas escuras, roupas pretas.

Uma tradição.

E ao olhar para os filhos, a pergunta:

Por que “eles” têm que sentir essa dor?

E os pais, morrendo um pouco na morte dos pais, viam nos filhos a vida chamando de volta.

Não, não tragam a tristeza para as nossas crianças.

Não digam a elas, vistam essa roupa escura, chore, fique triste, com raiva.

Não façam mais mal ainda a elas além daquele que naturalmente já faz parte da vida, porque é o tempero dela.

São as dores que nos fazem pensar mais profundamente e entender a beleza da vida.

Porque a vida sempre nos chama para a vida.

Acho que foi isso que senti ao acordar hoje.

Hoje, bem cedo, o céu já estava azul, o sol amarelo, as nuvens brancas, as árvores cheias de verde.

Não resisti.

Desci e tirei essas fotos.

Sou péssimo fotógrafo, por isso nem máquina tenho. Foi com o celular.

Pensei em editar as fotos, corta aqui, corta ali, tira esses cabos da rede elétrica, tira essa ponta desse edifício, enfim, torna-las mais bonitas.

Desisti.

Não quero editar a vida, quero senti-la.

Sentir o seu sabor.

Não permita que editem a sua.

Não deixe que digam que cor terá o seu dia.

O seu dia tem que ter a sua cor, não a de outro.

Então vamos a ela.

Claro, à vida.

Vamos hoje sair e andar pelas ruas, cumprimentar as pessoas, apertar as mãos, abraçar, sorrir (que maravilha), viver as nossas cores, as nossas alegrias.

Vamos depositar a vida no colo da cidade-Mãe:

O Brasil.

Toda mãe quer ver seus filhos alegres.

Toda mãe quer ver seus filhos vestindo as cores e a alegria da vida.

“Tapa com luva de pelica nos esquerdopatas”

Casa Grande e Senzala 1

Por Ronaldo Souza

Senhor Cláudio Pracownik, imagino a excitação e o nível dos comentários que o senhor deve ter provocado nas redes sociais com a sua resposta por conta da imagem do senhor e sua família na internet que, segundo dizem, viralizou.

No entanto, mesmo dirigindo-se a um meio em que a previsibilidade do nível das comemorações não oferecia nenhum risco, o senhor foi tão raso que chocou.

Pela sua posição social, muito provavelmente seu nível de formação é aquele que se chama de superior, ou seja, o senhor tem diploma de faculdade, quem sabe daquelas estrangeiras cujo quadro fica pendurado na parede atrás da sua cadeira.

Senhor Pracownik, a vida não deveria simplesmente passar à nossa frente, nós é que passamos por ela. Mas percebi que ela fez isso com o senhor.

Vou me permitir transcrever o seu texto, na cor lilás, para que possamos trocar algumas ideias.

“Sí Pasarán!”

Ganho meu dinheiro honestamente, meus bens estão em meu nome, não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas), emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais.

Meu comentário:

  1. Ninguém vai contesta-lo quanto ao senhor ganhar seu dinheiro honestamente, até porque não sabemos e não temos como saber detalhes da sua vida.
  2. Receber em dia é direito de todo assalariado e pagar com carteira assinada é dever de todo empregador.
  3. não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas)”. Certamente, aqui o senhor não se refere à presidenta Dilma Rousseff. Se o faz, não comete o mesmo pecado da ignorância política que cometem aqueles que fizeram jorrar nas redes sociais os orgasmos que tiveram com a sua resposta.

Cometeria, entretanto, algo pior. O pecado do cinismo, tendo em vista que, como eles, ignorante nesse nível o senhor não é. 

Acredito então que faz alusão ao ex-presidente Lula. Se é assim, e é, o senhor derrapa feio. Aí a coisa toma outro rumo.

O senhor é banqueiro e empresário, o que explica a sua frase emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários”. Aliás, uma frase que vomita a típica e incontida arrogância de pessoas na sua posição.

O senhor foi Vice-Presidente Financeiro das Empresas Brasif.

A Brasif é aquela empresa que, segundo Miriam Dutra, ex-amante de Fernando Henrique Cardoso, foi usada por ele, FHC, para enviar 3 mil dólares por mês durante quatro anos para ela ficar “exilada” na Espanha.

Uma concessionária do governo federal fazer aquilo foi vergonhoso. 

A Brasif é a empresa que teve todos os documentos queimados num incêndio em Contagem três dias antes da eleição presidencial, conforme publicado neste blogue.

Sendo assim, falar depresentes de construtoras e propinasestando tão ligado a homens como Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, para citar só dois, não parece recomendável ao senhor.

Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente

A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto. Na manifestação ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro.

Comentário: Não tenho nenhuma dúvida de que ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro”. Nenhuma dúvida particularmente quanto ao com dignidade ganhando seu dinheiro”.

No entanto, senhor Cláudio Pracownik, para falar da sua roupa de trabalho a história muda completamente e ela não caberia aqui, muito menos no seu mundo.

Ainda que o tempo disponível para “outras leituras” além da minha atividade profissional não permita muita coisa, nunca aceitei a desinformação, a alienação. Por essa razão sempre procurei ler o que caísse nas mãos sobre sociologia, filosofia, história, coisas assim.

Uma das sugestões que faria ao senhor é ler aquele que é considerado talvez a nossa maior obra de sociologia no Brasil, o livro “Casa-Grande & Senzala”, de Gilberto Freyre.

Mas há autores contemporâneos da maior importância que também podem nos ajudar nesse sentido. Citaria pelo menos um deles; Darcy Ribeiro, que formou uma bela parceria com o ex-governador do Rio, Leonel Brizola, em quem provavelmente o senhor não votou, e deu frutos interessantes, como os CIEPS, que a Globo fez de tudo para destruir.

O senhor já ouviu falar das “famílias quatrocentonas”?

Conhecer um pouco essa história explica em parte o que é isso que acontece nas avenidas paulistas do Brasil.

De qualquer forma deixo aqui uma brevíssima “aula” de sociologia de Gilberto Gil, aquele ‘pretinho’ da Bahia. Como alguém pode brigar comigo, e com razão, por não colocar toda a música de Gil, deixo o link para quem quiser ouvi-la na íntegra https://www.youtube.com/watch?v=0tcstokDe-w.

 

O baiano de quem Gil fala, na verdade é o Clube Bahiano de Tênis, à época o mais tradicional da Bahia. Deve ser por isso que o nome da música é Tradição.

Os negros só entravam no Bahiano como serviçais, como as babás, usando sua roupa de trabalho. As roupas servem para identifica-las, para que não houvesse a menor possibilidade de mistura, como se isso fosse possível.

Sei que isso é tradição, mas essa “distinção”, senhor Pracownik, sempre foi uma forma de humilhação e não precisa ser sociólogo para entender questões como essa. Basta um pouco de sensibilidade e bom senso.

Nós, brancos, é que não percebemos isso.

E tradição tem muito a ver com famílias quatrocentonas, escravidão no Brasil, quilombos, Casa Grande & Senzala, Gilberto Freyre, Gilberto Gil…

Mas, reconheço que querer que o senhor entenda isso é querer demais.

A profissão dela é regulamentada. Trata-se de uma ótima funcionária de quem, a propósito, gostamos muito.

O senhor não sabe, tenho certeza, do trabalho que deu para regulamentar profissões como empregadas domésticas e aí podemos incluir as babás. Espero, aliás, torço para que o senhor seja capaz de deduzir que essa conquista não teve nenhuma participação dos patrões. Teve, isso sim, participação decisiva desses sindicatos desgraçados que existem por aí.

Quanto ao gostamos muito, não discuto.

Ela é, no entanto, livre para pedir demissão se achar que prefere outra ocupação ou empregador. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus.

Sinto-me feliz em gerar empregos em um país que, graças a incapacidade de seus governantes, sua classe política e de toda uma cultura baseada na corrupção vive uma de suas piores crises econômicas do século.

Comentário: Só um lembrete.

Lembra dos governos FHC, aquele que a Brasif ajudou a mandar dinheiro para… aquela história. Quantos empregos foram gerados naquele período? Vamos relembrar?

Governo FHC                   – 627 mil/ano

Governos Lula e Dilma  – 1,79 milhões/ano

O senhor esqueceu isso quando escreveu esse brilhante texto?

Agora, se querem mais uma vez fazer de contas que desconhecem as causas do desemprego que está acontecendo neste momento, só tenho a lamentar.

Os que soltaram fogos nas redes sociais com a sua resposta dando na cara desses esquerdopatas com luva de pelica não, eles nada sabem. Mas o senhor eu tenho quase certeza que sabe do que estou falando.

Triste, só me sinto quando percebo a limitação da minha privacidade em detrimento de um pensamento mesquinho, limitado, parcial cujo único objetivo é servir de factoide diversionista da fática e intolerável situação que vivemos.

Comentário: Fico imaginando o que devem pensar Lula e Dilma vendo o senhor chorar sobre limitação de privacidade.

Para estas pessoas que julgam outras que sequer conhecem com base em uma fotografia distante, entrego apenas a minha esperança que um novo país, traga uma nova visão para a nossa gente. Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária.

O ódio? A revolta? Estas, deixo para eles.”

Comentário: é impressionante o cinismo. Eu riria se não fosse tão dramaticamente medíocre e ridículo.

Falar para nós de “Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária ódio e revolta?”

Cê tá de brincadeira, Senhor Cláudio Pracownik!

CARNACOXINHA NA BAHIA

Carnacoxinha na Bahia 1

Por Nathalí Macedo, no Diário do Centro do Mundo

Treze de março foi um péssimo dia para estar na Barra.

Se não fosse patético, seria um verdadeiro show e horrores: o carnacoxinha estava oficialmente aberto.

Camisas da seleção brasileira seriam suficientes para uma indumentária perfeita para tamanha palhaçada, mas eles não se contentaram: havia vuvuzelas, chapéus em formato de bolas de futebol e os mais inusitados acessórios carnavalescos.

Me senti numa copa do mundo só de coxinhas.

Mulheres – brancas, na maioria – com as unhas feitas, os cabelos escovados, os saltos impecáveis, lantejoulas verdes e amarelas e babás pobres a tiracolo, aguentando os seus filhos mimados que choramingavam sob um sol escaldante.

Eram poucos em quantidade – seguramente, não havia sequer mil foliões no carnacoxinha – mas, ainda assim, era insuportável permanecer ali.

Cartazes repetitivos e quase ininteligíveis, apitos insistentes, música ruim e gente hostil. Para completar a tortura, policiais militares e a guarda municipal em peso – porque, sim, o prefeito de Salvador (ACM Neto, Dem) empenhou todos os seus esforços para que a marcha dos coxinhas ocorresse sem nenhuma interrupção.

“Isso é tudo o que eu desprezo na humanidade”, pensei.

Virei a esquina voltando as atenções para um batuque insistente. Era uma espécie de bloquinho de carnaval, alheio à manifestação principal. Uma bandinha tocava “Pequena Eva” enquanto meia dúzia de homens e mulheres vestidos e verde e amarelo dançavam animadamente, com suas latinhas de cerveja na mão, já um tanto ébrios àquela altura.

Pareciam, como já se podia prever, completamente distantes do objetivo que pensavam assumir: a luta contra a “corrupção”. Eles não faziam a menor ideia do que exatamente estavam fazendo ali.

A manifestação dispersou-se rapidamente. Havia jogo do Bahia. Chega de “Revolução”, eles queriam futebol. Os bares chiques da Barra receberam os ricaços manifestantes de braços abertos.

Carnacoxinha na Bahia 2

Era como um desfile animado e coreografado, mas isento de qualquer ideologia. Não se via “manifestantes” realmente tomados pelo sentimento que os levou às ruas: apenas pessoas perdidas, que sorriam e gritavam insistentemente “Fora Dilma!” entre uma cerveja e outra.

Seriam eles, os batedores e panelas, cúmplices engajados e absolutamente conscientes ou apenas imbecis que se deixam alienar por pura preguiça e, evidentemente, pela odiosa síndrome dos pequenos poderes que os arremata a cada vez que vêem um negro ou pobre conquistando um diploma?

Eu sempre pensava nisso antes de ver de perto as manifestações, mas, desta vez, a resposta veio junto com as caras desorientadas que povoaram a Barra hoje à tarde: não, eles não passam de massa de manobra.

O sentimento de que estão fazendo alguma coisa pelo seu país lhes foi implantado até a medula. Eles se empenham, é verdade: desengavetam as camisas da seleção, escolhem a melhor roupa, escrevem cartazes sem nenhum sentido e vão às ruas.

Uma vez lá, eles não fazem a menor ideia do que fazer. Criados em playgrounds, leitores da Veja e espectadores assíduos da Globo, eles naturalmente não entendem nada sobre a cidadania, e acabam se prestando ao lamentável papel de servirem como marionetes para a defesa de interesses partidários.

De tão patéticos, eu até lamentaria por eles – mas ainda acho que são também responsáveis pela própria ignorância e que, além da alienação, são também movidos pelo ódio de classe – este sim, eles conhecem como a palma das mãos.

Enquanto os “manifestantes” dançavam e berravam, visivelmente sem nenhum propósito claro, os vendedores ambulantes faziam as mesmas coisas de sempre: caminhavam com seus isopores sob o sol e tentavam salvar o próprio sustento. Pobres vendendo cerveja para ricos: nada diferente do que vemos todos os dias.

Seus rostos pareciam incomodados e estranhamente conformados. Ouvi, por acidente, um vendedor falando ao outro, com uma expressão inconfundível de estranhamento enquanto se voltava para o carnacoxinha:

– Eu é que não vou dizer a eles que tá errado, né? Deixa lá.

Penso que não se tratava de desinteresse político da parte deles. É que, a despeito das coreografias e das camisas da seleção, a cidade vive.

O ambulante ainda volta pra casa com as cervejas que lhe sobraram no isopor, contando os trocados para pagar o ônibus. A mulher negra ainda arrasta os filhos sob os olhares hostis dos brancos dançarinos. Tudo está como sempre foi, mas, agora, com o bônus indesejável de “manifestantes” que nunca saberão nada sobre a verdadeira revolução.

Nada muda para eles. Isso realmente não é sobre nós, o verdadeiro povo. A revolução de burgueses não é capaz de nos provocar sentimento algum além da vergonha alheia. Para nós, isto não é nada além de risível.

Dei as costas e voltei para o meu domingo pacato. Longe de toda aquela palhaçada, ainda havia a vida real – e as lutas reais – que me esperavam depois daquele episódio patético.

Você sabe: prioridades.

Médicos da Bahia rebatem convocação do conselho para passeata do dia 13

Médicos da Bahia

O começo de um despertar

Por Ronaldo Souza

Há um bom tempo não tenho uma notícia que me deixe tão alegre.

As minhas razões para isso são todas, incluindo as de natureza pessoal.

A classe médica tem papel e influência muito grandes na sociedade brasileira e os médicos, pelo menos alguns, parecem perceber a real dimensão disso.

Pela coragem, dignidade e elegância com que se dirigem à sua categoria, faço questão de registrar a minha admiração e respeito por esses médicos que se manifestam neste momento.

Pela importância e força do ato, não tenho dúvidas de que outros se juntarão a eles, mesmo que o façam de forma mais cautelosa.

E mais.

Profissionais de outras áreas da saúde passam a ter uma referência importante nesse sentido.

O país só tem a ganhar com atitudes de homens e mulheres que insistem em lutar pelos reais valores. Fazem-no incorporados ao espírito coletivo da junção de forças, mas respeitando e preservando a sua individualidade, o seu livre arbítrio.

Livre arbítrio que hoje se perde nessa convulsão de gestos e atos surreais. A massificação que antes só poderia ocorrer nas classes tidas como menos privilegiadas atinge a todos. A pobreza do pensamento único nas tais classes diferenciadas é uma realidade cruel.

Esses médicos mostram que nem todos foram atingidos.

Que não contra argumentem com números, por favor.

Que não contra argumentem com a quantidade de assinaturas que constam no manifesto diante da quantidade de médicos que existem na Bahia.

Que se preserve a mediocridade, mas também que se poupe a inteligência e sensibilidade de quem as tem.

A quantidade tem a sua importância.

Mas, certamente não é aí onde moram as ideias que mudam o mundo.

Médicos da Bahia rebatem convocação do conselho para passeata do dia 13

Jornal GGN

CARTA ABERTA AO CREMEB

Salvador, 10 de março de 2016

Nós médicos, através da presente carta, vimos a público expressar nossa estranheza e constrangimento quanto à mensagem recebida por meio de correio eletrônico da Assessoria de Comunicação (ASCOM) deste órgão no curso desta semana. A mensagem tem como objetivo “demonstrar sua preocupação diante da escalada e da deterioração das estruturas do governo brasileiro” ao tempo que “conclama” os médicos para uma passeata pacífica no dia 13 de março que ocorrerá no Farol da Barra. Essa não é a primeira ocasião em que recebemos esse tipo de convocação através da ASCOM-CREMEB.

É de domínio público que estas caminhadas são convocadas por grupos que sustentam fortemente ações político-partidárias que visam, não apenas desestabilizar a democracia brasileira, como afastar a presidente eleita do poder, através de um impeachment.

Todos nós, que assinamos a presente carta, desejamos um Brasil com mais justiça social e livre de corrupção. No entanto, prezamos pelo estado de direito e respeitamos o governo democraticamente eleito. Respeitamos opiniões políticas diferentes das nossas, mas não aceitamos que a entidade que representa a classe médica assuma uma atitude partidária.

O CREMEB deve defender o interesse público e o exercício ético da medicina e não pode abraçar manifestações que tentam satisfazer pressões de determinados grupos políticos, principalmente porque não foi declarado pelas instâncias legais a propriedade do impeachment.

Assinam:

1.    Maria Fernanda Rios Grassi – CREMEB 9894
2.    Hélio Andrade de Aguiar Filho – CREMEB 9389
3.    Ligia Gabrielli Fernandes – CREMEB 6698
4.    Lorene Louise Silva Pinto – CREMEB 7106
5.    Nadia de Andrade Khouri – CREMEB 7601
6.    Paulo Sérgio de Andrade Conceição – CREMEB 10640
7.    Renan Oliveira de Araújo – CREMEB 7557
8.    Maria da Glória Lima Cruz Teixeira – CREMEB 3658
9.    Silvia Maria de Queiroz Brandão – CREMEB 6609
10.    Maria Cecília Paes Pinho – CREMEB 7820
11.    Marco Antônio Rocha Pacheco – CREMEB 6949
12.    Francisco Rafael Oliveira Tapioca – CREMEB 6694
13.    Maria Etiene Pinto de Oliveira – CREMEB 6736
14.    Mônica Angelim Gomes de Lima – CREMEB 8744
15.    Mauricio Lima Barreto – CREMEB 4769
16.    Jairnilson Silva Paim – CREMEB 3638
17.    Antônio Carlos de Sales Nery – CREMEB 3126
18.    Ivete Maria Santos Oliveira – CREMEB 9934
19.    Gerluce Alves Pontes da Silva – CREMEB 6847
20.    Rosana Aquino – CREMEB 7824
21.    Maria Guadalupe Medina – CREMEB 7450
22.    Alfredo Boa Sorte Junior – CREMEB 7029
23.    Norma Suely Souto Souza – CREMEB 9627
24.    Martinho Fernandes Ivo Lemos – CREMEB 10790
25.    André Luiz Barreto Cunha – CREMEB 10071
26.    Vera Lúcia Pires de Carvalho – CREMEB 7568
27.    Antônio do Vale Filho – CREMEB.4169
28.    Jeovana Ferreira Brandão – CREMEB 12091
29.    Ricardo Wandega Cardoso – CREMEB 17318
30.    Vera Lúcia Andrade Martins – CREMEB 18480
31.    Maria Eugênia Barbosa de Souza Tapioca – CREMEB 6997
32.    Ceuci de Lima Xavier Nunes – CREMEB 8876
33.    Ana Veronica Mascarenhas Batista – CREMEB 8645
34.    Gleide Silva Diallo – CREMEB 9823
35.    Estela Maria Ramos do Nascimento – CREMEB: 5485
36.    Rita de Cássia Pereira Fernandes – CREMEB 9255
37.    Julieta Maria Cardoso Palmeira – CREMEB 5925
38.    Joanice de Jesus Barreto Macedo – CREMEB 8212
39.    Roque Aras Júnior – CREMEB 8177
40.    Eliane Cardoso Sales – CREMEB 11198
41.    Washington Luis Conrado dos Santos – CREMEB 6897
42.    Luiz Alberto Leite Tavares – CREMEB 6729
43.    Jussamara Brito Santos – CREMEB 10529
44.    Paulo Sérgio Freire Dias – CREMEB 6752
45.    Ligia Maria Vieira da Silva – CREMEB 4932
46.    Monica de Oliveira Nunes de Torrenté – CREMEB 9293
47.    Greice Maria de Souza Menezes – CREMEB 6788
48.    Carmem Fontes de Souza Teixeira – CREMEB 5616
49.    Antonio José Santiago Lima – CREMEB 8150
50.    Paulo Maciel Fernandes Filho – CREMEB 6703
51.    Ilana Rodrigues Santos – CREMEB 8213
52.    Roberto de Almeida Dultra – CREMEB 6818
53.    Marcos Aurélio Costa Luna – CREMEB 6451
54.    Maria Aparecida Regis dos Santos – CREMEB 8182
55.    Regina Maria Pereira Oliveira – CREMEB 6677
56.    Aquiles Ferreira Guimarães – CREMEB 8368
57.    Gildete Silva de Carvalho – CREMEB 5002
58.    Andrés Castro Alonso Filho – CREMEB 13838
59.    Maria do Socorro Vieira da Silva Ribeiro – CREMEB 4253
60.    Eduardo Ledo Alves Pereira – CREMEB 8945
61.    Susan Martins Pereira – CREMEB 6513
62.    Ledívia Nogueira Espinheira – CREMEB 8844
63.    Eliana Sampaio Lemos – CREMEB 10874
64.    Denise Sampaio Nobre Martins – CREMEB 9334
65.    Bernardo Galvão Castro Filho – CREMEB 10527
66.    Rosana Maria Lantyer Oliveira – CREMEB 8414
67.    Lua Sá Dultra – CREMEB 22310
68.    Ítalo Antônio de Jesus Almeida Jr – CREMEB 7837
69.    Darci Neves dos Santos – CREMEB 19427
70.    Elvira Barbosa Quadros Côrtes – CREMEB 3656
71.    Ivana Lucia de Oliveira Nascimento – CREMEB 10845
72.    Ruy Penalva – CREMEB 5637
73.    Ana Luiza Queiroz Vilasbôas – CREMEB 8300
74.    João Ribeiro Machado Neto- CREMEB 8700
75.    Paulo José Bastos Barbosa – CREMEB 8677
76.    Manoel Barral Netto – CREMEB 4652
77.    Cláudia Bacelar Batista – CREMEB7933
78.    Eduardo José Farias Borges Reis- CREMEB 10582
79.    Vilma Souza Santana – CREMEB 4017
80.    Thiago de Carvalho Milet – CREMEB 20762
81.    Eugênia Ferraz Silva – CREMEB 6269
82.    Rafaela Cordeiro Freire – CREMEB 19496
83.    João André Santos Oliveira – CREMEB 19860
84.    Leandro Dominguez Barrett – CREMEB 14170
85.    Antônio Gilson Lapa Gordinho – CREMEB 6385
86.    Paulo Raymundo Santana Santos – CREMEB 5875
87.    Margarida Maria Santos Miranda – CREMEB 10121
88.    Lícia Maria Cavalcanti Silva – CREMEB 3063
89.    Estela Maria Motta Lima Leão de Aquino – CREMEB 10156
90.    Cláudio Fortes Garcia Lorenzo – CREMEB 8944
91.    Eduardo José Andrade Lopes – CREMEB 8152
92.    Mariângela Costa Vieira – CREMEB 21497
93.    Maria Olívia Fernandes da Cunha – CREMEB 7896
94.    Patrícia Sampaio Tavares Veras – CREMEB 7816
95.    Márcia Fernanda dos Santos Melo Carneiro – CREMEB 11161
96.    Aloísio Rios Carneiro – CREMEB 10299
97.    Marcia Cristina Conrado dos Santos – CREMEB 10516
98.    Waldemir de Albuquerque Costa – CREMEB 22130
99.    Josefa Maria Melo Garcia – CREMEB 7267
100.    Victor Rocha Santana – CREMEB 21517
101.    Ana Clara Fonseca Santos – CREMEB 24779
102.    Iwana Souto Almeida Darze – CREMEB 8284
103.    José Santos Souza Santana – CREMEB 19.651
104.    Letícia Bulhões Guimarães – CREMEB 16631
105.    Ney Boa Sorte – CREMEB 13075
106.    Mylena Caroso Melhem – CREMEB 24942
107.    Rita de Cássia Natividade Ataíde – CREMEB 10.076
108.    Aldina Maria Prado Barral – CREMEB 4933
109.    Estevão Toffoli Rodrigues – CREMEB 19.789
110.    Marcus Vinicius do Carmo – CREMEB 12905.
111.    Luciana Guimarães Nunes de Paula – CREMEB 22178
112.    Jérzey Timóteo Ribeiro Santos – CREMEB 21.369
113.    Julieta Silvany R. Lima – CREMEB 10077
114.    Sumaia Boaventura André – CREMEB 5130
115.    Amado Nizarala de Avila – CREMEB 8552
116.    Maria da Conceição N Costa – CREMEB 3595
117.    Maria de Fátima Silveira de Oliveira – CREMEB 5895
118.    Carlos Melgaço Valadares – CREMEB 6143
119.    Caroline Lang Burak – CREMEB 17753
120.    Marco Antônio Vasconcelos Rego. – CREMEB 8136
121.    Leonel Ribeiro Junior — CREMEB 9016
122.    Luamorena Leoni Silva – CREMEB 24.812
123.    Brisa Dourado Nunes – CREMEB 23790
124.    Maria Ermecilia Almeida Melo – CREMEB 6732
125.    Augusto Costa Conceição – CREMEB 5116.
126.    Hermenegildo Oliveira dos Anjos CREMEB 10555
127.    Paulo Cesar Gabrielli de Azevêdo – CREMEB 4639
128.    Thaila Guimarães de Oliveira – CREMEB 24518
129.    Deoclides Cardoso Oliveira Junior – CREMEB  6347
130.    Ivo dos Santos Góes Filho – CREMEB 12417
131.    Jane Luiza Donato Vasconcelos – CREMEB 5.418
132.    Mariana Carvalho Gouveia – CREMEB 6733
133.    Ruy Novais Cunha – CREMEB 5775
134.    Jorge José Santos Pereira Solla – CREMEB 7891
135.    Ligia Bulhões Guimarães – CREMEB 19402
136.    Zenaide Calazans Oliveira – CREMEB 6516
137.    Ivany

A violência que injetaram em você vai para a avenida amanhã. Quem vai controlar?

Noblat e a pressa para derrubar Dilma

Por Ronaldo Souza

“A plenária em solidariedade ao ex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior e ao ex-presidente Lula foi interrompida pela chegada da PM fortemente armada, em quatro viaturas, na subsede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em Diadema.

Questionados sobre o motivo de estarem ali, os policiais disseram que souberam que estava ocorrendo uma reunião de apoio a Lula e foram até o local averiguar”.

Essa é uma das notícias que correm hoje pela manhã. Mais uma manifestação clara de violência explícita.

Se a polícia de São Paulo, órgão oficial de proteção da sociedade, invade uma reunião porque “imaginou” que alguém estava lá, qual é a mensagem que passam?

Todos podem, menos esses.

Esse “esses” é o PT.

Então, todos podem visitar alguém no hospital, ir a um velório, ir ao restaurante, ao shopping, viajar de avião…

Menos aqueles condenados que na sua opção política escolheram o PT como o partido que lhes representa.

E vocês estão liberados para “imaginar” e para agir em consequência.

Fica, entretanto, uma questão.

A violência está no ar.

E se ela resolver baixar, quem vai controlar?

Ou o que alguns querem é justamente isso?

Esses que querem estão sempre protegidos.

Ou você acha que se os políticos, que geralmente não vão, resolverem ir estarão sem proteção especial da polícia e da segurança pessoal?

Se sangue derramar, não será o deles.

Vão às manifestações, as de amanhã e qualquer outra que venha pela frente.

Enrolem-se na bandeira para lhes dar a sensação de que são brasileiros de verdade, aquela mesma bandeira em que escrevem LIXO.

Brasil lixo merda

Cantem o Hino Nacional, de mãos dadas de preferência.

Se isso os conforta, façam.

Mas não carregue a violência que injetaram no seu coração para as avenidas paulistas de Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belém, Goiânia, Curitiba…

Se pressentimento pode ser um mau presságio não sei, mas o meu não está me deixando em paz.

Se houver violência é claro que não será atribuída a vocês.

Serão os “outros” os culpados.

Nisso vocês estão protegidos.

Mas os seus corpos não.

Se houver violência vocês e os “outros” sairão machucados.

Os que a injetaram em vocês sequer passam por perto. Muito menos os seus filhos.

Além disso, todos os dias fica mais evidente. O que era velado agora é escancarado, como mostra o twitter de Ricardo Noblat, da Globo, que você viu lá em cima.

“Políticos precisam derrubar logo Dilma antes que sejam atingidos ainda mais pela Lava Jato e outras operações

A Globo e todos os outros órgãos da imprensa sabem que os políticos do PSDB/DEM são os mais envolvidos em escândalos de corrupção. Você não sabe porque eles não divulgam.

Com certeza Noblat não percebeu a dimensão do que disse, escapuliu.

A preocupação em agilizar é porque a corrupção deles vai aparecer mais ainda muito em breve. Por mais que tenham abafado todo esse tempo, está muito difícil continuar fazendo isso.

Já é esperado que o Ministério Público denuncie Aécio por corrupção em Furnas a qualquer momento. Ficou quase impossível segurar isso mais do que já segurou.

Por isso o desespero de Noblat, ao ponto de dar uma derrapada dessa..

Ninguém mais tem dúvida quanto à verdadeira mensagem:

– Nós somos os mais corruptos e mais ricos, mas venham com a gente, contra o PT. Este é o verdadeiro objetivo. O resto não importa.

Portanto, não seja ingênuo ou… ao ponto de só querer ver a corrupção no outro.

Converse com você.

Ouça o que você tem para lhe dizer.

Vivo, Shakespeare diria.

– Ver ou não ver, eis a questão.

Sobre o feno

Feno

Por Ronaldo Souza

O ser humano se caracteriza e se diferencia dos animais pela sua racionalidade.

Como aprendemos desde criança, o homem é racional, os animais são irracionais.

No homem, a boa nutrição representa a grande estrutura para que se satisfaçam duas necessidades básicas; a sua subsistência física e mental.

O alimento é fundamental para que o homem não só sobreviva, como alcance o desenvolvimento mental-intelectual.

A alimentação de baixo teor nutritivo acarreta danos não só à subsistência física como à intelectual. A perda de proteínas decorrente desse tipo de nutriente é, por exemplo, fatal para o desenvolvimento.

Nos animais irracionais, graças à ausência da racionalidade a preocupação com a alimentação está voltada basicamente para a subsistência física.

Dizem que o homem que trata bem os animais tem o seu caminho assegurado para o reino dos céus.

Não sei se merecedor do reconhecimento da condição de um homem bom ou com segundas intenções visando pertencer a essa categoria, ocorreu-me um sentimento.

Estariam os homens preocupados com a “qualidade” de vida dos animais ou tão somente em alimentá-los para a sua própria (do homem) subsistência?

Em virtude dos últimos acontecimentos que visivelmente mudaram o comportamento de muitos animais, fiquei preocupado com a qualidade da alimentação que vem sendo dada a esses pobres seres irracionais e indefesos.

Sabe-se que o feno desempenha importante papel na alimentação desses também habitantes do planeta Terra.

Fui então ler sobre o feno.

Fiz uma busca simples na internet e ao digitar “feno” a primeira coisa que vi foi:

  1. 1. agrplanta ceifada e seca, ger. da fam. das gramíneas, us. como forragem. 
  1. 2. angiosq. FENO-DE-CHEIROAnthoxanthum odoratum ).

Fui ao Dicionário Informal

Lá pude ver:

1- Palha dada aos animais como alimento

2- Radical, relativo a período.

Com esse exemplo:

feno servirá para alimentar os animais durante o inverno.

Foi no Wikipedia, entretanto, onde pude ver o que mais se aproximava do que eu buscava.

Transcrevo aqui.

Feno – O feno é uma mistura de plantas ceifadas e secas, geralmente gramíneas e leguminosas, usada como forragem para o gado, mediante a desidratação que retira a água mas mantendo o valor nutritivo e permitindo sua armazenagem por muito tempo sem se estragar.

Em quantidades pequenas o feno pode ser feito manualmente utilizando ferramentas como alfanjegarfo, enfardadeira manual, ou ainda estocar a produção a granel.

Em larga escala existem implementos que mecanizam o processo de fenação possibilitando a obtenção de um produto de boa qualidade e de custo baixo. No Brasil utiliza-se para a desidratação somente a energia do sol e vento, sem necessidade de galpões ou máquinas secadoras.

Os melhores fenos são obtidos dos capins que têm mais folhas do que talos, tais como o jaraguápangolaquicuio, estrela, coast-cross e rodes. Qualquer que seja o capim a ser fenado, a ceifa deve ocorrer quando a planta apresente o maior teor de nutrientes, com 35 a 45 dias de vegetação. Antes a planta tem umidade demais e depois fica excessivamente fibrosa, perdendo valor nutritivo.

Este último parágrafo mais especificamente me chamou a atenção.

“… Qualquer que seja o capim a ser fenado, a ceifa deve ocorrer quando a planta apresente o maior teor de nutrientes, com 35 a 45 dias de vegetação. Antes a planta tem umidade demais e depois fica excessivamente fibrosa, perdendo valor nutritivo”.

Todos sabemos que alguns traços culturais típicos entre nós muitas vezes nos impedem ou pelo menos dificultam alcançar determinados padrões de qualidade.

Neste caso, é bem possível que o prazo a ser observado de 35 a 45 dias de vegetação não esteja sendo respeitado, o que acarretaria um prejuízo considerável no valor nutritivo do alimento.

Uma vez que a ausência ou baixo teor nutricional nos alimentos reconhecidamente representa um fator de pouco desenvolvimento para o homem, poderia ser também assim para o desenvolvimento do gado?

É claro que não se pode desprezar as recentes alterações comportamentais na manada como algo que pode advir disso.

O que, por sua vez, explica manifestações como desorientação, perda de direção e sentido, agressividade excessiva…

Da mesma forma, deve-se considerar que num processo desse porte as reações comportamentais da manada podem apresentar exacerbações individuais.

Torna-se assim evidente a necessidade de estudos que investiguem esse fenômeno em maior profundidade, afinal são animais que convivem conosco no dia-a-dia.

Uma coisa, porém, parece estar clara.

Se para os animais o alimento também representa papel importante no desenvolvimento, a ver pelos últimos tempos não é difícil constatar que a qualidade do feno consumido é de baixa qualidade.

A vida como ela deveria ser

Liberdade

Por Ronaldo Souza

O texto que você vai ler logo após este não é meu. É de Pietro Leal.

Publicitário baiano, hoje trabalhando em São Paulo, não o conheço, uma das minhas filhas sim.

Ela me fez conhece-lo agora, através do seu texto.

Ao ler, dois sentimentos.

Admiração, pela simplicidade, objetividade e dignidade do texto.

E inveja.

Aquela mesma inveja que artistas relatam quando se veem diante de algo que os toca.

“Eu devia ter feito essa música, eu devia ter escrito essa peça, eu devia ter escrito esse livro…”

Queria ter escrito esse texto.

Sou capaz de vê-lo angustiado por “precisar” escreve-lo.

A angústia de quem vive os tempos atuais, só que ele soube transforma-la em palavras de muita força. Da força da simplicidade veio a beleza.

Enalteço a inteligência e a objetividade do seu texto, mas preciso dizer algo mais.

Sobre a dignidade.

“O homem deve alguma coisa ao homem. Se ele ignora a dívida, isto o envenena e se ele tenta pagá-la, o débito só faz crescer. Sim, o homem deve alguma coisa ao homem e a qualidade da sua doação é a medida do homem”.

Este breve poema é de John Steinbeck.

Pietro Leal é daqueles homens que se veem sempre em débito.

E homens assim são especiais.

Conquistam a liberdade que outros desconhecem.

São eles que fazem o mundo.

Como Pietro (permito-me chama-lo como se fossemos amigos) “simplesmente” escreveu o texto, ousei e resolvi também escrever um para lhe agradecer.

Dei-lhe um título que roubei de uma peça de Nelson Rodrigues; “A vida como ela é”.

Ainda que veja a vida como a imperfeição do perfeito, portanto, sem necessidade de retoques, muitas vezes me flagro desejando; poderia ser um pouco melhor.

Pietro fez isso.

Vamos a Pietro.

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.”

Fenando Pessoa

“Vou mostrando como sou

e vou sendo como posso”

Luiz Galvão

Ah, que bom que existe a poesia para encurtar a prosa. Mas tem horas em que o bom e velho “textão” é mais didático e me ajuda a compreender melhor o que penso.

Não duvido que Lula tenha culpa. Não duvido de nada. Só me intriga saber que essa peneira só passa por terras seletivas e tem fortes motivações políticas. Me faz pensar muito, muito mesmo antes de começar a comemorar qualquer coisa. Por que não expandir e passar o “peneiraço” em todos os envolvidos?

Na minha timeline tem tanta gente sabendo tanto sobre os desenrolos da política e das operações da Polícia Federal, que eu não entendo como ainda não foram chamados para depor. Acredito que sejam peças-chave no inquérito. Mas não. Estão aqui, subaproveitados no Facebook. Por isso que o país não anda.

Eu, se soubesse realmente de algo, ia lá gritar, na porta da casa dele. Contratava um advogado porreta, faria um dossiê, anexava as provas e abria um processo. Mas eu não sei de nada. Só conheço as pessoas de nome e da televisão. E mesmo assim já não sei mais o que é noticiário e o que é novela. Inclusive, suspeito que o William Wack seja o verdadeiro “Pai” da facção. (eu assisto)

Ontem de manhã lancei no ar um questionamento que eu me faço diariamente. Se todos fôssemos colocados na berlinda (segundo a legislação brasileira), quem escaparia? Do alto de um escritório localizado em um bairro nobre de São Paulo, posso me achar digno, seguro e certo de minha licitude, mas tenho que lhes confessar: eu não escaparia.

No início da semana, li um texto de Eliane Brum que questionava: “Todo inocente é um fdp?” (o link segue no final). O texto, apesar de abordar por outro ângulo, traz uma carapuça que serve a todos nós. Achar que a palavra corrupção é uma invenção do PT, é usar a peneira que pegou Lula pra tapar o sol.

Achar que mentir na declaração do imposto de renda, molhar a mão do guarda ou beber e dirigir é diferente da grande corrupção é o mesmo pensamento de quem acha que dar uma encoxadinha em alguém no busu ou no metrô é de boa, mas estuprador tem que morrer. Fazer download de filmes piratas, a dupla “bebida e direção”, o remédio sem receita, o importado não declarado. É tudo crime, tudo ilícito, tudo passivo de prisão. A PF descubra ou não.

Enquanto isso, assumo meu quinhão, trabalhando na boa e velha fábrica de maus hábitos. Aqui de frente pro computador, ao lado de cidadãos de bem, sigo tranquilo trabalhando em softwares piratas, recebendo como tercerizado e trabalhando como CLT, enricando quem já é rico, explorando quem já é explorado, enganando quem já vive enganado. Faço isso há mais de 15 anos e nunca foi diferente. Definitivamente, eu não escaparia.

Desculpe decepcionar os amigos perfeitos, mas não sou ficha limpa. Venho tentando limpar. Dizem que é o que faz mais sentido. Limpar a sua pra depois apontar a do outro. Depois de aprender tanta coisa, tenho buscado o caminho do desaprender e ser cada vez menos. Menos julgador, menos machista, menos racista, menos sexista, menos moralista, menos hipócrita, menos, menos, menos. O caminho é longo. Até que chegue o momento em que a luz de Sócrates paire sobre minha cabeça e eu definitivamente assuma: “não sou capaz de opinar”. Oh, Glória!

O link da coluna de Eliane Brum:

http://brasil.elpais.com/…/29/opinion/1456756118_797834.html

MP arquiva mais um caso de Aécio sem ouvir testemunha chave – como as coisas são simples para o PSDB!!!

Aécio e arquivamento

Delação contra Aécio foi arquivada e principal testemunha não foi ouvida

Mais um episódio vexaminoso de parcialidade explícita na Lava Jato: mensageiro de doleiro delatou Aécio Neves, mas investigação foi arquivada a pedido do MPF sem depoimento do intermediário da propina

Por Helena Sthephanowitz, no Rede Brasil Atual

Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como “Ceará”, transportador de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, fez acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e, cumprindo sua parte, foi chamado a prestar uma série de depoimentos. No dia 1º de julho de 2015, no termo de colaboração nº 12 (reprodução abaixo), ele delatou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Disse que, por volta de setembro ou outubro de 2013, Youssef o mandou entregar R$ 300 mil no escritório da empreiteira UTC no Rio de Janeiro para um diretor de nome Miranda. Este se mostrou tenso, ansioso, e desabafou, travando com ele o seguinte diálogo:

Miranda: – Rapaz, esse dinheiro estava sendo muito cobrado e tal.

Ceará: – Por quem, doutor?

Miranda: – Aécio Neves.

Ceará: – Vocês dão dinheiro aqui para a oposição?

Miranda: – Ceará, aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo.

Segundo Ceará, Miranda disse que Aécio era “o mais chato para cobrar” e que estava em cima dele atrás desse dinheiro.

Com base nesta delação, o Ministério Público abriu um procedimento criminal. É óbvio que o próximo passo da investigação deveria ser ouvir o interlocutor de Ceará, a principal testemunha, identificado como Antonio Carlos D’Agosto Miranda, diretor superintendente da UTC no Rio.

Porém, do pedido de arquivamento feito pelo próprio Ministério Público consta que Miranda não foi ouvido.

A decisão do ministro do STF Teori Zavascki, acatando o pedido de arquivamento pelo MPF, descreve apenas duas outras oitivas tomadas nesta investigação: a do doleiro Alberto Youssef e a de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC.

Não ouviram Miranda!

Eis o trecho da sentença de arquivamento. Dois pontos, abre aspas:

Após a homologação, em conformidade com o procedimento adotado em situações semelhantes, os depoimentos prestados pelo colaborador, referentes a agentes públicos com foro por prerrogativa de função, foram autuados como petições individuais e autônomas ocultas, tendo sido enviados à Procuradoria-Geral da República para análise das providências pertinentes. O presente feito se refere ao Termo de Colaboração n. 12, em que CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA ROCHA menciona que teria ouvido que o repasse, de forma oculta e disfarçada, pelo grupo empresarial UTC, de vantagem pecuniária indevida, seria em favor do Senador AÉCIO NEVES DA CUNHA:

[…]

Este depoimento inicial foi tomado em 1°.7.2015.

Entretanto, em 11.9.2015, ALBERTO YOUSSEF prestou novas declarações (além das anteriores já noticiadas) dizendo que:

‘Indagado sobre os fatos relatados por CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA ROCHA (‘CEARÁ’), no Termo de Colaboração n. 12, afirmou: Que, em relação à entrega de dinheiro para a UTC no Rio de Janeiro em 2013, o declarante confirma que fazia o ‘caixa dois’ da empresa; Que se recorda que fez a entrega de valores em espécie para a UTC no Rio de Janeiro; Que o maior destino do dinheiro proveniente do ‘caixa dois’ da UTC, operacionalizado pelo depoente, era o Rio de Janeiro; Que CEARÁ fez algumas dessas entregas; Que os valores eram entregues a RICARDO PESSOA ou a MIRANDA na UTC no Rio de Janeiro; Que, no entanto, o declarante não sabia os destinatários finais dos valores transportados a pedido da UTC; Que nunca ouviu falar de CEARÁ, RICARDO PESSOA ou MIRANDA sobre possível entrega de valores a AÉCIO NEVES; Que MIRANDA, inclusive, era uma pessoa muito reservada’.

Em 17.11.2015, RICARDO RIBEIRO PESSOA prestou depoimento complementar ( leia o anexo) em que relatou “QUE, lido o Termo de Colaboração n. 12 de CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA ROCHA, conhecido como ‘CEARÁ’, confirma que a filial da UTC no Rio de Janeiro fica na Avenida Nilo Peçanha; QUE confirma que quem recebia dinheiro de caixa dois da UTC no Rio de Janeiro era ANTONIO CARLOS D’AGOSTO MIRANDA, conhecido como MIRANDA; QUE; no entanto, nega que a UTC tenha repassado valores em espécie para AÉCIO NEVES; QUE MIRANDA não sabia quem eram os destinatários finais dos valores que lhe eram entregues; QUE MIRANDA apenas se encarregava de guardar o dinheiro; QUE o próprio colaborador pegava o dinheiro com MIRANDA e levava ao destinatário final; […]’.

Como se vê, os elementos indicativos iniciais não se confirmaram com a oitiva especialmente do colaborador RICARDO RIBEIRO PESSOA, na medida em que ele foi peremptório que não entregou valores espúrios, direta ou indiretamente, para o senador AÉCIO NEVES. Esta circunstância impõe que se arquive o presente expediente, diante da não confirmação de dados mínimos que autorizem o prosseguimento da apuração em sede própria de inquérito.

Assim, a Procuradora-Geral da República em exercício manifesta-se pelo ARQUIVAMENTO do presente feito, com a expressa ressalva do disposto no art. 18, CPP.

Ponto, fecha aspas.

Nota-se que um depoimento de Miranda, caso confirmasse o diálogo com Ceará, poderia complicar não só o senador tucano, mas colocar em risco o próprio acordo de delação premiada de Ricardo Pessoa. E bastou a palavra deste para levar ao arquivamento, procedimento completamente oposto aos demais investigados na Lava jato.

Para piorar, os dois depoentes deram um drible no Ministério Público ao dizerem apenas não terem entregado dinheiro diretamente à pessoa de Aécio Neves, mas não disseram a quem entregaram. Nem sequer declararam explicitamente não se tratar de algum emissário do tucano, para dirimir a suspeita.

Também não há a descrição de nenhum procedimento para identificar o dia da viagem de Ceará ao Rio e cruzar os telefonemas recebidos por Miranda para identificar oficialmente quem era o “chato” que estava cobrando insistentemente a propina. Nem para identificar no controle da portaria do edifício quem foi o emissário do “chato” que visitou a UTC na data.

Mais um episódio vexaminoso de parcialidade explícita, garantindo a impunidade dos intocáveis tucanos e seus operadores.

Assista o depoimento de Ceará à Lava Jato:

https://www.youtube.com/watch?v=qqTlEJRV-NI

Bem-vindos a 1964: Globo chama os militares para salvar o país

Dois dos principais porta-vozes da família Marinho, Ricardo Noblat e Merval Pereira, publicaram textos apontando que as Forças Armadas estão de prontidão para fazer o serviço de organizar o país.

Globo 1964-2016

Por Renato Rovai, na Revista Forum

Um texto complementa o outro, até porque a voz que os ditou é a mesma. Artigos como esse são escritos na mesa do dono.

Vamos a trechos:

Noblat:

“A crise ganhou um novo componente. Ele veste farda e tem porte de arma.Sua entrada em cena, ontem, foi o fato mais importante do dia em que o país quase parou, surpreso com o que acontecia em São Paulo.

Os generais estão temerosos com a conjugação das crises política e econômica e com o que possa derivar disso. Cobram insistentemente aos seus interlocutores do meio civil para que encontrem uma saída.”

“Não sugerem a solução A, B ou C. Respeitada a Constituição, apoiarão qualquer uma – do entendimento em torno de Dilma ao impeachment ou à realização de novas eleições. Mas pedem pressa.”

“Por inviável, mas também por convicções democráticas, descartam intenções golpistas. Só não querem se ver convocados a intervir em nome da Garantia da Lei e da Ordem como previsto na Constituição.”

Merval:

“Os confrontos entre petistas e seus adversários políticos nas ruas de diversas capitais do país, enquanto Lula depunha na Polícia Federal, insuflados por uma convocação do presidente do PT Rui Falcão, acendeu a luz amarela nas instituições militares, que pelo artigo 142 da Constituição têm a missão de garantir a ordem pública.”

“O fato de terem oferecido apoio às autoridades civis mostra que, ao contrário de outras ocasiões, os militares não estão dispostos a uma intervenção, que seria rejeitada pelas forças democráticas, mas se preocupam com a crise e se dispõem a auxiliar as autoridades civis em caso de necessidade.

“As milícias petistas mobilizadas na confrontação física nas ruas podem transformar o país em uma Venezuela, e quanto mais os fatos forem desvelados, mais a resposta violenta será a única saída

Perceba que na narrativa de ambos são sugeridos “alertas” e apresentado justificativas para uma ação militar em nome de garantir a ordem publica e a paz social.

Ao mesmo tempo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publica hoje um artigo na página 2 do Estadão com o título “Cartas na Mesa”. O tópico frasal é: “É preciso abrir o jogo: não se trata só de Dilma ou do PT, mas da exaustão do atual arranjo político brasileiro“.

Isso pode ser entendido como um sinal para o diálogo.

Mas no meio do texto o ex-presidente depois de falar de tudo que poderia ser feito, solta um parágrafo assim:

“Agora é tarde. Estamos em situação que se aproxima à da Quarta República Francesa” (…). Aqui as Forças Armadas, como é certo, são garantes da ordem, e não atores políticos.”

Parece um sinal de que o ex-presidente sentiu o cheiro de queimado e topa agir como bombeiro. Mas também pode ser um sinal para o PSDB de que os ateadores de fogo já estão na rua e que para se preservar como solução o partido não deve ajudar no serviço sujo.

E no final do artigo FHC coloca na mesa a solução do semi-parlamentarismo. O que no meio de um mandato é também um golpe branco.

Ao mesmo tempo que isso acontece, recebo um alerta de um leitor que me envia, inclusive, o comunicado que um general das Forças Armadas teria enviado a membros do alto comando da corporação.

A Fórum vai checar a autenticidade da mensagem antes de publicá-la. Mas ela teria sido enviada a militares da reserva pró-ativa e chamaria a atenção para a atual situação política do país.

O militar que recebeu o texto na Europa disse que após isso houve um encontro presencial com a tropa onde o alto comando teria inflamado a tropa e reclamado da falta de recursos.

Enfim, são muitos sinais de que um pré 64 está em curso. E, de novo, com apoio das organizações Globo que sempre esteve no mesmo lugar da história.

A foto que ilustra essa matéria é de uma manifestação que ocorreu há pouco na frente da emissora no Rio, com aproximadamente mil pessoas. Na segunda, no Sindicato dos Jornalistas, em São Paulo, haverá um ato contra a postura golpista da Globo. Num momento como esse em que está em jogo o processo democrático não se pode errar o alvo.

Moro é apenas uma peça no tabuleiro, a Globo é o golpe.