A Imaginação e o Tempo

Por Ronaldo Souza

Estou convencido de que não cabe mais o tempo destinado.

Coisas são imaginadas e não realizadas por conta disso.

Nessa “falta de tempo”, muitas coisas são idealizadas.

Por falar nisso, o que é tempo?

O Tempo não é bom companheiro para a Imaginação.

Um casamento sem futuro?

Como tantos outros?

Quantas coisas deixam de ser feitas por conta dele!

Imaginar, ter ideias, viver com elas, viver delas, é um fardo muito pesado.

Assim como não se pode ver a imaginação, não são vistas as idéias.

E o homem só se sente saciado quando vê, quando toca.

E ainda vem alguém, cria uma frase infeliz e complica mais ainda: “sou que nem São Tomé, pago para ver”.

Um belo convite ao conforto.

A mente inquieta é um castigo dos deuses?

Coisas realizadas são coisas realizadas, nada mais!

Foram possíveis. Se são possíveis, são banais.

Que valor têm?

As não realizadas teriam a força de incomodar, de fazer o mundo se mexer.

Não foram realizadas por incompreendidas.

Ah, como Einstein é admirável.

“A imaginação é mais importante que o conhecimento”.

A Academia entendeu?

O que você acha?

Quem vence, o pensador ou o publicador?

Terá sido a frase de Einstein um desabafo contra o tempo normal do homem, ou o tempo do homem normal?

Terá sido a sua frase um desafio à reflexão?

Terá sido a sua frase um desafio ao homem para que ele saia do tempo estabelecido e voe com a imaginação?

Você consegue imaginar o quanto ele imaginou e o tempo do homem normal não permitiu… realizar?

A velha estrada

Por Ronaldo Souza (modificado em 05/04)

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho…
Chico Buarque

Tenho ouvido que o Bahia está oscilando muito; goleia em um jogo, perde no seguinte.

Uma goleada pode ser reflexo de um acidente. Naquele dia, tudo deu certo para um time e errado para o outro. Quando a goleada se repete mais duas ou três vezes, fica mais difícil “não reconhecer” que o time está muito bem, obrigado.

Mas…

Observe bem e você verá que o Bahia tem goleado times fracos.

Quando enfrentou situações diferentes, foi um desastre.

No BaVi, o Bahia enfrentou um time muito limitado, mas, covarde, jogou se escondendo e clássico é clássico (você nunca ouviu falar isso). O time do Vitória sentiu que podia ganhar, foi pra cima e o Bahia se apequenou.

Perdeu!

Contra CSA e Fortaleza, dois times mais bem armados, também perdeu.

O time está jogando muito mal!

Vamos lá.

Cair ora por um lado, ora por outro e fazer isso bem, torna diferenciado o atacante, entretanto, o que o caracteriza como centroavante é saber jogar particularmente pelo meio, na área.

Aquela posição ele conhece como poucos e é jogar dessa forma que o torna um dos bons existentes, entre os melhores.

Gilberto, atacante do Bahia, é assim.

Caindo pela direita ou pela esquerda do ataque, ele é capaz de fazer jogadas/lançamentos, mas que não o caracterizam como jogador. Em outras palavras, fazer essas jogadas/lançamentos eventualmente confirmam sua qualidade, mas não fazem dele um exímio lançador, um “enfiador” de bolas nos espaços vazios. 

Querem um exemplo? A enfiada de bola que, da esquerda, ele fez para Rodriguinho no meio dos zagueiros, que redundou num gol contra o Sport, se não me engano.

Por conta disso, o treinador competente contará com um centroavante de qualidade, com mobilidade, importante para o futebol de hoje, mas não o fará, dali em diante, jogar pela esquerda e Rodriguinho pelo meio.

Dado fez!

No jogo contra o Fortaleza, o mais recente (03/04), o Bahia começou jogando com Rossi, Rodriguinho e Gilberto, este pela esquerda.

Funcionou?

Da metade do primeiro tempo até o seu final, quando estava tomando 1 a 0, o Bahia já era uma desarrumação só. 

Rossi, que não tinha entrado no jogo (estava fazendo aquecimento dentro do campo, ali pelo lado direito, mas não jogando), já estava discutindo com Gilberto, que por sua vez estava de calundu (será que se aborreceu porque viu que estava tudo errado?).

A essa altura, o Bahia, como diz a sabedoria popular, jogava pedra em santo.

Aí, sem merecer, fez um belo gol, fruto da qualidade dos jogadores, nada mais.

Desceu para os vestiários com um bom resultado e um futebol lamentável.

Imaginei que haveria alguma mudança no time.

Não foi necessária.

Dado achou que o time estava jogando bem.

Lembra do jogo contra o Vitória, em que o Bahia desceu para os vestiários jogando um “grande” futebol contra meninos de 15 anos em média? 

Voltou para o segundo tempo com o mesmo time!

Tomou o gol e de imediato mudou o time. O errado que ele não viu, apareceu na hora em que tomou o gol.

No sábado, tomou o segundo gol do Fortaleza e, outra vez, de imediato, mudou o time! 

Só relembrando, o mesmo time que desceu para os vestiários feliz da vida com o gol de empate e achando que jogara um belo futebol.

Tirou Chico, botou Zé, tirou João, botou Pedro, tirou Osvaldo, botou Arnaldo e na sequência tirou Josualdo e Pereira e botou Romualdo e Parreira. Alguém tinha que entrar, alguém tinha que sair. Parecia não importar quem.

Ficou aquele amontoado de jogadores correndo atrás da bola, lutando, tentando… Apesar da maior movimentação dada pelos jogadores que entraram, alguns dos quais deverão ser titulares, a qualidade do jogo não se modificou. Tanto que não houve nenhuma chance real de gol. 

Nas entrevistas pós-jogo, Dado e Rodriguinho acharam que o time jogou bem e está evoluindo.

Só há dois títulos em que seriam reais as nossas chances de conquista; Campeonato Baiano e Copa do Nordeste. No horizonte não há nenhum indício de que chegaremos lá. E podemos acrescentar aqui tranquilamente um “e olhe lá!”.

Não há como saber quais são as pretensões da diretoria do Bahia, mas, parece que no seu horizonte há, isso sim, uma ilusão postada. O seu nome é Dado.

No tão curto espaço de tempo entre as duas temporadas (2020-2021), outra vez não é pequena a inquietação.

Se no final da temporada passada o universo conspirou a favor do Bahia e ele não caiu, nada nos diz que deveremos contar com o mesmo fenômeno novamente.

Independente disso, a preocupação com esse futuro bem próximo, batendo já à porta, hoje toma conta da torcida tricolor.

A diretoria está contratando e parece que bem. A tendência é que o time melhore com os jogadores que chegaram.

Alguns deles, no entanto, já estavam à disposição do treinador. Thaciano, por exemplo, que vinha jogando normalmente no Grêmio, portanto, com ritmo de jogo, só entrou aos 26 minutos do segundo tempo. Ficou todo o primeiro tempo e mais da metade do segundo vendo um meio de campo sem produzir nada. Galdezani entrou quando faltavam 10 minutos para terminar o jogo.

Dado já deixou claro que quem o orienta a fazer as substituições não é o futebol apresentado, mas o gol tomado.

A qualidade de Germán Conti já se evidencia, mas a defesa continua dando espaços inacreditáveis para que os atacantes adversários se movimentem à vontade. David deitou e rolou. 

É jogador que está faltando ou treinamento e orientação de posicionamento?

E o outro zagueiro, Luiz Otávio, por que não joga?

O Campeonato Brasileiro começa no próximo mês e as regras para contratação de treinadores mudaram de maneira significativa. Tenha o Bahia concordado ou não com elas, a margem de erro na escolha do técnico sofreu uma redução drástica.

Sob as novas condições em relação à mudança de técnicos, começaremos o campeonato esperando as coisas acontecerem por obra do destino?

Depois do reconhecimento do próprio presidente Bellintani, teremos esquecido o erro cometido na demora da substituição de Roger Machado?

Não mudaremos a trilha a seguir?

Ficaremos aguardando a confirmação da perda dos “dois títulos em que ainda seriam reais as nossas chances de conquista” para então agir?

Édith Piaf e Moro

Por Ronaldo Souza

Não cabe comentar aqui como ela construiu isso, mas não se pode negar a qualidade técnica da Globo, principalmente quando comparada às demais emissoras do país.

Por exemplo, os melhores redatores sempre foram os da Globo, disso ninguém tem dúvidas.

Todavia, no processo da enorme deterioração do Brasil, no qual ela teve participação fundamental, a Globo também embarcou.

Foram inúmeros e continuam sendo os momentos em que a qualidade do seu jornalismo baixou a níveis inimagináveis, mesmo tendo muitos dos melhores jornalistas desse país.

Ainda que se considere o baixo nível de sensibilidade e percepção que ela mesma ajudou a implantar no país, as batalhas atuais da Globo, diferentemente de um passado próximo, vêm sendo realizadas com pobreza surpreendente.

Única e exclusivamente motivada por seus interesses particulares, não é de agora que a Globo se deixou envolver pela estupidez que ela instalou na sociedade brasileira. A classe média tem dado sinais evidentes de que nunca foi tão estúpida e medíocre como agora.

Como muitos outros, momentos como a eleição do atual presidente da república fazem parte do rico currículo da outrora Vênus platinada.

Inexplicavelmente, porém, a Globo continua fazendo esforços gigantescos para proteger Sérgio Moro, esforços que seriam mais facilmente explicáveis se partissem  da Record, do SBT…

Ela parece não entender que Moro acabou.

Por razões diversas, ainda se vai falar muito do “conge” de Rosângela Moro, mas ele acabou e se tornou um traste.

Contudo, num país em que se faz um debate sobre combate à corrupção e os três convidados são Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso e… Sérgio Moro (pagos a peso de ouro), tudo é possível e engolível.

A parcialidade do jornalismo da Globo é tão grande e escandalosa quanto foi a parcialidade do seu protegido no julgamento de Lula e é claro que isso torna mais fácil compreender os generosos espaços que ela oferece na sua programação para que ele diga as suas tolices.

É claro que a fala dele é dirigida particularmente a um público, do qual conhecemos as limitações.

No entanto, repito, ainda que consideremos o público para quem ele fala, não se justifica esse abraço em que ambos continuarão morrendo afogados nas águas da indignidade.

E é aí que se confirma a crescente e inesperada estupidificação da Globo; ao protege-lo, ela o humilha.

Talvez fosse mais adequado dizer que ela não o humilha, cede-lhe espaço para a auto-humilhação.

Da mesma forma, ao ceder esse espaço, ela confirma a sua dificuldade de percepção da realidade.

Confirma-se a verdade paralela que empresas de comunicação e determinadas personalidades como Globo, Moro, FHC… costumam criar para suportarem a algumas vezes cruel realidade da vida.

A humilhação decorre das tentativas de explicar/justificar o inexplicável/injustificável.

E aí vemos um desfile de cinismo e canalhice, com patrocinador e protagonista.

Quando a isso se incorpora a ignorância, é um desastre.

E quando também se incorpora a “cultura da ignorância”, que gosta de se exibir, é o caos.

Querendo mostrar indiferença às coisas que, diz ele, não lhe atingem e dar ares de intelectualidade, o “conge” recorreu à sua já reconhecida cultura e resolveu citar Édith Piaf.

Para que ele fez isso???

Certamente, alguém lhe sugeriu fazer essa citação desastrosa. Logo com ela, o “pequeno rouxinol”, como muitos a vêm, uma artista francesa de grande talento e que tem uma característica marcante; a de “carregar” na pronúncia do R e extrair disso um som gutural inconfundível.

Citar algo ou alguém de quem não se faz a mínima ideia, por si só, representa grande demonstração de ignorância, estupidez e falta de bom senso. Mesmo sendo atributos típicos de Moro, é de uma burrice sem tamanho.

Mas, é incrível como ele não consegue perceber.

E aí, Édith Piaf, o pequeno rouxinol, a artista que até hoje encanta o mundo, é transformada em EDITE PIÁ pela voz do marreco, como  também é conhecido Sérgio Moro.

https://www.youtube.com/watch?v=qdaDGdT6-Zk

“Seu” Sérgio, como o chama o deputado federal Glauber Braga (PSOL), é incorrigível.

Às vezes chego a pensar que a Globo, num requinte de crueldade, já o expõe intencionalmente. 

Esse é um dos preços que a arte paga por existir; ser usada por qualquer um, de qualquer jeito.

A arte existe para enriquecer e dar sentido à vida. Ela nos alegra com a sua beleza e nos leva à reflexão com a sua dor. Ela não existe para ser usada por quem a ignora e despreza.

Por isso, é um dos alvos principais de todo movimento inspirado e conduzido pela ignorância. Artistas são agredidos, livros são queimados, o conhecimento é desprezado…

Quando os armários da ignorância se abrem, é inevitável o desfile da estupidez pelas avenidas do país.

Em momentos assim, ouçamos Edith Piaf, para iluminar os nossos corações e almas.

Acuado, Bolsonaro opta pelo Centrão e humilha as Forças Armadas

Por Ronaldo Souza

O Centrão foi definido assim neste vídeo pelo general Augusto Heleno.

Sempre foi também assim que Bolsonaro o cantou.

Uma “nova forma de fazer política” foi o mote da campanha para sua eleição, sempre foi o discurso do que seria o novo governo, o governo Bolsonaro.

Como ficou bem claro na fala do general, o Centrão era o Capeta, o Diabo, que ardia nas chamas do inferno; a corrupção em pessoa!

Mas sempre ficou bastante claro, como também se pode ver no vídeo, que o Centrão esteve com ele todo o tempo. 

Portanto, como se diz, conversa pra boi dormir.

E boi é gado.

Assim, deixemos de lado o que pensa o gado, até porque gado não pensa.

É claro que também não vou perder tempo falando do general Augusto Heleno.

Se você quiser, procure conhecer um pouquinho da sua “obra” lendo, por exemplo, sobre a ocupação do Haiti pelas forças da ONU e o que aconteceu com os soldados brasileiros que estavam sob seu comando.

Se estiver disposto, aproveite e leia também sobre sua participação, com um belíssimo salário, no Comitê Olímpico do Brasil (COB) na realização das Olimpíadas Brasileiras, momento em que aconteceu o escândalo da prisão do seu presidente Carlos Arthur Nuzman e do ex-diretor de operações Leonardo Gryner.

O que resta, portanto, é o resto!

E o resto é Bolsonaro e seu desgoverno, uma vez que nunca existiu um governo.

Vamos ao que interessa.

Há muito tempo, Bolsonaro perdeu o que nunca teve e deixou de fazer qualquer coisa por nada saber fazer.

Apesar da “nova forma de fazer política” (vale a pena “conversar” com o gado, se não conseguem ver nada???), desde o início Bolsonaro teve o Centrão ao seu lado. Por acaso, é segredo o quanto foi liberado de verbas para isso?

Se agradou de todos os jeitos ao Centrão, com a participação, por omissão ou interesse, pouco importa, do cantante general Heleno e sua musiquinha, Bolsonaro nunca esqueceu da necessidade de sempre contar com o apoio do Exército Brasileiro, do qual foi expulso por ser imprestável.

E o exército até agora vinha lhe dando total apoio, postura, aliás, que terá enormes dificuldades para explicar.

Quando o exército percebeu a extensão da lama e que não tinha mais volta, começou a dar sinais claros de que estava querendo abandonar o barco.

E quando Bolsonaro percebeu que o Titanic já tinha batido no iceberg, era tarde. Tornara-se inevitável o naufrágio.

De um lado, as Forças Armadas, do outro, o Centrão.

Com os sinais claros que já tinha enviado de que não compactuaria com os novos surtos de desequilíbrio do capitão, que o exército já conhecia bem, as Forças Armadas entregaram os seus cargos mais altos.

Por desconhecer a razão, característica dada a conhecer somente pelos seres racionais, o instinto de sobrevivência de Bolsonaro falou mais alto e a reação foi agir como uma besta fera acuada.

Agrediu violentamente, traiu e humilhou as Forças Armadas.

Sua opção pelo Centrão, que já tinha assumido o comando do governo há algum tempo, não deixou nenhuma dúvida.

Desesperado, ele não pensou em outra coisa que não fosse escapar do impeachment e quem tem as armas para esse tipo de batalha é o Centrão e não as Forças Armadas.

O país agora está nas mãos do Centrão.

O mito mostrou o mico que sempre foi.

E é.

Sentado à beira do caminho

Por Ronaldo Souza

“Devemos lutar contra o vírus e não contra o presidente”.

Foi o que disse Bolsonaro em recente encontro e que foi interpretado como resposta (pedido) ao ultimatum (em 22/03) de 500 empresários, economistas e ex-ministros da Economia.  

“Vamos atacar o vírus e não o presidente”, insistiu em seguida.

Nas suas súplicas para permanecer no cargo, o vírus se tornou mais aliado do que nunca, ficou mais próximo ainda.

Vamos direto ao ponto.

A não ser o gado raivoso que ainda baba nos últimos currais existentes, todos sabem que Bolsonaro nunca governou.

Mas continuava “mandando”.

Nem isso mais.

É claro que continua sentado na cadeira de presidente, com a caneta bic na mão. Afinal, pela sua permanência, tem que continuar liberando, inclusive para pagamento das despesas do Palácio do Planalto (serviços de manutenção, jardinagem, despesas com alimentação e coisas assim).

O como fazer chega e ele assina.

No sistema presidencialista tem que constar a assinatura do presidente!

Afora isso…

Além de ficar prestando atenção nas coisas que Lula manda fazer (Lula reforçou que todos os brasileiros deviam usar máscaras, ele fez questão de aparecer nas cerimônias usando-as; Lula disse que tinha que se criar um comitê para enfrentamento da Covid-19, ele criou – fez tudo errado, mas criou), a preocupação dele agora é ficar pedindo para não instalarem uma CPI.

Não se pode negar, ele está trabalhando como nunca, até porque não tinha essa experiência (de trabalhar). Foi até ao Congresso pessoalmente entregar uma documentação e na saída, ao invés de fazer o trajeto usual, fez questão de passar pela ala dos jornalistas (que fica do outro lado) para se dar para uma breve entrevista. Aproveitou para dizer que a imprensa era a melhor coisa que já tinha sido inventada na face da Terra, essas coisas!

Aliás, Terra que parece que quer voltar a ser redonda. 

Lembra daquele personagem de Chico Anysio?

– O que eu não posso é perder esse emprego!

A verdade, porém, é que não faltam motivos para o impeachment. E mesmo tento a proteção dos homens que mandam de fato, ele sabe que a coisa está ficando difícil para ele.

Veja o texto abaixo do sociólogo Marcos Coimbra e entenda porque ele não cai.

Por que Bolsonaro não se esborracha

Por Marcos Coimbra

Quem não tem cão, caça com gato e, na falta de pesquisas boas, temos que nos virar com as que andam por aí. Como a recente pesquisa telefônica do Datafolha, que está sendo divulgada desde a semana passada.

Antes de tratar do resultado mais relevante, uma nota de cautela: em um país como o Brasil, pesquisas telefônicas não são recomendáveis. Se quisermos saber o que pensa o conjunto da população, não é correto usar uma técnica que exclui as opiniões e sentimentos da ampla parcela que não tem acesso à telefonia ou que até pode tê-lo, mas, por desinteresse, desconfiança ou acanhamento, só dá entrevistas a respeito de temas políticos sob estímulo. Sem a presença física de um entrevistador ou entrevistadora que as encoraje a se manifestar, essas pessoas, normalmente de escolaridade, informação e renda mais baixas, não falam. Muitas, no entanto, votam, pois é assim que funciona nosso sistema eleitoral. É por isso que aprendemos a só confiar nas pesquisas em que entrevistados e entrevistadores interagem face-à-face.

A enquete telefônica do Datafolha mostra algo que desafia o bom senso. No auge da pior crise sanitária de nossa história moderna, em meio às mais evidentes demonstrações de inépcia e incúria do capitão Bolsonaro e seu governo de idiotas, quase um terço dos entrevistados aprova o conjunto de sua “obra”. Metade responde que é contra o impeachment.

É impossível não comparar a situação de hoje com as de Collor e Dilma. Se, em nossa cultura política, é tranquilo remover presidentes inadequados através de processos de impeachment, como aconteceu com os dois em curto espaço de tempo, por que tolerar um estafermo como o capitão?

Collor, dizia seu irmão, era desonesto, o que foi corroborado por cheques inexplicáveis e depoimentos à vontade. E Bolsonaro, com vinte anos de suspeitas nas costas, dezenas de funcionários fantasmas recebendo e transferindo dinheiro público para as contas da família? Será que o problema é que Collor roubou “muito” e a turma do capitão “só um pouquinho”? Quanto um governante precisa surrupiar para se tornar desonesto?

Dilma teria sido tirada por promessas de campanha não cumpridas e fazer um mau governo na economia. E Bolsonaro, que jogou no lixo o que disse ao longo de 2018 a respeito de moralidade, segurança pública e renovação politica? Que tem uma equipe econômica de cascateiros e incompetentes? Que está à frente do governo mais lastimável da história do Brasil, inoperante em tudo, sem nada a mostrar na saúde, educação, meio ambiente, ciência, tecnologia, habitação popular? Cuja única realização é nos tornar párias internacionais?

Nos dias que correm, quando a mistura de burrice e desumanidade da turma do capitão se traduz nos piores resultados do mundo no enfrentamento da pandemia, passamos de um péssimo presidente a algo mais grave. Percebemos que temos à frente do governo um genocida, um psicopata ou a uma mistura das duas coisas.

Mas um terço das pessoas diz que o capitão faz um trabalho “bom” ou “ótimo” e metade avalia que deve permanecer no cargo, pelo menos entre aquelas para as quais o Datafolha telefonou. Por quê?

Os casos de Collor, Dilma e do capitão mostram que não há, no Brasil, um “ponto natural”, um nível de desgaste ou decepção que, uma vez alcançado, torna irreversível a derrocada de um presidente. A “inevitabilidade” de uma deposição é fabricada, o que significa dizer que depende do que querem e do modo como se articulam as forças politicas hegemônicas.

Uma presidente virtuosa pode tornar-se “insustentável”, enquanto pode “não estar maduro” o impeachment de um picareta responsável por centenas de milhares de óbitos e milhões de pessoas com sequelas para o resto da vida. A crise da imagem de Dilma foi consequência de uma estratégia deliberada de enfraquecimento e não de seus “erros”, que certamente cometeu, como qualquer presidente, sem que nenhum tenha sido deposto por isso. Inversamente, o capitão não cai apesar de suas desonestidades e erros grotescos, porque continua a ser útil ao conjunto de forças que o colocou no poder.

Há quem procure explicar a permanência de Bolsonaro como se decorresse da falta de iniciativa da esquerda, o que não é verdade, pois ela, Lula e o PT sempre lutaram pelo abreviamento do pesadelo. Culpados são os que fingem aguardar que a opinião pública exija algo que procuram evitar, os que só “formam opiniões” quando é de seu interesse.

Se quisessem, nossas elites destruiriam a imagem do capitão em dois ou três meses, como fizeram com Dilma no passado recente. Seus 30% virariam fumaça. Só que não querem, pois ainda têm muito a embolsar com a atual politica econômica e se pelam de medo de enfrentar o PT em 2022 com seus candidatozinhos de proveta, sem Bolsonaro e sua falta de escrúpulos.

O superministério

Por Ronaldo Souza

Parte da imprensa brasileira tem feito críticas ao presidente Bolsonaro e seu governo, particularmente no que diz respeito ao ministério da saúde.

Por que Bolsonaro não rebate as críticas de negligência com a saúde do país?

Afinal, o Brasil é o único país do mundo que pode se orgulhar de ter três ministros da Saúde, numa prova de que há um grande cuidado com o referido ministério.

O primeiro, ele próprio, o presidente Jair Bolsonaro, que assumiu esse cargo em 1º de janeiro de 2019.

Não se pode negar que o presidente tem dado muitos e sábios conselhos nas orientações médicas que tem feito nas suas lives, onde tem demonstrado familiaridade com a tecnologia.

https://www.youtube.com/watch?v=ZI1QJkX2B1o&t=9s

Também tem agido assim na fazenda que mandou montar próximo ao Palácio do Planalto, onde, com a inteligência, delicadeza e sutileza que lhe são peculiares, tem demonstrado grande afinidade com a pecuária brasileira, ao lidar diariamente com o gado no curral.

Além disso, também tem feito muitas prescrições de medicações à toda população brasileira. Nesse sentido, tem chamado mais ainda a atenção de todos, pois são prescrições devidamente apoiadas em evidências científicas consistentes, ou seja, em perfeita consonância com a medicina baseada em evidências, tão ao gosto dos médicos e demais profissionais das áreas da saúde.

Ainda a salientar, a total concordância também com os importantes e sólidos princípios da Epidemiologia, ciência tão importante quando se trata de Saúde Pública, que ele parece querer demonstrar conhecer muito bem, pela naturalidade com que fala sobre o assunto.

O segundo é o novo ministro, o médico Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que há cerca de seis dias tenta tomar posse. Ministro da Saúde que arrasta para o governo boa parte da classe médica, como já o fez o Conselho Federal de Medicina, o que é tranquilizante para o povo brasileiro, pois mostra o quanto a classe está unida.

E, finalmente, o terceiro ministro da saúde, o general do exército brasileiro, Eduardo Pazuello, reconhecido especialista e profundo conhecedor de logística, que arrastou consigo o nome da instituição exército brasileiro.

Como se vê, um superministério e, o mais importante, atuando em perfeita sincronia para as tomadas de decisão.

Surge, entretanto, uma preocupação no horizonte. O ministério vai perder o terceiro ministro, o general, e, claro, toda sua competência.

É que, ao contrário do segundo ministro, o médico Marcelo Queiroga, que tenta tomar posse há cerca de seis dias, o terceiro ministro está há cerca de seis dias sem conseguir “destomar” posse.

Aí, porém, há um grande dilema explicando a demora. O presidente Bolsonaro não quer afastá-lo porque, afastado do cargo, ele perde o foro privilegiado e assim enfrentaria dificuldades com a justiça, pela atuação no ministério.

Há quem diga que o terceiro ministro do trio corre o risco de ser preso.

Segundo a imprensa, essas mesmas dificuldades e preocupação também já estão no radar pessoal do presidente, quando ele deixar a presidência.

Paris pode esperar

Por Ronaldo Souza

Lembra daquelas fotos maravilhosas que você tirou na Disney com sua família?

Aquilo foi demais, não foi?

Lembra que seus filhos eram só alegria, não cabiam em si de tanta felicidade?

Eles olhavam para um lado e outro e só viam crianças iguais; um paraíso!

E os adultos!

Todos pessoas do bem.

Aquilo sim é estilo de vida!

Tanto é que viralizou aquele vídeo em que Ariano Suassuna fala do espanto de uma rica senhora da alta sociedade do Rio de Janeiro, quando ele disse que não conhecia a Disney.

Aquela senhora não conseguia entender como era possível um membro da Academia Brasileira de Letras nunca ter ido à Disney.

De fato, um absurdo.

Onde já se viu? Aquele homem não podia pertencer à Academia Brasileira de Letras.

O auditório morreu de rir!

Boa parte dele não percebeu o golpe de ar mais forte que lhes bateu na cara (alguém diria que era o deslocamento de ar pelo tapa com luva de pelica).

Por isso, morreu de rir.

Lembra daquelas fotos maravilhosas de Paris?

Sim, aquelas que você tirou, inclusive do prato que pediu?

Lembra que você disse no Instagram que era um prato caro, de um típico restaurante parisiense, mas que valia a pena.

Típico, não?

Fique tranquilo, fique tranquilo!

Como eu não iria perceber que era fundamental aquela imagem/registro da sua ida à Cidade Luz?

E aquela, clássica, tirada do lado de fora do Louvre?

Ma-ra-vi-lho-sa!!!

Chegou a entrar?

Cidade Luz!

Também pudera, tão iluminada!

Sim, a cidade toda iluminada é linda.

Demais!

Houve um movimento no século 19 que “tinha como principais ideais a liberdade, a fraternidade, a tolerância, o progresso, o governo constitucional, a oposição à monarquia absolutista e a separação Igreja-Estado, bem como a razão como base da autoridade.

Paris foi o berço desse movimento intelectual e se tornou famosa em toda a Europa por se transformar em um centro de educação e nascimento de novas ideias. A cidade atraiu inúmeros artistas, filósofos, pensadores, inventores e todo tipo de cientistas, além de ser palco do surgimento de incontáveis tecnologias novas – e acabou ficando conhecida como “La Ville-Lumière” ou “Cidade Luz”.

Esses franceses são muito cheios de frescura, cheios de mimimi, não é mesmo?

Só por causa do Iluminismo, acham que a cidade pode ser chamada de Cidade Luz.

Agora veja se a gente aqui está querendo saber de artistas, filósofos, pensadores, inventores e cientistas.

Os daqui a gente está querendo mandar embora, vê se vamos querer que esse bando de inúteis venha de fora!!!

A razão como base da autoridade. Vê se pode!

Nesse momento, porém, não vale nem a pena ficar pensando nisso. Afinal, mesmo que você queira ir para a Cidade Luz pensando na iluminação da cidade, que você tanto ama (a do Natal, por exemplo, não essa frescura de luz interior, Iluminismo) não pode.

Está proibido.

Nenhum país do mundo está aceitando brasileiro.

Portanto, esqueça.

Esqueça também esse negócio de artistas, filósofos, pensadores, inventores e cientistas daqui falando de ideais, liberdade, fraternidade, tolerância, progresso e governo constitucional. Isso é coisa de maricas.

Esse negócio de Iluminismo, enriquecimento (luz) interior, a gente não tem essas frescuras por aqui não.

Mas, não se preocupem. Se Paris não quer a gente lá, ainda existem oito países que estão de braços abertos para nós.

Boa viagem!

Fronteiras da estupidez

Por Ronaldo Souza

Mal começo o dia e leio que Ricardo Kertzman, quase dois anos e meio após a eleição de 2018, pediu desculpas por ter votado 17.

O jornalista do Estado de Minas e da IstoÉ culpa o presidente pelos 280 mil mortos e se desculpa. Ele diz que sua “ojeriza ao lulopetismo” o fez “fingir que Jair Bolsonaro era algo melhor” que Haddad.

Veja alguns trechos.

——

“O amigão do Queiroz, pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais, é um dos maiores erros da minha vida.

Seja como presidente ou ser humano (ele é?), em relação à Covid-19, às vítimas fatais e aos familiares e amigos, suas falas e atitudes são abjetas, eivadas de ódio, violência e mentiras. Desconheço, inclusive, nos dias de hoje, ao menos, ditadores e facínoras, mundo afora, que reproduzem o comportamento vil que Jair Bolsonaro impõe ao Brasil e aos brasileiros

Já são 3 mil mortos por dia por Covid-19. Quase 300 mil vidas que se foram. Sem vacinas, o maníaco da cloroquina nos lidera a uma catástrofe sem precedentes em nossa história. A mim me parece que o sujeito opera em duas frentes: a loucura, que acredito lhe ser nata. E o método, a fim de levar o País ao caos sanitário, econômico e social. E ao golpe!

Não à toa investe tanto em desinformação, mentiras e cisão da sociedade. Como não é à toa sua obsessão armamentista, e o populismo financeiro com as Polícias e as Forças Armadas.

Bolsonaro sonha, planeja, trabalha e tentará, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, golpear a democracia. Por isso me penitencio tanto. Não só, mas também por isso. O sujeito só pensa em si, na sua prole enrolada com a Justiça e em sua reeleição. Se em 2022 o Brasil contar com menos 500 ou 600 mil brasileiros, e daí? Ele não é coveiro. O País atirou no lixo, graças a Bolsonaro e a Pazuello, mais de uma centena de milhão de doses de vacinas, ainda em 2020. Quantas vidas isso já está custando e ainda custará?”

Entendem, caros leitores, por que escrevo tanto sobre esse energúmeno e sou tão ácido nas palavras? É um misto de indignação e de raiva. Uma espécie de… culpa! E como não sentir? Encerro com um sincero pedido de desculpas pelo que fiz. E ainda que eu considere meu erro imperdoável, apelo à boa vontade daqueles que também erraram como eu errei. Bolsonaro é culpado, mas eu também. Perdão”.

——

Ricardo Kertzman não é o primeiro jornalista da “grande imprensa” que se mostra arrependido por ter votado em Bolsonaro e contribuído para sua eleição. Talvez seja o primeiro a fazê-lo de forma tão veemente e pedindo desculpas ao país. Aí está o destaque que se deve dar.

Muitos precisam fazer o mesmo, mas não o farão! Alguns porque o caráter (a ausência dele) não permitirá, outros porque são o que são; idiotas.

Idiotas sempre existiram e sempre vão existir, mas há uma característica inerente a eles:

O idiota não sabe que é um idiota.

Ainda bem. Não fosse assim, seria um caos.

Já digo há muito tempo que se todos os idiotas percebessem que são idiotas haveria um suicídio coletivo em larga escala.

“A inteligência do homem tem limites, a estupidez não”.

Esta frase sempre foi atribuída a Einstein.

Mas não é dele e sim de Claude Chabrol.

Na verdade, a frase verdadeira e completa é assim:

“A estupidez é infinitamente mais fascinante do que a inteligência. A inteligência tem seus limites, a estupidez não”.

Mas há uma de Einstein com o mesmo teor:

“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”.

Em nenhum lugar do mundo existe comprovação mais forte e consolidada do acerto dessas frases como no Brasil!

Fronteira

O que separa não une!

Simples assim.

Não, não é tão simples assim e exceções podem ser citadas.

As fronteiras, por exemplo, podem ser definidas como locais que unem e separam, representam as duas coisas.

As relações internacionais visam os mais diverssos interesses e por isso exigem inteligência, sensibilidade, conhecimento e bom senso.

Por tudo isso, sempre foram mantidas e tratadas dentro do campo da civilidade. Costumava ser assim.

No Brasil atual, porém, a estupidez atropelou todas as possibilidades.

Ernesto Araújo não se cansa de se expor ao ridículo.

Isso seria um problema exclusivamente dele, não fosse ele o ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Em situações assim, é inevitável que o ridículo de Ernesto Araújo extrapole e leve o país junto com ele. E o custo é alto.

Essa estupidez, todos sabemos, incorporou-se desde cedo ao ministério de Bolsonaro, o que não constitui nenhuma surpresa, pelo simples fato de que ele, o ministério, é fruto da escolha do presidente.

O que esperar de Onix Lorenzoni, Ernesto Araújo, general Pazuello, general Augusto Heleno, Damares Alves, para citar somente alguns?

Faz parte do imaginário popular dizer que há limite para tudo, mas, pelo visto, aqui, não!

Quando diz que “a estupidez se coloca na primeira fila para ser vista e a inteligência se coloca na retaguarda para ver”, Bertrand Russel fala de algo que está aí, na nossa frente.

Ou você não conhece pessoas que fazem questão de exibir sua ignorância?

Mais do que nunca isso é fato. A estupidez deixou de ser sobrevivente, ela agora se exibe e o faz sem pudor.

Já postei esse vídeo aqui, mas sem fazer nenhum comentário específico. Mas, observe-o bem.

A confissão da absurda subserviência e incompetência de quem ocupa o cargo reconhecendo ser insignificante, o nível do “diálogo” entre um ministro de estado e o presidente da república, a postura de ambos…

Como sociedade, perdemos completamente a capacidade de perceber as coisas que acontecem à nossa volta, entre elas a mediocridade que se instalou e hoje reina no país.

Assim, o Dr. Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e novo ministro da Saúde de Bolsonaro, assume o papel de acalmar os ânimos.

– Quero ver agora criticarem Bolsonaro!!

Comentários desse tipo surgem no horizonte brasileiro, afinal, um médico e não mais um simples e inexpressivo general, assume o ministério da Saúde. E olha que não é qualquer médico, é o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia!

E aqui, claro, também cabem os comentários sobre o homem e o cargo.

Quem assume o ministério, o médico Marcelo Queiroga ou o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia?

Na sua ida para o Ministério da Saúde, o médico Marcelo Queiroga arrasta com ele a Sociedade Brasileira de Cardiologia? Arrasta toda a especialidade?

A resposta a essa questão e às suas implicações passa pelo posicionamento dos cardiologistas, ainda que possamos imaginá-lo. Sáo situações delicadas porque há sempre a possibilidade de que o custo não tenha sido bem calculado.

A resposta do governo, entretanto, é bem clara.

Não há o menor desejo de mudar absolutamente nada. A mudança de ministro se dá pela pressão sofrida, particularmente pela volta de alguém que tinha sido excluído do cenário político brasileiro, e não pelo reconhecimento de que mudanças no enfrentamento da pandemia eram necessárias.

Aliás, não seria demais exigir do presidente capacidade de entender alguma coisa e assim por em risco sua comunicação neuronal?

Uma coisa parece fato.

Bertrand Russel sabia do que estava falando.

2020, o ano que não quer terminar

Por Ronaldo Souza

Dado Cavalcanti não conseguiu perceber que o placar do triunfo sobre o Fortaleza, que praticamente nos garantiu na série A, foi acidente de trabalho.

Talvez seja interessante lembrar que o time não jogou com aquela escalação e daquela forma por conta de um momento de genialidade do treinador e sim pelas contingências. Alguns jogadores não podiam atuar, entre os quais Gilberto. Lembremos também que Rodriguinho, que jogou como falso nove, e Nino Paraíba estiveram em noite de rara inspiração.

Dado não percebeu que assim também foi contra o Campinense, pela Copa do Brasil, quando Rossi foi a estrela de uma noite também inspirada.

Portanto, não consigo entender porque ele fez o que fez no jogo contra o Vitória. Apesar de outros já o terem feito, inclusive Roger Machado no próprio Bahia com o mesmo João Pedro, escalar o time daquela maneira foi de uma insensatez absurda.

Clássico é clássico!

Você ja ouviu isso e sabe o que significa.

Dispenso-me de maiores comentários sobre o Vitória, cuja situação todos conhecem.

Mesmo tendo o time fraco que tem, mesmo sendo inexpressivo como é, o Vitória é o time que compõe o clássico Ba-Vi.

Depois da saída de Gregore e Ronaldo, o meio de campo do Bahia vinha tentando se ajustar, mas com todos os jogadores atuando nas suas devidas posições.

Aí, justamente no tal do clássico, embalado pelos resultados citados acima e se imaginando dono de uma das cadeiras onde devem sentar os deuses do futebol, Dado resolve inventar.

Todos sabem que João Pedro teve uma contusão que o afastou do futebol por um tempo. Também é sabido que ele não vinha apresentando o futebol que já conhecíamos e pelo qual esperávamos nessa sua segunda passagem pelo Bahia.

O que faz Dado Cavalcanti?

No tal do clássico, ele pega João Pedro, um lateral direito, voltando de contusão, sem ritmo de jogo e põe para jogar como… que posição é aquela mesmo, meio de campo, auxiliar de Nino, auxiliar de Rossi, homem de beirada que só joga pelo meio, homem de meio que só joga pela beirada, o que, finalmente?

Não teve meio de campo.

O Vitória morrendo de medo por estar jogando contra o Bahia.

O Bahia se escondendo do jogo.

Todo atrás, ficou no seu campo esperando um time limitado e com medo. Dado obedecia aos protocolos de time reativo; linhas altas, linhas baixas, linhas médias, vamos tentar essa linha, tá melhor, não, essa tá ocupada, vamos por cima, não, deixe eles passarem primeiro, depois a gente vai… meu deus!

O Vitória percebeu e os meninos de 15 anos começaram a gostar do jogo. Os meninos de 15 anos começaram a ridicularizar os “grandes craques” do Bahia.

Foi ridículo ver Rossi, Rodriguinho, Gilberto e Cia. correndo atrás daqueles garotos de fralda.

Pelo whatsapp, comentei com alguns amigos no intervalo. Acho que Dado não está enxergando o que está acontecendo e disse a pelo menos dois deles; vamos ver se ele volta para o segundo tempo com João Pedro.

Voltou!

Voltou porque realmente não enxergou a tremenda asneira que fez ou para não assumir que tinha errado na escalação e tentava corrigir naquele momento do intervalo?

Você percebeu um detalhe? Você observou que os jogadores do Vitória nem tinham terminado de comemorar o gol e a câmera da televisão mostrava (pelo menos na Fox, por onde assisti ao jogo, foi assim) que já tinha um jogador do Bahia ao lado do quarto árbitro pronto para entrar?

Quem era?

Daniel! Danielzinho, como é mais conhecido.

No lugar de quem ele entrou?

João Pedro!!!

Ali estava a confissão do pecado não assumido no intervalo!

Dado Cavalcanti matou o time do Bahia no primeiro tempo. Ele foi o grande responsável pela absurda e ridícula inoperância dos três atacantes: Rossi, Rodriguinho, Gilberto.

Mateus Bahia parece ter dado mais estabilidade ao sistema defensivo do Bahia, mas foi Juninho Capixaba quem entrou para o jogo.

Toda a torcida do Bahia sabe que ele é mais ou menos no apoio ao ataque e fraco na defesa. O que você pode imaginar? Parece que o time vai optar pelo ataque.

Você viu o time atacar?

Dado deve ter umas 325 explicações para a escalação de Juninho Capixaba.

Se Juninho Capixaba tem sua melhor característica ao atacar e Mateus Bahia vinha justificando sua escalação pela estabilidade dada ao sistema defensivo, os momentos de entrar e sair de cada um não estavam trocados?

Caso tivesse entrado desde o início, como vinha acontecendo em todos os jogos que o Bahia ganhou desde os momentos finais do Campeonato Brasileiro até o clássico, aquele seria o momento de Dado tirar Mateus Bahia e colocar Juninho Capixaba, por este “ser melhor” no ataque e não o contrário.

Ou só ali Dado percebeu que tinha desarrumado a defesa tirando Mateus e escalando Juninho e precisava fechar o buraco? Ou para ele Mateus Bahia é que ataca bem e era o que ele ia precisar agora?

Alguém tem ideia?

A temporada de 2020 não vai terminar?

E o futuro?

Ouvi há poucos dias alguém da crônica esportiva de Salvador dizer que o Bahia estava se preparando para criar uma  forma de jogar que seria estabelecida para todo o departamento de futebol do clube.

Desde cedo, da base ao time profissional principal, o Bahia jogaria de uma única maneira. Assim, quando o jogador da base chegasse ao profissional, por já saber como este joga, a transição se daria de uma maneira muito mais fácil e rápida.

Algo como fez o Barcelona.

Como se vê, um projeto audacioso.

Recorro a Shakespeare.

“Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que a nossa vã filosofia possa imaginar”.

Presidente, inteligência e juventude costumam favorecer a audácia e vejo em você esses dois requisitos.

Mas, ao mesmo tempo que me entusiasmo, lembro da sabedoria popular, pela qual tenho enorme respeito. E ela diz que “prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém”.

Muitas coisas, mais do que parece à primeira vista, precisam ser analisadas.

Não que o Bahia não deva ousar, muito pelo contrário. Até porque ele já mostrou que é um dos clubes mais inovadores no atual cenário do futebol brasileiro. Entretanto, tratando-se do tamanho do projeto, do quão ele é ambicioso e do que o envolve, temos que reconhecer que as chances de dar certo são bem maiores no Barcelona do que no Bahia. Sobre isso não deve haver dúvidas.

Outro aspecto, que parece não ter sido devidamente considerado, precisa ser visto com muito carinho.

Quem estará à frente dele?

Sem querer me aprofundar em pesquisas e saber detalhes de como aconteceu todo o vitorioso projeto do Barcelona, sabemos que profissionais do nível de Johan Cruyff, Pepe Guardiola e outros fizeram parte desse projeto.

Como esse projeto já estaria em andamento, imagina-lo com Dado Cavalcanti à frente me provoca arrepios.

Não se trata aqui, Bellintani, de complexo de vira-lata, sentimento que reflete grande pobreza mental e intelectual e que posso dizer que conheço bem, ainda mais por vê-lo à minha volta há anos.

O mundo acadêmico, que conheço relativamente bem, vive de teorias que, experimentadas, comprovam ou não o seu acerto. Esse mundo possui normas que costumam se mostrar relevantes e necessárias. Assim vive a Ciência.

Entretanto, querer teorizar o futebol representa um equívoco enorme e estamos vivendo momentos de muita teoria no futebol brasileiro.

Ainda que as teorias ganhem relevância também nele, como a política, o futebol é um mundo à parte e é aí que quero chegar.

Lá em cima, na primeira parte deste texto, vimos que Dado Cavalcanti é um adepto do futebol reativo. Só essa tolice explicaria o desempenho medíocre daquele jogo e os resultados inexpressivos que de modo geral temos conseguido.

Reativo, propositivo, o futebol não pode ser teorizado dessa forma. Chega a ser chocante como boa parte da imprensa esportiva tem se encantado com isso.

Para não sair do nosso time, volte a 1959 e veja se aquele time que, jogando três partidas consecutivas com o Santos de Pelé e Coutinho ganhou duas, era um time meramente reativo.

Ao ganhar para os melhores times do Brasil, como fez com o Internacional no primeiro jogo e soube jogar a segunda partida, quando garantiu o título, o Bahia de 1988 era reativo ou jogava de acordo com o adversário e o momento?

Independente de qualquer coisa, não consigo acreditar que Dado Cavalcanti seja o treinador que deva estar à frente desse projeto. É claro que é somente a opinião de um torcedor e que, pelo menos em tese, o presidente do clube deve ter muito mais subsidios para determinar quem deve ser.

Mas, depois de vários jogos, em particular desse último, tendo Dado Cavalcanti à frente desse projeto, o que se pode esperar dele, que time será o Bahia?

O Bahia vai negar o seu DNA?

O Bahia vai esquecer o seu slogan, “Nascido para vencer”?

O Bahia está perdendo a noção do seu tamanho dentro do campo?

Veremos o Bahia perder o Campeonato Baiano deste ano?

Veremos o Bahia perder a Copa do Nordeste de forma ridícula outra vez?

Veremos..

Presidente, leve adiante seus projetos, você é inteligente o suficiente para fazer isso.

Mas tenha calma!

Faça-o olhando para o que representa esse clube.

Faça-o olhando para sua tradição e glória.

E jamais esqueça da torcida!

Prisioneiro de si mesmo

Por Ronaldo Souza

No seu livro, “A Revolução dos Bichos”, o escritor inglês, George Orwell, um socialista democrático, faz uma metáfora muito inteligente sobre a União Soviética de (Joseph) Stálin.

Um grupo de animais resolve tomar e assumir a gestão de uma fazenda de humanos.

Os animais mais inteligentes assumem os postos de comando.

Ao longo da história, entretanto, os comandantes, que aos olhos dos outros animais pareciam inteligentes e dignos, avançam sobre os direitos de todos e a corrupção de hábitos e normas passam a ser a tônica. 

A esperteza, frequentemente confundida com a inteligência, mostra sua cara. Ali estava a verdadeira condição daqueles que agora estavam à frente do destino dos animais.

A arte imita a vida ou a vida imita a arte?

Animais tomaram posse e assumiram a gestão da fazenda Brasil.

Diferentemente do que todos dizem, já digo há muitos anos que o poder não corrompe; o poder mostra o homem.

Mais cedo do que se podia imaginar, eles se mostraram.

Por que falei “avançam sobre os direitos”?

Avançar sobre algo ou alguém é uma forma de exercer a força, jamais evolução da espécie.

Evoluir é desenvolvimento. Só humanos desenvolvem.

Dominar é instinto. Uns dominam, outros são dominados.

 

Direitos são fruto de anos de lutas e conquistas. Representam um mecanismo de proteção aos indivíduos da sociedade.

Sociedades civilizadas protegem o indivíduo e permitem a ele o direito de viver sob o manto protetor da justiça.

Em ambientes em que níveis de superioridade são determinados sobre os direitos do indivíduo, perde-se o verdadeiro sentido da vida humana.

A obdiência imposta jamais será compatível com o real desenvolvimento humano, por conseguinte, com o real desenvolvimento de um povo.

Quando se diz “estamos nas trevas, estamos vivendo na escuridão”, o que se está dizendo é que não estamos vivendo à luz do nosso bem maior; o direito do indivíduo.

Estamos nas trevas, estamos vivendo na escuridão.

Um clarão no céu

E de repente, um raio de luz rompe o céu brasileiro.

O clarão foi muito forte.

Mentes e corações se iluminaram de uma luz muito intensa.

Foi imediata e consensual a reação da sociedade brasileira.

Artistas, jornalistas, políticos, empresários, todos se renderam ao discurso de Lula.

“Lula falou como um estadista, como candidato à presidência e com a experiência de quem já governou o Brasil. Em seu discurso, focou em vários pontos falhos do governo Bolsonaro”.

Inacreditável, mas isso foi dito por Miriam Leitão, jornalista da Globo.

A própria Globo também se rendeu à força do discurso.

Não, não, podem parar.

Não pensem que sou tolo.

Ao dizer que Miriam Leitão e a Globo não resistiram ao discurso de Lula não estou imaginando que a Globo agora é Lula.

Esqueçam.

Sem chance.

Foi a Globo quem pariu o ovo da serpente.

E foi ela quem criou a manada.

A manada é obra da Globo.

Os demais órgãos de imprensa só foram e continuam sendo periféricos da Globo e disso não passam.

Foi a Globo que fez vocês vestirem aquele ridículo luto como etapa preparatória para o golpe em Dilma.

E vocês sabem quem são esses vocês de quem falo.

Foi a Globo que tentou destruir Lula, o PT, Dilma e quem mais pertencesse a esse grupo, estigmatizando-os como os pecadores do mundo.

Foi a Globo que não poupou as famílias dessas pessoas, particularmente a de Lula.

Foi a Globo que tripudiou sobre a mulher, filhos e netos de Lula.

Demais órgãos da imprensa, empresários, boa parte do judiciário brasileiro, Moro, Dallagnol, procuradores, Lava Jato, ministros, juízes…, todos, não passaram de meras ferramentas da Globo.

E o gado?

Esse então!

Em outras palavras, a Globo e Miriam Leitão continuarão sendo o que sempre foram.

Nossa arma é a vacina

Diante desse panorama, tudo era possível.

Mas quem poderia imaginar que um milagre também acontecesse depois da fala de Lula?

De repente, o distanciamento social e o uso da máscara passaram a ser aceitos e vistos no presidente da república e na sua equipe e por eles estimulados. Assumiu-se o reconhecimento de que as drogas milagrosas recomendadas para prevenção e cura da Covid-19 não têm comprovação.

De repente, a imprensa foi tratada de maneira gentil e o lockdown passou a ser defendido, com o presidente se gabando de te-lo defendido desde o início!

De repente, aparece um globo sobre a mesa em que Bolsonaro faz suas lives. Ali tivemos a convicção de que a sua equipe, tão importante nas iniciativas de combate à pandemia, tinha descoberto que a Terra era redonda!

E eu que já estava me acostumando com a sua imagem Bolsonariana!

Meu deus, de maneira absolutamente inacreditável, até a vacina deixou de ser coisa de maricas e passou a ser defendida.

Criou-se até um lema no governo, bastante compartilhado, inclusive pelo seu trio genial de assessores: zero um, zero dois e zero três.

Não é uma verdadeira maravilha?

Um milagre!!!

Na sua sabedoria e bondade, o povo costuma ter um olhar complacente e talvez deva ser assim.

E de uma certa forma tem sido assim.

O olhar mais compreensivo sobre os carentes não só tem sido estimulado como costuma ser muito bem-vindo.

Ao mesmo tempo, porém, ele, o povo, percebe que momentos de carência refletem grande fragilidade emocional e psicológica.

Nessas horas o povo também é capaz de surrpreender. Ele sabe que o imitador, por mais que tente, jamais será o original!

Preso ao seu destino, Bolsonaro desdiz o que acabou de dizer, desfaz o que acabou de fazer.

Não são correntes nas suas pernas ou nos seus braços.

Ele está acorrentado à deformação na sua vida.

Observem no seu semblante um homem eternamente acuado, com medo (confira no vídeo acima).

Não se consegue viver com uma tormenta incontornável na mente e na alma!

O homem encarcerado na mente e na alma é autofágico.