E a alegria que estava aqui?

Por Ronaldo Souza

O Brasil saiu do mapa da fome.

O Brasil foi um dos países que mais reduziram a desigualdade salarial na última década.

Notícias que me encheram de enorme alegria e tornaram muito melhor o fim de semana.

Sensacional.

No entanto, flagrei-me de uma certa forma triste quando pensei em, aí sim, de peito aberto, compartilhar.

E isso me incomodou, até por não perceber de imediato a razão ou as razões dessa ausência de entusiasmo, que deveria ser muito grande pela força das notícias.

Mas não demorou muito para descobrir o porque.

A razão da minha alegria é justamente uma das causas do descontentamento de, pasmem, milhares de pessoas nesse país nesses últimos 12 anos e particularmente nos dias atuais.

O que buscam psicólogos e psicanalistas quando tentam ir fundo no inconsciente dos seus pacientes?

O que está lá, bem no fundo, no mais profundo da alma humana.

Diz quem somos.

Uma viagem não poucas vezes perigosa.

Conhecer-se pode revelar a fera que mora em nós.

Assusta?

Quantos sofrem por se verem diferentes?

Quantas vezes a descoberta da sexualidade trouxe insegurança, sofrimento e dor?

Quantos a sufocaram e por quanto tempo?

Quanto sofrimento por esconder algo que não pode se manifestar?

Eu sou preconceituoso.

Eu sou racista.

Eu sou homofóbico.

Quantos você já viu se desnudar?

Quem assume o dizer?

A fome e a desigualdade social existentes no Brasil ferem os princípios mais elementares da condição de ser humano.

Vergonhosas.

Mas verdadeiras.

Quem é contra essa luta?

Onde está esse sentimento tão claro e tão escondido?

Lá.

Onde ninguém vê.

Ah, mas isso nada tem a ver comigo.

A minha luta é contra o comunismo, bolivarianismo, crime de responsabilidade fiscal, corrupção…

Tem certeza?

Olhe-se no espelho.

O da alma.

Brasil foi um dos países que mais reduziram desigualdade salarial na última década, diz OIT

Por Clarice Spitz, em O Globo 05/12/2014 

O Brasil e a Argentina foram os países que mais reduziram a desigualdade salarial no mundo na última década, segundo relatório produzido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), “Global Wage Report 2014/15 Wages and income inequa
lity”, que compara dados de 130 países. Um número significativo de economias emergentes e em desenvolvimento experimentaram declínio na desigualdade em razão da distribuição mais equilibrada dos salários e do emprego assalariado.

Na Argentina e no Brasil, onde a desigualdade registrou as quedas mais intensas, mudanças na distribuição dos salários e emprego assalariado contaram com mais de 87% da redução da desigualdade entre maiores e menores salários na Argentina e 72% no caso brasileiro. Em países desenvolvidos, a renda do trabalho corresponde a cerca de 70% a 80% da renda domiciliar. Em países como Argentina e Brasil, entre 50% e 60%. No Vietnã, 30%.

Em economias desenvolvidas, a desigualdade aumentou devido à combinação de mais desigualdade salarial e perda de empregos. Na Espanha e nos Estados Unidos, dois dos países em que a desigualdade mais aumentou, a piora na distribuição salarial foi responsável por 90% do aumento da desigualdade na Espanha e de 140% nos Estados Unidos. 

Polícia Federal chega no 'Doutor Freitas' e Aécio Neves desaparece

 

Por Helena Sthephanowitz, no Rede Brasil Atual

Após depoimentos de executivos que fizeram acordos de delação premiada afirmando que existia um ‘clube’ de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano sumiu da imprensa

Nas últimas entrevistas, o senador Aécio Neves (PSDB), apareceu histérico tentando pautar desesperadamente a mídia na Operação Lava Jato para atacar o governo Dilma e afastar os holofotes dos tucanos. Parece que vai  ser difícil agora.

Depois de muita enrolação, com direito a manchete do tipo: “Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e outros”, para não citar PSDB, apareceu o Doutor Freitas. Notinhas tímidas, em letras miúdas, no rodapé de  páginas dos grandes jornais informam que  o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato mais próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas, Sérgio de Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação de campanhas tucanas em 2010 e 2014 e esteve com o empreiteiro na sede da UTC. Ainda de acordo com o depoimento, objetivo da visita do Doutor Freitas foi receber recursos para a campanha presidencial de Aécio.

Dados da Justiça Eleitoral sobre as eleições de 2014 mostram que a UTC doou R$ 2,5 milhões ao comitê do PSDB para a campanha presidencial e mais R$ 4,1 milhões aos comitês do PSDB em São Paulo e em Minas Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos.

Depois dos depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordos de delação premiada, e afirmaram que existia um “clube” de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano Aécio Neves sumiu da imprensa.

Aécio é senador até 2018, mas também não é mais visto na casa. De 11 sessões, compareceu apenas em cinco. O ex-candidato tucano precisa aparecer para explicar a arrecadação junto à empreiteira, o que, para ele, sempre foi visto como “escândalo do PT, e outras questões. Como se não bastassem antecedentes tucanos na Operação Castelo de Areia, como se não bastasse a infiltração de corruptos na Petrobras desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como se não bastasse o inquérito que liga o doleiro Alberto Youssef à Cemig, basta observar o caso da construção do palácio de governo de Minas na gestão de Aécio quando foi governador.

Para quem não se lembra, a “grande” obra de Aécio como governador de Minas, além dos dois famosos aecioportos, não foi construir hospitais, nem escolas técnicas, nem campi universitários. Foi um palácio de governo faraônico chamado Cidade Administrativa de Minas, com  custo de cerca R$ 2,3 bilhões (R$ 1,7 bi em 2010 corrigido pelo IGP-M). A farra com o dinheiro público ganhou dos mineiros até apelido de Aeciolândia ou Neveslândia.

Além da obra ser praticamente supérflua para um custo tão alto, pois está longe de ser prioridade se comparada com a necessidade de investimento em saúde, educação, moradia e mobilidade urbana, foi feita com uma das mais estranhas licitações da história do Brasil.

O próprio resultado deixou “batom na cueca” escancarado em praça pública,  já que os dois prédios iguais foram construídos por dois consórcios diferentes, cada um com três empreiteiras diferentes.

Imagina-se que se um consórcio ganhou um dos prédios com preço menor teria de construir os dois prédios, nada justifica pagar mais caro pelo outro praticamente igual.

Se os preços foram iguais, a caracterização de formação de cartel fica muito evidente e precisa ser investigada. Afinal, por que seis grandes empreiteiras, em uma obra que cada uma teria capacidade de fazer sozinha, precisariam dividir entre elas em vez de cada uma participar da licitação concorrendo com a outra? Difícil de explicar.

O próprio processo licitatório deveria proibir esse tipo de situação pois não existe explicação razoável. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

No final das contas, nove grandes empreiteiras formando três consórcios executaram a obra. Cinco delas estão com diretores presos na Operação Lava Jato, acusados de formação de cartel e corrupção de funcionários públicos.

Em março de 2010 havia uma investigação aberta no Ministério Público de Minas Gerais para apurar esse escândalo. Estamos em 2014 e onde estão os tucanos responsáveis? Todos soltos. A imprensa mineira, que deveria acompanhar o caso, nem toca no assunto de tão tucana que é. E a pergunta do momento é: Onde está Aécio? 

No limite da estupidez

Por Ronaldo Souza

"Goste-se ou não, Dilma foi legitimamente reeleita. Derrotou Aécio Neves por uma diferença superior a três milhões de votos.  O próprio Aécio telefonou para ela parabenizando-a. Não se pode impedir ninguém de pregar o impeachment.  Nem mesmo de pregar um golpe militar. O extraordinário da democracia é que ela garante a liberdade até mesmo dos que se opõem a ela. Mas quem tenha o mínimo de responsabilidade política e social não pode ouvir calado os que incitam ao ódio e à quebra da legalidade. Por asco, dessa gente eu quero distância".

Essas foram palavras de Ricardo Noblat, do Globo. Ele continua batendo no governo, como faz há doze anos, mas não perdeu completamente o bom senso.

Fica evidente que ele direcionou para “jornalistas” como Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Jabor e outros do mesmo naipe.

Por sua vez, Boechat pegou mais pesado.

Chamou os inocentes do Leblon (também conhecidos como coxinhas) de ridículos, idiotas, imbecis e diz que o PSDB não tem autoridade moral para falar de corrupção.

Trechos do que Boechat diz no vídeo:

“… ou se pedindo o impeachment da presidente Dilma é tão ridículo quanto estar nessas manifestações para pedir a volta da ditadura militar”.

“Quem tá pedindo o impeachment, mesmo que não peça a volta da ditadura militar, está trabalhando com o mesmo DNA golpista, o mesmo tipo de idiotice, de imbecilidade, porque a Dilma, queiramos ou não (aqui ele se trai e tenta corrigir), queiram esses cavalheiros e senhoras das manifestações ou não, foi eleita legitimamente…”

“O PSDB não tem autoridade moral, nem a oposição no Brasil autoridade moral pra fingir que não sabe o que é que é corrupção dentro da Petrobrás porque ela sempre existiu…”

Apesar de serem a favor do PSDB, alguns não estão aguentando tanta estupidez.

E os inocentes do Leblon?

Continuam inocentes.

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O oportunismo e o futuro de FHC

Por Ronaldo Souza

Por razões óbvias, nenhum homem vive do futuro.

Mas Fernando Henrique Cardoso terá que viver.

O seu presente é triste e vergonhoso.

O seu passado não existe mais.

Além da sua própria e enorme contribuição para isso, ao dizer há alguns anos “esqueçam o que escrevi”, agora ele o perde de vez.

Para um homem que depende do futuro, considerando-se a sua idade não são boas as perspectivas. É provável que o tempo que lhe resta não seja suficiente para construir um novo passado.

Ele não tem mais tempo para fazer uma nova história de vida.

É triste ver um homem se deteriorar tanto.

Como disse Fábio de Oliveira Ribeiro (http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/fhc-de-principe-da-sociologia-a-rei-da-hipocrisia), o “príncipe da Sociologia” se transformou no rei da hipocrisia.

Na verdade, vai além disso.

[[youtube?id=PN4qy3Va1CU&feature=youtube_gdata]]

A imperfeição do perfeito

Por Ronaldo Souza

O que faço?

Fico triste ou alegre?

Triste pela estupidez da raça humana.

Alegre pela inteligência e sensibilidade dessa mesma raça humana.

Como é possível tamanha estupidez?

A distinção.

A separação.

A segregação.

Surpreende?

Não.

Choca, mas não surpreende.

Choca porque a estupidez em todos os tempos chocará.

Não surpreende porque de tão antiga tornou-se velha conhecida.

Choca porque a imaginamos inimaginável.

Não surpreende porque se confirma como realidade nunca antes tão palpável.

O mundo é assim.

Perfeito.

[[youtube?id=0rBCKrgO3vg]]

O Nordeste e FHC

Por Ronaldo Souza

Quantas vezes fugi de Juazeiro para Petrolina de bicicleta.

Incontáveis vezes.

Em uma delas, subindo a rampa de acesso à ponte voltando para Juazeiro, com 7 a 8 anos de idade, deslumbrei-me com aquela cobra mecânica enorme. Era o trem que passava ao meu lado, também indo para Juazeiro.

Caí e quebrei o braço.

Como doeu.

Como dói a lembrança de momento tão mágico.

Um momento Felliniano.

Juazeiro-Petrolina.

Petrolina-Juazeiro.

Só depois Bahia e Pernambuco chegariam à minha vida.

Nordeste.

Diferentes.

Iguais.

Sol, praia, vento, calor, inclusive o humano.

A nossa maior semelhança talvez esteja na morte e vida severina, que o nordestino conhece como ninguém.

Sofrimento que sempre nos fez iguais nas nossas diferenças.

Daqui, quantos saíram para outros lugares em busca de um sonho.

Quantos conseguiram?

Quantos baianos e paraíbas encontraram o seu sonho?

Mas resistiram.

Ainda que muitas vezes comendo o pão que o Diabo amassou.

Uma raça inferior.

Quantas vezes rejeitada!

Uma luta incessante para fazer valer a força do Nordeste e da sua gente.

E eis que surge o momento em que o nordestino levanta a cabeça, olha e vê o mundo de forma diferente.

Com altivez.

Graças a um nordestino o Nordeste passou a crescer.

E no Nordeste, Pernambuco, por quem aquele brasileiro nordestino, por ser sua terra natal, teve um carinho todo especial.

Pernambuco explodiu em desenvolvimento.

E em Pernambuco, Petrolina.

E em Petrolina, a minha infância.

E na minha infância, tudo.

O nordestino deixava de ser nordestino.

Era brasileiro.

Como os gaúchos, cariocas, mineiros…

Definitivamente?

Não.

Um ex-presidente.

Um ex-sociólogo.

Um ex-progressista.

Um ex-tudo.

Mas não um ex-preconceituoso.

Do alto da sua onipotência vem e diz novamente:

O nordestino é um ser inferior.

O nordestino é ignorante.

Não, moço.

Dessa vez, não.

Não vamos aceitar.

O senhor deve ter conhecido através de Euclides da Cunha que “o sertanejo é antes de tudo um forte” e essa característica não ficou pelo caminho.

A morte e vida severina que manteve o nordestino mais morto do que vivo por um longo tempo graças a políticos como o senhor, que nunca olharam para o Nordeste, agora só existe no poema do nosso grande poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto.

[[youtube?id=IfZare-Dxkk]]

O nordestino hoje tem autoestima elevada como nunca teve.

Não, moço, o nordestino não vai pedir licença, como sempre fez, para responder.

Sem nenhuma mágoa, sem nenhum ressentimento, sem nenhum rancor, sem nenhum ódio, ódio que um ex-sociólogo de forma irresponsável instila contra ele, mas com toda a força que só um peito aberto pode permitir, o nordestino lhe diz:

Quem é o senhor para nos chamar de ignorantes?

O nordestino também é doutor.

Porém, diferentemente de alguns doutores, não nega o passado. Orgulha-se dele.

O nordestino não esquece o seu passado, nem pede que o esqueçam.

O nordestino não pede para esquecerem o que escreveu porque para ele a palavra é sagrada.

Bahia, Pernambuco, Ceará, Sergipe, Alagoas, Maranhão, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte estão como sempre estiveram; unidos.

Se antes na dor e sofrimento, que ninguém conhece mais do que o nordestino, agora na alegria pelos novos ventos que sopram nessa rica, bela, culta e forte região do país:

O Nordeste brasileiro.

E é esse Nordeste que repudia o seu preconceito, senhor Fernando Henrique Cardoso.

Emocionado, maior cientista brasileiro declara voto em Dilma

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho

O maior cientista brasileiro vivo, Miguel Nicolelis, considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo, segundo a revista “Scientific American”, abriu seu coração nas redes sociais.

Numa série de mensagens postadas em sua conta de twitter, Nicolelis explica a sua grande emoção de votar, pela primeira vez em sua vida, para presidente da república.

Lembra de parentes, que sonhavam com a democracia mas morreram antes de verem o sonho virar realidade.

Entretanto, Nicolelis não se emociona apenas com o direito formal de votar.

Ele se emociona, sobretudo, com o resgate da dignidade do povo brasileiro.

Ver uma liderança política, como fez Marina Silva, chorar lágrimas de crocodilo, tentando se vitimizar e enganar o povo, é uma lástima.

Ver um grande cientista, um homem que passou a vida usando apenas o cérebro, e cuja vida, aliás, foi dedicada ao estudo do cérebro humano, ver um homem assim chorar de emoção ao declarar um voto, é outra coisa.

Ver um cientista emocionar-se, de alegria, ao declarar, com altivez, coragem e orgulho, a sua opção política, é a melhor resposta que podemos dar à violência antidemocrática dos setores golpistas da nossa mídia e da nossa elite.

Mas deixemos o próprio dizer com suas próprias palavras.

 

 

 

Entidades ligadas a Direito na Internet criticam Marina por 'respostas vagas'

Por Julianna Granjeia e Sergio Roxo O Globo

SÃO PAULO – A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) foi duramente criticada pelos organizadores do encontro "Diálogos Conectados – Um papo sobre direitos e internet" nesta segunda-feira, em São Paulo, por dar "respostas vagas" às questões feitas a ela sobre o tema.

A advogada Flávia Lefévre, da associação de consumidores Proteste, disse que o programa de Marina não "faz qualquer referência às redes fixas públicas de provimento, que, segundo ela, valem R$ 74 bilhões e são responsáveis por mais de 50% dos acessos de banda larga fixa no país, e ao papel da Telebras".

Ao responder, Marina voltou a criticar os adversários por não terem apresentado um programa de governo.

— O plano possibilita isso que está acontecendo aqui. Tenho participado de muitos debates em que a imprensa pergunta muito do plano. Os meus concorrentes perguntam muito do plano. Infelizmente, a presidente Dilma e o governador não apresentaram um plano. Então, eles têm o benefício, entre aspas, porque isso para mim não é benefício, de passarem uma eleição sem apresentarem um plano para que os senhores possam fazer o mesmo — disse Marina, acrescentando que a forma de operacionalização de suas propostas ainda está sendo discutida por seus assessores técnicos.

Pedro Ekman, do Coletivo Brasil de Comunicação Social Intervozes, questionou a candidata pelo fato do PPS, segundo maior partido de sua aliança, ter votado contra o Marco Civil da Internet na Câmara e no Senado e pelo fato do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), candidato a vice na chapa de Marina, ter chamado o documento de "marco servil da internet".

Na resposta, Marina tratou de outros temas e não respondeu sobre a posição de seu vice na votação. Depois, foi alertada por seus assessores e disse que Beto "sempre defendeu o marco" e que não queria que fosse cometida uma "injustiça".

Pressionada durante o debate para se comprometer com a possibilidade d a internet ser considerada um serviço público, Marina admitiu que não discutiu coma campanha sobre o assunto e que seu programa é "vivo", aberto a discussões.

— Não fizemos essa discussão com essa profundidade que vocês estão colocando — afirmou Marina.

A candidata também não respondeu diretamente se é a favor ou contra o patenteamento de softwares e de seres vivos. Ela disse que a argumentação não pode se reduzir a "dualidade opositiva".

No final do evento, os debatedores afirmaram que a postura de Marina demonstrou uma indefinição sobre o tema.

— Foram respostas vagas, como ela disse, ainda está em construção, ela não conseguiu aprofundar muito sobre o assunto e demonstrou uma indefinição na maioria das questões colocadas para ela – afirmou Renata.

‘ACHEI PREOCUPANTE’

Pedro afirmou que Marina abordou três pontos importantes mas que não sabe dizer se as palavras da presidenciável significam compromisso com políticas públicas.

— A gente consegue identificar três pontos importantes, talvez de compromisso, ela falou da internet como direito, da universalização do acesso à internet, e de que se trata sim de um serviço essencial. Eu não sei o quanto dessas palavras indica de fato uma política pública mas para nós é importante porque, caso eleita, poderemos cobrar esses compromissos.

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, participou do mesmo debate há duas semanas. Em avaliação das duas candidatas, os organizadores afirmaram que Dilma foi mais objetiva e avaliaram como "preocupante" a indefinição de Marina sobre o assunto.

— Dilma tinha mais conhecimento do tema, até por ser presidente e temos que respeitar a diferença (entre as candidatas), mas eu esperava mais da Marina de pelo menos responder algumas questões. Achei preocupante — afirmou Renata Miele, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé,

O candidato do PSDB, Aécio Neves, foi convidado para o evento, mas ainda não respondeu.

[[youtube?id=q5NaS5_P03s]]

Marina cospe no berço que a embalou

Por Ronaldo Souza

Marina, não preciso recorrer a nenhuma criança do Brasil, seja ela do Acre, da Bahia ou de qualquer outro estado brasileiro.

Recorro a você.

Como deve ter sido difícil nascer para você. Como deve ter sido difícil para os seus pais.

Em plena região amazônica que, ao lado da beleza monumental, oferecia riscos enormes ao nascimento e desenvolvimento de crianças, tanto que alguns dos seus irmãos não resistiram.

Mas você, Marina, sobreviveu. Com garra, com força.

Na sua infância e adolescência contraiu doenças, como a malária, mas foi em frente.

Alfabetizou-se aos 16 anos.

Não é fácil, não é fácil.

Eu tive mais sorte. Nunca me faltou escola.

Posso quase dizer que, como era a minha família, nasci em berço de ouro.

Nasci em berço de ouro. Meu pai já conseguira sair da barbearia para ser servente no Banco do Brasil. Aquelas coisas, limpar sanitário, servir cafezinho, mas, como dizemos por aqui, já era gente: funcionário do Banco do Brasil. O máximo.

Por que eu disse que não é fácil? Não é por mim, é por ele.

Como servente do Banco do Brasil, ele foi aprendendo a ler e escrever. Sabe com quem Marina? Com a professora do meu irmão mais velho. Aprendeu a ler (com 2 filhos ele ainda não sabia ler direito), foi estudando para os concursos internos do Banco do Brasil.

Faço questão de dizer sempre completo o nome Banco do Brasil, Marina, porque tudo que minha família é devemos a ele, ao Banco do Brasil.

Sabia que já quiseram privatiza-lo?

Então Marina, eu tiro você por ele, meu pai.

Essas dificuldades sempre foram muito grandes para milhões de crianças e pais brasileiros.

Foi também para outro brasileiro que nasceu aqui mais perto de mim.

Nasci em Juazeiro, da Bahia, cidade que faz fronteira com Petrolina, Pernambuco. Portanto, bem pertinho de onde Lula nasceu.

Foi muito difícil para ele também. Foi muito difícil para a família dele, particularmente para a mãe, que criou os filhos sozinha.

A verdade, Marina, é que esse nordestino tanto fez, tanto lutou, que em 1980 criou um partido político.

Imagine quanta ousadia, Marina, um nordestino nascido em Caetés, semianalfabeto criar um partido político em São Paulo, o maior estado do Brasil.

Um partido, Marina, que tinha muita gente importante, inclusive intelectuais brasileiros, aquele povo letrado, que fala bonito, que fala palavras difíceis.

Como é que pode, os homens que falam bonito, os doutores, sob a liderança de um metalúrgico semianalfabeto!

Mas, apesar de homens tão importantes e possuidores do saber, o nome do partido tinha a ver com o metalúrgico semianalfabeto. Estava lá uma estrela e escrito: Partido dos Trabalhadores. Ficou mais conhecido por duas letrinhas: PT.

Um partido cheio de doutor, mas, talvez pela origem dele, o apedeuta, como ele é carinhosamente tratado até hoje, acolheu todos e é claro principalmente os trabalhadores. Estava bem claro; era um partidos dos trabalhadores.

E em 1985, uma seringueira chamada Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, filiada à Central Única dos Trabalhadores do Acre, filiou-se ao PT.

Olha como são as coisas, como o mundo dá voltas.

Terá sido providência divina o encontro de vocês, Marina, ou simples obra do acaso? Você do Norte, ele do Nordeste, duas regiões tradicionalmente esquecidas pelos governos, regiões de tantos nascimentos sofridos.

Como o seu.

Morte e Vida Severina.

Convivendo com aquele barbudo que criara um partido politico em 1980, que acolhera uma acreana em 1985, não é que a vida tomou outro rumo.

E você se tornou vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do governo federal.

Tudo isso, Marina, pelas mãos de Lula e do PT.

Será que tenho chances de acertar se imaginar que os seus filhos, particularmente os do segundo casamento, quando você já era política, tiveram um nascimento bem mais seguro e confortável do que o seu?

Você mereceu Marina. E merecia mais ainda.

Será que erro se disser que nesse processo a política e, particularmente Lula e o PT, tiveram alguma importância?

Parece razoável negar a política como você tem feito sistematicamente nesses últimos anos?

Parece razoável só agora reconhecer que existem muitos políticos bons e confiáveis, como por exemplo, os que você vai convocar para um eventual governo seu?

Então há políticos bons?

Então a política não é podre, só uma parte?

Existem médicos que são mau caráter? Existem advogados que são mau caráter?

A classe médica está podre?

E agora, Marina, você vem e diz:

“Não consigo acreditar num partido (o PT) que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras”.

Marina, estando há tantos anos na política, nela e dela vivendo, você bem sabe como ela funciona, como são os seus mecanismos.

Nascida e criada no PT, onde viveu por 24 anos e por onde se elegeu para todos os cargos que ocupou, mais do que ninguém você deveria saber o que o PT representa para o Brasil.

Não importa o que dizem e o que tentam fazer do PT, mas nascida e criada no PT, onde viveu por 24 anos e por onde se elegeu para todos os cargos que ocupou, mais do que ninguém você deveria saber que o PT, com todos os seus defeitos, é o mais partido dos partidos. Há quem diga o único.

Se o PT deixou de ser o seu lugar, por razões que você muito bem conhece e que não cabe discutir aqui, siga o seu caminho.

Mas, nascida e criada no PT, onde viveu por 24 anos e por onde se elegeu para todos os cargos que ocupou, mais do que ninguém você deveria saber o que o PT representa para Lula.

Nascida e criada no PT, onde viveu por 24 anos e por onde se elegeu para todos os cargos que ocupou, mais do que ninguém você deveria saber que Lula e o PT se misturam, se confundem e se transformam em algo como pai e filho.

E aí está o grande problema, Marina. A sua agressão foi tão absurda, tão desproporcional, tão sem sentido, que chocou a todos.

Marina, deixe eu lhe contar uma história rapidinho.

Cobrindo uma viagem de Lula ainda presidente para fora do Brasil, o jornalista Clóvis Rossi, da Folha, sofreu um acidente enquanto Lula falava para uma plateia.

De imediato, Lula parou a palestra, foi até ele e pediu ao médico da presidência que cuidasse dele e o acompanhasse até o hospital.

Quando terminou, foi até o hospital, conversou com Rossi, brincou com ele e depois foi para o hotel onde estava a comitiva presidencial.

Na saída, Clóvis Rossi, que todos sabem, bate sem dó em Lula e no PT todos os dias, chamou Lula e disse para que todos ouvissem: “Presidente, o senhor é um péssimo presidente, mas um ser humano formidável”.

Você concorda comigo se eu disser que naquela hora, pelo menos naquele momento, a agressividade de Rossi era dispensável, desproposital e absolutamente desproporcional? Justificada apenas pelo ódio.

O que importa é que o mundo discorda de metade da frase. Afinal o mundo reverencia o ex-presidente Lula até hoje. Ele tem títulos de instituições e universidades importantes que muitos doutores não têm.

E, talvez o mais importante, as pessoas que o conhecem mais de perto, imaginava-se que você fosse uma delas, dizem que ele é de fato um ser humano formidável.

E você, Marina, vem e agride esse homem de forma tão violenta que nem mesmo o reconhecido ódio de Clóvis Rossi conseguiu fazer.

E é você que se sente agredida!

É você que se sente traída!

É você que chora!

Meu pai lutou por todos os seus direitos como funcionário do Banco do Brasil. Mas nunca deixou de reconhecer e dizer que, afora a família, o Banco do Brasil foi a coisa mais importante da sua vida.

É muito provável que isso me influencie até hoje quando vejo ingratidão.

Identifico esse cheiro de longe.

“A gratidão não é apenas a maior das virtudes, mas a mãe de todas as outras”, já dizia o filósofo Cícero. 

E quando a ingratidão vem acompanhada pela traição, Marina, é imperdoável.

Um caminho sem volta.

Não tem choro que disfarce. 

Marina mentiu!

Deu para mentir

É flagrada em mentira que sustenta desde 2010.

Desde a sua campanha naquele ano ela explora esse tema como se tivesse votado a favor da CPMF, portanto a favor da saúde do povo brasileiro, como ela diz.

É mentira.

Veja um vídeo da campanha de 2010).

[[youtube?id=zaWVhH32ULM]] 

Agora veja a matéria de Miguel do Rosário, em que ela assume de vez que votou a favor da CPMF.

Marina mentiu!

 

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho

Dessa vez, Marina foi flagrada numa mentira de primeira grandeza. E o pior: que vem repetindo há quatro anos.

Marina mentiu descaradamente ao afirmar que votou em favor da CPMF, na contramão de seu partido, que foi contra a lei quando ela foi proposta pela primeira vez, na era tucana.

Os arquivos do Congresso mostram que ela votou contra a lei, em 1995, novamente em 1999se absteve em 2002.

Desde que se candidatou à presidente pela primeira vez, em 2010, Marina Silva repete o mantra de que não é oposição nem situação, e que nunca fez oposição pela oposição. E usa o exemplo da CPMF como argumento principal, asseverando que votou a favor da lei, mesmo contra seu partido.

Mentira.

Marina não escolheu o tema à tôa. De fato, o caso da CPMF ilustra como nenhum outro a irresponsabilidade e incoerência que caracterizam a política partidária brasileira (quiçá mundial).

Na década de 90, o PSDB criou a CPMF para financiar a saúde pública. O PT votou contra. Anos depois, quando o PT assumiu o poder, quis manter a CPMF, por razões óbvias, e o PSDB rasgou os argumentos que usara antes, e votou contra.

O mau caratismo do PSDB, no entanto, foi pior.

O principal problema da CPMF era que o imposto vinha sendo desviado para outros fins que não o seu original, de financiar a saúde. Por ocasião da última votação sobre sua prorrogação, contudo, a lei fora aprimorada, com a instauração de mecanismo que impediria esse desvio.

Além disso, a alíquota fora reduzida a um índice ainda menor, e haveria dispositivo para isentar a classe média para baixo.

Mesmo assim, o imposto continuaria gerando mais de R$ 40 bilhões por ano, e ajudaria imensamente a financiar o sempre deficitário sistema público de saúde. Desde su
a extinção, em 2007, até hoje, o sumiço do imposto já tirou centenas de bilhões de reais da saúde.

As instituições que combatem a lavagem de dinheiro e a corrupção, como o Ministério Público, a Receita, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) defenderam o imposto, dizendo que ele tinha se tornado uma ferramenta importante de controle de irregularidades financeiras.

Era um sistema perfeito de rastreamento de toda e qualquer movimentação bancária acima de certo valor.

Os governadores, mesmo da oposição, tentaram convencer os senadores da importância do imposto para as saúdes estaduais e municipais.

Não adiantou.

A mídia fez campanha violentíssima contra o imposto e o Senado, que em 2007 ainda era dominado pela oposição,  derrubou-o, produzindo uma perigosíssima queda nas finanças da saúde pública brasileira.

Um fator determinante foi uma matéria falaciosa da Globo, publicada no mesmo dia da votação, dizendo que os pobres pagavam mais CPMF que os ricos. Um senador da oposição leu o artigo no alto da tribuna.

Vídeo de Marina, em 2010, explorando uma “contradição” que era a dela mesma:

Na campanha deste ano, Marina repetiu inúmeras vezes a história da CPMF, sempre mentindo.

No debate da Band, realizado há algumas semanas, ela volta a falar que apoiou a CPMF quando o PSDB era governo.

Assista abaixo, a mentira de Marina encontra aos 22:30.

Globo e Veja, no afã de interromper a transferência de votos de Aécio para Marina, também identificaram a mentira de Marina sobre a CPMF.

Obs. No texto de Miguel do Rosário, o vídeo tem 33 minutos de duração. Fiz uma edição para ficar só com a fala de Marina, com 57 segundos de duração.

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