O Brasil de Marina não é o Brasil que o Brasil quer

Por Ronaldo Souza

“O Brasil não precisa de gerentes, mas de estrategistas”.

Foi o que disse Marina numa referência direta a Dilma Rousseff.

Está muito claro que ela quis se colocar na condição de estrategista, mais elevada e acima de Dilma Rousseff, esta sim, uma simples gerente.

Para quem se mostra todo o tempo como a humildade personificada, se alguém conseguir encontrar traços de humildade nessa frase, por favor me mostre.

Também me mostre quem souber de onde se pode tirar qualquer conclusão, simples dedução que seja, o que Marina fez na sua carreira política que lhe permita dizer-se estrategista.

Um único momento.

Ninguém sabe?

Mas existe.

A estratégia que não se pode negar a Marina é o planejamento para chegar à disputa do cargo de presidente do Brasil como uma das candidatas favoritas.

Estratégia executada com maestria.

As transversalidades disruptivas etéreas apocalípticas de Marina, o que quer que isso signifique, mas como ela provavelmente diria, fizeram com que ela chegasse à condição atual sem se expor, sem vir às ruas.

Para ficar em um só exemplo, onde estava Marina nas manifestações de junho?

Todos os então candidatos, Dilma, Aécio e Eduardo Campos, “tiveram” que dizer alguma coisa sobre aquele episódio e de alguma forma foram cobrados pelo que disseram ou não disseram, pelo que fizeram ou não fizeram. Sofreram desgastes.

A mídia, ao tentar e conseguir direcionar o movimento não ao sabor dos ventos, mas com os ventos que ela própria produziu, sofreu grande desastre, particularmente a Rede Globo, o que só fez aumentar enormemente o seu desgaste com a opinião pública, particularmente com os mais jovens, com a consequente e assustadora decadência, refletida na contínua perda de audiência.

Por sua vez, o Congresso, no seu eterno processo de autodestruição, sofreu um desgaste enorme, indiferente somente a alguns daqueles que o constituem, pela também eterna irresponsabilidade e descompromisso de boa parte daqueles senhores e senhoras.

De alguma forma todos sofreram as consequências daquele episódio.

Menos Marina.

Quem ouviu a sua voz?

Quem a viu dizer alguma coisa?

Quem a viu defender de fato aqueles manifestantes ou ser contra eles? Quem a viu marcar posição?

Como se tem observado nesses últimos dias, marcar posição não é com ela.

Depois que assimilou bem o processo, veio e disse triunfal:

“O povo está contra tudo que está aí”.

Nesse “tudo que está aí”, claro, não estava ela.

Afinal, ela não é politica.

Ela não faz parte de nenhum partido político.

Ela abomina os partidos e a “velha política”.

Por isso tentava criar a Rede Sustentabilidade.

Não conseguiu.

Não faltou quem dissesse que não conseguiu por conta do caos administrativo que ela representa. Entre eles, Alfredo Sirkis, presidente do PV, sigla pela qual ela tinha disputado a campanha em 2010. E Sirkis estava ao seu lado apoiando-a na tentativa de criar a Rede.

Ali, sem que talvez percebêssemos com muita clareza, começava a se manifestar justamente a ausência de estratégia na Marina estrategista.

Ofereceu-se então a Eduardo Campos (ela própria disse que o procurou) para ser sua vice e, às pressas, filiou-se ao PSB.

Confirmava-se ali a Marina que precisava de um partido, o que a exporia a críticas: em nome de que alguém que condena os políticos e os seus partidos se oferece tão repentinamente a um deles?

Como vice de Eduardo criou-lhe inúmeras dificuldades. Bloqueando esse acordo, não fazer parte daquele grupo, não fazer campanha junto com o PSDB, recusar a participação do agronegócio, ir terminantemente contra a aproximação com os ruralistas e por aí seguiu.

Mas, se o destino foi cruel com Eduardo Campos, também foi cruel com Marina.

O que foi definido por ela mesma como uma “providência divina” parece ter sido na verdade uma crueldade dos deuses. E também parece que os deuses também são chegados a um pouco de crueldade: expuseram-lhe a morbidez de um veloriomício, que foi se mostrando mais claramente à medida que se passavam os dias.

E ao chegar à campanha acima do bem e do mal, Marina se mostrou.

A sua conhecida postura messiânica assumiu contornos preocupantes.

O apelo religioso chocou, mesmo aos mais religiosos, quem sabe até mais a eles.

As suas conversas pessoais com Deus, no tom e no nível em que foram colocadas, foi um acinte à religiosidade e fé de todos.

Nesse processo, o absurdo maior:

“Foi a providência Divina que me tirou daquele avião”.

A providência Divina parecia ter esquecido de que naquele avião estavam outros filhos de Deus.

Nos momentos iniciais principalmente, não era um ser humano que disputava a presidência da república. Parecia ser alguém enviado por Deus:

– Vá e conduza o seu rebanho. Eles precisam encontrar o caminho da verdade, o caminho que só os bons e puros conhecem. Salve-os. Vá e governe com os bons.

Falta-lhe, entretanto, a divindade, que não é do ser humano.

Faltou-lhe a humanidade que os que se julgam predestinados perdem.

As pessoas que ela se imaginava destinada a salvar estavam precisando de alguém real, de carne e osso, como elas.

E começaram a perceber que a “enviada” ora dizia uma coisa, ora dizia outra. E perceberam que esse ora um, ora outro, era direcionado a agradar a todos, mas particularmente a aqueles aos quais ela dizia combater; os poderosos. No campo político e no religioso.

Para os poderosos, por exemplo, perceberam que ela recuava em tudo, mas manteve com firmeza a proposta de autonomia do Banco Central. Apesar das reclamações, dessa não recuou. Ela cumpre o desejo do Banco Itaú e demais bancos privados.

No religioso, obedeceu prontamente às ameaças de um pastor. Se assim não fizesse perderia muitos votos.

Agora, não mais como vice de Eduardo, desfez as inúmeras dificuldades que tinha criado para ele. Desbloqueou os acordos antes proibidos, passou a fazer parte daqueles grupos, campanha com o PSDB, o seu vice-presidente é um homem do agronegócio…

A nova política tinha ficado para trás.

E, diante de tantos recuos seletivos, de tantas idas e vindas, o povo perceb

Aos nossos filhos

Por Ronaldo Souza

A imprensa mais uma vez fez a cabeça de todo um segmento da sociedade. Conduziu-o como quis, para onde quis, na hora que quis.

Justamente o segmento que se julga diferenciado. O que se diz mais informado.

As “reportagens” muitas vezes assustaram pelo grotesco. Em muitas delas havia uma manipulação tão grosseira que chocava.

Mas lá estava a docilidade da inércia intelectual.

Sempre receptiva.

Como deveria se sentir alguém que, tendo uma formação diferenciada, percebe que não consegue mais discernir?

Como deveria se sentir alguém que, tendo uma formação diferenciada, percebe que não tem mais em suas mãos o seu destino?

Como deveria se sentir alguém quando, tendo uma formação diferenciada, perceber que não verá em seus filhos a capacidade de ter em suas mãos o seu destino?

Como será o momento de se olhar no espelho da alma e ver essa imagem refletida?

Haverá esse momento?

Existe esse espelho?

O que está nesse vídeo não é propaganda de horário eleitoral.

É reportagem da Rede Globo.

Ainda que continue escondendo isso do povo brasileiro e de um segmento que carrega em si instintos que nos remetem aos primórdios dos tempos, nem a imprensa consegue deixar de registrar (reconhecer?) a importância de algo de tão grande valor social.

Não se trata da famosa figura de retórica “como um tapa com luva de pelica”.

Não.

A mídia simplesmente esbofeteia a sociedade que ela formou e põe diante dela um espelho cujo reflexo é cruel.

É justamente ela, a imprensa, que mostra à sua sociedade uma simples reportagem que ao mesmo tempo em que é apresentada parece querer zombar de todos.

O espelho que é posto diante da sociedade conseguirá mostrar a ela o seu real tamanho ou já não se quer ver?

E é aí que vem lá de dentro, da profundeza das nossas almas, a dúvida angustiante:

A questão é mesmo a perda de discernimento ou da dignidade?

Ser ou não ser quando se é

Por Ronaldo Souza

Uma das piores coisas que existem é participar de um debate em que você quer defender ideias e o seu oponente não quer.

Observa-se isso com alguma frequência, por exemplo, em debates científicos.

O professor diz o que a plateia quer ouvir. Ele joga pra plateia.

Um horror.

E a plateia poucas vezes percebe.

Esse é um dos maiores erros que se pode cometer em um debate com Marina. Querer que ela mostre alguma coisa. Não se mostra o que não se tem.

Esse erro foi cometido por um homem de enorme experiência política: Plínio de Arruda Sampaio.

Aproveito para abrir aspas e dizer uma coisa.

Marina, você que gosta de falar da velha política como se você própria não fosse um dos políticos que mais a tornam velha, procure ver se encontra fora da política alguém com a integridade de Plínio de Arruda Sampaio.

Como você, ele era do PT, e saiu do partido. Cada um com as suas razões.

Mas velhos políticos como Plínio de Arruda Sampaio (recentemente falecido) e Ivan Valente, para citar dois exemplos e ambos do PSOL, praticam uma política muito mais nova do que essa sua nova política, que já nasceu com o cheiro de mofo.

Mas Plínio cometeu esse equívoco. Permitiu a você fazer o que mais gosta; fazer-se de vítima.

Aí você reina.

Percebam que há um momento em que ele diz “eu ‘tô tendo atitude até meio antipática…” Talvez um sinal de que percebeu que não tinha sido feliz ao escolher aquele caminho. Mas foi justamente a experiência política de Plínio que minimizou o equívoco.

Por isso, com todo o respeito que sempre tive por ele, não quero que você encontre nos próximos debates um Plínio de Arruda Sampaio.

Para não recorrer a Levy Fidelix, que lhe deixou nervosa com a sua postura inconfessável e indefensável de ser patrocinada pelo banco Itaú, fico no mesmo partido, o PSOL, para citar outro político: Luciana Genro.

Luciana Genro não precisará mais lhe rotular porque foi você mesma que incorporou esse
rótulo à personagem Marina Silva. Basta que nos próximos debates ela lhe peça para fazer o que você não sabe: falar do Brasil ao Brasil.

Marina, aí sim como bem disse Plínio; o debate é para falar do Brasil, não para se vitimizar ou falar da providência divina que lhe tirou daquele avião em que, a deduzir das suas palavras, Deus escolheu Eduardo Campos para morrer.

Luciana Genro, como Plínio, Ivan Valente e outros foram do PT.

Sabe de quem Luciana Genro é filha? De Tasso Genro, governador do Rio Grande do Sul e membro do PT. Outro grande político.

Marina, ainda que discorde de alguns pontos de vista do PSOL, esses velhos políticos fazem a política que você teve oportunidade de fazer, mas que não mais fará. Se é velha ou nova só o seu imaginário dirá. O meu diz que eles e muitos outros tentam fazer política da melhor forma possível.

Muitos desses marineiros e pessebistas, (os coxinhas) que lhe apoiam, não fazem a menor ideia do que é velha ou nova política.

Não fazem a menor ideia do que é política.

Mas vão na sua onda.

Não percebem que só mesmo alguém como você para tentar despolitizar uma eleição para presidente da república. Você chega ao cúmulo de querer transformar um coque de cabelo em bandeira política e mandar que as mulheres que lhe apoiam saiam às ruas usando-o.

Os inocentes do Leblon não sabem, por exemplo, que quando vemos um outdoor com Lídice da Mata e Eliana Calmon, ex-ministra do judiciário baiano (ambas do PSB da Bahia), a velha política não está em Lídice, que é uma política séria.

A velha, velhíssima política, está em Eliana Calmon.

Por isso, candidatos como você e lá atrás Fernando Collor de Melo e Jânio Quadros, representam enorme perigo ao país.

Estamos desejando tão somente que nos próximos debates o Brasil comece a prestar mais atenção em você.

No nada que você diz ao falar.

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Eleita por Deus?

Por Ronaldo Souza

Não cabe discutir as razões e as formas pelas quais o ser humano busca a sua paz interior.

Respeitem-se todas.

Sem dúvida, porém, a religião é o mais comum e mais forte dos elos de ligação entre o homem e Deus.

Sobre as religiões, da mesma forma, respeitem-se todas.

“A fé remove montanhas”.

Seria inimaginável pensar quantas vezes essa frase é dita.

Nos meus vários momentos de encontros e desencontros comigo mesmo, desde a infância até a fase adulta, uma das minhas angústias era me ver sem a fé no nível em que ela era exigida.

Meus pais eram católicos praticantes, mas posso dizer que tive a sorte de não ter sido cobrado por eles nesse sentido.

O temor a Deus ou a o que quer que seja é a pior coisa que se pode incutir na cabeça de uma criança.

Nenhum temor deveria fazer parte da nossa formação como homens e mulheres.

A vida naturalmente se encarregará de colocar à nossa frente e, possivelmente, não serão poucas vezes, situações em que teremos medo.

E o que é pior do que nos sentirmos acuados, inseguros, com medo?

Mas precisamos viver esses momentos, porque só assim seremos homens e mulheres de verdade.

No entanto, a criação do medo no nosso ser e a sua manipulação em qualquer momento da nossa vida é um absurdo.

O que pensam que conseguem os pais quando dizem “vá dormir se não o bicho vem lhe pegar”, “olhe, se não comer vou chamar aquele monstrinho”, “se não obedecer, papai do Céu vai lhe castigar” e outras coisas mais?

Vão gerar adultos com medo do desconhecido.

Nada pior do que o desconhecido.

Só que a nossa vida é um eterno enfrentamento com o desconhecido, por que ela mostra o novo a todo instante.

E o novo é sempre um desconhecido

Respeitando todas, mas não fazendo parte de nenhuma, é isso que as religiões muitas vezes fazem.

Criar o medo pelo desconhecido. O castigo virá.

Se querem falar de Deus, ótimo, que falem.

Mas como Deus pode ser feitor de coisas ruins?

Como Deus pode castigar uma criança porque ela não fez o que “devia fazer”?

Como Deus pode ser vingativo e querer castigar seus filhos porque eles fraquejam em alguns momentos, quem sabe pela eterna busca de se encontrarem com Ele?

Deus é pai ou recompensador?

Se o castigo virá pelo mau comportamento, a providência Divina também fará de você um escolhido por Deus pelo bom comportamento.

Marina disse que foi a providência Divina quem a salvou daquele acidente que matou Eduardo Campos e os demais passageiros.

Foi Deus quem a tirou daquele voo.

“Penso que há uma providência divina em relação a mim,…”

"Essas coisas não acontecem por acaso, mas sim em nome de algo maior".

Então a providência divina recompensou Marina por ela ser uma boa filha, cumpridora dos desígnios de Deus e matou Eduardo Campos porque ele não era?

Deus escolhe e determina? Mata esse, salva aquele.

Lembrei-me da minha infância e do medo que tinha de não ser merecedor nessas horas.

É assim que se “trabalha” a fé das pessoas?

Dizem os espíritas que nada é por acaso.

Na construção da imagem dos ídolos, dos ícones, dos eleitos pelos deuses, as palavras também não saem ao acaso.

Elas têm um objetivo.

E algumas vezes o objetivo pode ser abominável.

Circo dos horrores

Por Ronaldo Souza

Confesso que me chocou.

Somente 12 dias após a sua morte, escrevo sobre a tragédia que abateu Eduardo Campos e as pessoas que estavam com ele naquele avião.

Preferi assim para não me deixar levar por deduções ou conclusões precipitadas, ainda que desde o início algumas posturas já indicavam o rumo que as coisas iriam tomar.

O comportamento da imprensa em absolutamente nada representa qualquer novidade. A imprensa é isso aí; sórdida.

É inevitável o uso de uma expressão em inglês que é muito utilizada na imprensa mundial:

“Good news is no news”.

Notícia boa não é notícia.

Isso espelha o interesse por situações como essa. A comoção é trabalhada nos mínimos detalhes. Entretanto, não me lembro de ter visto tanta sordidez antes.

Relembremos a morte de Ayrton Senna.

Comoção nacional.

A imprensa, no seu uniforme de gala, nos fez chorar a morte de um ídolo nacional.

O Brasil chorou.

Mas naquele momento, apesar de eventuais abusos, não parecia haver outro sentimento que não fosse a dor pela perda de Ayrton Senna, um ícone nacional.

Parte da própria imprensa chorou junto com o Brasil.

Não foi assim dessa vez.

O que aqueles homens fizeram com os filhos de Eduardo Campos foi absolutamente execrável.

Ali nada reverenciava Eduardo Campos.

Filhos não enterram o político. Filhos enterram o pai.

A dor dessa hora não pode ser substituída por camisetas e punhos cerrados. Aquilo não era uma batalha a vencer.

Ainda que seja o que ocorre com todos nós, ainda que seja o final esperado, representava a primeira grande derrota imposta pela vida a aqueles meninos.

Como impor aquele espetáculo dantesco a crianças de 17, 18, 20 anos naquele momento de dor única e inigualável.

Em nenhum momento eles homenagearam e muito menos respeitaram a perda do pai. Material de campanha política foi distribuído já no velório.

Um verdadeiro veloriomício, expressão que me esforcei muito para não usar como título desse texto, porque chocaria mais ainda.

Confirma-se mais uma vez que o amor de mãe é algo intocável, sagrado.

Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos, esteve todo o tempo fora das manifestações que ocorreram nesses dias, desde a morte até o velório e sepultamento de Campos.

E continua assim.

Mesmo antes do sepultamento, o irmão de Eduardo Campos já enchia o peito para anunciar a candidatura de Marina e se insinuava como vice.

Deplorável.

Não se deve avaliar a dor de quem quer que seja e muito menos como ela se manifesta. Como diz Caetano Veloso em uma de suas músicas, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Confesso, porém, que tive certa dificuldade em aceitar o comportamento de Renata Campos, a viúva de Eduardo Campos. Mas depois entendi que na verdade se aproveitaram da sua fragilidade naquele momento. Chegaram ao cúmulo quando tentaram coloca-la como vice de Marina, galgando-a ao posto de maior liderança do PSB.

A viúva de repente se tornara a maior liderança política do partido. Escancarava-se de maneira chocante a jogada política que todo o tempo comandou o episódio que envolveu a morte de Eduardo Campos.

A própria Marina também tentou convencer Renata Campos a ser sua vice.

A vida saudável exige a maturação dos seus acontecimentos.

Há um tempo para a celebração de todos os nascimentos.

E ele começa com a festa interior. A alegria do filho, do neto, do irmão, do sobrinho que nasce tende a se prolongar por toda a vida. Ao mesmo tempo surgem as primeiras dificuldades, os primeiros dissabores. É a vida chegando mais plena e nos dando cada vez mais o lastro para o que virá.

Há também um tempo para a celebração de todas as mortes.

A morte é dor. Doída, insuportável.

Exige um tempo para a reflexão. Daí pode nascer mais força para a vida.

Como terá sido a alegria de Eduardo Campos diante do nascimento de cada um dos seus cinco filhos?

Ele teve esse tempo.

Que papel desempenhará na vida dessas crianças a morte do pai?

Não deram a aqueles meninos o direito de sentir a morte do pai. E não há referencial maior para os filhos do que os pais.

Nossos pais são nossos heróis.

Não lhes permitiram o tempo para o ritual da despedida.

É a hora da dor chorada sozinho, com os irmãos, com a mãe, com a família, com os amigos.

São as primeiras dificuldades, os primeiros dissabores chegando.

Em momentos e de formas diferentes para cada um de nós, mas é a vida que chega através da morte, às vezes parecendo cruel, para nos ensinar a viver, dando-nos cada vez mais o lastro para o que virá.

É a maturação da morte na nossa alma.

Tão necessária à nossa vida.

E os demais?

Abutres.

É o que todos eles são.

Vão usar essa morte por algum tempo.

< /p>

Um tempo com validade definida.

Aí Eduardo Campos finalmente descansará em paz

E será chorado só pela família.

Que os demais continuem a sua festa.

Crianças e domingos

Por Ronaldo Souza

Hoje é domingo

Pé de cachimbo

O cachimbo é de ouro

Que dá no besouro

O besouro é valente

Que dá no tenente

O tenente é mufino

Que dá no menino

O menino é chorão

Tibuf no chão 

Por que foi esse “poema” a primeira coisa que me veio à mente assim que abri os olhos nessa manhã de domingo?

Não faço a menor ideia.

Só sei que é da minha infância.

Lá onde convivem a curiosidade por todas as respostas e a inocência de simplesmente repetir o que se aprende.

O que quer dizer?

Confesso que não sei.

Só sei que de vez em quando me vem à mente.

Dessa vez, num domingo pela manhã.

E sempre que me vem à mente “poetizo” em voz alta para as minhas filhas.

Elas riem comigo? Não, de mim.

Meu pai, você é muito besta. Ri de tudo.

Mal sabem que já não rio de tudo.

Mal sabem que já rio pouco.

Será que a criança que não se foi embora quis acordar antes de mim para me lembrar que hoje é domingo, pé de cachimbo?

Será que a criança que parece querer insistir em resistir e existir não quis que eu acordasse antes dela para ela conduzir para mim o meu domingo, pé de cachimbo?

Será que a criança percebeu e teme que eu não seja capaz de resistir a dias tão duros e quis me dizer; descanse um pouco mais.

Quem sabe?

Talvez ela tenha simplesmente desejado dizer que hoje é domingo, pé de cachimbo. 

Vazou tudo! Sonegação da Globo está na web!

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho

A trágica morte de Eduardo Campos fez passar despercebido o vazamento da íntegra do processo de sonegação da Rede Globo.

Os documentos chegaram simultaneamente a diversos blogs e sites no mundo inteiro, e estão disponíveis nos seguintes links:

doc01.pdf                                                  

 https://mega.co.nz/#!CspFiLKR!OdIs6BNyfcAm5xvmj0O6L57UkKB9e1OUvxUAlZSZRaY

doc02.pdf
https://mega.co.nz/#!D95FlTzY!5GpFvfEYff2tg7M0WqjvtKD9AbhsrbkbeL40orhvHhQ

São centenas de páginas, que agora devem ser analisadas pela inteligência coletiva das redes sociais.

Há páginas com transferências ilegais de valores da Globo e suas laranjas para o exterior, o que pode se configurar crime financeiro, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

É uma mina de ouro!

E agora não tem nada a ver com o Cafezinho. O vazamento veio do exterior, por fonte não-identificada, e só não explodiu por causa da comoção nacional causada pela morte de um candidato a presidente da república.

Neste momento, em que a Globo se arrepia toda com a possibilidade de realizar uma grande manipulação emocional da população, com a morte de Eduardo Campos, seria interessante mostrar ao povo brasileiro que a emissora não tem condição moral de ser “árbitro” de nenhuma disputa eleitoral.

É preciso aproveitar o momento para se iniciar uma grande campanha contra a sonegação de impostos.

A democracia brasileira precisa, sim, de um choque moral. Isso implica em rever alguns valores. Para nossa elite, não há interesse em patrocinar campanhas contra a sonegação, porque ela é a que mais sonega no mundo inteiro.

Para se ter uma ideia, em novembro do ano passado, o Valor deu uma notícia que nenhum grande jornal mais popular repercutiu.

A Rússia só está em primeiro lugar em percentual do PIB, e mesmo assim, em “empate técnico” com o Brasil. A sonegação russa corresponde a 14,2% do PIB; a nossa, a 13,4%.

Mas a sonegação brasileira, em valores, é bem maior: US$ 280 bilhões. Em reais, portanto, a sonegação brasileira, em 2011, foi de R$ 636 bilhões! Em 2011, imagina em 2014!

A sonegação russa, em valores, está estimada em US$ 211 bilhões/ ano.

O único país cuja sonegação supera o Brasil em valores são os EUA. A sonega&ccedi
l;ão nos EUA totaliza US$ 337 bilhões, mas isso correspondeu a um percentual de apenas 2,3% de seu PIB.

Agregando percentual de PIB e valor, portanto, pode-se afirmar que a sonegação brasileira é a maior do mundo!

Uma empresa que ganha dinheiro como concessão pública de TV deveria ser um exemplo, um modelo! E fazer campanha contra a sonegação!

É claro que o Brasil precisa passar por uma reforma tributária!

Os auditores fiscais estimam que, se a sonegação fosse reduzida, a carga tributária poderia ser brutalmente diminuída no país.

A campanha contra a sonegação deveria ser incorporada a todas as campanhas contra a corrupção, até porque envolve valores muito maiores, e as duas, sonegação e corrupção, estão ligadas organicamente. O dinheiro sonegado é o mesmo usado para corromper. 

Tortura, nunca mais?

13/08/2014. Há exatamente um mês terminava a Copa das Copas.

Por Ronaldo Souza

Futebol e política sempre andaram juntos. Sempre houve tentativas de tirar proveito do futebol em benefício da política. Não é de agora, sempre foi assim.

É possível que o momento em que isso se mostrou mais marcante tenha sido na Copa de 1970, no México. Entrou em campo o time formado por Pelé e Cia. Fora dele, o governo da ditadura. Enquanto a seleção fazia os gols e ganhava os jogos, brasileiros eram torturados, entre os quais uma jovem de 17 anos de idade.

Que diabo uma jovem de 17 anos, que devia estar nas baladas, na praia, curtindo a vida, fazia na prisão? Por que estava ali?

Era a primeira copa transmitida pela televisão. Para o Presidente Médici, do governo militar, a cores.

Aquela menina de 17 anos e os demais presos sempre davam um jeitinho de arrumar um radinho de pilhas para ouvir o jogo.

Mesmo vivendo aquele momento de horror, de choques elétricos, paus de arara e outras torturas, “juntavam-se” (cada um em sua cela), para ouvir os jogos. Nesses momentos, esquecidos pelo regime, “ganhavam uma folga” e se reencontravam com o país através do futebol; certamente os gols do Brasil tinham um sabor especial.

Eram momentos em que ao coração era dado o direito de gritar. O grito de gol era a explosão contida no peito. Mas não era só um grito de gol, era o grito da liberdade, por breve que fosse.

Quarenta e quatro anos depois aquela garota, presa e torturada, esteve diante de outra Copa. Quarenta e quatro anos depois a Copa foi no seu país. Quarenta e quatro anos depois quis o destino que aquela garota, presa e torturada, fosse a presidenta do país onde foi a copa.

E outra vez ela foi torturada.

Não pelos militares, mas pelos mesmos órgãos de comunicação que patrocinaram a tortura sofrida pelos brasileiros, um dos quais há pouco tempo, ridícula e vergonhosamente, protagonizou a dissimulação de um mea culpa, que hoje se mostra mais ridículo e vergonhoso ainda, se isso é possível.

E, pior, por um segmento da mesma sociedade pela qual ela perdeu a sua juventude. Ínfimo, verdadeiramente insignificante e desprezível, mas um segmento forte pelo poder que o dinheiro lhe confere.

Mas a coragem e dignidade da garota de 17 anos estavam preservadas naquela senhora que agora era a presidenta do país.

Quem não sabia que a senhora seria vaiada na abertura da Copa, lá no Itaquerão? Mas a senhora não podia fugir (como se a senhora soubesse o que é isso) dos deveres inerentes ao cargo.

Só que eles, presidenta, extrapolaram na grosseria e na covardia e fizeram mais do que vaiar; xingaram daquela forma.

Pelo menos em 1970 a senhora tinha uma válvula de escape para amenizar sua tortura; a seleção brasileira, que a todos encantou com o seu futebol.

Mérito que foi atribuído a Zagalo, quando se sabe que muito daquela seleção tinha a ver com João Saldanha.

A senhora lembra como o chamavam? João Sem Medo. Pela coragem que ele tinha, como por exemplo, ao enfrentar o governo militar e dizer: “os senhores escalam o seu ministério, eu escalo a seleção”.

Por isso, ele não foi o técnico durante a Copa. Saldanha não era um nome agradável ao sistema.

De uma forma ou de outra se atribuiu o sucesso ao técnico da seleção, sua comissão técnica e, claro, aos jogadores.

Justo, não acha presidenta? Afinal uma seleção de futebol depende do técnico e sua comissão técnica, que é quem convoca, prepara e escala o time, e dos jogadores, que jogam.

E eis que nesta Copa a seleção foi mal, muito mal.

Mas o futebol aqui no Brasil tinha mudado muito Presidenta e a senhora não percebeu.

A seleção que a imprensa imaginava vencedora antes da Copa, que já estava com uma mão na taça, era a Seleção do Felipão. A senhora não percebeu que se perdesse, e perdeu, a culpa seria sua; a culpa seria da presidente da república.

Entendeu presidenta? A seleção vitoriosa, a da mão na taça, era a do Felipão. A derrotada foi a sua.

Presidenta, lamento dizer, mas a culpa foi sua.

Ou a senhora pensava que ia escapar?

A senhora convocou mal, escalou mal, fez substituições erradas, queria o que?

Mas não foi só o futebol que mudou.

A vergonhosa incompetência em não oferecer as mínimas condições para a realização da Copa era do governo.

Os aeroportos iam ser um inferno.

Todos os voos iam atrasar.

Ia ter um apagão de energia.

Ia ter uma epidemia de dengue…

Presidenta, a senhora não ia entregar nem os estádios a tempo e a previsão feita por uma revista semanal especializada em construção de estádios era de que só ficariam prontos em 2038.

Era, antes de ter sido, sem jamais ser, o maior desastre de todos os tempos.

E aí aconteceu o milagre. Tudo funcionou. Brasileiros e estrangeiros se irmanaram: foi a Copa das Copas (tenho a leve impressão de que alguém já falou isso).

A senhora, toda feliz, deve ter imaginado: acertei em cheio.

Que nada, presidenta, essa era a outra mudança que a senhora não tinha percebido.

A vergonhosa incompetência em não oferecer as mínimas condições para a realização da Copa era sua. O mérito foi… das construtoras.

Viu como choveu em Natal e Recife? Como é que a senhora permite uma coisa dessa? Como foi que a senhora deu uma mancada dessa, deixar chover daquele jeito. Não sabe que isso estraga o gramado e dificulta bastante o jogo? Quase não tinha jogo em Recife, já pensou?

Ainda bem que os responsáveis pelo sucesso da Copa, as construtoras, até nisso pensaram; fizeram um bom gramado. Eles salvaram a Copa.

A senhora soube da mais nova?

Culparam-lhe pelo semblante fechado e falta de sorrisos na cerimônia de encerramento da Copa e entrega da taça ao capitão da seleção alemã.

Até um vídeo eles montaram para mostrar que nem os jogadores da Alemanha queriam falar com a senhora. Mais uma farsa. São mestres na arte da mentira.

Tinha que sorrir, presidenta, sorrir.

Como podiam pedir para sorrir alguém que estava sendo torturado?

Quem não sabia que a senhora seria vaiada outra vez, ainda mais depois do jeito que a senhora armou o time na humilhante derrota frente a Alemanha?

E aí, o que fez a senhora?

Aquilo que todos nós sabíamos que a senhora ia fazer.

A senhora foi.

E a vaia já estava lá, ansiosa, lhe aguardando.

E se, por um instante, a senhora tivesse esquecido que era brasileira e, como os brasileiros, estava sofrendo?

E se, por um instante, a senhora tivesse esquecido que era brasileira e que estava sofrendo por ter imaginado que era a nossa seleção que deveria estar ali e não estava?

E se, por um instante, a senhora tivesse esquecido que era brasileira e sorrisse aquele sorriso cínico dos que querem estar bem e agradar a qualquer custo?

A senhora consegue ver a manchete da imprensa nos dias seguintes? Daquelas discretas que costumam fazer para a senhora?

“ENQUANTO O POVO BRASILEIRO CHORA A HUMILHAÇÃO SOFRIDA, DILMA SORRI”.

Na primeira página.

Escandalosa.

E aquela foto maravilhosa com a senhora sorrindo ocupando toda a primeira página dos jornais e capa das revistas. Será que a televisão ia fazer alguma reportagem especial mostrando o sorriso da presidenta?

Por falar nisso, a senhora tem assistido ao Jornal Nacional?

De que lhe acusam? O que lhe pesa sobre os ombros?

Quem são essas pessoas que no anonimato mais cruel e covarde agridem violentamente uma mulher da qual jamais se aproximarão em termos de coragem e dignidade?

Há algum sinal, qualquer que seja ele, que aponte contra a sua dignidade?

Não. Não há.

A razão é outra, presidenta.

Razão que não lhes é dado perceber.

Sentem.

Mas não percebem.

Está lá, escondida, no mais profundo recôndito da alma.

Perigosa.

Desperta os instintos mais primitivos e bestiais do ser humano.

Presidenta Dilma, obrigado.

Não só pela Copa das Copas?

Obrigado pela sua dignidade e coragem.

O que a vida quer é coragem.

Conhecendo o Brasil

Por Ronaldo Souza
 
Tem-se falado muito que o Brasil está fora de controle, não é verdade?
 
Inflação que ninguém segura, apagão, caos, Petrobrás quebrando, nenhum investimento em saúde, nenhum investimento em educação, etc. 
 
Esse Brasil da Globo, Veja, Folha e Estadão, onde tudo vai mal, você já conhece de sobra, não é mesmo?
 
O que você acha de conhecermos o outro Brasil, o Brasil da FGV, IBGE e IPEA, dos números reais comprovados por estatísticas que cresce distribuindo renda.
 
E aí as pessoas escolhem em quem acreditar.
 
O que? Não vai adiantar nada? 
 
Eu sei, eu sei, para muitos não vai adiantar nada. É só para mostrar a realidade, afinal mesmo que incomode não dizem que a verdade deve ser sempre dita? 
 
Pois é, é por isso.
 
Desde já, chamo a atenção para o seguinte.
 
Observe que em cada um dos itens abordados existe uma fonte onde podemos fazer as consultas para confirmar a veracidade das informações.
 
Uma coisa que devemos lembrar: o ano de 2002 corresponde ao último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. Foi como ele entregou o país a Lula.
 
Como sabemos, 2013 é o governo Dilma.
 
Vamos aos Brasis de FHC/PSDB e Lula/Dilma/PT
 
Sente, relaxe e curta.
 
PIB em bilhões de reais 
Ano 2002 – 1.477
Ano 2013 – 4.837
Fonte: IPEA
 
Número de Falências Requeridas
Ano 2002 – 19.891
Ano 2013 –   1.758
Fonte: Serasa
 
Inflação
Ano 2002 – 12,53%
Ano 2013 –   5,91% 
Fonte IPEA.
 
Taxa de desemprego % MES DEZEMBRO
Ano 2002. – 10,5
Ano 2013. –   4,3 
Fonte IPEA.
 
Taxa de Juros Selic
EM 31/12/2002 – 24,9 %
HOJE                  – 11,0 %
Fonte: Ipea
 
Dívida Pública % do PIB
Ano 2002 – 60,4%
Ano 2013 – 33,8% ; 
Fonte: Ipea
 
Número de universitários
Ano 2002 – 3,5 milhões
Ano 2012 – 7,0 milhões
fonte: ANDIFES
 
Salário Mínimo Real mes de janeiro
Série em reais (R$) constantes do último mês, elaborada pelo IPEA, deflacionando-se o salário mínimo nominal pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE a partir de março de 1979
Ano 2002. – 364,84 
Ano 2014. – 724,00 
Fonte: IPEA
 
Taxa de pobreza (% de pobres)
2002 – 34 %
2012 – 15 %
Dados IPEA
 
IDH
2000 – 0,669
2005 – 0,699
2012 – 0,730
Fonte: Estadão
 
Reservas Cambiais em bilhões de dólares
Ano 2002 –   38 
Ano 2013 – 375
Fonte: Ipea e Banco Mundial
 
Expectativa de vida em anos
2002 – 71,0 anos
2011 – 73,4 anos
Fonte Banco Mundial
 
Gastos Públicos com saúde
2002 –   28 bi
2014 – 106 bi
Fonte: Orçamento federal
 
Gastos Públicos com educação
2002 – 17 bi
20124- 94 bi
Fonte: Orçamento Federal
 
Capacidade instalada de Geração de Energia em MV
2002 –   80.315 
2012 – 120.973 
Fonte: IPEA
 
RISCO-BRASIL (INDICE EMBI)
31/12/2002 – 1.446 
31/12/2013 –    224 
Fonte: IPEA
 
Economia mundial
2002 – 14ª economia mundial
2013 –   6ª economia mundial

Fonte: Banco Mundial 

A volta dos que não foram

Por Ronaldo Souza

Em determinado ambiente social rolava um papo sobre política.

Conversa vai, conversa vem, alguém fez um comentário.

Vocês já perceberam que nas campanhas, principalmente as de presidente, os próprios candidatos do PSDB escondem Fernando Henrique Cardoso? Ninguém faz “santinho” com ele.

Outra pessoa interveio. Não é bem assim, falou.

Olhe aí, por exemplo, Aécio. Trouxe FHC para a campanha dele.

É, mas foi juntando medo e esperteza!

???

Como os outros, ele também pensou bem antes de levar adiante a ideia, mas foi esperto; ele sabia que era a única maneira de ter alguma chance de ter apoio de São Paulo. Ele sabe que São Paulo não admite qualquer outro político candidato a presidente que não seja paulista, pelo menos politicamente falando. Ainda mais sendo mineiro.

O cara mostrava que não era bobo, sabia das coisas.

E foi adiante. Existem alguns exemplos e Juscelino Kubitschek, mineiro, é um deles. Mas conseguiu, inclusive contra a Globo.

Roberto Marinho dizia:

"Juscelino não pode ser candidato. Se for candidato, não pode ser eleito. Se for eleito, não pode governar".

Juscelino foi eleito e governou.

Voltando ao papo, segundo o conhecedor, Aécio era a bola da vez. E disse mais. Não se lembram de 2010, a briga feia entre Serra e Aécio para ver quem seria o candidato do PSDB. Deu quem? Serra. Fácil.

E a conversa seguiu.

Já há algum tempo me acostumei a não falar de política nos ambientes de um modo geral. Por algumas razões, evito. É uma norma que cada vez mais me imponho.

Veio algo e não segurei. Mas também confesso que não fiz esforço para segurar. Como até ali era um papo saudável, embalado pelo vinho, entrei.

Acho que é por aí, ele está certo. E aí fui.

Isso aconteceu com Serra (2002), Alckmin (2006) e Serra (2010). Claramente evitaram qualquer coisa que lembrasse Fernando Henrique Cardoso.

Lembram que no início da campanha de 2010, José Serra dizia que ele era o “Zé, o cara que ia continuar a obra do Lula”?

Ou seja, não só escondeu FHC mais uma vez como tentou “puxar” Lula para o time dele. Como não colou, voltou ao dia-a-dia. Voltou a falar mal de Lula.

Outra vez, conversa vai, conversa vem e aí… saiu.

Por que será que não existe “volta FHC”?