A Globo e as raízes do subdesenvolvimento do futebol brasileiro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN

Os bravos jornalistas da CBN foram rápidos no gatilho: os 7 x 1 da Alemanha comprovam que a presidente Dilma Rousseff é “pé frio”.

Pé frio é bobagem. Não é o que dizem de Galvão Bueno?

Como são analistas sofisticados, da política e da economia, poderiam afirmar que Dilma talvez seja culpada – assim como Lula, Fernando Henrique Cardoso e outros presidentes – por não ter entrado na batalha pela modernização do futebol brasileiro.

Poderiam ter avançado mais no diagnóstico. Explicado que a maior derrota do futebol brasileiro – e latino-americano em geral – estava no fato de que a maioria absoluta dos seus jogadores serem de times europeus, da combalida Espanha, da Alemanha, Inglaterra e França.

Ali estaria a prova maior do subdesenvolvimento do futebol brasileiro, um mero exportador de mão-de-obra para o produto acabado europeu, campeonatos riquíssimos mesmo em períodos de crise.

Mas a questão principal é quem colocou na copa da árvore o jabuti do subdesenvolvimento futebolístico brasileiro.

Se quisessem aprofundar mais, poderiam mostrar conhecimento e erudição esportiva reportando-se a uma tarde de julho de 1921, em Jersey City,  quando surgiu o primeiro Galvão Bueno da história, o locutor J. Andrew White, pugilista amador, preparando-se para narrar a luta história de Jack Dempsey vs George Carpentier para a Radio Corporation of America (RCA). 61 cidades tinham montado seus “salões de rádio” para um público estimado em centenas de milhares de ouvinte.

O que era apenas um hobby de radio amadores, tornou-se, a partir de então, o evento mais prestigiado nas radio transmissões.

Se não fosse cansar demais os ouvintes da CBN, os brilhantes analistas poderiam historiar, um pouco, a importância das transmissões esportivas para o que se tornaria o mais influente personagem do século no mercado de opinião: os grupos de mídia.

Mostrariam como foram criadas as redes, desenvolvidas as grades de programação, planejados os grandes eventos, como âncoras centrais da audiência.

Depois, avançariam nos demais aspectos dos grupos de mídia.

Num assomo de modéstia, reconheceriam que, em um grupo de mídia, a relevância do jornalismo é diretamente proporcional à audiência total; e a audiência depende fundamentalmente desses eventos âncora. Por isso mesmo, foi o futebol que garantiu o prestígio e a influência do jornalismo.

Não se vá exigir que descrevam a estratégia da Globo para tornar-se o maior grupo de mídia do Brasil e da América Latina. Mas se avançassem lembrariam que os eventos consolidadores foram o carnaval carioca e o futebol, pavimentando o caminho das novelas e do Jornal Nacional.

Algum entrevistado imprevisto, especialista em segurança, ou na sociologia do crime, poderia lembrar que, para conseguir o monopólio de ambos os eventos, a grande Globo precisou negociar, numa ponta, com os bicheiros que dominavam a Associação das Escolas de Samba do Rio; na outra, com os cartolas que desde sempre dominavam a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), desde os tempos em que era CDB (Confederação Brasileira dos Desportos).

Para não pegar mal para a Globo, diria que a grande emissora foi vítima do anacronismo da sociedade brasileira, que a obriga a entrar no pântano sem se sujar.

Aos ouvintes ficariam as conclusões mais pesadas.

Graças ao submundo dos bicheiros e cartolas, a Globo venceu a competição na radiodifusão. E graças à Globo, bicheiros e cartolas conquistaram um enorme poder junto à superestrutura do Estado brasileiro, um extraordinário jogo de ganha-ganha em que o sistema bicheiros-Globo e cartolas-Globoganharam uma expressão política inédita e uma blindagem excepcional. Ainda mais se se considerar que o primeiro setor vive da contravenção e o segundo está mergulhado até a raiz do cabelo nos esquemas internacionais de lavagem de dinheiro, através do comércio de jogadores.

Aí a matriz de responsabilidades começa a ficar um pouco mais clara.

Um especialista em direito econômico poderia analisar o abuso de poder econômico na compra de campeonatos e os prejuízos ao consumidor, com a Globo adquirindo a totalidade dos campeonatos e transmitindo apenas parte dos jogos.

Para tornar mais ilustrativo o episódio, poderia se reconstituir a tentativa da Record de entrar no leilão e a maneira como a Globo cooptou diversos clubes, adiantando direitos de transmissão para impedir o avanço da concorrente. Ou, então, as tentativas de dirigentes mais modernos de se livrar do jugo da CBF. E como todos foram esmagados pelo poder financeiro da aliança CBF-Globo.

De degrau em degrau, de episódio em episódio, se chegaria ao busílis da questão, o bolor fétido que emana da CBF e que até hoje impediu que, no país do maior público consumidor, aquele em que o futebol é a maior paixão popular, o evento que mais vende produtos, mais galvaniza a atenção, não se consiga desenvolver uma economia esportiva moderna.

Completado o raciocínio, o distinto público da CBN entenderia os motivos do Brasil ser um mero exportador de jogadores, os clubes brasileiros serem arremedos de clube social, o fato de grandes investidores jamais terem ousado investir no evento esportivo de maior penetração no mundo, de jamais termos desenvolvidos técnicas em campo à altura do talento dos jogadores brasileiros.

A partir dai, ficaria claro as razões do subdesenvolvimento brasileiro e, forçando um pouco a barra, até a derrota de 7 x 1 para a Alemanha. 

Duas Copas

Por Ronaldo Souza

Foi uma Copa difícil, muito difícil.

Terrorismo midiático.

Não vai ter Copa.

Não vai ter água.

Não vai ter aeroporto.

Não vai ter avenidas.

Não vai ter estádios (só em 2038).

Não vai ter grama nos gramados.

Não vai ter bola.

Mas não fique aí pensando que só foram coisas negativas.

Não.

Não foi só não, não, não, não. Teve aspectos positivos também.

Vai ter apagão.

Vai ter caos aéreo.

Vai ter epidemia de dengue (no inverno).

Vai ter inflação descontrolada.

Vai ter depredação.

Vai ter violência.

Nessa copa, o árbitro principal, a Globo (apitou todos os jogos, até a final), marcou várias faltas e pênaltis inexistentes contra o Brasil, fez de conta que não viu os lances positivos a favor e os auxiliares (Veja, Estadão, Folha, Financial Times, The Economist, NY Times – lembre que é um jogo internacional) confirmaram tudo.

Faltava o que?

A FIFA.

Composta pelos membros do PSDB, DEM, PPS, PSOL… validou todos os lances.

Parece que algumas pessoas não perceberam o que está acontecendo.

Gente, essa Copa já está ganha.

Dilma ganhou.

De goleada.

Essa Copa não tem nada a ver com a outra.

Já acabou.

O que nós estamos fazendo agora é torcer para que a Seleção Brasileira de Futebol ganhe a outra copa; a Copa do Mundo de Futebol.

Ajude a gente.

Torça também. 

Imprensa e PSDB: mais jogo sujo

Por Ronaldo Souza

A mídia estava na moitinha só aguardando e aí atacou outra vez:

Estadão – “Viaduto planejado para COPA cai e mata 2”

O Globo – “Viaduto da obra da COPA desaba e mata 2 em BH”

Folha – “Obra inacabada da COPA desaba e mata 1 em BH”

Copa Copa Copa Copa Copa Copa Copa

Governo Governo Governo Governo Governo

O PSDB, claro, não podia ficar de fora e tentou alimentar a baixaria. Álvaro Dias (não tem jeito pra esse, não aprende nunca), senador pelo PSDB, publicou uma foto do desabamento em seu “feicibuqui”, com os dizeres: “não basta superfaturar, tem que fazer mal feito”, com uma mensagem ao lado onde se lê: “mensaleiros na cadeia”.

A imprensa brasileira acabou de ser desmascarada, inclusive internacionalmente, pelo terrorismo que jogou sobre a Copa do Mundo, mas, diante de um terrível acidente que envolveu a vida de brasileiros, chuta toda e qualquer possibilidade de bom senso e faz tudo outra vez.

Alguém pode dizer: é jornalismo.

Esqueçamos a coincidência e o foco das manchetes.

Onde está o jornalismo?

É impressionante o malabarismo que eles fazem pra não dizer o nome das empresas que estavam à frente da construção do viaduto (um consórcio com duas empresas).

Por uma razão bem simples. A Cowan e a Delta, construtoras que participam do consórcio, têm ligações diretas com políticos do PSDB e DEM, inclusive com financiamento de campanhas, uso de jatinhos…

Só lembraram depois.

Vão puxar o fio da meada?

Vão nada.

Sabem onde vai dar.

No ninho de um pássaro muito conhecido no Brasil.

Vamos simplificar?

Vá nos sites que mostram informações detalhadas sobre as obras para ver do que se trata.

Consultem por exemplo o Copa Transparente:

Já na primeira página há informações importantes sobre a obra do viaduto, como essas:

BELO HORIZONTE – BRT ANTÔNIO CARLOS – Meta 2 – Obras – Edital 106/10

Ente executor: 
Município

Órgão/Entidade responsável pela execução: 
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Ainda está em dúvida sobre quem é o responsável pela construção do viaduto.

Não se preocupe.

Veja o vídeo que Aécio explica tudo direitinho.

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Derrotistas derrotados

Por Ronaldo Souza

Ainda que não tenha adotado nesse episódio e tão somente nesse episódio, nada mais, o cinismo da Globo, foi muito pouco o que a Abril fez. Diante do que a Veja tem feito ao longo dos últimos 11 anos, somente reconhecer que errou nas previsões terroristas sobre a Copa é muito pouco.

Não posso deixar de reconhecer, entretanto, que saiu na frente dos outros.

Por que ela reconheceu a sua culpa nesse episódio?

Simples, muito simples.

Dessa vez a imprensa mexeu com uma coisa chamada futebol.

Futebol e política caminham juntos, apesar do reflexo de um no outro não ser exatamente o que se espera e se diz.

O futebol é um patrimônio do povo brasileiro. É o maior patrimônio no imaginário do povo desse país.

Segundo Nietzsche “a inteligência do homem tem limites, a estupidez não”.

A sanha com que partiram para cima da Copa do Mundo no Brasil é a maior prova disso

Esqueceram que deveria ser somente a Copa do Mundo no Brasil. Como em todos os outros países, um evento da FIFA.

Entretanto, movidos por objetivos menores, tacanhos, típicos do segmento social que ela formou e com o qual mantém íntima relação, a imprensa tentou transforma-la na Copa do Brasil.

É no Brasil, não pode ser bom; a insensatez se impôs.

Sabem o que é o pior?

Conseguiram.

Conseguiram fazer da Copa do Mundo, um evento que se repete a cada quatro anos em diferentes países do mundo, a Copa do Brasil.

Esta é a COPA DO BRASIL. Esta é a COPA DAS COPAS.

E não é a Copa das Copas por causa da quantidade de gols (como há muito tempo não se via) e 0 X 0 inesquecíveis, por causa dos belos estádios e da qualidade dos gramados (elogiados por todos), por causa das fan fest (quantos sabem fazer festa como os brasileiros?).

Isso ajuda, mas não é por isso. Virtudes e defeitos ela tem como todas as anteriores.

É a Copa do Brasil, a Copa das Copas, por tudo que a cercou.

Será que alguém imagina que existem vários correspondentes internacionais de todos os países no Brasil?

Não, não é assim. A imprensa internacional repercute a imprensa nacional. E divulga lá fora o que lhes parece mais importante, E em tempos de Copa do Mundo, quantas notícias serão mais importantes do que a Copa do Mundo?

O terrorismo da imprensa brasileira, particularmente da Globo, Veja, Folha e Estadão, transformou a Copa do Mundo que seria realizada no Brasil na pior das copas.

Muito antes de começar.

Muito antes de a bola rolar.

Aliás, a bola não ia rolar.

Não ia ter Copa.

Tentando destruir a imagem do país por interesses políticos, a imprensa brasileira detonou a Copa do Mundo que seria realizada no Brasil.

Pelos seus exclusivos interesses particulares.

Mas a imprensa internacional veio ao Brasil. E com ela vieram 3,5 bilhões de pessoas de todo o mundo.

E perguntaram.

Onde está o caos?

A imprensa internacional que repercutira a nacional agora a ridicularizava.

Um belíssimo tiro no pé.

A imprensa brasileira já caiu no ridículo há muito tempo.

Agora o mundo percebeu.

Ela vai continuar cínica e fazendo as mesmas coisas. E da mesma forma sabendo quem e porque vai continuar acreditando nela.

Mas, uma coisa é fato.

Terão cada vez mais uma quantidade muito menor de pessoas que ainda lhe darão alguma credibilidade.

A Seleção Brasileira ainda tem tempo para reverter o momento difícil pelo qual passa e tentar ser campeã. Continuemos a torcer para que nos gramados a nossa seleção ganhe.

Porque fora deles já ganhamos.

O Brasil venceu.

Você, que faz parte do povo brasileiro. Você, que faz parte desse povo maravilhoso. Você, que contribuiu para a realização da Copa do Brasil. Você, que contribuiu para a realização da Copa das Copas.

Você está de parabéns.

Chefão da Abril (Veja): "Imprensa pecou feio. É a vida"

Jornalista José Roberto Guzzo, membro do conselho editorial da Editora Abril e um dos responsáveis pela linha editorial de Veja, que previu estádios prontos apenas em 2038, reconhece a pisada de bola; "É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou de novo, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites. O Brasil, coitado, iria se envergonhar até o fim dos tempos com a exibição mundial da inépcia do governo", diz ele; "deu justamente o contrário", lamenta, antes de um conformado "é a vida"; de fato, a Abril perdeu de goleada ao apostar no mau humor

A revista Veja deste fim de semana traz um mea culpa de um dos homens fortes da Editora Abril, o jornalista José Roberto Guzzo, que já dirigiu Veja e Exame, pertence ao conselho editorial da casa e é um dos responsáveis pelas políticas editoriais do grupo. O texto, chamado "Errando à luz do sul", confirma a tese da presidente Dilma Rousseff, que na sexta-feira, falou que a imprensa nacional errou bastante ao prever um desastre na Copa (leia mais aqui).

Sem rodeios, Guzzo vai direto ao ponto. "É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou de novo, e pecou feito, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites. O Brasil, coitado, iria se envergonhar até o fim dos tempos com a exibição mundial da inépcia do governo para executar qualquer projeto desse porte, mesmo tendo sete anos para entregar o serviço", diz ele.

 "Deu justamente o contrário. A Copa de 2014, até agora, foi acima de tudo o triunfo do futebol", diz ele. "Para efeitos práticos, além disso, tudo funcionou: os desatinos da organização não impediram o espetáculo, os 600 000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos horrores anunciados durante os últimos meses. É a vida", lamenta.

Guzzo reconhece ainda o risco das apostas erradas, como fez Veja ao prever que os estádios só ficariam prontos em 2038. "A Copa de 2014 é uma boa oportunidade para repetir que a imprensa erra, sim – mas erra em público, à luz do sol, e se errar muito acabará morrendo por falta de leitores, ouvintes e telespectadores. Ao contrário do governo, que jamais reconhece a mínima falha em nada que faça, a imprensa não pode esconder suas responsabilidades".

Na última linha, porém, ele faz um alerta. "Esperemos, agora, a Olimpíada do Rio de Janeiro". Será que Veja vai liderar o movimento #naovaiterolimpiada? 

Aécio, um caso perdido

Aécio age como um idiota e diz para seus aliados “sugarem” o Governo

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Do Estadão:

O senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quarta-feira, 25, que novos dissidentes da base de apoio do governo vão aderir à sua candidatura. Segundo o tucano, o governo não percebeu ainda esse movimento porque esses aliados ainda vão “sugar um pouco mais” antes de anunciarem sua adesão à sua campanha. Aécio disse concordar com a estratégia desses supostos futuros aliados. 

Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo. Suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado”, disse essa tarde, em Brasília“.

Não sei se gravaram a declaração.

Se o fizeram, isso é um petardo em sua própria candidatura.

Seus aliados, a partir de agora, são os “sugadores” do governo.

E, claro, irão para junto dele pensando em sugar também.

Que maravilha ter um adversário como Aécio Neves.

Faz-me lembrar o “Tio” Ivo, um “coroa” (como eu sou agora) da vila de subúrbio onde morei, que, cardíaco, jogava de “beque parado”  nas peladas da garotada e, dependendo de quem pegava a bola no outro time gritava lá de trás:

– Larga! Deixa sozinho que este a natureza marca!

Ah, Aécio, que maravilha é a força da natureza, que explode dentro da gente e acaba mostrando como a gente pensa e é. 

Chico

Por Ronaldo Souza

Não poderia ser mais simples.

Chico.

Simplesmente, Chico.

O Chico nascido em berço de ouro.

Um Buarque de Hollanda.

O Chico que se tornou todos.

Chico da Silva, dos Santos, Januária, Alberto, Rita, Severino, Carolina, Ricardo, Luiza, Pedro, Beatriz…

Para todos.

O cantor duro contra a opressão.

O cantor terno dos anos dourados.

O cantor que entende e canta a alma feminina como nenhum outro.

Obrigado Chico.

Por entender o Brasil como ele é, direito, torto, certo, errado… um país cheio de defeitos que transborda de virtudes.

Obrigado Chico

Por entender que esses defeitos e virtudes fazem do Brasil um país único.

Obrigado Chico.

Por ser brasileiro.

Obrigado Chico

Pela coerência

Pela coragem

Por existir e nos mostrar tantos caminhos.

Chico, muito obrigado pela sua dignidade.

Obrigado por nos fazer a todos melhores

Por Fernando Brito, no Tijolaço 

Vai ter um monte de gente falando disso, e daí?

Não haverá um brasileiro de coração gentil que, hoje, não vá parar, por um minuto, para fazer sua homenagem simples, silenciosa, um suspiro que seja, aos 70 anos de Chico Buarque de Hollanda.

Eu faço a minha agradecendo.

Dizendo obrigado a ele por ter feito  minha geração ser mais delicada do que talvez fosse sem ele, com as coisas que vale a pena amar: as mulheres, o convívio humano e a nossa gente humilde, que não tem com quem contar.

Obrigado por ter feito tantos entenderem que sucesso não se faz à custa de se esquecer disso e passar a amar os salões, as luzes e o dinheiro.

Por ter mostrado que a delicadeza nunca é inimiga do que a gente pensa e crê, e que, ao contrário, é a mais perfurante arma contra o ódio.

Por ter escrito que mesmo que a gente tenha – e tem – tantas fraquezas e defeitos, o que a gente faz por (e pelo) amor, os versos, mesmo o dos maus poetas, serão bons.

E que as vezes a roda-viva, apesar do que a gente remou contra a corrente, carrega o destino pra lá.

Agradeço também por sua tristeza profunda, em teu melhor disco, o Paratodos,  que agora posso entender, porque o  ”velho cantor subindo ao palco/Apenas abre a voz, e o tempo canta”

Sou grato, por cada um destes pedaços de amor que você cantou, porque seu canto me fez melhor, fez melhor o meu tempo e fez meu país melhor.

E que o mundo é um lugar para sonhar e fazer e não apenas cuidar de saber do que pode dar certo. 

A Copa é um fracasso

Por Fernando Brito, no Tijolaço 

Nada é mais demolidor do que um sorriso.

Não conheço o autor, sei apenas que se chama Francisco Costa e é professor e artista.

Chegou-me pelo Facebook e compartilho com vocês, pela qualidade do texto e pelo bom-humor.

E pela cara-de-pau de certos (ou incertos) jornalistas e jornalecos que coram diante das mentiras que propagaram por meses e meses.

A direita estava certa, sou obrigado a concordar

Por Francisco Costa, no Tijolaço 

Hoje está fazendo uma semana que a Copa do Mundo se iniciou. 

Conforme prognosticaram os jornalistas, embasados em vasta experiência jornalística, honestidade de propósitos, compromisso com a verdade e isenção política, infelizmente está tudo acontecendo como o esperado.

Parabéns às tevês Globo e Band, à revista Veja, aos jornais Folha de São Paulo e O Globo, pela perfeita percepção da realidade, o que só os que fazem jornalismo sério, não corrompido por interesses políticos e pecuniários, podem ter.

Como era esperado, o vexame é total, o que enxovalha o Brasil aos olhos do mundo e mostra toda a incompetência política e administrativa desse governo, nos expondo assim a humilhante situação, da qual demoraremos muitos anos para nos livrarmos.

Para fazer as afirmações que se seguem, pautei-me pelo que tenho lido na imprensa internacional, a partir de jornalistas estrangeiros e turistas do mundo todo, e postado pelos bravos militantes da direita, intelectualizados e precisos nas suas análises e críticas.

Os estádios todos inacabados, de arquitetura no mínimo duvidosa, feios, mal iluminados… Acertaram os que disseram que só ficariam prontos na próxima década.

As chamadas obras de infrestrutura, no entorno dos estádios, foram uma balela. Os engarrafamentos, nos momentos que antecedem os jogos, são quilométricos, com os torcedores chegando atrasados, inclusive com muitos deles desistindo de entrar nos estádios.

Os aeroportos superlotados, com voos atrasados e cancelados, filas imensas nos guichês, bagagens extraviadas… Com todos os aeroportos por terminar, cheios de materiais de obras espalhados, numa imundície só.

Um outro fiasco que não poderia passar em branco é o das comunicações, com os correspondentes sem poder fazer contatos com suas bases, os links interrompidos ou com interferências, nos isolando nos momentos de pico, que antecedem e durante os jogos.

E o apagão, a suprema humilhação? Como é que em pleno século XXI um país inteiro pode ficar sem energia elétrica por horas, em silêncio, no escuro, envergonhado?

O apontado infelizmente aconteceu: um surto de dengue em pleno inverno, com os hospitais lotados, sem ambulâncias para transportar doentes, medicamentos em quantidade insuficiente, com muitos turistas debandando, voltando para os seus países, com medo.

Mas… O que mais temíamos e tínhamos certeza que aconteceria e ficaria fora de controle… A violência generalizou-se de tal maneira que nem mesmo as Forças Armadas estão tendo força suficiente para, se não debelar, pelo menos minorizar: brigas generalizadas entre torcidas, resultado de um serviço de segurança ineficiente, pequeno no número de homens, e despreparados.

As delegacias policiais já não dão conta de tantos registros de ocorrências de roubos, assaltos e sequestros, com balas perdidas em grandes aglomerações de turistas, os arrastões, promovidos por facções criminosas, com gente descida dos morros e vindas dos subúrbios

Perdeu-se a conta de ônibus queimados, vitrines quebradas, lojas comerciais saqueadas…

Claro que uma situação dessa, e que só surpreendeu aos mal informados, não leitores de nossos jornais e revistas e telespectadores, só poderia gerar protestos, indignação, e então o que se viu foi o coro, em São Paulo, usando palavras de baixo calão, dirigidas à presidente da república.

Não passou pela cabeça de ninguém que deixar o povo ter acesso aos estádios seria uma temeridade? Como esperar civilidade, educação, postura, respeito e até caráter de pessoas de pouco estudo, baixos salários, residindo em áreas longínquas? Como esperar dessa gente qualquer coisa como simpatia, hospitalidade, cortesia? São ogros.

Só deveriam ter acesso aos camarotes vips dos estádios os grandes empresários, os políticos de direita, os artistas e apresentadores da televisão, gente polida, educada, respeitadora, como não mostram no vídeo, em pleno exercício de monetário cinismo.

O país está um caos, e não foi por falta de aviso: a mídia avisou que seria assim, a oposição ao governo provou que seria assim, uma multidão de internautas inteligentes e bem informados mostraram todas as evidências de que seria assim, mas o governo não quis ouvir e pôs avante esse sonho megalômano de realizar uma Copa do Mundo aqui.

O Brasil nunca mais será o mesmo aos olhos do mundo, que agora entendeu que, aqui, a mídia e os partidos de direita (DEM, PSOL, PSDB…) são mais criminosos que o Comando Vermelho e o PCC. 

Aécio e Eduardo Campos; a covardia na hora errada

Por Ronaldo Souza

Em primeiro lugar, é claro que não tem hora certa para a covardia.

Mas, também é claro que muitas vezes ela se manifesta na hora errada.

Foi o que aconteceu com Aécio e Eduardo Campos.

Ao se manifestarem de forma explícita a favor do vergonhoso episódio dos xingamentos à presidenta da república, cometeram um erro grosseiro e injustificável.

Primeiro como homens, ao apoiarem gesto tão baixo, vil e covarde de uma elite, da qual fazem parte, que nunca teve o menor pudor em escancarar a sua ignorância e boçalidade (características que costumar andar de mãos dadas) contra uma mulher.

Depois como candidatos em disputa pela presidência da república justamente com aquela mulher.

Ao dizerem entre outras coisas que “Dilma está sitiada e colhendo o que plantou”, deram apoio explícito e tentaram se aproveitar do momento que lhes parecia ser oportuno, o que define um oportunista.

A grosseria dos homens se juntava à estupidez dos candidatos. Confirmaram, certamente sem saber, o que diz Nietzsche: “A inteligência do homem tem limite, a estupidez não”.

Confirmaram Nietzsche e tornaram mais difícil contesta-lo.

Tiro no pé

As reações foram as mais diversas, das pessoas de um modo geral e de vários jornalistas, alguns dos quais não votam com o governo, mas ainda possuem alguma independência.

Houve quem dissesse, como Juca Kfouri, de forma bem clara que era uma reação da elite paulista intolerante… gente que tem dinheiro, mas não tem educação nem civilidade”. Nesse grupo, percebendo ou não, Kfouri inseria Aécio Neves e Eduardo Campos.

Confira os vídeos.

Arnaldo Ribeiro e José Trajano na ESPN

[[youtube?id=yocnyr4Y8yY]]

Arnaldo Ribeiro, José Trajano e Juca Kfouri na ESPN

[[youtube?id=B45bSKmJ-jI]]

Trajano e a turma da Veja que prega o ódio

“Eu queria dizer a esses destemperados e malcriados, frequentadores de mural, que tem a mania de dizer impropérios, xingar, maltratar, não respeitar a opinião alheia e que tem como guru
s gente que só semeia o ódio, a inveja – gente como Demétrio Magnoli (Folha e convidado cativo da Globo, BAND e Roda Viva na TV Cultura de São Paulo), Augusto Nunes (Veja e Roda Viva na TV Cultura de São Paulo), Mainardi (Veja), Reinaldo Azevedo (Veja e Folha e Roda Viva na TV Cultura de São Paulo)…

[[youtube?id=avkZkjVEqNA]]

Kennedy Alencar na CBN

[[youtube?id=v5Og7Xqv7-U]] 

Ao sentir que deram um verdadeiro tiro no pé pela repercussão do episódio e aconselhados pelos seus marqueteiros, tentaram voltar atrás.

Não dava mais.

A covardia de Aécio e Eduardo Campos, dois homens que disputam a presidência da república, não respeitou a mulher que já ocupa aquele cargo.

Dois homens que agridem diariamente aquela mulher, um dos quais, Eduardo Campos, passou cerca de 11 anos convivendo com ela como ministro do mesmo governo e elogiando-a. Aqui em particular, à covardia incorpora-se a traição.

Dois homens que, apesar de em nenhum momento serem agredidos por ela, agridem-na de forma incessante.

Dois homens que não conhecem a coragem da mulher.

Dois homens que não conhecem a coragem daquela mulher.

Coragem e covardia.

O povo brasileiro saberá escolher.