De quem e para quem eles são candidatos?

Por Ronaldo Souza

Há poucos dias tivemos o grande comício de Aécio, realizado na mansão de João Dória Jr., durante um jantar com serviço francês, talheres de prata e vinho Bordeaux.

Cercado por quadros de pintores famosos e acompanhado por alguns dos maiores banqueiros e empresários brasileiros, entre outras coisas Aécio disse o que eles mais gostam de ouvir: “estou preparado para tomar decisões impopulares”.

Aécio circula muito bem nesses ambientes, afinal é neles que vive.

Agora, ao lado de Eduardo Campos, apresentado pelo mesmo João Dória Jr (como se pode observar na foto acima), ele aparece em Comandatuba e faz outro grande comício para o mesmo tipo de plateia e diz que seus planos para a Presidência da República são muito parecidos com os do ex-governador de Pernambuco.

Não, não são parecidos, são iguais.

Eduardo Campos, que tem os Bornhausen como comandantes da campanha, vem tentando o apoio da bancada ruralista (Ronaldo Caiado à frente), porém é Aécio que se diz representante deles e diz também ter orgulho de ser o candidato do agronegócio. Foi para eles que jurou estar preparado para tomar “decisões impopulares”. Alguém é capaz de dizer o que “decisões impopulares” significa?

Eduardo Campos vem falando em dar independência ao Banco Central, aumentar juros, rever a política econômica, coisas que banqueiros e empresários adoram ouvir. A qualquer preço vem tentando ocupar o lugar de Aécio (segundo nas intenções de voto) e para isso acha que precisa agradar aos banqueiros e empresários do país.

Aécio fazer o que está fazendo não é novidade, esse é o mundo dele.

Eduardo Campos, não. Até poucos meses estava com Lula e Dilma e saiu para atropelar a História. Não bastava a imagem de traíra que já colou nele, agora virá a de bobo, por tentar desesperadamente tomar o lugar de Aécio.

Quem acha que Eduardo Campos, “com aquele sotaque arrastado de nordestino” vai ultrapassar Aécio? Quem acha que a mídia vai deixar? Por que ela já “solta” algumas coisas dele de vez em quando, como o emprego da mãe e de vários parentes no governo? Por que até Fernando Henrique Cardoso se levantou da sua cadeira de aposentado inexpressivo e, servindo mais uma vez à mídia, disse que “Eduardo está completamente equivocado quando pensa e diz que representa o novo na política”?

Para Eduardo Campos o caminho já se fez sem volta. Sairá muito pequeno dessa história.

Ambos, Aécio e Eduardo, estão fazendo juras de amor eterno aos banqueiros e empresários. Quem pagará essa conta? Parte será paga pelos mais pobres, mas boa parte dela será paga pela classe média, essa mesma que diz que votará neles.

Historicamente, recai sobre a classe média a conta maior. A sabedoria popular, mais uma vez, ensina que “rico não sofre com nenhum governo, pobre se acostumou a ser pobre e no meio do fogo está a classe média, que se imagina rica, e paga a conta”.

Para onde irão os 20 milhões de empregos com carteira assinada que surgiram nos governos Lula/Dilma, representando a maior taxa de emprego da história do Brasil e uma das menores taxas de dese
mprego do mundo? Para as ruas mendigar, aumentando novamente o contingente de pessoas nos sinais de trânsito?

Alguém aí sabe quantos empregos foram criados por Fernando Henrique Cardoso em oito anos? 700 mil. Não, não digitei errado. Foram 700 mil, com média anual de 87,5 mil empregos. Só Dilma criou 4,800 milhões de emprego em 3 anos e 3 meses

Incrível como a nossa classe média não consegue fazer uma pergunta bem simples: de onde é que surge a violência do nosso dia-a-dia?

Para onde irá o exército de consumidores que surgiu com Lula e foi mantido por Dilma e que manteve em alta o consumo das Casas Bahia, Ricardo Eletro, Insinuante…? Para onde irá esse comércio?

Para onde irá a saúde bucal de milhões de pessoas e para onde irão os dentistas, particularmente os recém-formados, que desde o governo de Lula têm empregos garantidos nos CEOs e em outros projetos do governo?

Quantos milhões de pessoas que passaram a ter como pagar um convênio médico poderão continuar pagando? Quantos poderão manter os seus planos de saúde? Como ficarão esses convênios médicos? Quantos serão os pacientes dos consultórios?

Bem mais esperta, a ex-doce e ex-inocente evangélica pré-candidata a vice de Campos, a ex-senadora Marina Silva, vê em tudo isso uma fria e já rebateu a aproximação do tucano, declarando que vê “diferenças profundas” entre os dois programas.

Ela, que tem por trás o Banco Itaú bancando todos os seus passos, é esperta e só atua na escuridão das portas fechadas, está equivocada em ver diferenças profundas entre os dois programas. Os objetivos, ainda que sob o manto do disfarce, são os mesmos.

Não posso acreditar que ainda exista alguém que tenha dúvidas de quem e para quem Aécio e Eduardo Campos são candidatos.

Eça de Queiroz definiria bem: “Ou é má fé cínica ou obtusidade córnea”.

Obs. do Falando da Vida – Se alguém acha que as pesquisas mais recentes significam mudanças no cenário político, aguarde um pouco mais. Serão assim por um tempo. Quando for chegando perto das eleições, para não se desmoralizarem mais ainda os institutos de pesquisa mostrarão os resultados reais. É só aguardar.

Obs. 2 do Falando da Vida – Lembra que Paulo Souto ganharia no 1º truno na Bahia e quem ganhou, no 1º turno, foi Jaques Wagner? Foi isso que acabou com ACM. Lembra que Fernando Haddad estava em terceiro lugar, não ia nem para o segundo turno (Serra e Celso Russomanno estavam na frente), e quem foi eleito foi Haddad? Lembra que o IBOPE, como sempre junto com a Globo, dava Leonel Brizola perdendo e ele foi eleito Governador do Rio? Lembra que…

Aécio visto pelos mineiros

Por Ronaldo Souza

Será que Aécio acredita na sua eleição?

Não acredito.

Ele sabe que não tem chance.

Alguém pode dizer. É, mas a última pesquisa da CNT mostra que ele subiu.

Mas Aécio sabe que aquilo não é verdade.

Quem mandou fazer a pesquisa da CNT? Clesio Andrade. Ele é o que? Presidente da, da, da… CNT. Desde 1994. Só vinte anos.

Além de senador mineiro, ele é o que? Empresário do transporte. De onde? De Minas Gerais. Muito rico. Amigo de quem? Muito amigo de Aécio Neves. Um daqueles que fazem parte de momentos como o grande comício de Aécio.

Por falar nisso, que diabo é CNT? Confederação Nacional do Transporte.

Aécio sabe que a pesquisa é de mentirinha; foi para tentar dar um empurrãozinho. Claro que muitos vão achar que a pesquisa é séria. Entende-se.

Aécio vai perder na sua própria terra, Minas Gerais. O seu candidato a governador de Minas vai perder.

Dizem que a imprensa oficial de Minas gerais é o jornal Estado de Minas, o mais forte de lá. Aécio, aliás, Andrea Neves, irmã de Aécio, joga duro com a imprensa local. Por isso ninguém toma conhecimento do que acontece por lá.

Veja você mesmo.

[[youtube?id=jgZ-XUZSZN4]]

[[youtube?id=vgRlNAXVfoQ]]

[[youtube?id=LPo0q2-IIMI]]

E o mensalão tucano!!!

[[youtube?id=qT_abMbUax0]]

Obs. do Falando da Vida – Pode ter certeza de que até outubro outras pesquisas como essa da CNT vão aparecer.

O cinismo dos empresários brasileiros (será que agem sempre assim?)

Siderurgia privatizada pede socorro porque não consegue competir com estatais estrangeiras

Por Zé Augusto

Tá explicado o apoio de empresário do aço Jorge Gerdau ao Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano é o governo dos 1% mais ricos contra os 99% do resto do povo brasileiro. Logo, advinha para quem Aécio soltaria dinheiro?

Mesmo com o crescimento do consumo de aço no Brasil, seja na construção civil, seja na infraestrutura, seja na fabricação de carros e eletrodomésticos, o setor siderúrgico brasileiro está "pedindo o penico" porque não consegue competir com estatais de outros países como a China, Índia e até do Irã.

Diz que se o governo não aplicar o protecionismo, vão acabar quebrando, porque o mesmo minério de ferro que sai do Brasil e vira aço do outro lado do mundo, ainda assim, volta mais barato do que o aço produzido aqui.

Deixa eu ver se entendi. Na época da privataria diziam que a iniciativa privada era mais eficiente do que estatais, e que iriam produzir mais barato para o consumidor. Agora pedem para conter a importação de aço estatal importado, para ter o direito de "vender mais caro" a mim e a você, quando reformamos nossa casa, quando compramos uma geladeira ou um carro.

De fato é preciso tomar cuidado com "dumping", ou seja, alguns países vendem produtos abaixo do preço durante alguns anos para quebrar a concorrência, e depois sobem o preço novamente recuperando o que perderam e ganhando muito mais nos anos seguintes. Mas no caso do aço não parece ser dumping e sim abundância mundial do produto. Há excesso de produção no mundo, o que derruba o preço, como ocorre com produtos agrícolas quando há excesso de safra. Neste caso, a própria indústria do aço precisa baixar os preços, reduzir os lucros ou mesmo absorver os prejuízos durante algum tempo para sobreviver.

O que não dá é ver empresários como Gerdau, um barão do aço, pedir política neoliberal para o INSS, para a saúde, para a educação, para a cidadania, para a ciência e tecnologia, e pedir subsídio estatal para a empresa dele.

O que não dá é o Sr. Gerdau defender a ALCA no palanque do Aécio, e bater na porta do Planalto para proteger só o seu setor da concorrência estrangeira.

O que é inaceitável é o Sr. Gerdau vir falar que o Estado precisa ser mínimo e haver alto desemprego para não haver inflação, e ele inflacionar o aço que vende, impedindo a queda de preço da geladeira, fogão, máquina de lavar, carros, ferragens para obra.

É compreensível que o governo defenda a indústria nacional do aço quando ocorre alguma concorrência predatória, mas não à custa de prejudicar todas as outras indústrias nacionais que consomem aço.

 

O grande comício de Aécio

Por Ronaldo Souza

Aécio surpreende. Mais uma vez.

No seu grande comício realizado na rica e luxuosa casa de João Dória Jr., tendo quadros caríssimos como os de Di Cavalcanti ao fundo, bastam as fotos para mostrar para quem Aécio fala, a quem ele deve satisfação, a quem ele faz promessas.

 

Armínio Fraga, guru do PSDB, que aparece com Aécio e João Dória Jr. nas fotos acima, é o mesmo Armínio que elevou os juros no governo de Frenando Henrique Cardoso a 45% para conter a inflação, conforme mostra o jornal deles abaixo.

Hoje batem em Dilma pela manhã, à tarde, à noite e na madrugada porque a inflação, abaixo de 6%, está descontrolada!!!

Posso fazer uma pergunta?

Você não acha que é muito cinismo?

É para esses que Aécio promete tomar “decisões impopulares”.

O que devem ser essas “decisões impopulares” de Aécio Neves? Serão contra esses que participaram desse grande comício?

   

Afinal, são eles que constituem a massa cheirosa.

[[youtube?id=kMWVWLn7_tw]]

Ou decisões impopulares são contra o povo?

Porque parece que povo e emprego não têm a ver com o PSDB.

[[youtube?id=uZNm1UleXJI]]

Aécio não aprende e mostra sua fragilidade (mais uma vez)

Por Ronaldo Souza

Percebe-se facilmente que muita gente não entende porque se fala tanto na fragilidade do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à presidência do Brasil.

Sob vários aspectos e em diferentes momentos essa fragilidade se manifesta, às vezes de modo chocante.

Dessa vez, foi em uma discussão com o senador Lindberg Farias (PT-RJ) no plenário do Senado.

Querendo desqualificar o seu oponente, Aécio diz que “tivesse vossa excelência estado aqui e participado da discussão não cometeria essa injustiça…”

Pelo enorme telhado de vidro que possui, Aécio não poderia tentar desqualificar o seu colega dessa maneira.

Veja o vídeo.

[[youtube?id=4dj-UX9LBeA]]

Ao ser provocado e ter que se defender e dizer “não vejo em vossa excelência autoridade para falar de atraso nessa casa. Compare as minhas presenças… porque vossa excelência não é dos mais assíduos…”, Lindberg trouxe à tona mais uma fragilidade de Aécio: ele não frequenta o senado.

Veja a frequência de um e de outro.

Aécio não aprende. Depois ninguém sabe por que ele não decola.

PSDB abre o jogo: ordem é gerar o caos

Por Ronaldo Souza

Quem se pôs diante de qualquer telejornal, particularmente os da Globo, quem leu a Veja, Época, Folha e Estadão nesses últimos meses desde 2013 não pode ter nenhuma dúvida de que o caos é o céu. Claro que para a oposição e a mídia.

Nenhuma novidade.

Há, entretanto, certa surpresa por um detalhe: nunca imaginei ver a Globo baixar tanto o nível e entrar de forma escancarada no jogo.

Claro que ninguém que tenha algum discernimento pode imagina-la com o mínimo de dignidade. A sua história não permite qualquer possibilidade nesse sentido.

Mas havia uma coisa; a tão propalada qualidade técnica da Globo. Qualidade que ninguém contestava nem contesta.

A sua incontestável qualidade técnica e audiência lhe permitiam manter uma postura de neutralidade, tão verdadeira quanto uma nota de 3 reais, mas que, aos olhos dos seus telespectadores era real. Somente eles, induzidos por ela própria ao longo dos anos à perda de discernimento, poderiam vê-la sob essa perspectiva.

Jamais perceberam que são tratados como seres ignorantes e sequer souberam que assim foram chamados por William Bonner, representando o pensamento da emissora, quando os comparou a Homer Simpson (personagem de Os Simpsons, série da própria emissora), numa clara analogia à estupidez daquele personagem. E os que souberam desse episódio continuaram merecendo a comparação.

Se a qualidade técnica da Globo é incontestável, a sua audiência segue ladeira abaixo. Ela vem quebrando os seus próprios recordes de queda de audiência (clique aqui para ver que a Globo segue em queda; Jornal Nacional está sangrando na audiência. Em Goiânia, no dia 28 de fevereiro, “Chiquititas” do SBT teve 17,78% de audiência ante 14,63% do Jornal Nacional.

A notícia mais recente diz que “no domingo de Páscoa (20) o programa “Fantástico” teve média de 14 pontos. É o recorde negativo histórico do “show da vida”. Antes, a mais baixa audiência era 15 alcançados no último Carnaval. A média de audiência em 2013 foi 19% e em constante decadência nos últimos anos.

Essa queda absurda e contínua de audiência explica porque a Globo agora muda a sua programação a todo instante. E explica também o seu desespero.

Já não é mais possível sustentar uma neutralidade que nunca existiu, mas que ela insistia em querer mostrar. Não há um só momento, um só setor do jornalismo da emissora que não se empenhe em notícias negativas que visam mostrar que o Brasil quebrou.

Quando isso aconteceu de fato, o Brasil quebrar, e não foi só uma vez, foram três, no governo de Fernando Henrique Cardoso, nenhum noticiário que pelo menos se aproximasse do que se vê hoje, chegou aos brasileiros.

Hoje o Jornal Nacional gasta em média cerca de 10 minutos do seu tempo falando mal do governo e do Brasil. Pouco importa que o Brasil seja visto de forma completamente diferente pelo resto do mundo.

Enquanto isso, parte da nossa sociedade consome os seus dias armando a próxima viagem para os Estados Unidos e Europa. Compras em Miami e uma foto na Torre Eiffel constituem a nossa razão de viver.

A visão futurista de Joseph Pulitzer (1847-1911) se impõe: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”.

Mídia e PSDB se irmanam mais uma vez. Veja a matéria do Brasil 247.

Dias abre o jogo: ordem é alimentar noticiário ruim 

Senador paranaense Alvaro Dias (P
SDB-PR), um dos principais líderes da oposição, abriu o jogo numa rápida entrevista ao blog do jornalista Ricardo Noblat; "precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa", afirmou; "a instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução"; pelo que se lê nos jornais e revistas, tática de guerra tem funcionado

Brasil 247

Qual é a principal missão da oposição nos dias atuais? O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um de seus principais líderes, responde. "Precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa", disse ele, numa rápida entrevista ao Blog do Noblat. "A instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução."

Ou seja: Dias, praticamente, abriu o jogo. A ordem é alimentar notícias negativas – o que tem dado certo, a julgar pelo que se lê em jornais e revistas – e usar a CPI da Petrobras, cuja instalação será decidida pela ministra Rosa Weber, na próxima terça-feira, para "desconstruir" a imagem do governo.

Leia, abaixo, a íntegra do depoimento de Dias a Gabriel Garcia, publicado no Blog do Noblat:

Três perguntas para… senador Alvaro Dias (PSDB-PR)

A presidente Dilma continua na frente nas pesquisas de intenção de votos. Caiu um pouco, passando de 40%, em março, para 37%, segundo o Ibope. Isso é desanimador para a oposição?

Pelo contrário. Os eleitores só vão se preocupar com eleições após a Copa. E vale verificar o ambiente hoje do país. A insatisfação da população com o governo é grande. Isso tende a trazer votos para a oposição.

Então o importante é que ela continue caindo, ainda que pouco?

Há forte tendência de queda de Dilma, verificada a cada pesquisa. Essa tendência vai se avolumar com o noticiário negativo. São as más notícias que desgastam e derrubam o governo. Temos um tempo de maturação para que esse noticiário reflita nas intenções de voto.

Mas a oposição não tem conseguido usar essa insatisfação a seu favor. O que fazer?

A oposição tem que ter clareza no discurso e ser mais afirmativa. Tem que se apresentar como alternativa real de mudança e convencer o eleitoral. Ao mesmo tempo, precisamos desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa. A instalação da CPI da Petrobras vai ajudar nessa desconstrução.

Obs. do Falando da Vida – Pouco importa se jogam contra o maior patrimônio do povo brasileiro. O objetivo da CPI da Petrobrás é tão somente tumultuar a vida do país para repercutir em Dilma. Nada mais. Objetivo, claro, as eleições.

Obs. 2. do Falando da Vida – Você vai ver deputado e senador dizer muita bobagem, de olho principalmente na televisão. Apesar do palanque que vão armar, essa CPI é a grande chance da Petrobrás e do governo. Acho que mídia e oposição não vão se sair como imaginam. 

Alguém aí pode ajudar?

Da série “O Brasil precisa respirar”

Por Ronaldo Souza

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”.

Essa frase é de Joseph Pulitzer (1847-1911), um dos mais respeitados jornalistas do mundo e que dá nome ao prêmio mais conhecido do jornalismo mundial – o Prêmio Pulitzer.

Mentes privilegiadas veem o que nem sempre está ao alcance de olhos comuns. Não parece muito provável que a percepção da sociedade à época fosse a mesma de Pulitzer. Mais do que natural. As informações estavam restritas a grupos privilegiados. É possível, entretanto, que, diante das possibilidades do mundo atual, a falta de percepção de muitas coisas já não seja mais aceitável.

Seria aceitável nos dias de hoje, por exemplo, alguém ignorar que a exposição solar indevida pode levar ao câncer de pele? Talvez não. Mas quantas pessoas você imagina que ainda hoje desconhecem isso por falta de informação e outras que, tendo a informação, são capazes de dizer; “que nada, isso é bobagem” e alguns até dizerem “isso é frescura”.

Como poderíamos conceituar o tipo de comportamento que, mesmo diante das evidências, simplesmente se nega a querer ver? Cegueira, insensibilidade, estupidez, fanatismo…? Todas juntas? O fato é que não é incomum encontrar pessoas que dizem a todo instante: não quero nem saber.

A sabedoria do povo se impõe mais uma vez: O pior cego é aquele que não quer ver.

Frase perfeita que define tudo.

Vista mais de perto, porém, talvez não seja tão perfeita e não defina. É possível que o não querer ver encontre explicações mais profundas. Quem sabe exista uma cegueira ditada pelo inconsciente. E o inconsciente ninguém controla. Poderíamos então dizer algo como “devemos buscar entender o cego que quer, mas não consegue ver”?

Não é fácil ver o que nos é bloqueado pelo inconsciente, um potente mecanismo limitador e, como tudo que nos limita, cruel.

Quantos se assumem racistas?

“Não sou racista não. Tem até um pretinho que é meu amigo. E gosto muito dele”.

Eles não percebem.

No espectro ideológico encontramos tipos parecidos nos mundos ditos de esquerda e de direita. Por exemplo, os ultrarradicais estão dos dois lados desse espectro. Cabeças feitas, prontas, esqueça o diálogo. Por que falar para eles? No radicalismo não há espaço para a razão.

Mas, e os outros? É aí onde a sociedade respira e se renova. É nesse espectro onde se conversa, onde se discute, onde se trocam ideias, onde é possível penetrar a luz.

Onde se evolui.

Você consegue imaginar um homem perfeito, sem defeitos? É possível? Não dá. Que tal falarmos do homem como ele é, com defeitos, inseguranças, fraquezas, com os seus sonhos (não só os bons) e desejos (não só os bons)?

É tudo igual, tudo farinha do mesmo saco.

Quantas vezes você já ouviu isso?

Para citar somente duas categorias, você acha que existem advogados e médicos corruptos? Pela existência de advogados e médicos corruptos podemos dizer que todos os advogados e médicos são corruptos?

E quando você ouviu estava implícito algo como “médico, é tudo igual, tudo farinha do mesmo saco”, ou “advogado, é tudo igual, tudo farinha do mesmo saco”, era esse o significado que se pretendia dar? Se fosse, a essa altura não estaríamos pensando que todos os médicos e advogados são corruptos?

São?

Por que imaginar que todos os políticos são iguais e corruptos? A quem interessa essa definição tão simples, rasteira e única? A quem interessa o pensamento único? O que se pretende com isso? Quem está por trás disso?

Você acha possível existir um país sem políticos e sem política? Quantos você conhece? Quais são os que você conhece? Onde desembocaram os países em que os políticos foram calados?

O que a nossa imprensa diz desses países onde os políticos foram calados (tiveram cassados os seus direitos políticos)? Não chamam de ditaduras? Você nunca viu a nossa imprensa dizer que nesses países a corrupção corre solta? Você nunca viu a nossa imprensa mostrar de maneira incansável a figura desses ditadores como algo deplorável e lamentar a ausência de um congresso ativo? Para ficar em um só exemplo, como foi mostrado Saddam Hussein? Como foi mostrado o seu país, o Iraque?

Um congresso é composto por quem? Por deputados e senadores. Mal ou bem, faz parte da Democracia, foram eleitos pelo povo. Vozes que, mal ou bem, poderão se levantar contra determinada situação. Todo governo precisa de oposição.

Fuja de políticos que falam contra a política.

O que seria ouvir uma só voz? O que seria ler o que só uma caneta escreve? O que seria ouvir só uma rádio? O que seria ler só o que uma revista publica? O que seria ver o que só uma televisão mostra? Você sabe o que é opinião pública e opinião publicada? Sabe o que é liberdade de expressão? Sabe o que é liberdade de imprensa? Tem ideia de quantas pessoas foram e são difamadas pela voz de mão única da imprensa nos últimos anos? Sabe o que é direito de resposta? Já procurou saber quantos direitos de resposta houve no Brasil nos últimos anos?

Para os mais jovens

Sabia que nem mesmo o governador do estado do Rio de Janeiro conseguia direito de resposta aos constantes ataques da Globo. Você consegue imaginar o governador, a autoridade máxima de um estado, não conseguir espaço para se defender dos constantes ataques e agressões que sofria. Depois de muita luta na justiça, isso se tornou possível, constituindo-se no mais célebre caso de direito de resposta do jornalismo brasileiro.

Veja o vídeo.

[[youtube?id=ObW0kYAXh-8]]

Você sabe quando foi isso?

15 de março de 1994.

VINTE ANOS.

A quem interessa a opinião única?

Ministro Joaquim Barbosa, não enfrente jornalistas independentes e, pior ainda, inteligentes

Por Ronaldo Souza

Acostumado a lidar com Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Augusto Nunes, Rodrigo Constantino, Miriam Leitão, Eliane Cantanhede e Cia., é bem possível que Joaquim Barbosa tenha se acostumado com algo que nem de longe reflete o que é jornalismo.

O que devem pensar as pessoas de um modo geral? Todos esses “jornalistas” pertencem a grandes meios de comunicação. Claro, portanto, são bons, os melhores.

Joaquim Barbosa, no seu pouco e pobre pensar, se deixou levar por essa ideia. Na sequência, a incorporação disso ao seu poder foi fatal, como costuma ser.

É comum associar-se inteligência à capacidade de resolução de problemas técnicos, ao ser bem sucedido profissionalmente, coisas assim.

No entanto, a verdadeira inteligência se faz acompanhar de algo conhecido como sensibilidade; as duas andam juntas.

Se há uma coisa que reconhecidamente não faz parte das características de Joaquim Barbosa é a sensibilidade.

A que se devem os seus rompantes, arrogância e prepotência? A uma mistura explosiva; poder e falta de inteligência e sensibilidade.

Quantos exemplos poderiam ser dados? Inúmeros.

Diante de uma simples pergunta do jovem repórter Felipe Recondo (Estadão), Barbosa fez mais uma das suas. Veja o vídeo.

[[youtube?id=8aChze9zO0k]]

Fez isso diversas vezes e sempre saiu impune.

A proteção que a própria imprensa lhe dava permitiu ao ministro imaginar-se muito mais do que realmente é (típico de homens medianamente inteligentes, mas sem nenhuma sensibilidade).

Entretanto, após ter cumprido o papel que a mídia lhe destinara no julgamento do “mensalão”, julgamento esse já desmoralizado e que mais ainda vai se desmoralizar, o nosso Barbosa já sabe que não tem mais a proteção que tinha.

Adoro a sabedoria popular. Ela identifica e registra de forma irretocável as coisas da vida.

“O hábito do cachimbo põe a boca torta”

O Joaquim Barbosa dos últimos tempos continuou em ação, quando talvez já não houvesse mais espaço para isso. E, dessa vez, resolveu atacar… Jânio de Freitas, um mestre do verdadeiro jornalismo.

A inteligência e a sutileza de Jânio mostraram a Joaquim que ele próprio se reduzira a um estafeta (quer prova maior da inteligência mediana e nenhuma sensibilidade de Barbosa?). A ironia dos [sic] que ele colocou no texto do ministro beiram a crueldade.

Entenda agora o porque do meu conselho, que repito aqui: ministro, não enfrente jornalistas independentes, principalmente se forem inteligentes.

Veja você mesmo o que Jânio fez com ele.

Barbosa ataca Jânio de Freitas. E leva resposta

Jornalista Jânio de Freitas rebate a defesa do presidente do STF, Joaquim Barbosa, no caso do pedido de quebra de sigilo telefônico da área dos prédios dos Três Poderes para investigação do suposto uso de celular pelo ex-ministro José Dirceu; Jânio comenta resposta enviada pelo STF ao artigo que produziu na semana passada, em que levanta questões sobre a atuação de Barbosa no caso

Brasil 247

O jornalista Jânio de Freitas rebate, em artigo publicado neste domingo (20) na Folha, a defesa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, no caso do pedido de quebra de sigilo telefônico da área que envolve o Palácio do Planalto, do Senado, da Câmara e do próprio STF para investigação do suposto uso de celular pelo ex-ministro José Dirceu, encarcerado no Presídio da Papuda desde novembro passado.

Jânio comenta resposta enviada pela assessoria do presidente do STF ao artigo que produziu na semana passada, em que levanta questionamentos sobre a atua&c
cedil;ão de Barbosa no caso. E rebate cada ponto da defesa do ministro. 

Confira abaixo:

Passos fora do Painel

Por Jânio de Freitas, na Folha

O Painel do Leitor, localização nobre que a Folha destina às contestações, críticas e outras considerações sobre o que publicou, não foi visto pelo secretário de comunicação do Supremo Tribunal Federal, Wellington Geraldo Silva, como apropriado a uma nota sua para desejada defesa do ministro Joaquim Barbosa. Em exaltada cobrança telefônica há uma semana, no domingo passado, indagou "que espaço temos para responder?". Por mim, todo o de que eu possa dispor, sem com isto diminuir meu apreço pelo sentido democrático do Painel do Leitor.

A nota é a propósito do artigo "Nos passos de Obama", do domingo, 13.abr.14, sobre o uso ardiloso de coordenadas geográficas pela promotora Márcia Milhomens Sirotheau Corrêa para pedir quebra de sigilos telefônicos que, a pretexto de verificar alegado telefonema de José Dirceu na Papuda, violaria também as comunicações de todos os celulares do Planalto. Soube-se, no decorrer da semana, que também os sigilos de celulares do Senado, da Câmara e do próprio Supremo Tribunal Federal cairiam, na violação pretendida.

Passados cinco dias do artigo, na sexta, 18, diz a nota: "Na coluna de 13.4.2014, que trata de pedido formulado ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério Público do DF à Vara de Execuções Penais de Brasília, o ministro Joaquim Barbosa é acusado de participação em um ato criminoso, qual seja a quebra ilegal de sigilo telefônico. Sem que o ministro tenha sido ouvido, são feitas afirmações sobre a conduta dele, tais como: É interessante que o juiz da Vara de Execuções Penais e o ministro Joaquim Barbosa não dessem sinal algum de estranheza…’ (…) A alternativa a essa indiferença seria o conhecimento prévio, por ambos, da artimanha…’. São acusações graves, desprovidas, porém, de amparo na realidade dos fatos".

Segue: "Uma simples consulta ao andamento do processo –que é público, diga-se– permitiria ao senhor e a qualquer pessoa interessada verificar todos os procedimentos adotados pelo presidente do STF. Nessa consulta, seria possível concluir que a primeira providência adotada foi o envio do pedido para manifestação da Procuradoria-Geral da República. Só após esse parecer é que o ministro estará habilitado a analisar todos os aspectos envolvidos no pedido, e então tomar uma decisão. Isso é o que manda a lei. Todos esses procedimentos também teriam sido informados caso o presidente do STF tivesse a oportunidade de ser ouvido antes da publicação da sua coluna. O fato é que ainda não houve nenhuma manifestação do ministro Joaquim Barbosa sobre o pedido formulado pelo Ministério Público do Distrito Federal".

Por fim: "Esclarecemos ainda que o Supremo Tribunal Federal atua dentro dos parâmetros da Constituição Brasileira [sic] na AP 470 e em todas as [sic] milhares de Ações que julga. Portanto, refutamos qualquer insinuação sobre a legalidade dos procedimentos adotados pelo tribunal".

Transcrevo o parágrafo de onde a nota pinçou dois pedaços de frases, e deu-lhes reticências sugestivas, mas inexistentes no artigo:

"É também interessante que o juiz da Vara de Execuções Penais e o ministro Joaquim Barbosa não dessem sinal algum de estranheza –sem falarmos nas providências legais necessárias– ao deparar-se com coordenadas geográficas de latitude e longitude para pedir quebra de sigilo telefônico de números, endereços e portadores de celulares não citados. A alternativa a essa indiferença seria o conhecimento prévio, por ambos, da artimanha e do alcance da alegada identificação de telefonema no presídio da Papuda."

O juiz e o ministro deram algum "sinal de estranheza" ante o ofício com anormal uso de coordenadas, em vez de números telefônicos e nomes, sem qualquer explicação para isso? Não. Logo, a frase não co
ntém acusação, referindo-se a um fato real e não negado. Fato que a mim, e a outros de semelhante reação, nada proíbe de achar interessante.

A outra "acusação grave". O artigo diz que a alternativa SERIA, condicional, não diz que foi, nem o insinua. Para quem a lê sem presunção, o que a frase diz é que o juiz e o ministro só não estariam faltando com a atenção merecida pelo ato anormal do ofício, e razão bastante de estranheza, em caso de terem conhecimento prévio da artimanha. Não os acusa de o terem.

O acusado passo a ser eu. A nota me acusa, em referência a Joaquim Barbosa, de o haver "acusado de participação em um ato criminoso". A nota faz uma afirmação inverdadeira. E reiterada.

Quanto à afirmação de que ao ministro cabe receber e mandar ofício ao procurador-geral da República, para só depois opinar, é esquecer duas obviedades. Primeira: o ministro tem a autoridade e o dever de examinar cada ofício recebido e lhe dar o encaminhamento adequado, sendo um deles a rejeição por impropriedade. Segunda: o oposto disso é reduzir ministro do Supremo a tarefas de estafeta, entregador de papéis de um lado para outro, como sugere a nota.

Aproveito a ocasião para um acréscimo nesse caso das coordenadas. O pedido de quebra dos sigilos foi encaminhado ao presidente do Supremo em 28 de março, quando o juiz que o encaminhou já se dissera impedido de atuar no processo, por "motivos de foro íntimo", e sua transferência já estava determinada pelo Tribunal de Justiça. 

Há algo mais por trás da greve da PM na Bahia?

Rebelião da PM na Bahia une forças do PSB e PSDB

Após prisão do vereador Marcos Prisco (PSDB), que liderou o movimento grevista da PM na Bahia, tropa decidiu pelo aquartelamento neste sábado (19), atendendo a pedido do deputado Capitão Tadeu (PSB); assim tucanos e socialistas se unem contra governo de Jaques Wagner (PT), mesmo após a administração atender as principais reivindicações da categoria, que esteve paralisada nesta semana, gerando grande onda de violência; ato tem claro teor político; prisão de Prisco foi determinada pela justiça atendendo a pedido do MPF/BA, que o acusa de "auferir lucros políticos nas últimas eleições municipais" por causa da greve de 2012; agora PSDB e PSB buscam juntos os mesmos dividendos eleitorais

Brasil 247

A paralisação dos policiais militares da Bahia vai ganhando contornos cada vez mais políticos. Os dois principais líderes do movimento grevista no Estado são do PSDB e do PSB, que juntos pressionam o governo petista de Jaques Wagner. A situação das grandes cidades baianas está bem crítica. Explodiu a onda de violência com índices assustadores de homicídios. Mesmo após fechar um acordo com o governador Wagner e depois de decisão judicial que determinou o fim da greve, a categoria agora optou pelo aquartelamento, como represália à prisão do líder do movimento, o vereador tucano Marcos Prisco. Enquanto isso, o deputado estadual Capitão Tadeu, do PDB, busca assumir a liderança do movimento.

Toda a manifestação dos policiais na Bahia tem claros contornos políticos. Diante do governo petista de Jaques Wagner, PSDB e PSB tentam enfraquecer a administração a menos de seis meses para a eleição. Com a prisão de Marcos Prisco, decidida pela Polícia Federal por causa do movimento grevista de 2012 (e não por causa dos atos desta semana), o deputado socialista emitiu nota de repúdio que demonstra a forte conotação política-eleitoral das manifestações.

"Ao governo do Estado pela traição aos Policiais e bombeiros militares baianos, pois mesmo tendo um acordo para o final da greve manda prender Prisco. Mesmo após Marco Prisco, vereador de Salvador, ter assinado um acordo aceitando o final da greve, contrariando inclusive parte da tropa, o governo mais uma vez trai a boa vontade dos policiais e bombeiros militares e manda prender Prisco. A prisão ocorre na data que os cristãos comemoram a Sexta-Feira Santa, um dia após o acordo que pôs fim à greve, caracterizando um ato de traição do governo para com os policiais militares. Dessa forma, neste momento, por exigência dos policiais e bombeiros militares, saio da condição de moderador do movimento reivindicatório e assumo a liderança do mesmo. Assim sendo, conclamo toda a tropa para suspender as atividades IMEDIATAMENTE até que o governo providencie a soltura de Prisco. Pede-se que esta moção de repúdio seja encaminhada à cúpula da Secretaria de Segurança do Estado da Bahia", afirma a nota do Capitão Tadeu.

A tropa então ouviu o pedido de Tadeu e durante a madrugada deste sábado (19) decidiu pelo aquartelamento. O comando da PM no Estado ainda não tem dimensão do aquartelamento das tropas, mas confirmou registros "em maior ou menor escala" pelo Estado, inclusive nas duas maiores cidades, Salvador e Feira de Santana. Em Feira de Santana, por exemplo, que somou mais de 40 homicídios no período da greve desta semana, a informação em um posto da Polícia Rodoviária Estadual era que grande parte da categoria estava reunida na sede da Aspra, a associação de praças e bombeiros liderada por Prisco.

Mais cedo, no final da noite de sexta-feira (18), cerca de cem policiais haviam se reunido em frente à Câmara Municipal de Salvador em encontro convocado após a prisão de Prisco. Representantes da Aspra procuravam enfatizar que o encontro fora uma manifestação espontânea de solidariedade a Prisco e que o recado dele era no sentido de não retomar a greve. A tentativa de assembleia se dispersou por volta das 22h30, mas os ânimos não se acalmaram, a julgar pelos desdobramentos das horas seguintes.

A opção pelo aquartelamento tem cunho meramente político, uma vez que o governo atendeu as principais reivindicações da categoria, como reconheceu o vereador Prisco, antes de ser preso. “Quase todas as reivindicações foram atendidas”, disse ele. De mesmo modo, O pedido da prisão dele não partiu do governo, mas sim do Ministério Público Federal da Bahia. No ano passado, o MPF/BA denunciou Prisco e mais seis pessoas por crimes praticados contra a segurança nacional durante a greve da PM, ocorrida em 2012. De acordo com o Ministério Público, os denunciados, entre vereadores, soldados e cabos da PM, auferiram com a greve lucros políticos nas eleições municipais.

Com as manifestações de agora, PSDB e PSB buscam os mesmos dividendos políticos, só que agora com as eleições estaduais. Como é processado por crime político grave pelo MPF, qualquer recurso contra a prisão de Prisco somente pode ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal. 

O que está por trás disso?

Agressão sistemática a Dirceu corrompe a democracia e tenta humilhar a esquerda brasileira 

Por Fernando Brito, no Tijolaço 

Não tenho muito a acrescentar ao texto de Paulo Moreira Leite. Apenas sugiro que leiam. É uma denúncia triste, dura e urgente. Quer dizer, falou só uma coisa ao artigo: lembrar a frase de uma ministra do STF, ao condenar Dirceu: “não tenho provas contra ele, mas a literatura me permite condená-lo”. Uma pérola fascista, que ouvimos ainda mais dolorosamente por ter sido pronunciada por uma juíza inteligente, que, sabemos, só disse aquilo em virtude da terrível pressão midiática que se exerceu sobre ela e sobre todo o plenário do STF. Embora isso não possa servir como justificativa moral válida, pois cargo que dispunha lhe obrigava a ser forte e enfrentar uma pressão espúria, já velha conhecida da literatura judicial, que se chama “publicidade opressiva”.

Seja como for, agora estamos não apenas em face de uma trágica violação do espírito democrático. Como disse Leite, há uma tentativa, por parte de setores poderosos da mídia e do Judiciário, de impor uma humilhação pública, a todo um espectro político, a todas as pessoas de esquerda no país, que conhecem a história de José Dirceu, sua trajetória, sua luta, seu compromisso com a justiça social e com a libertação do povo brasileiro. Luta esta que ele venceu, e pela qual, ironicamente, não recebeu um troféu, mas uma condenação penal seguida do ódio ilimitado das elites e sua mídia.

Dirceu na Comissão da Verdade

Brutalidade contra Dirceu é uma tentativa de nos convencer de que não adianta reagir 

Por Paulo Moreira Leite, na IstoÉ

Num país que levou um mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.

O caso é exemplar.

Embora nunca tenha recebido, em forma definitiva, uma sentença em regime fechado, o esforço para impedir Dirceu de respirar  o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado. Tudo se move para impedir que ele possa sair  à rua, caminhar como uma pessoa durante oito horas por dia,  trabalhar como um cidadão, conversar com homens e mulheres que não são nem carcereiros, nem advogados, nem parentes tensos, de olhos úmidos, nas horas tensas de visita.

Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.

Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso?  Vamos fingir que não é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para  maltratar os direitos de Dirceu?

Vamos encarar os fatos. É  um esforço — delirante? quem sabe? — para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um dos poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos.

Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos  e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.

Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.

Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a  partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.

Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.

Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo?

Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o  dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.

Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.

Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.

Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.

Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: “você vai se arrepender de estar vivo?”  Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter. 

Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por “quebra de decoro parlamentar”, essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça —  porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.

Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe  mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.

Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.

Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.

Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.

Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político,  quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação. 

Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas.

Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força — e pela demonstração de força, também. 

Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT, como Dirceu e todos os principais réus políticos dessa história, você sabe — não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.

Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.

Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.

O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os  direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.

Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa:  

"Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena".

Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro, entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.

Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?

E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda?   

Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram  com tanta coragem pela democracia.