Por Ronaldo Souza
O que esperar de Aécio?
Precisa responder?
Eduardo Campos, no entanto, surpreende. Para muitos pernambucanos, não. E eles se manifestam cada vez mais.
Se, por já conhece-lo, a decepção para esses pernambucanos não existe, para os demais ela existe e incomoda.
Quando vimos Lula promover todo aquele crescimento de Pernambuco, todos imaginamos; “se Lula faz isso é porque tem confiança no governador daquele estado”, que sequer conhecíamos.
E os fatos mostram que Lula, que já havia cometido um erro gigantesco ao conduzir o pobre Joaquim Barbosa ao STF, agora era patrocinador de outro grande equívoco.
Talvez Aécio Neves tenha uma atenuante. O seu avô, Tancredo Neves talvez não fosse exatamente um homem em quem se podia confiar de olhos fechados.
Eduardo Campos, não. Neto de Miguel Arraes, parecia estar ali a garantia da palavra empenhada, do “fio do bigode”, que certamente se usava quando se tratava do seu avô, um dos homens sérios e respeitados da política brasileira.
Talvez por aí se possa explicar o que Lula fez por ele. Permitam-me o português: Lula fez ele.
Diz o ditado popular que “águas passadas não movem moinho” e estas já são águas passadas. Está feito.
Não se imaginava, entretanto, que Eduardo Campos pudesse se tornar essa figura ridícula que hoje é. É aí onde mora a surpresa.
Acreditava-se, ele particularmente, que essa fusão PSB-Rede pudesse trazer um crescimento para a sua campanha, o que pareceu acontecer no início, quando ele chegou a 10% na intenção de votos nas pesquisas.
Assim que a população foi percebendo como era a “nova política” dele (na foto acima, por exemplo, ele está ao lado de um dos políticos mais íntegros e com a mente mais arejada do Brasil, o baiano Geddel Vieira Lima, que Deus me perdoe), caiu para 7% e daí não sai. Na sequência, Marina conseguiu cair de forma quase que inacreditável de 21 para 12% e no cenário em que ela é candidata no lugar de Eduardo Campos foi para 9%.
Vejam a matéria de Fernando Brito.
Eduardo Campos e seu surto oposicionista. Virou um Aécio de segunda
Por Fernando Brito, no Tijolaço
O leitor deve ter reparado que o candidato do PSB à Presidência, Aécio Campos, passou a ocupar o noticiário – mas não as manchetes – uma ou duas vezes por dia disparando contra Dilma Rousseff.
É evidente seu esforço para ocupar na mídia o espaço de seu aliado-adversário Aécio Neves como “o mais oposicionista dos oposicionistas”.
Nos últimos dois dias foi aos jornais para uma série de delírios que seriam compreensíveis em Aécio Neves, não em alguém que participou de 11 dos 12 anos de governo petista.
Sábado, estava no Estadão acusando a Presidenta de enfraquecer a Petrobras para privatizá-la, esquecendo de que ela deu a Pernambuco o maior dos investimentos da empresa, a Refinaria Abreu e Lima. E à noite foi confraternizar com Aécio Neves e Eduardo Cunha na festança de debutante da filha de Gedel Vieira Lima, outro caráter sem jaça do “blocão” peemedebista.
Domingo, responsabilizou Dilma pela desaceleração da economia.
Hoje cedo, já fazia dueto com Fernando Henrique pela instalação de uma CPI da Petrobras.
E à noitinha comemorava o rebaixamento da nota da Standard & Poor’s ao grau de investimento no Brasil.
Convenhamos, só faltou dar um pulinho na “Marcha com Deus pela Família”, não é?
Eduardo Campos parece embriagado com as atenções que recebe por ter se bandeado para a oposição.
Faz-me lembrar o que sempre dizia Brizola, numa daquelas suas frases de efeito: “a política ama a traição, mas abomina o traidor”.
Talvez seja por isso que ele não consegue sair da posição pífia que ocupa nas pesquisas e, ao contrário de ser “puxado” por Marina, está é puxando para baixo a ex-senadora.
Campos talvez não tenha se dado conta que não é do PSDB, ainda que sirva ao PSDB.
E que, se queria abocanhar o potencial de Marina, não poderia se confundir com a tucanagem.
O resultado é que se tornou uma oposição caricata, um “novo” praticante do farisaísmo do “estava lá mas agora estou aqui”.
Marina, muito mais sabida, nunca se permitiu cenas de amor explícitas com José Serra como Campos protagoniza com Aecinho.
E a pombinha do PSB vira um pastiche de tucano, de quem, já no primeiro olhar, emana a falsidade oportunista.
Tornou-se um sub-Aécio, o que é algo como uma miniatura de sonho de grandeza.