Fator Marina já não ajuda Eduardo Campos. E agora?

 

Ibope mostrou queda dos dois nomes do PSB – o de Eduardo Campos e o de Marina Silva (mais acentuado); com adesão da ex-senadora, governador pernambucano chegou aos dois dígitos das pesquisas, mas agora caiu e volta a ter 7% das intenções de votos; somado a isto, discurso da terceira via e da quebra da dualidade PT-PSDB ainda não se mostrou eficiente; alianças políticas para gerar tempo de propaganda ainda engatinham; acordo de não-agressão com o PSDB pode ser muito limitador; críticas ao governo federal também têm alcance limitado, embora pesquisa mostre certo desejo de mudança; a menos de oito meses para início da campanha, Campos tem enormes desafios pela frente

Brasil 247

Passado o efeito surpresa da adesão da ex-senadora Marina Silva ao projeto do PSB, o que, no primeiro momento, turbinou os números do presidenciável do partido, o governador pernambucano Eduardo Campos, fazendo com que ele chegasse aos dois dígitos nas pesquisas, a mais recente sondagem do Ibope, divulgada nesta segunda-feira (18), mostra uma queda nas intenções de voto – tanto dele quanto dela. Em outubro, Campos pontuou em 10%, enquanto Marina apareceu com 21%. Agora, ele caiu para 7% e ela para 16%. Diante de tais dados, fica mantido o desafio do governador de Pernambuco de quebrar a dualidade entre PT e PSDB e se apresentar, com consistência, como terceira via.

Sem o esperado crescimento nas pesquisas, a aliança com a ex-senadora Marina Silva pode se tornar muito mais um problema do que solução para Campos. Além da ambientalista continuar sendo uma sombra que ameaça a candidatura do presidente do PSB, as restrições dela a aliados (principalmente, os políticos e empresários ligados ao agronegócio) e as cobranças em prol de candidaturas próprias (como ocorre em São Paulo, onde o PSB deseja se manter no projeto do tucano Geraldo Alckmin) podem dificultar a vida do governador pernambucano.

Campos está cada vez mais conformado na linha da oposição. Na última sexta-feira (18) atacou o governo federal, ao defender que os investimentos no Nordeste sejam mais substanciais. “Não queremos migalhas, não queremos favores, queremos direitos. Não queremos ser enxergados só como celeiro eleitoral, queremos ser olhados pelo respeito que a gente nordestina merece por ter prestado a esse País os mais belos momentos da construção da nação brasileira. Nós não somos um peso para o Brasil, somos parte da solução para esse País”, disse.

Sobre a prisão dos condenados na Ação Penal 470, ele também assumiu discurso contrário aos ex-aliados. O presidenciável afirmou que as prisões eram mais do que esperadas. Além disso, o PSB irá usar o tema contra o PT em, pelo menos, dois Estados – Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Ainda assim, há fragilidade nas duas temáticas levantadas pelo presidenciável do PSB. No primeiro caso, é nítido que os governos do PT fizeram amplos investimentos na região Nordeste. É por isso que a região tem colocado a presidente Dilma em condição mais favorável nas pesquisas. Há também o fator Lula, que desfruta de uma popularidade nas alturas na região e que já afirmou que irá para lá fazer campanha para sua sucessora. Quanto ao mensalão, o tema, mesmo no ápice do julgamento, não impediu a vitória de Fernando Haddad na capital paulista, dificilmente, terá força para prejudicar o PT em 2014.

Ou seja, Campos ainda carece de um discurso mais consistente que também estabeleça uma diferença entre ele e o presidenciável do PSDB, Aécio Neves, que se manteve estacionado na pesquisa Ibope divulgada nesta segunda. Por falar em Aécio, o acordo de não-agressão já firmado entre ele e Campos pode ser também uma pedra no sapato. A estratégia de tentar tirar voto apenas da candidata petista pode não ser suficiente para empurrar Campos a um segundo turno.

Na pesquisa Ibope, apenas Dilma cresceu com a queda de Campos e Marina. Mas ainda é cedo para ela comemorar. A mesma sondagem revela um dado importante – e é onde os candidatos de oposição devem mirar. O Ibope perguntou aos eleitores com qual de quatro frases sobre o futuro presidente eles mais concordavam. A maioria optou por frases que indicam um desejo maior de mudança do que de continuidade: 38% responderam que gostariam que o próximo presidente “mantivesse só alguns programas, mas mudasse muita coisa”; outros 24%, que “mudasse totalmente o governo do país”. Apenas 23% disseram preferir que o novo presidente “fizesse poucas mudanças e desse continuidade para muita coisa”. E 12% prefeririam que ele “desse total continuidade ao governo atual”. Ou seja: 62% sinalizaram com preferência pela mudança, contra 35% que manifestaram desejo de continuidade de tudo como está.

Embora, o sentimento de insatisfação, aceso durante as manifestações de junho, permaneça no ar, cresce a aprovação à presidente Dilma Rousseff, que tem seu estilo de governar aprovado por 55% dos brasileiros. Ou seja, mesmo com o desejo de mudança, a maioria do eleitorado simpatiza com a presidente, o que só reforça que os fatos – como a estabilização da economia e o controle da inflação – é que irão definir o voto do eleitor em 2014.

Mas para Campos, que tenta se tornar uma alternativa, não dá para esperar por fatos negativos. É preciso rever a estratégia e repensar como se aproximar, por exemplo, do eleitorado de classe média, que tem se tornado refratário ao PT, e ao de alta renda, mais simpático ao PSDB. A ampliação de alianças, que garantirá tempo de propaganda partidária é também vital para que o projeto do PSB decole. Tanto o PPS quanto o PDT deram alguma sinalização de que podem apoiar Campos. Resta agora ao governador pernambucano criar as condições para tornar isto possível. Mas tem que ser rápido: faltam menos de oito meses para o início da campanha eleitoral.

IBOPE: Dilma cresce, Marina e demais caem

Num momento político delicado, em razão das prisões em regime fechado de ex-dirigentes do PT, pesquisa Ibope/Estadão relaxa os nervos no campo governista; presidente Dilma Rousseff apresenta evolução em taxas de aprovação de governo e confiança junto à população; frente aos adversários, mantém intenções para vencer em primeiro turno; no cenário em que concorre contra Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB), a presidente venceria por 43% a 14% do tucano e 7% do governador de Pernambuco; no cenário em que Marina Silva (PSB) aparece no lugar de Campos, a tendência é a mesma: presidente também ampliou de 5 para 13 pontos a distância para esses rivais; Dilma venceria agora por 42% a 16% de Marina e 13% de Aécio

IBOPE vê Dilma vencendo em 1º turno e confiança maior

Brasil 247 

A presidente Dilma Rousseff encontrou ar fresco em meio ao ambiente político poluído pelas prisões dos ex-dirigentes petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares em regime fechado. Pesquisa Estadão/Ibope divulgada na tarde desta segunda-feira (18) mostrou que Dilma, em qualquer cenário, estaria reeleita em primeiro turno como presidente da República.

No quadro com Marina Silva como candidata do PSB, o levantamento realizado entre os dias 7 e 11 de novembro, em 142 municípios brasileiros, apontou 42% de intenções de voto para a presidente, 16% para a ex-ministra do Meio Ambiente e 13% para o senador Aécio Neves, presidente do PSDB. Com o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, no lugar de Marina, Dilma marcou 43% e Aécio, 14%, com Campos ficando com 7%.

A popularidade da gestão presidencial e a confiança em Dilma também subiram, segundo a pesquisa. Em relação à pesquisa anterior, a aprovação da gestão subiu de 53% para 55%, enquanto a confiança na presidente teve sua taxa aumentada de 49% para 51%.

Para os socialistas, no entanto, a pesquisa não traz boas novas. As intenções de voto de Marina e Campos caíram em relação ao último levantamento, feito quando a entrada dos dirigentes do Rede no PSB ainda não havia sido anunciada. Com 21% antes, a ex-ministra marcou agora 16%. O governador pernambucano saiu de 10% para 7% de intenções. Talvez os números  mostrem que, quanto antes escolherem qual será, afinal, seu candidato, melhor para o PSB. 

Joaquim Barbosa: um sério problema afetivo-emocional ou há algo mais?

Destinos cruzados: a vida de Genoíno e a saúde da democracia

Maturidade não é sinônimo de complacência. Afrontar o despotismo é um predicado intrínseco à vida democrática.

Por Saul Leblon, Editorial da Carta Maior

Um déspota de toga não é menos ilegítimo que um golpista fardado.

A justiça que burla as próprias sentenças, mercadejando ações cuidadosamente dirigidas ao desfrute da emissão conservadora, implode o alicerce da equidistância republicana que lhe confere o consentimento legal e a distingue dos linchamentos falangistas.

Joaquim Barbosa age na execução com a mesma destemperança com que se conduziu na relatoria da Ação Penal 470.

A personalidade arestosa que se avoca uma autoridade irretorquível mancha a toga com a marca da soberba, incompatível com o equilíbrio que se espera de uma suprema corte.

Desde o início desse processo é nítido o seu propósito de atropelar o rito, as provas e os autos, em sintonia escabrosa com a sofreguidão midiática.

Seu desabusado comportamento exalava o enfado de quem já havia sentenciado os réus, sendo-lhe maçante e ostensivamente desagradável submeter-se aos procedimentos do Estado de Direito.

O artificioso recurso do domínio do fato, evocado inadequadamente como uma autorização para condenar sem provas, sintetiza a marca nodosa de sua relatoria.

A expedição de mandatos de prisão no dia da República e no afogadilho de servir à grade da TV Globo consumou a natureza viciosa de todo o enredo.

A exceção do julgamento reafirma-se na contrapartida de uma execução despótica de sentenças sob o comando atrabiliário de quem não hesita em colocar vidas em risco se o que conta é servir-se da lei e não servir à lei.

A lei faculta aos condenados ora detidos o regime semi-aberto.

A pressa univitelina de Barbosa e do sistema midiático atropelou providências cabíveis para a execução da sentença, transferindo aos condenados o ônus da inadequação operacional.

Joaquim Barbosa é diretamente responsável pela vida do réu José Genoíno, recém-operado, com saúde abalada, que requer cuidados e já sofreu dois picos de pressão em meio ao atabalhoado trâmite de uma detenção de urgência cinematográfica.

Suponha-se que existisse no comando da frente progressista brasileira uma personalidade dotada do mesmo jacobinismo colérico exibido pela toga biliosa.

O PT e as forças democráticas brasileiras, ao contrário, tem dado provas seguidas de maturidade institucional diante dos sucessivos atropelos cometidos no julgamento da AP 470.

Maturidade não é sinônimo de complacência.

O PT tem autoridade, portanto, para conclamar partidos aliados, organizações sociais, sindicatos, lideranças políticas e intelectuais a uma vigília cívica em defesa do Estado de Direito.

Cumpra-se imediatamente o semi-aberto, com os atenuantes que forem necessários para assegurar o tratamento de saúde de José Genoíno.

Justificar a violação da lei neste caso, em nome de um igualitarismo descendente que, finalmente, nivela pobres e ricos no sistema prisional, é a renúncia à civilização em nome da convergência da barbárie.

Afrontar o despotismo é um predicado intrínseco à vida democrática.

Vista ele uma farda ou se prevaleça de uma toga, não pode ser tolerado.

A sorte de Genoíno, hoje, fundiu-se ao destino brasileiro.

Da sua vida depende a saúde da nossa democracia.

E da saúde da nossa democracia depende a sua vida. 

O objetivo nosso de cada dia…

Por Ronaldo Souza

Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome.

Venha a nós o Vosso Reino.

Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia…

Em seu livro, A Sociedade da Decepção (Editora Manole, São Paulo), Gilles Lipovetsky (filósofo francês, ainda vivo e em atividade) diz que em momentos de aflição as pessoas já tiveram como hábito ir orar nas igrejas; hoje vão aos shoppings.

Não se discute aqui a religiosidade, não é esse o objetivo. Se fosse por esse caminho, muito mais do que da religiosidade, gostaria de falar da espiritualidade. Se há três coisas sobre as quais aprendi a não discutir são religião, política e futebol.

Não vejo a religião como um terreno muito adequado às discussões. Respeito todas, mas não tenho relação de proximidade com nenhuma delas. Um dos pilares das religiões, acredito que de todas elas, é a elevação do espírito em detrimento dos bens materiais. Quem não conhece pessoas muito religiosas que brigam por dinheiro? Confesso que isso me assusta.

Sobre política seria bem mais fácil discutir, porque, em tese, não envolveria pensamentos e ideias maniqueístas e dogmas, que alguns definem como fanatismo ou fundamentalismo, comum no terreno das religiões. Política, porém, envolve outra coisa; desconhecimento dos fatos, muito comum nos tempos atuais. Diria que existe uma ignorância ativa muito grande nas discussões sobre política.

Preciso explicar o que é ignorância ativa e vou recorrer a um texto que escrevi e postei no meu site há algum tempo; A discussão como fonte de luz. Veja este trecho do texto:

Você assistiu ao filme Revelações, com Anthony Hopkins, Nicole Kidman, Ed Harris e Gary Sinise? Muito bom. No final, há uma cena bem interessante protagonizada por Gary Sinise e a irmã do personagem de Hopkins (não sei o nome da atriz), em que ela diz; “as pessoas estão mais burras e cada vez mais cheias de opinião”.

Você já teve essa sensação alguma vez? De, em uma discussão, perceber opiniões absolutamente inconsistentes ditas como a última palavra? Percebeu que nesses momentos é comum a opinião não vir de forma simples e sim com um ar professoral? Há quem já tenha definido isso como ignorância ativa.

E futebol é paixão na veia. Aí fica difícil. Assisto, torço, sofro, comemoro, escrevo, mas não discuto.

Estamos diante de uma sociedade que perdeu os referenciais. Não sabe o que fazer e muito menos para onde ir. Boa parte dela perdeu a coragem de escolher os seus caminhos e prefere se deixar induzir.

É disso que fala Gilles Lipovetsky em A Sociedade da Decepção. Não é a toa que outro dos seus livros se chama A era do vazio.

E é justamente ele quem diz nesta entrevista à IstoÉ que “o brasileiro tem paixão pelo luxo”. E complementa; “A questão do luxo me apaixona, revela coisas interessantes sobre a condição humana”.

Apesar da acentuada decadência da
Editora Abril (já extinguiu algumas de suas revistas, demitiu vários jornalistas e para sobreviver recentemente teve que fazer uma parceria com um poderoso grupo de comunicação dos Estados Unidos,
The Huffington Post), não se pode negar que a revista Veja conhece bem o perfil do seu leitor, sabe do que ele gosta. Como diz Lipovetsky, a Veja conhece “a condição humana” e é por isso que ela costuma fazer reportagens sobre temas absolutamente vazios.

A essa altura acho que todos já viram a matéria recentemente publicada por ela, sobre O Rei dos Camarotes, que mereceu a capa da revista na edição de São Paulo. Há exagero? O cara é um babaca? Muita coisa pode ser perguntada, mas por que a Veja fez a reportagem? Será que ela acha que não foge tanto assim da realidade de um determinado segmento da sociedade, que ela conhece muito bem?

Três “historinhas” rápidas para ver se a coisa está muito distante do que se vê por aí. A história 2 me foi contada por um colega, nas outras eu estava presente.

1. Há onze anos, ouvi de alguém falando sobre o carro em que me levava ao aeroporto (à época, poucos tinham um daquele; Galvão Bueno era um deles). “Com esse carro, não me aperto. Nos restaurantes e bares, por exemplo, só faço parar na porta. O manobrista vem, tira algum carro, qualquer um, que estiver estacionado na frente do restaurante e põe o meu. O restaurante faz isso porque sabe que atrai esses babaquinhas todos que vivem procurando locais que lhes deem status. Eles acham que frequentando e sendo vistos em lugares assim também passam a ser diferenciados”.

2. Há cerca de dois anos, um pouco mais talvez, um jovem colega contou que tinha se associado a um importante e caro clube social de Salvador, com bela vista para Mar Grande, e estava se sentindo o máximo. Disse que queria estar com gente bem. Comprou uma Hilux (Toyota). Sem nenhum constrangimento, argumentou; “tenho que mostrar que estou bem”.

3. Tema de um almoço entre 5 ou 6 colegas; como as pessoas tinham chegado para um almoço em determinado local próximo a Salvador. Era detalhada a descrição dos carrões e a quem pertenciam e com mais entusiasmo ainda que fulano, cicrano, beltrano, chegaram de helicóptero, cada um com o seu claro. Opinião geral; “isso é que é viver”.

Aqui a matéria da Veja Os sultões dos camarotes

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Mais uma reportagem com a cara da Veja. Vários furos já foram mostrados, inclusive algumas manipulações, algo muito comum na revista. Alguns blogs independentes descobriram, por exemplo, que só de IPTU o “Rei dos Camarotes” deve R$55.000,00. Ele próprio está preocupado porque, dada a natureza do que faz, parece que está interferindo nos seus negócios e está perdendo clientes.

De acordo com o jornalista Paulo Nogueira, “do ponto de vista jornalístico, raras vezes se viu algo que reflita tão bem a essência de uma publicação e de seus leitores”.

Obs. do Falando da Vida – Tomo conhecimento de algumas matérias da Veja pelos blogs. Há cerca de 20 anos cancelei a assinatura dela. 

O desespero cínico do PSDB

Por Ronaldo Souza

Inacreditável.

Não há outra forma de definir isso.

Há poucos dias disse aqui que o PSDB quem diria quer aderir ao Bolsa Familia.

Comentei, como exemplo da incompetência do partido, que na campanha para presidente da república de 2010, Serra tentou chamar para si a maior capacidade de continuar o que Lula tinha feito, mais do que Dilma poderia fazer. Ou seja, ele, Serra, seria o homem que continuaria a obra de Lula e não Dilma. Como não foi eleito, Serra e o PSDB continuaram batendo todos os dias em Lula, Dilma, PT e no… Bolsa Família.

Há 11 anos, que vão se completar agora, a oposição, particularmente o PSDB (o DEM está em processo de extinção), está completamente perdida. É possível que alguns considerem isso um exagero. Vou mostrar que não.

Em 2010, na tal campanha em que Serra se autoproclamou o substituto do “cara”, Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornalistas (ANJ) disse que “a oposição estava tão fragilizada que cabia à imprensa assumir o papel dela”.

Você conhece a expressão que diz – matou dois coelhos de uma cajadada só? Foi o que Judith Brito fez; mostrou que o PSDB é incompetente e assumiu o que todo mundo sabe, mas que ela, por ser uma jornalista, não podia dizer; a imprensa é de fato o PIG – Partido da Imprensa Golpista (certamente, ela não percebeu a bobeira que deu ao assumir isso. Como se fala no dia-a-dia, escapuliu).

Agora, o PSDB mostra, definitivamente, porque está na UTI e respira por aparelhos.

Mesmo sabendo da sua incompetência e que sobrevive graças à proteção, cobertura e blindagem que a mídia lhe ofereceu esses anos todos, mesmo sabendo que a parte independente dos jornalistas tem mostrado que é o partido mais corrupto do Brasil (são inúmeros exemplos, mas veja pelo menos esses aqui, aqui, aqui e principalmente aqui), como é possível que um partido que já foi um dos mais importantes do país consiga ser tão ridículo?

Depois de passar anos chamando de bolsa esmola, assistencialismo, eleitoreiro, bolsa vagabundo, “dá o peixe, mas não ensina a pescar”, que era uma praga, uma chaga, estimulava a preguiça e por aí vai, veja o cinismo do PSDB.

Inacreditável

Aécio acha que vai virar o “Rei do Bolsa Família” e propõe piorar o que existe 

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Algum marqueteiro recomendou ao Senador Aécio Neves “descobrir” o Bolsa-Família e ele se empolgou.

Anda dizendo – pior, anda propondo no Senado – um festival de demagogia sobre o programa.

A última é o projeto para “manter por
até seis meses o pagamento do Bolsa Família a beneficiários que conseguirem emprego”.

Mas será que o senador não sabe que ter emprego e receber Bolsa Família são coisas diferentes?

E que nada impede que a pessoa tenha carteira assinada receba o Bolsa Família se, dividida pela família, a renda não alcançar R$ 140 por pessoa.

Um trabalhador que ganhe salário mínimo e tenha seis filhos, por exemplo, está dentro do critério do programa. Pode estar empregado, com carteira, que não perde. Nem em seis meses, nem em um ano, nem enquanto sua família estiver abaixo daquela renda per capita.

Aliás, uma parte significativa dos beneficiários já tem trabalho formal.

A proposta do Senador, ao contrário, estimula a informalidade, porque alguns  – como aliás já acontece no seguro desemprego – vão recusar o vínculo por medo de perder o benefício quando completarem seis meses no emprego.

Senador, vamos conversar…Fique calmo, o senhor, se parar para dar uma estudada mais séria nos problemas, vai começar a entender de Bolsa-Família. 

Nova Iorque não tem mais nenhuma graça

Sete fatos que você precisa saber sobre o novo prefeito de Nova York

Bill de Blasio é filho de simpatizantes do comunismo e casado com uma mulher negra, ativista LGBT. Sua lua de mel foi em Cuba

Dodô Calixto, via Opera Mundi

Os democratas venceram a eleição na terça-feira, dia 5/11, e estão de volta à prefeitura de Nova Iorque após 20 anos. O novo dirigente, Bill de Blasio, foi militante de esquerda nos anos de 1980 e projeta um plano progressista para cidade. Conheça sete fatos marcantes da trajetória do novo prefeito:

1. Pai comunista. Warren Wilhelm, pai de Bill de Blasio, teve carreira promissora como economista no Departamento de Comércio do governo norte-americano antes de servir ao Exército. No entanto, sofreu boicote de outros funcionários quando descobriram que ele e sua esposa argumentavam em favor do comunismo. Sanções e declínio profissional levaram o economista ao alcoolismo.

2. Mudança de nome. Na verdade, o nome no registro de nascimento de Bill de Blasio era Warren Wilhelm, Jr., em homenagem ao pai, que perdeu a perna esquerda na 2ª Guerra Mundial. Após seguidos casos de alcoolismo e violência, os pais de Bill de Blasio se divorciaram. Após a separação, ainda no ensino médio, o novo prefeito de Nova Iorque decidiu, na época, adotar o apelido de infância – Bill – e o sobrenome italiano da mãe – de Blasio. A alteração foi feita formalmente em cartório. “Estava bastante irritado com a separação”, disse Bill, em entrevista recente.

3. Apoio ao movimento sandinista. Um dos momentos mais marcantes da carreira política de Bill de Blasio aconteceu em 1988, quando o novo prefeito de Nova Iorque visitou a Nicarágua para entregar ajuda de uma organização de esquerda dos EUA. Naquela época, De Blasio tinha 26 anos e o governo sandinista nicaraguense enfrentava uma guerrilha apoiada pela administração de Ronald Reagan (1981-1989).

Após voltar da visita ao país, o novo prefeito manteve seu respaldo aos sandinistas colaborando com um grupo chamado Rede de Solidariedade com a Nicarágua, embora depois tenha se desvinculado progressivamente. Segundo de Blasio, ele estava desencantado pela maneira como os sandinistas tratavam oposição e imprensa.

Bill de Blasio nos anos 80, quando apoiava o movimento Sandinista

4. Trabalho com Hillary Clinton. Bill de Blasio foi gerente de campanha de Hillary Clinton. No entanto, foi demitido sob a justificativa de ser “politicamente fraco” e “não decisivo”, na visão do casal Clinton. Na época, o jornal The New York Times chegou a escrever um artigo de opinião, condicionando a fraca campanha de Hillary à falta de poder de decisão do então gerente Bill de Blasio. Ambos, no entanto, mantiveram um bom relacionamento. Hillary inclusive organizou um evento para arrecadar fundos para as eleições de Nova Iorque no mês passado, angariando mais de US$1 milhão para campanha de Bill.

5. Casado com mulher negra e ativista de direitos LGBT. Bill é casado há 19 anos com a poeta Chirlane McCray, de 58 anos, conhecida pela atuação militante na organização radical de feministas e lésbicas negras Combahee River Collective, na década de 1970.

6. Lua de mel em Cuba. Contrariando a legislação norte-americana que proíbe viagens a Cuba, o casal de Blasio passou metade da lua de mel na Ilha. Os filhos herdaram a miscigenação da cor branca de Bill de Blasio e da cor negra de Chirlane McCray.

7. Despejo em Nova Iorque.

 Em 1983, graças a um problema contratual, Bill de Blasio foi expulso do apartamento em que morava em Nova Iorque. Ainda candidato, citou diversas vezes o episódio para defender uma política de moradia popular aos nova-iorquinos. A promessa é de construção de mais de 200 mil casas populares na cidade. 

Obs. Segundo Paulo Henrique Amorim você jamais encontrará a família De Blasio no Fasano (restaurante da elite paulista e que já teve episódio de racismo)! E provoca perguntando: qual será a nova Meca dos brasileiros? San Francisco, Madrid, Cancún ou Londres?

Pacientes agradecem aos médicos cubanos de joelhos

Escravo é o povo que vive ao abandono

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Quando, há muito anos, minha filha, então uma pré-adolescente, fez um comentário preconceituoso e cruel sobre uma pobre mulher que vivia em necessidades, próximo ao lugar onde morávamos, mandei-a buscar um dicionário.

Revoltada, foi, resmungando muito. Então, mandei que lesse em voz alta o significado de compaixão.

-Eu sei, é pena…

-Leia, minha filha…

E então ela leu que compaixão é algo como ser capaz de sentir o sofrimento alheio e ter o impulso de, mesmo não sendo o nosso, mitigá-lo.

Lembrei-me disso lendo a matéria (da Folha)No agreste, pacientes agradecem médicos cubanos de joelhos, hoje, um trabalho sensível do repórter Daniel Carvalho, no interior de Pernambuco.

Leia um trecho e, se puder, leia a matéria inteira.

“A demanda de médicos no interior do país é gigantesca e a cubana Teresa Rosales, 47, se surpreendeu com a recepção de seus pacientes em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.

“Eles [pacientes] ficam de joelhos no chão, agradecendo a Deus. Dão beijos”, afirma a médica, que atendeu 231 pessoas neste primeiro mês de trabalho dos profissionais que vieram para o Brasil pelo programa Mais Médicos, do governo federal.

O posto de saúde em que Teresa trabalha fica no distrito de São Domingos, região pobre e castigada pela seca.

Durante os últimos quatro anos, o posto não tinha o básico: médicos. Até o final de setembro, quando Teresa chegou ao distrito, quem andava quilômetros de estrada de barro até chegar à unidade de saúde sempre voltava para casa sem atendimento.

A situação se repetia a algumas ruas de lá, no posto onde o marido de Teresa, Alberto Vicente, 43, começou a trabalhar em outubro. “Foi Deus quem mandou esse homem. Era uma dificuldade, chegou a fechar o posto por falta de médico”, disse a aposentada Isabel Rocha, 80, que agora controla o diabetes sob orientação médica.

Ao ler isso, pensei naquelas jovens de jaleco branco, vaiando os médicos cubanos no Aeroporto de Fortaleza, aos gritos de “escravos, escravos”…

Talvez, já a caminho dos 30, não sejam capazes de entender o que eu quis ensinar a uma mocinha de doze anos, mandando-a ler o dicionário…

Não, não há “torcida” política, partidária ou ideológica que possa fazer imaginar ser bom um ser humano, por qualquer razão, ajoelhar-se aos pés de outro ser humano.

Isso, sim, é viver na condição humilhante de escravo e na pior de suas escalas, quando nem mais o chicote é preciso para fazer alguém se ajoelhar.

Há outro látego vergastando estes nossos irmãos há séculos: o da pobreza, o do abandono, o da indiferença dos dirigentes e das elites deste país para com eles.

E essa indiferença veio à tona da maneira mais crua e chocante na reação ao “Mais Médicos”.

O “Mais Médicos” não vai, é certo, resolver todos os problemas da saúde no Brasil. Como um prato de comida não vai resolver os problemas da fome.

Mas é monstruoso, desumano, dá vontade de chorar ver que há gente que quer lhes negar isso, esse mínimo, gente incapaz de sentir a parca compaixão de cuidar de um semelhante em apuros.

Perdoem-me os médicos cubanos ou os outros estrangeiros, cuja maioria até sei que tem tal capacidade, mas eu não estou nem um pouco interessado em se vocês são capazes de um diagnóstico de alta complexidade.

Talvez um entre dez mil destes brasileiros totalmente desvalidos possa precisar de um. Outros 9.999, porém, vão morrer de diarréia, verminose, infecções, doenças parasitárias ou de pneumonia e não daqui a 50 anos por complicações de uma formação quadricúspide de valva aórtica, como foi detectado em outro filho tão amado quanto aquela.

Veio-me a cabeça o que me disse um bom amigo, médico, que trabalhava no Hospital São Sebastião, de doenças infecto-parasitárias, no início da epidemia da Aids: “Fernando, muitas vezes o que se pode fazer por essas pessoas é dar-lhe uma cama limpa e lhes dar alguma atenção para morrer”.  Havia pouco, muito pouco a fazer, então, até que tivéssemos o arsenal bendito, hoje, para cuidá-las.

Não, não pode trazer qualquer alegria ver nossos irmãos ajoelhados porque houve alguém vindo de longe que não lhes foi indiferente, alguém que talvez não vá a congressos médicos ou que não se feche em sua condição de “culto e rico”, porque fez uma faculdade de Medicina, muitas vezes paga com o dinheiro deste mesmo povo.

Nem que, por falta de atendimento primário, tudo se agrave e lote as estruturas das cidades maiores, para onde os mais afortunados são levados, quando aquilo que poderia ter sido curado muito antes, com simplicidade, tenha uma gravidade muito maior.

As mocinhas de Fortaleza, ali tão perto de lugares de miséria, de pobreza extrema, não são obrigadas a serem médicas. Mas, se são, não estão desobrigadas de cuidar das pessoas. E o fato triste é que não houve senão uma mínima procura para postos de trabalho com remuneração digna (R$ 10 mil), suporte de casa e alimentação e um prazo razoável para viver outra vida: três anos.

Nem mesmo para a periferia das grandes metrópoles houve interessados. Nem mesmo os mais jovens.

Com todo o respeito e acatamento pelas boas razões de quem diz que saúde não é só médico, não há o que justifique isso por parte de boa parte de uma corporação profissional.

Exceto, infelizmente, a perda de um sentimento de utilidade social que essa profissão, mais do que muitas, deve conter.

Ou de alguém que, na primeira aula, lesse para os calouros o verbete compaixão num dicionário. 

Aécio quer de volta o “homem dos juros” da Era FHC

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Miguel do Rosário está  de folga neste final de semana. De folga só do Tijolaço, porque continua mostrando porque irrita tanto a Globo e seus “manda-chuvas” lá em seu blog O Cafezinho.

Seu olhar de lince foi achar no  blog do Kennedy Alencar a revelação – dois dias depois de ter conversado com Fernando Henrique Cardoso, que Aécio Neves já “escolheu” – pretensão e água benta… – o seu “Ministro da Fazenda”: Armínio Fraga, o “dono” da quadra final do governo FHC.

E, num trabalho primoroso de reconstituição da memória, vai buscar o “recordar é viver” para passagem de Fraga pelo cargo de Cardeal Richelieu, na época o equivalente a presidente do Banco Central, do declinante Fernando Henrique.

Cadente governo talvez seja nome melhor para o governo que acabou poucos dias depois de eleito, logo após a explosão que seguiu à reeleição presidencial, em 1998, quando a farsa do “real que vale mais que o dólar” ruiu estrepitosamente.

Leia o texto de Miguel e veja como o Brasil precisa exorcizar a volta dos zumbis do passado.

Presença de Arminio

Por Miguel do Rosário

Leio no blog do Kennedy Alencar, que Arminio Fraga é o ministro da Fazenda dos sonhos de Aécio Neves. Eles já conversaram a respeito e acertaram tudo. Segundo Aécio, “uma indicação antecipada de um ministro da Fazenda com esse perfil ajudaria a campanha tucana a atrair simpatia de investidores internacionais e de boa parte do empresariado brasileiro, sobretudo do grande capital financeiro.”

Pois bem, então eu lembrei dos “bons tempos” e fui pesquisar os jornais de 1999, mais especificamente, de março daquele ano, quando Fraga assumiu a presidência do Banco Central.

Sua primeira medida foi aumentar os juros de 25% para 45%. Foi talvez a maior paulada nos juros que já se deu, em qualquer civilização, nos últimos cinco mil anos. 

A grande imprensa comemorou. Em editorial, o Globo afirmou que “as medidas anunciadas pelo novo presidente do Banco Central, Arminio Fraga, vão na direção certa”.

Fraga falou à imprensa que, para o futuro, a tendência dos juros er
a cair. Ah, bom.

O que ninguém falou é que a medida de Fraga significava dezenas, quiçá centenas de bilhões de dólares, na conta dos grandes credores nacionais e internacionais, ao longo dos meses seguintes. Dinheiro fácil, líquido e certo.

No mesmo dia, o Globo anunciava que os combustíveis iriam subir e que uma comissão da Câmara havia aprovado a nova CPMF (imposto criado para aplicação em saúde, mas que no governo FHC era usado para superávit primário). O acordo político entre governo e legislativo era quase cínico. O imposto não iria para a Saúde. Tanto que os jornais afirmava, sem pejo, que o FMI aguardava, com ansiedade, a aprovação do novo imposto. Ou seja, o FMI queria a CPMF, porque esse dinheiro ia para os credores internacionais.

Não pára por aí. Aquela sexta-feira, 5 de março de 1999, prometia muitas emoções. O colunista político do Globo, Marcio Moreira Alves, um digno jornalista que havia crescido dentro do Globo durante os esforços do jornal para se redimir com a opinião pública no pós-ditadura, comentava sobre uma certa “indiscrição” do ministro da fazenda, Pedro Malan. Malan havia encomendado estudos para a venda do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, o que provocou fortes contestações no Congresso. É aí que grande parte do PMDB, inclusive caciques conservadores, como Sarney e seus companheiros, rompem com os tucanos.

A tentativa de privatização da Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa produz a grande fenda na elite política que iria sorver o PSDB e abrir espaço para uma nova coalização governamental, uma aliança entre PT e a centro-direita, representada pelo PMDB, cujo nacionalismo repetindo surpreendeu a mídia.

Mesmo com inflação estourada, juros a 45%, governo articulando não apenas para prorrogar a CPMF, mas para aumentar a alíquota, estudos para venda das últimas grandes estatais brasileiras, ministérios anunciando grandes cortes de servidores, nenhuma obra de infra-estrutura em curso, a grande mídia tentava afastar o “baixo astral”.

Teresa Cruvinel, outra colunista estrategicamente posicionada para amansar os ânimos esquerdistas do pós-ditadura, abria sua coluna daquela fatídica sexta-feira com um título solar e feliz: Apesar do baixo astral.

Os jornais simplesmente omitivam acintosamente informações sobre as consequências terríveis para as finanças públicas daquele “choque” nos juros. A dívida brasileira, já complicada, se tornaria quase impagável.

Em resumo, o governo FHC aumentava pesadamente a carga tributária e criava novos impostos, asfixiando a classe média, não para aprimorar os serviços públicos ou fazer obras de infra-estrutura, mas para transferir mais dinheiro aos credores internacionais. A grande imprensa, sócia nessa empreitada, tinha missão de enganar a sociedade, afirmando que o remédio era necessário, e que tudo ia bem, “apesar do baixo astral”.

Enquanto isso, a Polícia Federal continuava sendo sucateada, e não havia nenhuma investigação séria, por parte do governo, contra os grandes problemas de corrupção no país. Nem na imprensa. O escândalo da compra de votos para a reeleição já havia sido devidamente abafado, a mídia preparava o terreno para as últimas grandes privatizações, entre elas a da Vale do Rio Doce.

Quem falasse em “concessão”, à época, seria considerado socialista. O governo não queria conceder nada. O objetivo era alienar completamente o patrimônio público, o mais rápido possível, entregando-o nas mãos de empresários politicamente afinados com o Planalto.

Bons tempos! A Globo não era incomodada por nenhum blogueiro sujo e podia continuar ganhando seu dinheiro, tranquilamente, no mercado financeiro, enganando os trouxas da classe média a quem vendia o discurso do “Estado mínimo&
rdquo;. Ou  seja, o governo aumentava a transferência de recursos do indivíduo para as grandes instituições controladoras do capital, Estado e bancos, através do aumento da carga tributária e juros, com auxílio luxuoso de uma imprensa sócia no butim. Não havia nenhum programas de “desoneração”, como faz Dilma.

Não havia nenhuma obra de infra-estrutura. Era só pau, pau, pau. E, no entanto, a classe média leitora do Globo, com ajuda de Marina Silva e Eduardo Campos, ainda acredita no “tripé econômico” e na maravilhosa gestão de Fernando Henrique.

PS. Aquela, completo eu, que nossa desmemoriada Marina Silva diz que foi de “grandes conquistas” para o Brasil. Sim, de fato, fomos definitivamente conquistados e nos tornamos uma colônia do capital financeiro.

A Bahia está com Dilma

Por Ronaldo Souza

A Bahia é o quarto colégio eleitoral do Brasil, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Pelos resultados da pesquisa do IBOPE (veja matéria abaixo), alguém poderá imaginar que a tendência de votação em Dilma teria caído, mas não é assim.

A análise dos percentuais foi feita sobre o total do eleitorado, porém, numa eleição, o que vale é o percentual sobre os votos válidos. Assim, Dilma tem 67,16% (45 vezes 100 dividido por 67), o que mostra total recuperação do que teria perdido naquela avalanche, conhecida como manifestações de junho, em que a imprensa fez um enorme esforço para envolve-la.

É bom lembrar que em 2010 a maior votação de Dilma foi na Bahia, com 70% dos votos válidos. Se logo após tantas tentativas da mídia para derrubar Dilma (que vão continuar e cada vez mais pesadas até as vésperas das eleições), ela já está com 67%, pode-se imaginar a votação que terá por aqui. Será maior do que em 2010.

Em outras palavras, a Bahia estará outra vez com Dilma Rousseff. E Lula. E o PT.

Dilma tem 45% das intenções de voto na Bahia

Brasil 247 

Estado é comandado pelo também petista Jaques Wagner, que busca eleger como seu sucessor o secretário da Casa Civil, Rui Costa; pesquisa ibope foi encomendada pelo PMDB local; Aécio Neves (PSDB), segundo candidato, aparece com 13% 

Se depender dos eleitores da Bahia, Dilma Rousseff deve ser reeleita em 2014 com 45% dos votos, deixando bem atrás o segundo e terceiro colocados. O Estado é governado pelo também petista Jaques Wagner. Leia na nota de Ilimar Franco, do Globo:

Pesquisa Ibope na Bahia, encomendada pelo PMDB local: “Dilma 45%, Aécio 13%, Eduardo 9%, brancos e nulos 17%, não sabe/não respondeu 16%.

Aprendiz de feiticeiro

Seguindo modelo do ex-presidente Lula, que fez presidente a então ministra, Dilma Rousseff, o governador Jaques Wagner elegeu o secretário Rui Costa (Casa Civil) seu candidato. Rui percorre a Bahia entregando carros pipas e tratores. 

Marina se perdeu ou…

Por Ronaldo Souza

Basicamente, um motivo foi utilizado como argumento por políticos que deixaram o PT; o afastamento do partido dos seus ideais. Plínio de Arruda Sampaio, Chico Alencar e Luiza Erundina são exemplos desse processo.

Sempre tive respeito por eles e, apesar de nas suas novas siglas algumas vezes assumirem posições equivocadas, conservo esse respeito.

Marina é outro exemplo.

Criada no PT, pelo PT e por Lula, Marina conheceu e conviveu com alguns dos grandes militantes de ideias progressistas do país. Mas ela também deixou o partido alegando a mesma razão. A insatisfação pelos rumos que o PT tomava. A imagem da doce, pura e idealista Marina começava a ser criada.

Sempre se soube, entretanto, que não era exatamente aquilo que mostrava.

Se por gente como Plínio de Arruda Sampaio e Chico Alencar, ambos do PSOL, e Luiza Erundina (PSB) conservei o respeito, com Marina, confesso, tive dificuldades.

Você nunca teve um amigo que “de repente” muda de comportamento e lhe surpreende, geralmente negativamente? Há quem diga que as pessoas não mudam, elas se mostram diante da oportunidade. O povo, na sua sabedoria, define bem; “a ocasião faz o ladrão”.

Teria Marina mudado ou simplesmente ela está simplesmente mostrando a Marina que existe por trás da doce e pura Marina? Como explicar mudanças tão bruscas e tão intensas? Para que melhor exemplo do que Joaquim Barbosa, o Ministro do STF?

Democratizar a Democracia

Não falo pelo vazio cada vez mais claro de quem diz que vai “democratizar a democracia”. Isso já foi diagnosticado. Ela se tornou expert em encher de vazio a metade vazia do copo.

Como disse Carlos Alberto Saraiva no Blog do Saraiva, “o discurso de Marina é recheado de frases de efeito sempre puxando para um suposto ‘novo jeito de fazer política’, ‘acima da esquerda e direita’, ‘não é oposição, nem situação’, ‘resgatar a ética’, ‘não tem movimentos sociais por trás’, ‘não fuma, nem bebe’ e blá-blá-blá para ser politicamente correto, agradar a todos e não desagradar ninguém”.

"(…) pragmatismo programático e inflexão performática da disruptura". Meu Deus, o que é isso?

Há pessoas que não resistem a um discurso. Ficaram famosos em algumas pequenas cidades do interior aqueles oradores populares que nos enterros eram chamados para falar alguma coisa, enaltecer o morto. Para as pessoas simples e humildes daquelas cidades, eram discursos sábios de pessoas proeminentes. A absoluta ausência de nexo entre as palavras e o vazio delas ficavam escondidos no desconhecimento do que significavam aquelas “belas” frases.

Marina se vê hoje como uma palestrante com grande conhecimento do que fala. Não é verdade. Ela é mais um daquele tipo que fala de coisas sobre as quais pouco ou nada sabe. Alguns são muito criativos.

Presto a minha homenagem a esses oradores.

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No entanto, se fosse só esse o problema de Marina, como recrimina-la por uma característica? A questão é outra.

O problema é que, como alguém já comentou, “está se tornando hábito, a esperta missionária pular de um galho pro outro com astuciosa habilidade…”

No início cheguei a pensar que Marina tinha perdido o encanto que as pessoas viam nela. Não. Ela se perdeu. Completamente. E todos estão percebendo. E comentando.

Imagino como os marinistas devem estar perdidos, sem entender nada.

O pouco conhecido autoritarismo de Marina veio à tona e quem o mostrou foi um velho companheiro, que migrou com ela para o PSB. Segundo o deputado
Alfredo Sirkis, parceiro de Marina há algum tempo, ela “
cultiva um processo decisório ad hoc e caótico e acaba só conseguindo trabalhar direito com seus incondicionais. Reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes e não estabelece alianças estratégicas com seus pares”.

Marina foi, por exemplo, extremamente indelicada, autoritária e cruel quando exigiu a retirada do texto do vice-presidente do PSB do site do partido. Roberto Amaral, um dos políticos respeitados do Brasil e que até um dia desses era o presidente do PSB foi desrespeitado e humilhado pela exigência de Marina.

Outro fato que chamou a atenção foi a pressão absurda que tentou fazer para inscrever o seu partido-que-não é partido-é rede-uma rede que é partido, no TSE. Diante do claro descumprimento das exigências do TSE para a inscrição de partidos políticos, foi no mínimo ridícula a sua postura tentando pressionar aquele tribunal para ignorar as normas e referendar a inscrição.

E finalmente. A sua marca, o seu slogan, a sustentabilidade, caiu por terra definitivamente. Que tipo de sustentabilidade Marina pode imaginar para o país se dois dos seus maiores patrocinadores, Natura e Banco Itaú, devem ao povo brasileiro R$ 628 milhões e R$ 18,7 bilhões respectivamente, por sonegação. Isso é insustentável.

Marina como ela é nada tem a ver com a doce, pura e evangélica Marina.

Marina não se perdeu. Ela se mostrou.

Marina nasceu no Acre, mas fixou residência no Itaú.