Negando o ontem, por onde acabei de passar

Por Ronaldo Souza

Por mais que a perceba diariamente, o que deveria me fazer ver como algo “normal”, a insensatez da mídia e dos raivosos anti-Lula/Dilma/PT traz um grande desconforto.

E o que justifica esse desconforto? A constatação da absoluta ausência de capacidade de discernimento, não diante das possibilidades, mas dos fatos. O mais importante deles: mesmo com os eventuais erros cometidos, nunca governos se voltaram tanto para o social quanto nos últimos 10 anos.

O incrível é como, ainda que os segmentos mais privilegiados da sociedade não tenham sido prejudicados nesses 10 anos, muito pelo contrário, reagem violentamente contra qualquer ação que lhes pareça interferir no seu bem estar e na pretensa condição de acima do bem e do mal.

As recentes manifestações expuseram de forma cruel o que somos e do que somos capazes. Os eleitos pelos deuses deixaram vir à tona os instintos mais primitivos do homem. A visão do nosso umbigo como o centro do universo nos faz assim.

Quantos esqueceram o que já foram! Atropelaram o ontem em nome de um hoje que acabou de chegar. Que pensem que é deles todo o mérito do que conquistaram (o que conquistaram mesmo?) e não resultado de uma conjuntura. Parabéns, você merece, você conquistou. Não dói saber que nesse ontem muitas vezes ficou parte da sua família, ficaram amigos, ficaram ex-colegas?

Bolsa esmola, assistencialista, eleitoreira, bolsa vagabundo. Incrível. Como podem fazer isso com uma população absolutamente desprotegida? Esqueceram de quantas pessoas vocês viram que pertencem a esse mundo? Esqueceram que os seus pais e avós, ou os dos seus amigos, tiveram, se não exatamente essas dificuldades, algo parecido? Em que lhes afeta melhorar a vida delas?

O que nós, doutores, eu e você, fazemos de fato que engrandeça a raça humana. O que nós, doutores, eu e você, fazemos de fato que melhore as vidas das pessoas além de ganharmos a nossa própria tratando delas?

Há poucos dias o Bolsa Familia ganhou o prêmio ISSA, que corresponde ao Nobel da área social. Aqui, apedrejado, pelo mundo, aplaudido e copiado.

Não, não vou chorar porque o pequeno jornal nacional da rede globo (letras minúsculas mesmo) sequer deu a notícia. Não, não vou chorar por isso. Choro, e muito, por fazer parte desse segmento social tão pequeno, tão pobre.

Bolsa Família faz 10 anos e já vai de Nova York à Suíça

Neste domingo 20, completa exatos dez anos o maior programa social do Brasil; odiado por muitos, que o consideram assistencialista, pernicioso e, sobretudo, eleitoreiro, mas pedra de toque dos governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, o certo é que o Bolsa Família está se tornando cada vez mais imitado em todo mundo; depois de ser implantado em Nova York, com a colaboração de técnicos brasileiros, chega à Suíça nas próximas semanas, com votação marcada no congresso do país europeu famoso pela riqueza; aqui, benefícios pagos a 13,8 milhões de famílias variam de R$ 32 a R$ 306 por pessoa; lá, em versão 2.0, transferências serão de até R$ 6 mil; repita-se: R$ 6 mil!; neste 2013, investimento total do governo brasileiro é de R$ 24 bilhões; ou você acha que é gasto?

Brasil 247

O principal programa social do governo, iniciado durante a gestão do ex-presidente Lula e pedra de toque da administração Dilma Rousseff, completa 10 anos neste domingo 20 – e se globaliza. Atacado por muitos no Brasil, ele é considerado, pela ONU e ONGs internacionais um dos principais programas de combate à pobreza do mundo, tendo sido nomeado como "um esquema anti-pobreza originado na América Latina que está ganhando adeptos mundo afora" pela revista The Economist. Governos de todo mundo estão de olho", registra o Wikipédia. Para o jornal francês Le Monde, "o bolsa família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, con
tra a pobreza".

Nas próximas semanas, informa o governo da Suíça, o modelo Bolsa Família será implantado em uma pequena região do pais. Mas numa versão 2.0, com benefícios equivalentes a R$ 6 mil (abaixo). Nos Estados Unidos, Nova York foi a primeira cidade a adotar o programa, hoje atingindo cerca de 3 mil famílias, com ajuda de técnicos brasileiros.

Para a pesquisadora italiana Francesca Bastagli, da London School of Economics, o programa foi "desenhado" de forma a permitir a emancipação dos beneficiados. "O bolsa família tem uma estrutura que vai em direção contrária ao assistencialismo", acrescenta Francesca, que estuda ações de diversos países direcionadas à transferência de renda para os pobres.

No Brasil, pode-se amá-lo ou odiá-lo. Nos 10 anos de implantação do programa, sobrou pouco espaço para o meio termo da oposição. Denúncias sobre irregularidades pontuais aparecem com frequência na mídia, mas uma coisa se reconhece: ele mudou a face do Brasil, ao atingir milhões de famílias.

"O Bolsa Família acomoda a população pobre", analisou certa vez a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Para a entidade, o programa seria "só uma ajuda pessoal e familiar. É verdade que 11 milhões de famílias recebem no Nordeste e no Norte, mas isso levou a uma acomodação, a um empanzinamento".

ESTUDO INÉDITO – Mas para o governo, é mesmo a sua menina dos olhos. Em estudo inédito divulgado na terça-feira 15 em comemoração ao aniversário de uma década do programa, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada) revelou que a iniciativa implantada no governo Lula reduziu a extrema pobreza em 28% nos últimos dez anos, superando em 70% o patamar estabelecido pela meta do milênio da ONU.

Atualmente, o Bolsa Família atende a cerca de 13,8 milhões de famílias – quase 80 milhões de pessoas. Para a ministra Tereza Campello, o programa traz melhorias, principalmente, na redução da pobreza e na redução da desigualdade. "Nós temos dados, estatísticas robustas que comprovam os benefícios que o Bolsa Família trouxe para as famílias ao aliviar a pobreza, ao levar crianças para salas de aula, ao melhorar o desempenho escolar e a reduzir a mortalidade infantil", afirmou a ministra.

Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, a cada 2% gasto com o Bolsa Família, 12,5% são transformados em benefício para a população, ou seja, o programa ajuda não só a reduzir a pobreza, mas também a estimular a economia a partir do consumo da população mais pobre. "O Bolsa Família tem um efeito multiplicador na economia, cada real que você gasta no Bolsa Família, ele faz a economia girar R$ 2,40. Ele tem um impacto sobre a pobreza, com impacto direto de 36%, ou seja, a pobreza cai de 4,9% para 3,6% com o Bolsa Família sem levar em conta os efeitos multiplicadores", afirmou.

Os dados do impacto do programa também apontam que a renda dos mais pobres cresceu em torno de quatro vezes mais rápido do que a renda dos mais ricos. O investimento pelo governo federal no Bolsa Família em 2013 é de R$ 24 bilhões, o que representa 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB). "Ele (o Bolsa Família) gasta apenas 0,5% do PIB, então ele consegue fazer muito na pobreza e na desigualdade. Ele consegue fazer muito, gastando relativamente pouco", disse Neri.

Com informações do Ipea e do Blog do Planalto

Abaixo, notícia do portal Infomoney, parceiro_247:

Suíça votará projeto de Bolsa Família no valor de quase R$ 6.000 por pessoa

InfoMoney

http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/3011949/suica-votara-projeto-bolsa-familia-valor-quase-000-por-pessoa

IBOPE: Globo cai

Ibope: Globo fechará 2013 com a menor audiência de sua história

Por Fernando Brito, no Tijolaço

O site R7, da Record, deita e rola com mais uma notícia de queda dos índices de audiência da Rede Globo.

Segundo os dados do Ibope, a parcela de televisores sintonizados na Vênus Platinada vai fechar o ano em 14,4%, uma queda mais de 30% em uma década e um desastre comparado aos quase 40% obtidos pela emissora nos anos 90.

E não é só nestes índices, que medem a audiência total, onde se poderia  dizer que o avanço da TV a cabo tira espectadores da Globo. Também no share, que é a parcela da emissora comparada aos concorrentes, a Globo perdeu espaço em quase todos os seus programas, como já revelava a Folha no início do ano. 

Perigo à vista

Muita gente não faz a menor ideia de quantas calúnias e difamações já foram feitas contra Lula, Dilma e o PT. É a famosa prática do assassinato de reputação, tão bem realizada por determinados órgãos de “comunicação” da nossa progressista mídia.

Uma das mais vergonhosas foi a ficha falsa de Dilma Rousseff do DOI-CODI (instituição de repressão e tortura da ditadura militar), criada e publicada como reportagem de capa (para variar com grande escândalo) pela Folha e replicada nos demais órgãos da mídia e pela Internet. Diante da comprovação de que era uma farsa, a Folha fez um pedido de desculpas em um canto qualquer de página do jornal.  Só.

Outra vem ocorrendo sistematicamente na Internet e redes sociais de um modo geral, com o filho de Lula, Lulinha, como é conhecido.

Acusado de ter comprado uma fazenda e um jatinho (fotos acima) por milhões de reais, não importou que ambas as notícias fossem divulgadas sem a menor prova; foram absorvidas e espalhadas como as maiores das verdades Brasil afora com grande rapidez; mais um desejo incontrolável, mas facilmente explicável, de destruir Lula.

É tamanha a insensatez que esquecem que a mesma Internet que usam para difamar as pessoas representa uma grande arma pela rapidez com que desmascara os mentirosos. A foto da sede da fazenda de Lulinha é, na verdade, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo

A estupidez dessas pessoas irrita, mas dá pena.

Ocorre que surgem dois fatos novos. A família Lula resolveu não deixar barato e está buscando os responsáveis por tudo isso. Primeira notícia; Os advogados já entraram em ação. Algumas dessas pessoas já foram identificadas e seis já foram denunciadas ao Ministério Público. Outras ainda serão. Portanto, daqui em diante, aqueles que quiserem fazer parte dessa corrente pensem bem antes de faze-lo; estão de olho.

A coisa é tão séria que é aí que vem o outro fato novo. Quem poderia imaginar que por trás dessa delinquência juvenil parece estar o Instituto Fernando Henrique Cardoso. Estranho, não é? Que interesse poderia ter o insuspeito Instituto Fernando Henrique Cardoso em destruir a imagem de Lula?

Veja a reportagem de Marco Damiani, no Brasil 247

Instituto Fenando Henrique Cardoso na mira policial dos boatos contra Lulinha

Sítio Observador Político tem grupo de discussão criado desde 18 de abril sobre falsa compra de fazenda de R$ 47 milhões por Fabio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula; página virtual com 31,1 mil seguidores no Facebook pertence ao Instituto Fernando Henrique Cardoso; coordenação é atribuída a Daniel Graziano, diretor da ONG que tem como figura central o ex-presidente tucano; polícia quer saber motivação para propagação da injúria e difamação; responsáveis serão chamados a depor na 78ª Delegacia de São Paulo; o próprio FHC poderá ser ouvido na averiguação sobre ataques continuados contra filho de seu maior adversário político?; "Preferimos não trabalhar com teoria do domínio do fato", ressalva advogado Cristiano Zanin Martins ao 247; "Mas o inquérito policial certamente chegará às origens das mentiras contra o meu cliente"

Vai dizer que não é n
otícia? Só se não for para a mídia tradicional.

Na vida real, como 247 noticiou na semana passada, um inquérito policial está em andamento na 78ª DP, no bairro do Jardim Paulista, em São Paulo, para apurar as origens e as fontes de propagação nas redes sociais, em sites e blogs de informações falsas sobre Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Ele vem sendo vítima de injúria e difamação, por meio da atribuição de compra de um jatinho, uma fazenda e associação com um grande frigorífico.

Agora, o caso acaba de ganhar mais um elemento explosivo. A polícia já sabe que um dos endereços eletrônicos de disseminação das mentiras contra Lulinha, como Fábio é conhecido, é o site Observador Político: www.observadorpolitico.org.br

No registro.com, órgão que armazena informações sobre a titularidade das páginas virtuais, a propriedade do Observador Político é dada ao iFHC, o elegante Instituto Fernando Henrique Cardoso, no centro de São Paulo.

Entre móveis de época que contrastam com amplos salões pelos quais desfila a nata da social-democracia mundial, em debates de alto nível intelectual, claro, o iFHC também possui o site que estimula discussões sobre diferentes temas, sempre propostos por internautas devidamente cadastrados em suas páginas de triagem.

Desde 18 de abril deste ano – e no ar ao menos até 18h30 desta sexta-feira 18 -, um dos temas publicados para o debate tem o seguinte título:

Enquanto o DESgoverno do PT distribui migalhas para os pobres Lulinha compra fazenda de 47 mi.

Lançada na rede com a assinatura "Deleted User" – usuário deletado -, a nota que se soma a muitas outras, em outros endereços eletrônicos, de ataque ao filho de Lula, é aberta assim:

Novo Mega Campeão do Brasil de enriquecimento súbito é o proprietário desta Fazenda. Fazenda Fortaleza comprada e certificada em Cartório de Registro de Imóveis.
Proprietário: FÁBIO LUIS LULA DA SILVA (isso mesmo)

Propriedade: Fazenda na região de Valparaíso/SP

Preço: 47 milhões de reais

Ao lado da publicação, a pergunta feita pelo Observador Político é: o que você tem a dizer?

Entre os dez comentaristas que entraram nesse debate, o que assina "mario jota" demarcou, no mesmo dia da postagem, que "cabe ao filho do Lula desmentir".

No entendimento do advogado de Fabio Lula, Cristiano Zanin Martins, não é tão simples assim. O Código Penal pode punir com o mesmo rigor os que originam uma injúria e difamação e os que a multiplicam.

"Não há diferença entre quem cria um boato, uma mentira, e quem os passa adiante", disse Martins ao 247. "Os dois polos que divulgam informações manifestamente falsas podem ser punidos igualmente".

O advogado esclarece que, no caso das falsas notícias veiculadas contra Lulinha, o problema não está em qualquer tipo de opinião contra a figura dele. "Não queremos censurar nada, mas sim repor a verdade e barrar a mentira. A honra dele foi atacada por esse continuado builliyng eletrônico".

247 procurou, no Instituto FHC, o dirigente Daniel Graziano, mas a atendente Valéria informou que ele não estava. O recado com o número de telefone da reportagem ficou lá.

É certo que respons&aa
cute;veis pelo Observador Político serão ouvidos pela polícia paulista. Caso a investigação caminhe para cima, no ponto mais alto da hierarquia do Instituto está o próprio ex-presidente Fernando Henrique, sem dúvida o maior contrário político ao ex-presidente Lula.

Isso pode mesmo acontecer?

"Talvez, mas nós preferimos não trabalhar com a teoria do domínio do fato", ressalvou o advogado Martins. "A polícia, que já tem as provas da materialidade do crime, saberá como agir", confia ele.

Para julgar melhor a dimensão do fato em investigação, imagine, por um momento, uma troca de personagens: o site do Instituto Lula alimentando debates com uma noticia falsa sobre o filho do ex-presidente FHC, Paulo Henrique Cardoso. Algo como a compra, por ele, de uma fazenda de R$ 47 milhões.

Daria manchete?

Vox Populi: Dilma vence todos, inclusive Marina, no 1º turno

Na simulação em que a presidente vence de maneira mais apertada, o resultado é de 41% para ela contra 40% da soma entre as intenções para a ex-ministra Marina Silva (21%) e o ex-governador José Serra (19%); Instituto Vox Populi realizou pesquisa nacional que aponta vitória da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições de 2014 contra todos os seus adversários; todas as simulações foram testadas; Dilma versus o tucano Aécio Neves e o socialista Eduardo Campos; a presidente contra a ex-ministra Marina Silva e o ex-governador José Serra; ou enfrentando Aécio e Marina ou Campos e Serra; também foram testados todos os cenários possíveis de segundo turno; confira os índices

Brasil 247

A presidente Dilma Rousseff (PT) venceria a eleição em primeiro turno, mesmo que a disputa se desse com a ex-senadora Marina Silva (PSB) e o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Também venceria com mais facilidade no embate com o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) e com o senador Aécio Neves. É o que revela a mais nova pesquisa do Instituto Vox Populi sobre a intenção de voto dos brasileiros para o pleito de outubro de 2014. Os números foram divulgados na noite desta terça-feira (15) pelo Jornal da Record, na TV Record, e pelo site da revista Carta Capital. O 247 divulgou, com exclusividade mais cedo que a pesquisa seria apresentada e que Dilma levava em 1º turno.

A pesquisa foi feita de casa em casa, e não abordando eleitores na rua. A menos de um ano das eleições, o percentual de eleitores que ainda não tem o voto definido varia de 19% a 27%. É o total de votos em branco, nulos e de pessoas que disseram ainda não ter candidato. Ou seja: em média, de cada 5 eleitores um ainda não decidiu em quem vai votar. A pesquisa entrevistou 2,2 mil eleitores em 179 municípios entre 11 e 13 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. 

Abaixo os números em todos os cenários de primeiro e de segundo turno: 

Cenário 1: 

Dilma 43%

Aécio 20%

Eduardo Campos 10% 

Cenário 2:

Dilma – 42%

Serra 21%

Campos 12% 

Cenário 3:

Dilma – 41%

Marina – 23%

Aécio 17% 

Cenário 4:

Dilma 41%

Marina 21%

Aécio 19% 

SEGUNDO TURNO:

Dilma – 47%
Aécio 27%


Dilma 47%
Serra 27%


Dilma 46%
Marina 31%


Dilma 48%
Campos 23%

 

Veja desconstrói Joaquim Barbosa, o herói que ela criou

Já escrevi inúmeros textos sobre Joaquim Barbosa. Salvo engano, a primeira vez foi aqui e a última aqui.

É possível que alguns não tenham concordado em nenhum instante com nada do que falei sobre ele e eu entendo. Afinal, a grande mídia brasileira, onde a Globo e a Veja ocupam cadeiras cativas e de grande destaque, fizeram dele o novo herói do Brasil. Disseram até que seria a máscara mais vendida no carnaval. Lembra? Fracasso total. Os comerciantes tiveram prejuízo.

É algo tão recente que mesmo o mais desmemoriado dos brasileiros é capaz de lembrar com detalhes tudo que se falou e se mostrou dele. Foi alvo dos maiores elogios e homenagens de que se tem notícia nos últimos anos. Não há nenhum membro na história do judiciário brasileiro que tenha sido tão incensado quanto ele.

Literalmente blindado pela imprensa, era um poço de virtudes. Os absurdos que cometeu foram devidamente escondidos do povo brasileiro.

O que chama a atenção agora é o cinismo da mídia. Ela já tem tanta certeza da sua impunidade moral, graças ao público que ela própria formou e sobre o qual tem absoluto controle, particularmente aquele pobre segmento que adora se dizer elite, que diz e desdiz como quem troca de roupa.

Um dia desses, herói, agora…

Há poucos dias um amigo me disse: “quando começo uma conversa e a pessoa diz ‘eu li na Veja’, não vou adiante. Desconverso e, se possível, saio de mansinho”.

Não faltam evidências que mostram que ele está coberto de razão.

O que está por trás disso? Muita coisa. E tudo se resume em uma só: jogo de interesses.

Nos vários textos que escrevi eu sempre disse que Barbosa era um instrumento do consórcio mídia/oposição/elite, estava a serviço dela. Por esta razão, enquanto lhe fosse útil seria blindado. Mas, tinha prazo de validade.

E essa validade estava diretamente ligada à condenação e prisão dos réus da AP 470, conhecida como mensalão. Só conseguiu parcialmente o seu objetivo e missão, foi derrotado. Talvez agora fique mais fácil entender todo o seu nervosismo e irritabilidade nos últimos tempos; pressentiu o fracasso e via vencer a validade. Vamos ver o que vai restar dele.

A mídia faz isso com perfeição. Constrói e destrói heróis de barro de tal forma que o público por ela formado não percebe.

Marina foi um desses na campanha de 2010. Sentindo que só com ela poderiam fazer o segundo turno com Dilma Rousseff, o consórcio mídia/oposição/elite a levou ao altar. Marina e seus seguidores não perceberam o quanto foram usados. O consórcio sabia que ela levaria ao segundo turno, mas não estaria nele. Levou-a ao altar e lá mesmo ela foi sacrificada. Serra foi para o segundo turno. Dilma venceu.

A inconsistência de Aécio dói. O seu vazio dá pena.

Agora, porém, há um risco iminente de que o PSDB não vá ao segundo turno (se é que vai haver segundo turno).

Os movimentos da mídia estão sendo ansiosamente aguardados. Vai bater em Campos/Marina? E se Aécio não for? Vendo-o tropeçar nas próprias pernas, não bate em Marina e a leva ao altar para, dessa vez, seguir com ela? Os dois netos então, Aécio e Campos, estariam fora (os netos não costumam ter biografia própria na política brasileira), porque se tiver que ir para o segundo turno não deverá ser Eduardo Campos e sim Marina. E é aí que entra a possibilidade de Serra… voltar a ser o candidato do PSDB.

A depender das conveniências, a mídia fará de Eduardo Campos e Marina heróis de prateleira como Joaquim Barbosa. Vai depender muito do que poderá surgir dos movimentos da Rede da Vingança do Partido dos Trabalhadores (RVPT).

Veja a reportagem do Brasil 247

Pela primeira vez em muito tempo, Reinaldo Azevedo, blogueiro de Veja.com, acertou; em artigo publicado nesta segunda-feira, ele afirma que o discurso político de Joaquim Barbosa solapa a credibilidade do Supremo Tribunal Federal; "Não dá! Alguém imagina um membro da Suprema Corte dos EUA a especular sobre a própria candidatura? Ou da Alemanha? Ou da França? Ou aqui pertinho, do Chile? Isso é coisa típica, lamento constatar, de republiqueta, em que as autoridades não se dão conta do papel de que estão investidas e não prestam atenção ao peso que têm suas respectivas funções", diz ele; na prática, ao se colocar como presidenciável, Barbosa deixa no ar a dúvida: virou político agora ou já era quando conduzia o processo do chamado mensalão e fazia demagogia com a toga?

Reinaldo tem razão: Joaquim Barbosa desmoralizou o mensalão

Se até um relógio quebrado acerta as horas duas vezes ao dia, por que, afinal de contas, Reinaldo Azevedo, blogueiro de Veja.com, não poderia dar uma dentro?

Nesta segunda-feira, ele condenou, de forma veemente, a fala de Joaquim Barbosa, num congresso de jornalismo no Rio de Janeiro em que, pela primeira vez, o presidente do Supremo Tribunal Federal se colocou como presidenciável (leia mais aqui).

A dúvida que paira no ar, a partir de hoje, é óbvia: se um presidente de uma suprema corte pode ter pretensões políticas, ele vira político apenas quando sai da magistratura ou já era político quando fazia demagogia com a toga e jogava para a plateia?

A partir de agora, todos os votos de Joaquim Barbosa, na Ação Penal 470 e em outros processos, estarão sob suspeita. Foram votos técnicos, com base na lei, ou decisões que visavam cimentar eventual candidatura política?

Num país sério, um presidente de uma suprema corte que se colocasse como político deveria, imediatamente, ser colocado sob suspeição. No entanto, foi a própria revista Veja quem incensou o político que já se assanhava sob a toga com a famosa capa sobre "o menino pobre que mudou o Brasil", aquele que, depois do caçador de marajás, poderia ser o caçador de petralhas (leia aqui reportagem do 247 a respeito).

Abaixo, o texto de Reinaldo:

Os despropósitos de Joaquim Barbosa: ele admite pretensões eleitorais e ataca sistema político. Está tudo fora do lugar!

Não fosse um absurdo em essência, seria o caso de recomendar ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo e relator da, como é mesmo?, “Ação Penal 470” que não desse mole a mensaleiros. Como, no entanto, ele errou no mais, o menos vem de troco. Explico-me. Na sua intervenção no congresso promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na PUC-Rio, ele confirmou que tem, sim, pretensões políticas, mas não para já.

Durante um bom tempo, muita gente especulou — especialmente os que o acusavam de perseguir os pobres réus do mensalão — de atuar movido por intenções políticas. Chegou a ser apontado como pré-candidato, e seu nome foi testado por todos os institutos de pesquisa. Em 2014, Barbosa já não pode fazer mais nada. Ainda que quisesse, perdeu os prazos. Mas e no futuro? Pois é… Reproduzo trecho (em vermelho) da reportagem da VEJA.com:

Pela primeira vez, o presidente do ST
F disse que refletirá sobre a possibilidade de entrar para a política após deixar a Corte. Barbosa também afirmou que tem intenção de se afastar do Tribunal antes dos 70 anos, quando se aposentaria compulsoriamente. O ministro tem 59 anos. ‘Refletirei sobre isso (ingressar na política), mas só depois de deixar o Supremo. Acho difícil ficar na Corte até os 70 anos. No momento, não tenho nenhuma intenção de me lançar candidato. No futuro, a médio prazo, terei tempo para pensar’, disse. Quando perguntado sobre onde estará em 2018, o ministro respondeu em tom de brincadeira: ‘Na praia’, dando uma pista da data em pretende deixar o STF.

Retomo

Não da! Alguém imagina um membro da Suprema Corte dos EUA a especular sobre a própria candidatura? Ou da Alemanha? Ou da França? Ou aqui pertinho, do Chile? Isso é coisa típica, lamento constatar, de republiqueta, em que as autoridades não se dão conta do papel de que estão investidas e não prestam atenção ao peso que têm suas respectivas funções.

Ora, a partir de agora, confessada a pretensão, é justo que os que não gostam (e até os que gostam) da atuação de Barbosa a vejam segundo o horizonte que admitiu para si mesmo. Ainda que alimentasse (alimente) pretensões políticas, é um despropósito que as revele. “Ah, isso é mais honesto!” Não! Isso é apenas imprudente. Vai contribuir para lançar sombras de suspeição sobre suas decisões, seja essa desconfiança justa ou injusta.

Foi mais longe, informa a VEJA.com. Mais uma vez, fora dos autos, como livre pensador, o que ele não é, deu-se a inconveniências. Reproduzo (em vermelho):

Em sua participação no debate da Abraji, Joaquim Barbosa criticou o sistema político brasileiro e até aos candidatos à presidência da República. “O quadro político partidário não me agrada nem um pouco”, disse, respondendo se via algum candidato com simpatia. O ministro também afirmou que política e o judiciário brasileiros. No “pequeno catálogo dos problemas da política”, segundo ele, estão o voto obrigatório, a impossibilidade de candidatura avulsa, o “assombroso” número de partidos políticos, a “mercantilização” das legendas e “o coronelismo e mandonismo” na estrutura interna de certos partidos políticos. “O povo tem sido ignorado e colocado à parte das decisões políticas no país”, avaliou.

Volto

Não é a fala de um juiz. É a fala de um político. Não é a fala de um presidente do Supremo. É a fala de um politico. Não é fala do chefe máximo de um Poder que tem também as características de Poder Moderador. É a fala de um político. E, agora, não é um mensaleiro que está a dizê-lo, mas um jornalista que acha que aquela turma tem de ir para a cadeia: é em outro prédio que se fala assim, não no Palácio da Justiça.

Nem me estendo sobre o mérito  das decisões de Barbosa no caso do mensalão — eu acho que ele teve uma boa atuação, mas isso, reitero, não está em pauta. Foi ele quem decidiu investir na confusão nesta segunda. Não gosto quando lideranças políticas fazem essas avaliações genérico-apocalípticas, na base do “nada funciona”, “tudo é mesmo uma porcaria”, “olhem que lástima”… Essas coisas tem o inegável sabor da demagogia barata. Como se diz em Dois Córregos, “nem diminói nem contribói”. Esse tipo de intervenção só serve para colocar sob suspeição sua própria atuação.

Não é o primeiro a fazê-lo. Luiz Roberto Barroso também já se entregou a essas especulações. Como esquecer aquele 28 de agosto em que negou provimento a um embargo de declaração impetrado pela defesa de José Genoino com uma crítica demolidora ao sistema político, relevando, no entanto, as qualidades morais e a biografia do condenado?

O Regimento Interno do Supremo deveria ser acrescido de um suplemento sobre decoro e boas maneiras. Quando ministros do Supremo começam a se comportar como políticos, os políticos se assanham e começam a querer se comportar como juízes, e tudo fica fora do lugar. 

Bolsa família vence prêmio ISSA, o Nobel social

Fundada na Suíça, em 1927, e reconhecida por 157 países e 330 ONGs, Associação Internacional de Seguridade Social concede seu maior prêmio ao Bolsa Família; reconhecimentos ocorrem apenas de três em três anos; atacado no Brasil, programa foi julgado como "experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza"; em entrevista coletiva no Ipea, nesta manhã, ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, afirma que "premiação internacional reconhece o esforço do país para construir uma rede de proteção social"; estudo inédito do instituto sobre o impacto da iniciativa na economia revela que se o Bolsa Família fosse extinto, a pobreza passaria de 3,6% para 4,9%; além disso, cada real gasto com o programa, que completa 10 anos, faz a economia girar 240%

Brasil 247

O governo não tem como não comemorar. Polêmico no Brasil, onde é alvo de ataques em razão de falhas pontuais e, também, pelo que é visto por muitos como ‘caráter assistencialista’, o programa Bolsa Família acaba de receber aquele que é considerado o prêmio Nobel da seguridade social.

Trata-se do Award for Outstanding Achievement in Social Security, concedido pela Associação Internacional de Seguridade Social. Com sede na Suíça, essa entidade foi fundada em 1927 e é reconhecida por 157 países e 330 organizações não governamentais. O grande prêmio, concedido depois de uma série de pesquisas in loco, só é concedido a cada três anos.

O Bolsa Família, que está completando 10 anos de existência no atual formato, foi considerado pela ISSA como "uma experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza e na promoção da seguridade social".

Em coletiva de imprensa concedida no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta manhã, em Brasília, a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou que a "premiação internacional reconhece o esforço do país para construir uma rede de proteção social".

O instituto apresentou um estudo inédito sobre o impacto da iniciativa, que completa dez anos, na economia. De acordo com Marcelo Neri, presidente do Ipea, se o Bolsa Família fosse extinto, a pobreza passaria de 3,6% para 4,9%. "É um impacto de 28% e o efeito aumenta ao longo do tempo", afirma Neri.

Ainda segundo o estudo, apresentado por ele, "cada real gasto com o Bolsa Família impacta a desigualdade 370% mais que a previdência social" e faz a economia girar 240%. O presidente do Ipea afirmou que, comparado com outras despesas, o programa consome poucos recursos (0,5% do PIB). "Os EUA gastam 2% do PIB com programas sociais, e os países europeus ainda mais", lembrou.

Leia a íntegra do estudo aqui.

Abaixo, texto da assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social:

Brasil recebe prêmio internacional por Bolsa Família

O governo brasileiro recebeu prêmio internacional por causa do programa Bolsa Família. A Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA) anunciou hoje, 15 de outubro, na Suíça, o país como vencedor do I Prêmio Award for Outstanding Achievement in Social Security em reconhecimento ao sucesso do Bolsa Família no combate à pobreza e na promoção dos direitos sociais da população mais vulnerável do Brasil.

A ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, comenta o prêmio em coletiva de imprensa nesta manhã, no auditório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília (Setor Bancário Sul, Quadra 1, Ed. BNDES/Ipea, subsolo).

A ISSA é a principal organiza&cce
dil;ão internacional voltada à promoção e ao desenvolvimento da seguridade social no mundo, atuando na produção de conhecimento sobre o tema e no apoio aos países para a constituição e aprimoramento de seus sistemas de proteção social. Fundada em 1927, a organização tem filiadas 330 organizações em 157 países.

O prêmio, entregue a cada três anos, é atribuído a instituições e programas, conforme a relevância de sua contribuição. Sua primeira edição foi dedicada ao Bolsa Família porque, segundo a ISSA, o programa é uma "experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza e na promoção da seguridade social".

Na coletiva a ser realizada hoje, o presidente do Ipea e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, apresentará o estudo inédito "Efeitos macroeconômicos do Programa Bolsa Família: uma análise comparativa das transferências sociais", que será um capítulo do livro Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania, a ser lançado em parceria por MDS e Ipea em 30 de outubro, durante evento comemorativo dos 10 anos do programa.

FHC, mídia e elite: incompetência no mais alto nível

FHC: A impotência da mídia para impor um “legado”

Por Luiz Carlos Azenha, no VIOMUNDO

O grau de cumplicidade ideológica entre Fernando Henrique Cardoso e os barões da mídia brasileira é enternecedor. O sociólogo tem passe livre: espaço assegurado para apresentar suas ideias em colunas, entrevistas, artigos de opinião.

Esta identidade foi forjada numa suposta necessidade de “modernizar” o Brasil, “arejar suas ideias”, desfazer-se do legado estatista e atrasado do trabalhismo getulista.

O que os militares pós-golpe de 64 fizeram pela força ao combater a “república sindicalista” FHC faria através do consenso midiático, para livrar das amarras o espírito animal do capitalista brasileiro.

Conversa para boi dormir: foi o dinheiro público injetado nas privatizações que permitiu a sobrevivência daquele “espírito animal”, às custas do patrimônio de todos. Ganhou o capital internacional, o capital nacional associado a ele e, obviamente, a mídia, seja por benefícios econômicos diretos ou indiretos.

Esta cumplicidade entre FHC e os barões da mídia só fez crescer depois do início da era Lula. O sociólogo passou a ser, a partir de 2002, um instrumento ao qual se recorreu com frequência com o objetivo de desconhecer os avanços sociais obtidos pelo Brasil sob o lulismo.

O PT teria apenas colhido os frutos de políticas adotadas anteriormente, sua grande virtude teria sido administrar o legado de FHC — é o que ouvimos no passado e continuamos ouvindo no presente, obedecendo a padrões mais ou menos sutis de distorção das estatísticas.

O cômico da situação acima narrada é que o “povo”, supostamente beneficiado pelo legado de FHC, se nega terminantemente a reconhecer o sociólogo — num fracasso que deixa óbvia, também, a incapacidade da própria mídia de falar para fora dos “seus”.

É como se os estratos excludentes da sociedade brasileira vivessem num universo paralelo, como o cachorro que morde o próprio rabo.

Um glorioso abraço de afogados.

Obs do Falando da Vida. Veja no gráfico abaixo (retirado da pesquisa do DataFolha) como 58% da população não votariam em candidato indicado por Fernando Henrique Cardoso.

A mídia até hoje quer convencer a população que ele é o máximo e a população até hoje continua achando que ele é um embuste. 

 

Malandro demais vira bicho

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho

Há dias que um samba do Bezerra da Silva toca na minha vitrola interior. “Eu já disse a você que malandro demais/ vira bicho”, cantava o inesquecível filósofo das favelas. A letra é uma advertência àqueles que falam demais, contam vantagem e se acham o centro do mundo. E conclui que o sujeito, na verdade, é um “tremendo fim de festa, um pisa na bola, um zé mané”.

Não tem como deixar de pensar na nova dupla dinâmica da política nacional: Marina Silva e Eduardo Campos.

De início, achávamos que Eduardo havia dado uma tacada brilhante, mas que Marina seria apagada e oprimida pela contradição de se mostrar tão ávida pelo poder a ponto de entrar num partido como PSB, legenda que jamais teve qualquer protagonismo no debate ambiental e se notabilizou, nos últimos anos, pelo mais escancarado pragmatismo político de que se tem notícia.

O PSB cresceu, aliás, na esteira desse pragmatismo. Aliando-se ao PT aqui, ao PSDB acolá. Eduardo Campos, quando iniciou suas articulações, também se notabilizou pela incrível desenvoltura com que se aliou aos nomes mais tradicionais do antipetismo – e isto ainda participando do governo petista e aliado aos petistas em seu estado.

Pouco antes de Marina se juntar a Campos, o pragmatismo socialista atingira seu apogeu, com a filiação de Heráclito Fortes e Paulo Bornhausen, e a adesão entusiástica de Ronaldo Caiado a seu projeto.

É justamente neste momento que chega Marina, unindo-se ao PSB numa pirueta absolutamente… pragmática. Mais que isso, numa pirueta inacreditavelmente antidemocrática e voluntarista, visto que ela decide sozinha atrelar a Rede ao PSB. Toda aquela historinha de um novo fazer político, de ativismo autoral, horizontalidade, política em rede, se esvai na primeira dificuldade. Mais importante que os princípios é a perspectiva de poder. O poder pelo poder.

E ai de quem criticar! Na contramão do seu falso discurso paz e amor, acima das polaridades, Marina não hesitou em lançar calúnias contra quem não partilha de suas ideias, ao sugerir que todos que a criticam recebem “verba pública”. Ela criou uma nova polaridade: marineiros do bem X militantes do mal.

A coisa, no entanto, é muito pior. Ao perder a votação no TSE, Marina Silva envereda por um caminho sinistro. Ao invés de, humildemente, admitir que falhou, ao deixar para recolher assinaturas em cima da hora, a ex-ministra opta por desqualificar a justiça eleitoral, uma das raras instituições públicas que os vira-latas, até então, jamais ousaram criticar.

Marina se acha tão boa, tão importante, tão perfeita, que se considera acima da justiça eleitoral, a qual deveria se curvar à sua magia. Malandro demais, dizia Bezerra, vira bicho…

Ela está acima dos partidos, da política e da lei. Paira num olimpo ético tão imaculado, tão higiênico, que pode se dar ao luxo de aderir, oportunisticamente, a uma legenda tão suja, pragmática e contraditória como qualquer outra do sistema partidário brasileiro e se manter pura como um suíno fantasmagórico a vagar incólume por um chiqueiro enlameado.

Como íamos dizendo, a impressão inicial, de que a novidade era uma cartada genial de Campos se desfez, dando lugar a uma outra, bem menos positiva ao pernambucano. Quem parece ter sido esperta mesmo foi Marina. Em questão de dias, ela engoliu Eduardo Campos, inclusive traindo sua promessa de apoiar a candidatura “já posta” do socialista. Ela conseguiu dar outra pirueta e agora é ela, não Campos, a candidata do PSB.

Pior, Marina passou subitamente a dar as cartas na legenda, transformada do dia para noite numa agremiação “marineira”. Seu ataque à Ronaldo Caiado gerou um prejuízo enorme a Campos, porque colou nele a imagem de um político volúvel e desleal. Seria natural que houvesse mudanças nos arranjos após a entrada de Marina. Mas esse tipo de coisa se faz com cuidado, após debates internos, alguns privados, outros públicos. Marina chegou dando ordens ao PSB, pelos jornais!

O dano foi grande porque o PSB não perdeu apenas Caiado, que aqui entre nós não vale nada mesmo. Ele perdeu o agronegócio inteiro, ou seja, o setor econômico mais importante e mais dinâmico do país. Todas as lideranças rurais assistiram, estupefatas, a grosseria de Marina contra Caiado. Grosseria sim, porque foi Campos quem procurou Caiado. Foi Campos quem prometeu o Ministério da Agricultura a Caiado. E daí, de um segundo para outro, ele rifa o seu principal aliado no Centro-Oeste? O que ele fez com Caiado, à direita, pode ser feito a qualquer aliado à esquerda. Basta Marina dar uma entrevista aos jornais.

Marina já está usando sua vantagem nas pesquisas de intenção de voto para se impor monocraticamente ao partido, sem necessidade de negociar politicamente. E isso tende a piorar.

No mesmo dia em que Campos perde o apoio do agronegócio, que apesar de ser ideologicamente conservador, é ao menos um setor ligado à produção, à segurança alimentar, ao comércio exterior, no mesmo dia a imprensa nos informa que Marina irá apresentar Campos a executivos do banco Itaú, seu principal patrocinador.

Ora, quer dizer que os “sonháticos” rejeitam os fazendeiros, mas caem de amores pelos banqueiros? Elas por elas, os bancos são infinitamente piores que os produtores rurais. Estes são conservadores, mas plantam a soja e o milho que alimentam vacas e frangos que suprem necessidades protéicas do Brasil e do mundo. Os fazendeiros são contra os juros altos, porque dependem de financiamentos bancários. Os banqueiros são A FAVOR dos juros altos, porque vivem de rendas. Os fazendeiros, mal ou bem, são nacionalistas, ligados à terra, e querem obras de infra-estrutura, para escoarem suas safras. Os banqueiros são ligados apenas ao capital, independente de sua nacionalidade, e não se importam com obras, porque o dinheiro não precisa de estradas, ferrovias ou portos.

Ao rifar o agronegócio para se aliar ao Itaú, Campos dá um passo decisivo na direção do rentismo, que é, seguramente, o pior tipo de parasita da nossa economia.

Datafolha: Dilma cresce e venceria no 1º turno

Por Miguel do Rosário, no blog Tijolaço

primeira pesquisa eleitoral realizada após a “fusão” entre Campos e Marina é uma ducha de água fria nas pretensões da oposição.

Realizada na sexta-feira, uma semana após Marina Silva se filiar ao PSB com objetivo, segundo palavras dela própria, derrotar o “chavismo do PT”, a sondagem do Datafolha mostra quase uma reviravolta no quadro eleitoral.

Em favor de Dilma.

Surpreendendo as análises mais otimistas, a presidente ampliou sua vantagem sobre os adversários. Ao final de agosto, a melhor performance de Dilma no Datafolha era de 35%. Agora tem 42%, o que corresponde a uma vitória tranquila no primeiro turno. Aécio e Campos somados tem 36%.

Comentários de Fernando Brito, no blog Tijolaço:

… diz o próprio jornal “os números de ontem sugerem que o espólio eleitoral de Marina foi dividido de forma quase idêntica entre Dilma, Aécio e Campos. A petista teria herdado 7 pontos; o tucano, 8; o socialista agora apoiado por Marina, 7″.

Portanto, ainda assim, com rede de TV, e “overmídia”, menos de um terço dos possíveis eleitores de Marina vão para Campos, apesar de, em tese, não faltar informação sobre o (será mesmo?) apoio da ex-senadora ao pernambucano.

(Eduardo) Campos registra uma rejeição desproporcional a seu grau de conhecimento. 25% dos entrevistados o rejeitaram, o que talvez reflita o sentimento crescente de que Campos tenha “traído” seu maior padrinho eleitoral, o ex-presidente Lula.

Portanto, uma leitura atenta destes dados, filtrada pelo “ainda assim” que fica evidente, mostra que Aécio e Campos saíram como os derrotados desta rodada. E Serra e Marina prontos para continuar a exercer as pressões sobre seus “candidatos postos” pelos métodos que sabemos.

E Dilma, ainda sem Lula ter acendido o farol de seu prestígio para guiar o eleitor, segue tranquila, com lastro para enfrentar a tempestade de mídia que vem pela frente.

O Datafolha? O Datafolha, perdoem-me o chulo do ditado, só comprova o jocoso chiste sobre a estatística ser como a minissaia: mostra tudo, mas encobre o essencial. 

Surge a nova Rede: RVPT

No restabelecimento da democracia, após a longa noite de trevas da ditadura militar, lá estavam o MDB e a Arena, este com origem na própria ditadura. Com o tempo o MDB se transformou em PMDB, a Arena em PFL, depois em DEM (em processo de extinção) e foram surgindo PT, PTB, PDT, PSDB (respira por aparelhos) e tantos outros.

O Brasil se notabilizou então pelo surgimento de diversos partidos políticos, na maioria das vezes com objetivos bem claros e escusos. Hoje, são 32 partidos.

Apesar de discordar completamente de Juracy Magalhães (político cearense que fez carreira na Bahia), quando disse que “tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, cabe uma comparação, só para nos situarmos; nos Estados Unidos existem dois partidos; Democratas e Republicanos.

Aproveito e abro um parêntese. Juracy Magalhães, avô de Jutahy Magalhães Jr. (mais um neto na política, PSDB-BA), com aquele pensamento “progressista” de colonizado, hoje seria tranquilamente avô político de muitos desses netos que andam por aí na cena política brasileira.

Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, um dos grandes políticos brasileiros, foi Ministro de Ciência e Tecnologia de Lula e de lá saiu para ser governador de Pernambuco.

É difícil encontrar outro governo estadual que tenha tido apoio tão forte do governo federal (Lula e Dilma) quanto teve Eduardo Campos. O Brasil todo sabe, Pernambuco em particular, que Lula fez Eduardo Campos.

No entanto, quem leu o Balaio do Kotscho, blog de Ricardo Kotscho, viu que, apesar de ser cria de Lula, Eduardo Campos guarda ressentimentos de Lula e do PT.

Reproduzo um parágrafo do texto de Ricardo Kotscho:

“Assim como Eduardo Campos ficou magoado com a postura de Lula durante a campanha municipal de 2010, Marina saiu do PT ressentida por não ter conseguido espaço para seus sonhos presidenciais, uma vez que Lula já tinha se definido pela candidatura de Dilma Rousseff para a sua sucessão ainda em 2006. Mágoa e ressentimento estão na gênese da ‘Coligação Democrática’ anunciada em Brasília, como se pode constatar nos discursos”.

Em seu discurso de filiação ao PSB, Marina declarou em alto e bom som: “A minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República, é contra o PT…”

Surge assim a Rede da Vingança do Partido dos Trabalhadores, RVPT.

Jorge Bornhausen, ex-presidente do DEM, reconhecido como homem de direita, é hoje um dos importantes recém filiados do Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido que faz parte da Rede. É dele a famosa frase; “Vamos acabar com essa raça”. Claro, referindo-se ao PT.

Bornhausen começou a sua carreira política na ditadura, com grande apoio dos militares. Continuou depois no PFL (agora DEM) e esteve todos esses anos sempre ao lado de Antônio Carlos Magalhães, José Agripino Maia, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, José Roberto Arruda, Ronaldo Caiado e muitos outros, todos com profundas ligações com o povo. Neles, um traço em comum; sempre estiveram contra projetos que foram lançados para beneficiar as camadas mais pobres da sociedade, como Bolsa Família (bolsa esmola, como chamaram), Minha Casa, Minha Vida e tantos mais.

É com ele e outros, como Heráclito Fortes (ex-DEM e agora PSB-PI), que Eduardo Campos vai “fazer mais” pelo povo. É com eles que Marina vai mudar a forma de fazer política no Brasil. É com eles que ela vai fazer a “nova” política brasileira. Claro, em breve, assim que as coisas se definirem, também com apoio da mídia brasileira, com a sua visão progressista do Brasil.

Luiza Erundina, que não deixa dúvidas quanto ao ódio pelo PT, já está lá. Quem sabe nomes como Heloisa Helena, Roberto Freire e tantos outros venham a se filiar em breve à nova rede. Motivo todos têm. E é o mesmo; ódio ao PT.

A sustentabilidade da rede está garantida, pois, diferentemente de outras que possam vir a existir, a RVPT não faz restrições ideológicas. No seu pragmático projeto, contempla todo e qualquer político, todo e qualquer partido e todo e qualquer intelectual ou artista que tenham no ódio ao PT a sua razão de existir.

Dizem que há um limite para tudo. É o que se percebe nas vozes que começam a se manifestar nas redes sociais e mesmo em conversas informais, expressando um misto de surpresa e decepção, afinal, quem poderia imaginar a atitude de Marina.

Pior ainda é saber
que ela não tomou a decisão de se candidatar pelo sonho de mudar o Brasil.
Além da pressão dos seus bilionários patrocinadores, de cuja existência somente agora alguns tomam conhecimento, é uma pena que justamente a evangélica e pura Marina tenha guardado nesses anos todos no seu coração tanto ressentimento e ódio pelo PT, ao ponto de dizer, sem nenhum pudor, que “a minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República, é contra o PT…”

De Eduardo Campos já se esperava algo desse tipo, afinal já vinha dando sinais nessa direção há algum tempo. Perdeu-se na vaidade e ambição. Marina Silva se perde num enorme sentimento de vingança por um homem, Lula, e um partido, PT, seus criadores.

É muito ódio e desejo de vingança para quem quer ser Presidente do Brasil.