Dilma vira o jogo!

Por Miguel do Rosário do blog O Cafezinho

Veja toda a matéria, inclusive com os gráficos, aqui no Tijolaço

Os analistas da mídia vão demorar alguns dias para admitir isso de maneira franca e transparente. Mas os números do Datafolha divulgados hoje mostram uma espetacular virada nas expectativas políticas e eleitorais. Até então, os opositores de Dilma apostavam numa degeneração constante e gradual da popularidade presidencial, arrastada pelos protestos de junho, inflação crescente e deterioração geral de índices econômicos.

Entretanto, política – especialmente no Brasil – é um jogo cheio de reviravoltas surpreendentes. Quer dizer, talvez se tivéssemos olhado com mais atenção pudésssemos ter previsto, mas depois que as coisas acontecem é sempre mais fácil compreender o que aconteceu. Difícil é entender o futuro.

Os seis pontos recuperados por Dilma em sua popularidade, passando de 30% para 36%, representam um golpe na campanha de grandes proporções que setores de oposição vinham patrocinando, até então com sucesso, para reverter a expectativa de uma vitória de Dilma em 2014. Era importante que o “baixo astral” de Dilma se mantivesse até outubro, quando se encerram prazos eleitorais importantes para as eleições.

A campanha, que tinha apoio eufórico da grande mídia, deu nos burros. O emprego se manteve firme, a inflação caiu, com ênfase na cesta básica e transportes. A produção industrial registrou um sólido crescimento em junho, com destaque para a indústria de bens de capital, que cresceu quase 20% sobre o ano anterior.

O escândalo do propinoduto tucano, que a Istoé, redes sociais e imprensa internacional, fizeram a mídia tradicional engolir à força, cumpriu um papel fundamental de romper um dos últimos bastiões da hipocrisia partidária, e produziu uma perigosa fissura na principal fortaleza tucana, o Palácio dos Bandeirantes.

Os ânimos se acalmaram em relação aos protestos. A ficha parece ter caído na população de que protestar é legal, mas com foco, objetivo, métodos civilizados, e prazo. Há hora de protestar, há hora de comemorar as conquistas, e há hora de trabalhar. Segundo o Datafolha, o apoio popular aos protestos registrou forte queda. No auge deles, 65% achavam que eles lhes trariam melhoras pessoais: agora são 49%.

Interessante notar que Dilma recuperou terreno principalmente no Sudeste, onde seu índice de ótimo/bom cresceu de 26% em 28 de junho para 32% agora; e seu índice de ruim/péssimo caiu de 30% para 24%. Como se diz em tempos eleitorais, a boca do jacaré voltou a se abrir.

Na análise segmentada por renda e escolaridade, a recuperação de Dilma também é notável junto aos setores onde ela mais perdeu em junho: classe média e mais escolarizados. Vale lembrar que Dilma, à diferença de Lula, vinha se caracterizando por uma sólida popularidade nestes dois segmentos, conforme se pode verificar na tabela abaixo, com dados até o final de junho. Dilma possuía, até pouco tempo, muita força na classe média, perdida subitamente após os protestos de junho; e que agora inicia um processo de recuperação.

Observe que Dilma chegou a possuir 70% de ótimo/bom entre os que ganham mais de 10 salários; era o seu maior índice, uma anomalia para um governo progressista. Após os protestos, esse índice cai para 21%; e agora está em 29%. Na faixa de renda mais representativa da classe média, a que ganha entre 5 e 10 salários, o ótimo/bom de Dilma passou de 25% ao fim de junho para 32% agora, e o ruim/péssimo caiu de 31% para 26%.

À guisa de conclusão, podemos dizer que a recuperação de Dilma está ligada à uma mudança de estratégia, com a presidente estabelecendo diálogos com diversos movimentos sociais, coisa que não vinha fazendo antes. Tudo que não pode acontecer é a melhora dos números fazer o staff da presidente “relaxar” novamente e voltar a se isolar em seu tecnicismo frio e apolítico. Falta ainda aprimorar, e muito, a estratégia de comunicação, com uso mais assertivo, intenso e criativo das redes sociais; seria ótimo que isso acontecesse antes do 7 de setembro, data na qual os movimentos de protesto – desta vez com muita participação de grupos truculentos, de um lado, e reacionários, de outro, – devem usar para acordar novamente o “gigante”.

Andrea Matarazzo arrecadou junto à Alstom para campanha de Fernando Henrique Cardoso

Empresa francesa, dona de contratos com governos tucanos, foi punida em vários países onde foi investigada por corrupção. No Brasil, foi blindada pela Assembleia Legislativa e a imprensa

Blog da Helena no Rede Brasil atual

 

Candidato à reeleição, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), parece  não se sentir constrangido em aparecer na imprensa com o discurso de “eu não sabia”. Se houve cartel, diz ele, o estado é "vítima" e buscará o ressarcimento.

As investigações sobre a existência de propina denunciada pela Siemens apontaram que já existiam indícios de esquemas ilegais nos processos de fornecimento de equipamentos em 1998, na gestão do governador Mário Covas, também do PSDB.

Em 2008, o jornal americano Wall Street Journal revelou que a Alstom estava sendo investigada na França e na Suíça por ter pagado propinas em vários países. Posteriormente, a empresa foi investigada e punida em quase todos os países. Menos no Brasil, graças à blindagem da Assembleia Legislativa e da imprensa.

Serra, Alckmin, Mario Covas… E se mexer mais um pouquinho o cordão de tucanos aumenta mais. Ontem (6), a Polícia Federal indiciou o vereador paulista Andrea Matarazzo (PSDB) por considerar que ele recebeu propina da Alstom quando foi secretário estadual de Energia, em 1998. A PF investigou negócios do grupo francês com o governo de São Paulo entre 1995 e 2003 – governos Covas e Alckmin.

Duas empresas do grupo Alstom foram citadas nas planilhas eletrônicas do comitê financeiro do PSDB que teriam abastecido o caixa dois da campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição, em 1998. As empresas são a Cegelec e a ABB. As planilhas atribuíam a Matarazzo, então secretário de Energia, a missão de buscar recursos junto a empresas.

As estatais de energia eram os principais clientes da Alstom no governo paulista. Em 1998, Matarazzo acumulou o cargo de secretário com o de presidente da Cesp. O vereador nega.

Memorandos internos trocados em 1997 entre diretores da Alstom, na França, apreendidos por promotores da Suíça que investigam operações do grupo, diziam que seriam pagas "comissões" sobre contratos negociados com o governo paulista.

Num desses memorandos, um diretor da Cegelec em Paris se disse disposto a pagar 7,5% para obter um contrato de R$ 110 milhões da Eletropaulo. A Alstom comprou a Cegelec naquele ano. Os papéis citam que a comissão seria dividida entre "as finanças do partido", "o Tribunal de Contas" e "a Secretaria de Energia". A Eletropaulo era subordinada até abril de 1998 à pasta dirigida por Matarazzo.

O ano de 1998 foi marcado por eventos relacionados às investigações iniciadas na Suíça:

1) O contrato em que a Cegelec dizia estar disposta a pagar uma comissão de 7,5% foi firmado naquele ano;

2) Foram feitas  duas transferências de dólares ordenadas pela Alstom francesa, que foram parar na conta daoffshore MCA Uruguay Ltd., nas Ilhas Virgens Britânicas, controlada pelo brasileiro Romeu Pinto Júnior, no valor de US$ 505 mil, que seriam usados na propina.

Com a privatização da Eletropaulo, o contrato de R$ 110 milhões foi herdado pela Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), outra estatal paulista. Com a reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998, Matarazzo assumiu no ano seguinte o cargo de ministro-chefe de Comunicação da Presidência.

Com Fernando Henrique na presidência, a Alstom, um dos maiores grupos do mundo na área de energia e transportes, tinha contratos à &e
acute;poca também com estatais da União, como Petrobras, Eletrobras e Itaipu. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo de dezembro de 2000 mostrou que Matarazzo arrecadou ao menos R$ 3 milhões para o caixa 2 tucano. Na planilha com as metas de arrecadação, aparece o nome "Andrea Matarazzo – MM". Além da relação das empresas, a planilha menciona nomes de diretores ou contatos a serem procurados pelos arrecadadores de campanha.

Rombos e desvios praticados pelo PSDB e publicados pela mídia, ainda que sem citar os nomes dos políticos tucanos ou partido, são apenas a ponta de um icerberg. Se a Justiça aprofundar as investigações, provavelmente encontrará evidências de negociações também no Rodoanel, apelidado de “Rouboanel” nos bastidores.

E no meio da série de denúncias envolvendo o alto tucanato paulista, cabe a pergunta: por onde anda o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o rei das CPIs contra os adversários políticos. Sumiu? Tirou férias?

Caso Siemens desmoraliza de vez a mídia engajada

Do Brasil 247

Nunca foi tão fácil enxergar o cinismo, a desfaçatez e a hipocrisia da imprensa brasileira. Bastou que um escândalo atingisse seus aliados políticos tradicionais, para que essa postura viesse à tona. Do escândalo Siemens, emerge uma mídia que opera com dois sistemas métricos distintos: um para os amigos, outro para os adversários.

De todas as peças produzidas até agora, a mais cara de pau é o editorial de Veja, assinado por Eurípedes Alcântara. "Há indícios, mas não provas", diz o diretor de Veja. No mundo da Editora Abril, os olhos estão fechados para os emails da Siemens e da Alstom que falam em licitações combinadas e até em propinas para grão-tucanos como Robson Marinho, ex-secretário da Casa Civil, e Andrea Matarazzo, figura próxima a Mario Covas, José Serra e Fernando Henrique Cardoso.

No mundo de Veja, não existem provas, apenas indícios, mas há três anos a imprensa noticiou o bloqueio de uma conta na Suíça atribuída a Robson Marinho, braço direito de Mario Covas, cujos recursos seriam provenientes da Alstom (leia aqui reportagem do Estado de S. Paulo). Documentos agora revelados – e ignorados por Veja – falam que a propina da Alstom cobriria RM (Robson Marinho), o partido (o PSDB) e a Secretaria de Energia (ocupada, à época, por Matarazzo).

Como Eurípedes sabe que empresta sua pena a um argumento indefensável, ele praticamente dá um piti, no seu editorial. "A esta altura, porém, não há como esquecer que o PR, o PTB, o PMDB e, claro, o PT acostumaram o Brasil a um padrão de escândalos tão abundantes em provas e com enredo tão ousado quanto primário que é impossível ser igualado. São dólares na cueca, mansão cheia de prostitutas em Brasília, Land Rover, jatinhos, governo paralelo montado em quartos de hotel, balcão de negócios dentro do Palácio do Planalto, filme de corrupto embolsando dinheiro, confissão, drama, condenação à prisão pelo STF – só não tem arrependimento".

O que ele não afirma é que o padrão do metrô supera toda a sua descrição. Mais sofisticados, os tucanos operaram com empresas internacionais, indicaram a elas que empresas deveriam ser subcontratadas e, em alguns casos, como parece ser o de Robson Marinho, apontaram as contas no exterior que deveriam receber os recursos.

Diante das evidências, cai por terra o argumento de que a imprensa brasileira representa "os olhos e ouvidos da ação". Veja, por exemplo, é claramente caolha. Só enxerga o lado que interessa. Mas não está só. Antes dela, o colunista Merval Pereira lamentou a corrupção tucana e se apressou em inocentar o ex-governador José Serra (leia aqui). Reinaldo Azevedo deu um chilique e afirmou que a teoria do domínio do fato, usada pela Polícia Federal para indiciar Andrea Matarazzo e pelo Supremo Tribunal Federal para condenar José Dirceu, não poderia ser aplicada ao político tucano (leia aqui).

Ora, se a mesma cautela fosse aplicada aos adversários dessa mesma imprensa, o julgamento mais emblemático dos últimos anos teria transcorrido de forma bem menos turbulenta. No entanto, se para os amigos as provas podem ser transformadas em indícios, para os adversários os indícios também podem ser convertidos em provas. Além disso, essa mesma imprensa que faz da ética seu cavalo de batalha se julga no direito de colocar a faca no pescoço de juízes – como Veja faz nesta semana em relação a Ricardo Lewandowski (leia aqui) – para defender seus interesses políticos, que, na prática, são interesses comerciais.

Pobres dos juízes e procuradores que se deixam manipular por uma imprensa partidária, seletiva, autoritária e, agora, totalm
ente desmoralizada.

PS: o editorial de Eurípedes termina com a piada do ano. "Ao escândalo Siemens faltam evidências sólidas. Tanto quanto as autoridades, os repórteres de Veja as estão buscando".

Podem rir à vontade.

 

Tucanos e Globo estariam envolvidos no mensalão

Por Rodrigo Penna no Megacidadania

Tucanos e Globopar estariam envolvidos no mensalão. Muitos já tem conhecimento que a Globopar, empresa holding da Rede Globo, pegou empréstimo junto ao Banco Rural nos mesmos moldes do PT e que estes empréstimos foram considerados fraudulentos, sendo que no mensalão, a AP 470, só os petistas estão sendo julgados e a Globopar foi preservada e isso é muito estranho.

Muitos já sabem que o Banco Rural está sob intervenção.

O que poucas pessoas sabem é que o dinheiro para o empréstimo que o Banco Rural fez para à Globopar foi captado no exterior …. tchan !!!

E é aqui que a coisa começa a se complicar e junta TUCANOS, Banco Rural e Globopar.

A Globo estava quebrada, o Banco Rural captou dinheiro no exterior emprestou para a Globo e até hoje a Globo não teria liquidado a operação de empréstimo.

E não liquidou por um motivo muito simples, TUDO INDICA, segundo fonte que pede para ser preservada, que o dinheiro foi captado no exterior junto a tucanos de alta plumagem que tinham dinheiro em paraísos "VIRGENS".

Estaria aí o motivo de tanta "UNIÃO" entre os tucanos e a Rede Globo que insiste em preservá-los mesmo diante da avalanche de comprovações do propinoduto do TRENSALÃO.

Os tucanos e a Globo contaram para suas impunidades com a prestimosa contribuição da Procuradoria Geral da República e Ministério Público Federal e do Joaquim Barbosa que colocaram a operação de empréstimo (acima relatada) no SIGILOSO GAVETÃO, o inquérito 2474, e tudo mais que pudesse desviar o foco do PT e petistas, o alvo a ser atacado. LEMBRANDO que é neste GAVETÃO, o inquérito 2474, que dormitou por longo tempo os documentos que inocentam Pizzolato e que desmontam a tese central da acusação.

A "fonte" que pede para ser preservada irá disponibilizar documentos comprovando as informações que estamos divulgando em primeira mão.

AGUARDEM QUE VEM CHUMBO GROSSO POR AÍ.

Para quem quiser saber mais sobre a relação incestuosa entre mídia e tucanos, duas reportagens esclarecedoras:

1) Desde 2004, PSDB paulista gastou R$ 250 milhões com a mídia (quase tudo sem licitação)

2) Denúncia: Aécio paga o PIG

LEIAM TAMBÉM: O “lucro” da Rede Globo com o mensalão 

Dilma sobe nas pesquisas: quem não esperava por isso?

Por Ronaldo Souza

Já tinha falado sobre isso em alguns textos aqui mesmo no site. Em um deles, viva a Rede Globo, o povo é mesmo bobo, disse que uma manifestação “restrita a São Paulo… De repente, espalhou-se por todo o Brasil” e Dilma foi jogada no meio da fogueira.

Pesquisa DataFolha feita no olho do furacão mostrava Dilma ‘despencando’ (essa palavra nunca foi tão usada) na aprovação do seu governo. Na sequência, o IBOPE (já há algum tempo esses dois institutos de pesquisa caminham juntos que nem irmãos siameses) também destruía Dilma.

Gente, uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo de repente faz com que uma presidente super bem avaliada despenque e faz com que o país que vinha sendo espelho para o mundo passe a ser o último dos países, com inflação descontrolada, sem comando, bla, bla, bla, bla… faz sentido? Não importa, vamos derrubar o governo, “vamos extirpar essa raça”.

Um parêntese rápido. Apesar de a grande (?) mídia tentar mostrar o contrário, o Brasil continua sendo espelho. Agora mesmo, o jornal canadense Globe & Mail, de Toronto, em reportagem publicada em 09/08 diz que o Canadá devia seguir o exemplo do Brasil. O Canadá, país do primeiro mundo.

Interessante que as pesquisas não falavam dos governadores dos estados envolvidos, eram direcionadas somente para a presidente da república. A dos governadores só foi divulgada 2 semanas depois, quando o mundo já tinha desabado sobre os ombros de Dilma Rousseff. Os governadores tinham despencado também. Depois das últimas notícias dessa corrupção fantástica em São Paulo, mesmo com a eterna proteção da imprensa onde será que vai parar o de São Paulo, Geraldo Alckmin?

Em seguida, os dados de como as pesquisas teriam sido manipuladas foram mostrados pelos jornalistas independentes nos seus blogs, sobre os quais falei aqui DataFolha manipulou amostragem para que resultado fosse desfavorável ao governo. À época, conclui esse texto com uma observação: “Pesquisas espontâneas mostram que Dilma ainda continua bem na frente. Aguardemos.”

Não vamos perder mais tempo, vamos direto ao assunto.

Jogaram Dilma Rousseff na fogueira, aprovaram a PEC 37 (os manifestantes não tinham nem ideia do que era aquilo e a Globo, agora toda enroscada em denúncias, mostra porque deu aquele presente ao Ministério Público), fizeram de tudo.

Mas o povo, que não tinha sido “tão pesquisado nas pesquisas que despencaram” Dilma, viu, ouviu, respirou e agora começa a se manifestar. É isso que mostram as novas pesquisas. Em ótimo/bom Dilma já foi de 30 a 36%. No geral foi de 30 para 35% de aprovação. Aguardem as próximas pesquisas.

Ah, sim. Sabe onde ela mais cresceu das últimas pesquisas para essa? No sudeste e entre os de maior renda e escolaridade.

 

Pobre Fernando Henrique Cardoso 3

Por Ronaldo Souza

A sociedade brasileira vê há oito anos um partido, o PT, ser chamado de o mais corrupto do Brasil, para alguns o único, e responsável pelo maior escândalo de corrupção do Brasil, o mensalão.

O julgamento do que ficou conhecido como mensalão, o “maior escândalo de corrupção do Brasil”, é um prato cheio para muita coisa.

Não vamos repetir o que já foi dito. Aqui mesmo neste site não faltam textos sobre o tema. Mas vamos aproveitar para relembrar pelo menos dois momentos do julgamento.

Um dos argumentos de Joaquim Barbosa para condenar João Paulo Cunha, deputado do PT, foi o de que a empresa apresentada como justificativa pela sua defesa jamais poderia ser considerada válido pelo fato de que o endereço era de uma residência.

Descobriu-se recentemente que em maio daquele ano (2012) Joaquim Barbosa tinha comprado um apartamento em Miami e para fugir dos impostos tinha aberto uma empresa nos Estados Unidos, cujo endereço era… seu apartamento funcional em Brasília. Ou seja, em outubro de 2013, Joaquim Barbosa condenou um homem pela mesma atitude ilícita que ele, Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal, já tinha cometido antes, em maio do mesmo ano. Detalhe; além de ser Presidente do STF, portanto, conhecedor do que isso significa, o endereço da empresa dele, nos Estados Unidos, é no Brasil, no apartamento que nem é dele, é do STF.

O outro aspecto se refere à teoria do domínio do fato, argumento usado por Joaquim Barbosa para condenar José Genoino, também deputado do PT. O que disse Barbosa? Como presidente do PT, não tinha como Genoíno não saber das coisas do mensalão, não tinha como não ter o domínio do fato, portanto, era culpado.

Sem falar que ele inverteu o sentido da referida teoria (veja aqui e aqui), condenou por inferência.

Três “pessoas” tiveram orgasmos múltiplos: a grande mídia, PSDB/DEM e a elite brasileira. O PSDB, à frente Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Cia., devidamente apoiados e protegidos pela imprensa, pareciam àquela altura morar nos estúdios da imprensa, de tantas vezes que apareciam dando entrevistas.

E eis que surge o escândalo da corrupção do PSDB em São Paulo (nenhuma novidade), com envolvimento direto de Mario Covas, José Serra, Geraldo Alckmin e outros de menor calibre. Não há como negar como tem sido interessante ver o malabarismo feito pela imprensa para, no início, tentar esconder e depois tentar livrar a cara do PSDB. Não teve jeito.

Veja do que foi capaz de dizer Fernando Henrique Cardoso. A matéria é de Fernando Brito. Ao final, volto para um breve comentário.

Bribery, Mr. Fernando, the name is bribery…

Por Fernando Brito no  Tijolaço

Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa do PSDB no caso Siemens-Alston.

Na mesma linha de Alckmin e Serra: “pode ter havido cartel, tudo indica, mas nós não temos nada com isso.”

É curioso que al
guém possa assumir este discurso do “nos roubaram por dez anos e nós nunca desconfiamos de nada”, principalmente  quando o assunto jà era, há meia década, objeto de investigações no Ministério Público, denúncias na imprensa e processos judiais no exterior.

E ainda ter a cara de pau de dizer que é muito bom que se dê explicações para que não haja “ a impressão de que é parecido com o que outros fizeram. Não há nada que indique isso.”

Talvez o ex-presidente tenha ajudado seu colega de fardão, Merval Pereira, a desenvolver a tese de que dinheiro embolsado é menos corrupção que dinheiro desviado para campanhas políticas.

O distraído FHC não sabe que Alstom e Siemens acumularam condenações na Europa e nos EUA por corromper governantes através de suborno?

Suborno é a popular propina.

Bribery, em inglês, como nestas duas matérias do Financial Times:

Alstom to pay €31m fine after bribery probe

Siemens to pay €1bn fines to close bribery scandal

Ou será que lá em São Paulo os dirigentes que as contrataram que elas roubaram sem pagar?

Parece que Fernando Henrique Cardoso (Serra e Alckmin) já esqueceram da Teoria do Domínio do Fato: “Na mesma linha de Alckmin e Serra: “pode ter havido cartel, tudo indica, mas nós não temos nada com isso.”

Interessante, não tinha como Genoíno não saber. Agora querem empurrar um nós não temos nada com isso.

Já tinha escrito antes sobre FHC; Um estado mental preocupante, FHC: um perdedor, Pobre Fernando Henrique Cardoso e Pobre Fernando Henrique Cardoso 2.

Estou muito preocupado com ele.

PS. Aguarde Os 10 maiores escândalos de corrupção do Brasil

Arnaldo Jabor e a indignação contra a corrupção do PSDB

 

Por Ronaldo Souza

A imagem dos membros do PT sempre foi associada à de pessoas rudes, ignorantes, sem educação; uma sub-raça. “Vamos extirpar essa raça”, como disse uma vez Jorge Bornhausen, ex-presidente do DEM. Ao contrário, admite-se a condição de elite aos membros de partidos como o PSDB e DEM.

É costume atribuir-se aos mais rudes e ignorantes a falta de modos e maneiras no trato com as pessoas; gente sem classe. O contrário ocorre com aqueles de modos finos, elegantes. 

Não há como não estabelecer um paralelo entre Fernando Henrique Cardoso e Lula. O primeiro, um homem fino, sociólogo, um intelectual da USP, viúvo de uma intelectual, também socióloga, uma mulher de costumes finos. O segundo, um nordestino, semianalfabeto, torneiro mecânico, casado com uma mulher que, mesmo na condição de primeira dama do Brasil, sempre foi (des)tratada como deselegante, descabelada, sem costumes, ralé. Danuza Leão e Eliane Cantanhede que o digam.

Convenhamos, uma diferença colossal. Não pertencem ao mesmo mundo.

Não seria natural que compreendêssemos que não podem se misturar as pessoas desses mundos completamente diferentes?

Alguém pode dizer que exagero. Não, não exagero. Observe esse vídeo e veja o que diz Eliane Cantanhede, colunista da Folha e uma das encantadoras meninas do Jô:

[[youtube?id=kMWVWLn7_tw]]

É ou não é uma gracinha?

Os jornalistas que trabalham ao lado de partidos como o PSDB também devem representar a nata do jornalismo. A sociedade brasileira dorme em paz por te-los como eternos defensores das boas causas, cumprindo fielmente o compromisso de informar e proteger o povo contra os corruptos. A sociedade brasileira se acostumou a ve-los todos os dias e todas as noites bradando contra a corrupção.

Estamos todos perplexos diante dos recentes escândalos que envolvem a maior rede de comunicação do país, a Rede Globo (veja aqui), e o PSDB (aqui), que nessa mesma Rede Globo brada dia e noite contra a corrupção dos outros, muito particularmente do PT e dos governos Lula/Dilma.

Estamos perplexos, mas dormindo em paz. Sabemos que Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Merval Pereira e Cia não se calarão.

Diante desses episódios de corrupção, temos certeza de que veremos todos os dias na Globo e na Veja aqueles vômitos de indignação, aquela mesma ira típica dos homens que, acima de tudo, doa a quem doer, têm compromisso com a verdade. Temos certeza de que agora veremos todos os dias Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Merval Pereira e Cia chamando Geraldo Alckmin, José Serra e outros políticos do PSDB de corruptos, bandidos, quadrilheiros, como eles fazem com o PT. Claro que ninguém tem dúvida de que eles farão isso.

Mas, é impre
ssão minha ou tá demorando?

A máquina de criar e esconder escândalos 3

O Brasil é de fato um país muito peculiar. Como diriam os colunistas, sui generis.

Em qualquer canto do mundo, em todo processo de corrupção tem que existir corruptor e corrupto; não há outra possibilidade. O Brasil é exceção à regra.

No caso da sonegação fiscal da Globo, por exemplo, não há corruptor.

Para não pagar impostos na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002, a Rede Globo abriu uma empresa de fachada em um paraíso fiscal (muito usados por sonegadores e conhecidos como off shore), as Ilhas Virgens Britânicas.

Autuada pela Receita Federal em R$183 milhões, consta que, devido a multa e correção, em 2006 a dívida já era de R$615 milhões. Tendo em vista que a Globo até hoje não teria pago, a dívida já teria passado de R$1 bilhão.

Ocorre que o processo da Receita Federal condenando a Rede Globo foi roubado no dia 02 de janeiro de 2007 pela funcionária da própria Receita Federal, Cristina Marins Ribeiro (veja as matérias e os vídeos aqui, aqui e aqui).

Filmada roubando os documentos, Cristina foi condenada a 4 anos e 11 meses de cadeia. Cinco advogados de um dos escritórios de advocacia mais renomados e caros do Brasil conseguiram um Habeas Corpus através do Ministro Gilmar Mendes (jornalistas independentes dizem – sempre ele) no Supremo Tribunal Federal e ela foi solta depois de passar 2 meses na cadeia.

A Receita Federal, o Ministério Público e a Polícia Federal investigaram, encontraram e condenaram a funcionária corrupta. Ela foi presa, demitida, ficou sem nenhum direito trabalhista (por exemplo, perdeu o direito a aposentadoria). Se em todo o processo de corrupção existe um corrupto e um corruptor, neste não existe o corruptor.

Quem teria “estimulado” a funcionária a correr tamanho risco? Teria agido ela por conta própria porque adora as novelas da Globo e achou uma injustiça o que estavam fazendo com ela, a Globo? Quem é beneficiado pelo sumiço do processo que condena a Globo, o SBT? Quem teria patrocinado o roubo do processo, a Rede Record? Ninguém se mexeu, ninguém se mexe, em busca de quem corrompeu. Um processo que dura mais de seis anos.

O Brasil quebra o paradigma de que onde há corrupto há corruptor.

Escândalo do propinoduto da Siemens nos governos de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB de São Paulo. De quebra, também nos governos de José Roberto Arruda (DEM) e Joaquim Roriz (PMDB) no Distrito Federal.

Em reportagem de quase três semanas atrás, a IstoÉ estimou inicialmente que o rombo é de R$425 milhões, porém, em sua matéria deste final de semana, o Estadão apontou para R$ 577 milhões.

Neste processo, sem margens para dúvidas, estão lá apontados pelas reportagens, inclusive na da Folha, todos os corruptores: Siemens, Alston, Bombardier, CAF. Mas, lá não estão os corruptos. A Folha chega a pedir “dupla cautela” ao público no apontar os corruptos.

Há que considerar a investigação com dupla cautela. Os detalhes ainda são nebulosos, mas o que transpirou até aqui indica um conluio entre fornecedores para repartir encomendas e elevar seus preços de 10% a 30%, sem provas de envolvimento das autoridades.”

Detalhes devem ser observados. Quem descobriu, denunciou e apresentou os DOCUMENTOS foi a própria Siemens, em investigações feitas a partir da Alemanha. Mas, para a imprensa brasileira, não se sabe ainda dos corruptos.

O Brasil quebra o paradigma de que onde há corruptor há corrupto.

É ou não é um país sui generis?

Será que existe alguém por aí que lembra que tudo que acontecia/acontece com qualquer coisa ligada aos governos Lula e Dilma, TODOS, inclusive Lula e Dilma, sem qualquer investigação, sem qualquer documento, já eram/são declarados envolvidos e culpados?

Não há como negar a competência da máquina para, de acordo com a conveniência, criar e esconder escândalos.

Entretanto, ela está desmoralizada.

[[youtube?id=ovwTufO9MpM]]

Vazam mais páginas do Globogate!

Por Miguel do Rosário O Cafezinho

Mais algumas páginas do relatório da Receita Federal que trata da milionária sonegação da Rede Globo acabam de vazar. O Cafezinho mais uma vez divulga o fato em primeira mão.

As novas páginas disponibilizadas referem-se à decisão final da Receita de condenar a Globo ao pagamento de multa de 150%, mais juros de mora, sobre o valor sonegado. Importante anotar a data deste documento: 21 de dezembro de 2006. Alguns dias depois, estes documentos seriam roubados pela servidora Cristina Maris Meinick Ribeiro.

No documento, os auditores votam, por unanimidade, pela culpa do réu e dão 30 dias para a Globo pagar a dívida, a menos que recorresse ao Conselho de Contribuintes no mesmo prazo. O roubo do processo, alguns dias depois, permitiu à Globo adiar por um longo tempo a renegociação deste débito.

A informação joga mais pressão sobre o Ministério Público. Por que não se aprofundou nas investigações sobre o roubo do processo? Por que não ligou o roubo à sonegação em si? Ambos fazem parte do mesmo ilícito, do mesmo desejo de lesar o Tesouro Nacional. Tinha obrigação de investigar a suspeita, óbvia, de envolvimento do principal interessado: a Globo.

Em uma de suas respostas, a Globo mencionou dívidas sendo negociadas no Conselho de Contribuintes. Tudo leva a crer que a emissora apelou ao Conselho, que conta com a participação de entidades privadas. Mais uma vez, estamos diante de uma situação nebulosa.  A Globo disse que pagou o débito através da adesão ao Refis, em 2009. Como assim? No dia 21 de dezembro de 2006, a Receita deu apenas 30 dias, sob pena de cobrança executiva, para a empresa pagar ou apelar ao Conselho. Ela apelou ao Conselho? O roubo do processo lhe deu quantos meses de alívio? Qual foi a decisão do Conselho? Quem fazia parte do Conselho nesta época?

O mais importante: os novos documentos agora obrigam a mídia a não falar mais em “suposta” sonegação. Eles mostram que os auditores decidiram, com unanimidade, pela culpabilidade da empresa.

Veja a matéria original com os documentos aqui.

O mega mensalão do PSDB paulista

Por Fernando Brito no Tijolaço

Diz-se que, numa guerra, a primeira vítima é a verdade. A assertiva vale sobretudo para guerras sem armas de fogo, as guerrras políticas, cujas principais batalhas se dão no palco da mídia. Ganha quem possui maior domínio sobre a informação.  O PSDB, por exemplo, apesar de ser o partido campeão no ranking do TSE de ficha suja e estar envolvido em escândalos de corrupção bilionários, ainda assim tenta se vender ao eleitor como o partido da ética. Tudo porque é apoiado pela grande mídia.

As denúncias de corrupção envolvendo o metrô de São Paulo existem há tempos. Em 2011, o R7 publicou matérias (aquiaqui e aqui) na quais uma testemunha apresenta informações e documentos que atestam exatamente a mesma coisa que está sendo repercutida apenas agora nos outros jornais. No entretempo, as empresas envolvidas foram investigadas e condenadas nos EUA e Europa. Aqui continuam fazendo negócios.

Matéria no Jornal da Record, em 2011 (vale a pena ver de novo):

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As denúncias do superfaturamento de obras e serviços do metrô e trens em São Paulo chegam à chamada grande imprensa quase três semanas após o caso voltar à baila em reportagens de capa da Istoé. Com o estouro do escândalo na imprensa europeia, e os movimentos de rua agendando protestos com esse tema, a bolha de proteção ao PSDB se rompeu.

A denúncia chegou, finalmente, ao Jornal Nacional.

Os jornalões hoje veiculam o escândalo, mas já iniciaram movimentos de blindagem às autoridades tucanas. No editorial deste sábado, a Folha defende “dupla cautela” na análise das denúncias:

Há que considerar a investigação co
dupla cautela. Os detalhes ainda são nebulosos, mas o que transpirou até aqui indica um conluio entre fornecedores para repartir encomendas e elevar seus preços de 10% a 30%, sem provas de envolvimento das autoridades.

Pausa para rir.

A Folha acha que seus leitores são totalmente idiotas se imagina que alguém vai acreditar que Siemens e Alstom vem fraudando contratos públicos desde 1998 sem que ninguém do governo tucano estivesse envolvido.

Que história é essa de ~dupla cautela~? Cautela, tudo bem, é sempre bom. Mas porque ~dupla~?

Pra que tanto nervosismo?

Alstom e Siemens tem contratos com o governo paulista pelos quais receberam mais de R$ 15 bilhões em recursos públicos. Segundo o Ministério Público de São Paulo, há documentos comprovando propina a funcionários do governo.

A Folha, pelo jeito, terá que pedir cautela “tripla”. Há diários, emails, documentos, confissões de executivos, testemunhas. Há condenações na Europa e nos EUA das mesmas empresas por atos de corrupção idênticos ao que estamos apenas começando a investigar.

Jamais um escândalo de corrupção foi tão documentado.

Quantos mensalões cabem num contrato de metrô em São Paulo? Será que o Ministério Público Federal repetirá o que fez para o mensalão petista e publicará em seu portal uma história do escândalo do metrô voltada ao público infantil? Veremos aqueles imensos infográficos com os rostinhos dos diretores? A teoria do domínio do fato será aplicada aos chefes políticos do esquema?

Estamos aguardando os paladinos da ética fazerem seus discursos de indignação contra a roubalheira em São Paulo. Não podemos esquecer que não existe essa de verba pública “paulista”. Verba pública é verba pública, pertence a todo o povo brasileiro, pois tudo que afeta São Paulo afeta o país inteiro.

A ~cautela~ da Folha tende a crescer porque um escândalo desse porte, somado à queda de popularidade do governador Geraldo Alckmin, pode colocar em risco a hegemonia tucana no estado de São Paulo.