Para proteger Aécio e o PSDB, Gurgel mantém ação na gaveta há 2 anos

Por Conceição Lemes

Em 31 de maio de 2011, os deputados estaduais de Minas Gerais Rogério Correia (PT) e os colegas Luiz Sávio de Souza Cruz e Antônio Júlio, ambos do PMDB, foram a Brasília.

Entregaram pessoalmente ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, representação denunciando o senador Aécio Neves (PSDB) e a irmã dele, Andrea Neves, por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal (detalhes aqui).

Gurgel fez questão de ir com os parlamentares até o setor de protocolo da Procuradoria Geral da República (PGR). Aí, a representação recebeu o número 1.00.000.006651/2011-19.

Em 17 de fevereiro de 2013, o Viomundo publicou esta reportagem:“ Se o Gurgel não abrir inquérito contra o Aécio estará prevaricando”.

Fazia 22 meses e 17 dias que a representação contra Aécio e a irmã  estava na gaveta do procurador-geral.

Esta semana esta repórter contatou novamente a assessoria de imprensa da PGR para saber se havia alguma novidade sobre a representação.

Resposta da assessoria da imprensa ao Viomundo: “O processo continua sob análise do PGR”.

Ou seja:

1. Hoje, 31 de maio de 2013, faz dois anos que a representação contra Aécio e Andréa Neves está na gaveta de Gurgel.

2. Faz lembrar a representação do ex-senador Demóstenes Torres, que dormiu lá por mais de  dois anos.

3. Fica cada vez mais evidente a parcialidade e o partidarismo do procurador-geral da República. Enquanto as ações contra integrantes do Partido dos Trabalhadores andam rápido, as contra os opositores do PT se arrastam, isso quando não são arquivadas quase de pronto.

“A representação que entregamos há dois anos ficou escondida na gaveta de Gurgel”, condena Correia. “O procurador está deixando o cargo em menos de dois meses sem abrir inquérito para averiguar as denúncias nem dar qualquer explicação à sociedade. Ao que tudo indica terá prevaricado para proteger Aécio e o PSDB.”
 

“Mas a máscara do senador Aécio Neves está caindo”, afirma Correia. “O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou o andamento de duas ações importantes que o envolve. Em uma, ele é réu. Deve responder pelo desvio de R$ 4,3 bilhões  de verba da saúde.” 

A herança de Fernando Henrique Cardoso

Por Marcos Coimbra*

Enquanto não surgir coisa mais avançada, as pesquisas de opinião continuarão a ser a melhor maneira de saber o que pensa a população a respeito das questões coletivas.

Sem elas, ficamos com o que acha cada individuo ou dizem os grupos mais organizados e loquazes . Os sentimentos e atitudes da maioria permanecem ignorados. É como se não existissem.

Mas as pesquisas estão aí, permitindo que compreendamos os juízos e as expectativas dos que não se expressam, não mandam cartas ou postam comentários na internet. Há outras formas de fazê-lo, mas nenhuma mais confiável.

Realizá-las não é extravagância ou privilégio. Sequer custam tanto que um partido político poderoso, como, por exemplo, o PSDB, não possa encomendar as suas. Ou que um jornal fique pobre se tiver que contratar alguma.

Por que, então, as oposições brasileiras as usam tão parcimoniosamente? Por que, se é simples conhecê-la, os partidos e a mídia oposicionista desconsideram a opinião pública?

Tome-se a velha ideia de que as três derrotas sucessivas dos tucanos para o PT teriam sido causadas pela insuficiente defesa da “herança de Fernando Henrique”. Sabe-se lá o porquê, é uma hipótese que volta e meia reaparece, como se fosse uma espécie de verdade profunda e houvesse evidências que a sustentassem.

Nas últimas semanas, ela retornou ao primeiríssimo plano. Em seu discurso inaugural como presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse que seu partido se equivocou ao não valorizar o “legado” das duas administrações de FHC. Em suas palavras: “Erramos por não ter defendido, juntos, todo o partido, com vigor e convicção, a grande obra realizada pelo PSDB”.

Salvo uma ou outra manifestação de cautela, a mídia conservadora aplaudiu o pronunciamento. Os “grandes jornais” gostaram de Aécio ter assumido uma tese com a qual sempre concordaram. Faltava-lhes um paladino e o mineiro se ofereceu para o posto.

E as pessoas comuns, o que pensam desse “legado”?

Em pesquisa recente de âmbito nacional, a Vox Populi tratou do assunto. Ao invés de subscrever (ou atacar) a tese, apenas identificou o que a população pensa a respeito.

Os entrevistados foram solicitados a avaliar quinze áreas de atuação do governo Dilma. Depois, a comparar o desempenho de cada uma nos governos dela e de Lula com o que apresentavam quando Fernando Henrique era presidente.

As avaliações de todas as políticas nos governos petistas são superiores. Em nenhuma se poderia dizer que, para a população, as coisas estavam melhores no período tucano.

Consideremos algumas: na geração de empregos, 7% dos entrevistados disseram que FHC atuou melhor, enquanto 75% responderam que Lula e Dilma o superaram; na habitação, 3% para FHC e 75% para Lula e Dilma; nos programas para erradicar a pobreza, 4% ficaram com FHC e 73% com os petistas; na educação, FHC foi defendido por 5% e Lula e Dilma por 63%; na política econômica, em geral, FHC foi avaliado como melhor por 8% e os petistas por 71% dos entrevistados.

No controle da inflação, FHC teve seu melhor resultado: 10% acharam que foi melhor que os sucessores, mas 65% responderam que Lula e Dilma é que agiram ou agem melhor.

Na saúde e na segurança, os petistas tiveram as menores taxas de aprovação, mas mantiveram-se bem à frente do tucano: na primeira, Lula e Dilma foram considerados melhores por 46% dos entrevistados; na segurança, por 45%. FHC, por sua vez, por 7% e 6%.

No combate à corrupção, FHC teria atuado melhor que seus sucessores para 8%, enquanto 48% dos entrevistados afirmaram que Lula e Dilma foram-lhe superiores.

Os políticos (e as empresas jornalísticas) são livres para crer no que quiserem. Enéas Carneiro era a favor da bomba atômica. Levi Fidelix é obcecado pela ideia de espalhar aerotrens pelo Brasil. Os partidos de extrema esquerda lutam pelo comunismo. Há quem queira recriar a velha Arena da ditadura.

Ancorar uma campanha presidencial na “defesa do legado de FHC” é um suicídio político, que nem Serra, nem Alckmin quiseram praticar. Não foi por não fazê-la que perderam. Seu problema nunca foi estar distantes demais dos anos FHC, mas de menos.

Resta ver como se comportará, na prática, Aécio. E o que dirão seus apoiadores, quando perceberam que também ele procurará fazer o possível para se afastar do tal “legado”.

 

* Marcos Coimbra – Sóciologo

Imprensa brasileira esconde, mas Estados Unidos afirmam que o Brasil é exemplo para o mundo

Brasil não pode mais alegar ser país em desenvolvimento, diz vice dos EUA


Para Joe Biden, nação já ’emergiu’ e deve assumir papel de destaque no mundo; político quer estreitar relações comerciais para aumentar negócios entre os países

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou esta quarta-feira (29), em visita ao Rio de Janeiro, que o "Brasil não pode mais alegar ser um país em desenvolvimento" e precisa assumir os ônus de ser uma nação que já emergiu e exerce uma liderança no hemisfério sul.

No discurso no Pier Mauá, no centro do Rio, Biden fez muitos elogios aos avanços econômicos e sociais do Brasil e defendeu o estreitamento das relações comerciais e culturais entre os dois países.

"Tenho más notícias: o Brasil já não pode mais alegar ser um país em desenvolvimento, emergente… O país já se desenvolveu, já emergiu. E é preciso assumir os ônus desse desenvolvimento, posicionar-se e desempenhar seu papel de forma positiva", afirmou o vice-presidente.

Segundo ele, "o resto do mundo olha para vocês com inveja" diante da evolução econômica do País. "Mas a lição mais importante que o Brasil ensinou não foram os programas sociais, que todos copiam, mas a demonstração de que não é preciso escolher entre a falsa dicotomia entre democracia e desenvolvimento, e entre economia de mercado e desenvolvimento social."

Como demonstração da importância do Brasil e da América Latina no novo cenário mundial, o vice-presidente dos EUA confirmou o convite para a presidente  Dilma Rousseff ir aos EUA em outubro, a ser formalizado nesta sexta, quando ele estará com ela, em Brasília. "Será a única visita (de chefe de Estado ) neste ano em Washington", disse. 

Biden fez inúmeros elogios ao Brasil, citou os programas Fome Zero e Bolsa Família , a saída de 40 milhões da linha da pobreza e mencionou, em três ocasiões, a emergência da nova "classe média". "Não é por acaso que o presidente Obama esteve no Brasil e eu estou aqui novamente."

Também teceu comentários positivos sobre o "dinamismo inacreditável" da economia nacional e o know-know brasileiro nas áreas de prospecção de petróleo em áreas profundas e em biocombustíveis.

Biden afirmou que o comércio entre Brasil e EUA é de US$ 100 bilhões e, para o vice-presidente americano, não há razão para que esse valor não seja cinco vezes maior. "Temos duas das maiores e mais inovadoras economias do mundo. Imaginem o que elas podem fazer juntas", disse. 

"Os dois países precisam trabalhar muito para expandir essa parceria. A porta está escancarada. Não há outro momento da história com tanta oportunidade de expansão. Mas, como qualquer aluno de história sabe: é preciso aproveitar esses momentos ou eles passam. Nossos melhores dias estão por vir."

Biden disse que os EUA dão as boas-vindas aos investidores brasileiros. "Queremos vocês, precisamos de vocês", disse.

Visita ao Cenpes e à UFRJ 

Após o discurso no Pier Mauá, Biden foi recebido por um pequeno protesto de sindicalistas no Cenpes (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello) ao chegar para falar com a presidente da Petrobras, Graça Foster. Os manifestantes tinham faixas com o dizer "O Petróleo é Nosso" e afirmaram ao microfone que o vice-presidente dos EUA "não é bem-vindo".

Ao assistir a explicações e ver cartazes sobre exploração de petróleo em águas profundas, Biden brincou com os fotógrafos: "Vou fazer uma prova sobre isso depois!"

Após visitar dois laboratórios e ter uma conversa de cerca de 25 minutos com Foster, Biden foi ao Parque Tecnológico da UFRJ, a "Ilha do Petróleo", onde participou de uma mesa redonda ao lado de Roberto Ramos, CEO de energia da Odebrecht, o empresário Jorge Gerdau e a ex-embaixadora dos EUA no Brasil e atual presidente da Boeing no País, Donna Hrinak. A Boeing está competindo na concorrência dos caças da Força Aérea Brasileira. O governo norte-americano tem pressionado o Brasil a comprar os jatos da Boeing.

O vice-presidente americano chegou ao Rio de Janeiro na noite de terça (28) e ficará na cidade até a tarde de quinta (30), quando vai conhecer a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Santa Marta, em Botafogo (zona sul), antes de seguir para Brasília, onde se reúne com Dilma.

O escândalo da vinda da FORD para a Bahia

Por Charles Leonel Bakalarczyk  Do Sul 21
 
 
Ainda cabe recurso, é certo, mas a decisão da juíza Lilian Cristiane Siman, da 5ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre, condenando a Ford a ressarcir o Rio Grande do Sul em mais de R$ 160 milhões por ter recebido recursos públicos e desistido de instalar uma filial em Guaíba, repercute intensamente desde terça-feira à noite nas redes sociais, tomando a forma, entre outras coisas, de um desagravo ao ex-governador Olívio Dutra (PT). Como se sabe, o governo Olívio Dutra comeu o pão que o diabo amassou por ter ousado questionar os termos do contrato firmado pelo governo Antônio Britto (PMDB) com a montadora.
 
A Ford acabou trocando o Rio Grande do Sul pela Bahia em um processo que envolveu, entre outras decisões, a edição de uma Medida Provisória pelo governo Fernando Henrique Cardoso estabelecendo vantagens muito maiores para a empresa se instalar em Camaçari. Na época e nos anos seguintes, Olívio Dutra qualificou o episódio como um desrespeito ao pacto federativo. “Uma unidade da Federação, com um governo eleito, com um programa, buscou sentar com uma empresa do porte da Ford para tentar renegociar um acordo com um custo menor para o Estado. A União se atravessou no caminho, se sobrepondo a essa negociação, possibilitando que a Ford saísse da mesa”, disse o ex-chefe do Executivo gaúcho em uma entrevista concedida à Carta Maior em 2006.
 
“O acordo era uma insanidade”
 
“Quando assumimos o governo”, relatou ainda Olívio, “vimos que a Ford não estava sequer cumprindo o acordo que havia feito com o governo anterior”. Havia um acordo de 30 cláusulas, sendo que 29 eram de responsabilidade do Estado e uma era da responsabilidade da Ford. “Pois nem esse acordo a empresa estava cumprindo. Era um acordo que estava fora da realidade do Rio Grande então, que não tinha dinheiro para pagar os seus funcionários e tinha que repassar uma soma volumosa para aquela multinacional poderosa. A Ford tinha na época um faturamento de 382 bilhões de reais. O PIB do Rio Grande na época era de 92 bilhões de reais. A arrecadação do Rio Grande na época era de 8,5 bilhões de reais. Como é que um Estado que tem essa estrutura de carência pode estar repassando recursos volumosos para a Ford, que tem esse faturamento de 382 bilhões. Era uma insanidade”, definiu o ex-governador.
 
O governo gaúcho iniciou então uma negociação direta com a Ford. “Estávamos em plena negociação com a empresa quando se atravessou o governo federal de então, instigado por parlamentares e bancadas aqui do Rio Grande e da Câmara Federal, para impedir que nós prosseguíssemos com a negociação, que estava andando”, relata Olívio.
 
Mas o estrago político estava feito. O ex-secretário de Desenvolvimento, Zeca Moraes, já falecido, foi outro a ser crucificado em praça pública por discursos raivosos no parlamento e na mídia, que repetiam incansavelmente críticas e xingamento aos “inimigos do progresso”. Os veículos da RBS (Rede Globo), em especial, passaram anos a fio, construindo uma narrativa que transformava a empresa e o desenvolvimento do Rio Grande do Sul em vítima de um “governo sectário e estreito” (governo do PT). O governo Olívio havia “mandado a Ford embora”. Era isso que importava. E a expressão virou bordão de muitas e muitas campanhas eleitorais.
 
A operação para levar a Ford para a Bahia
 
A operação para levar a Ford para a Bahia foi pesada. Somente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa recebeu R$ 691 milhões. O empresário Antônio Ermírio de Moraes disse, em julho de 1999, que “não teria coragem de pedir tantos incentivos porque seria imoral da minha parte”. “A Ford é uma empresa suficientemente rica e não precisa do dinheiro do contribuinte brasileiro para montar fábricas. Não tenho nada contra. A Ford é bem-vinda, mas que traga o seu dinheirinho”, acrescentou, na época, o empresário.
 
No dia 29 de junho de 1999, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei de conversão a MP 1740, prorrogando, ate 31 de dezembro daquele ano, incentivos fiscais para a instalação de montadoras no país. A decisão beneficiou diretamente a Ford, que decidiu levar para a Bahia a montadora que seria instalada inicialmente no Rio Grande do Sul. A Medida Provisória, que estava na 32ª ediç&
atilde;o, previa apenas a prorrogação de incentivos fiscais para o Nordeste e a Amazônia. Porém, o projeto de lei de conversão apresentado pelo deputado federal Jose Carlos Aleluia (PFL/BA), incluiu a extensão dos benefícios a montadoras, que haviam expirado em maio de 1997.
 
Conforme reportagem publicada no jornal O Globo (10/07/1999), o Palácio do Planalto teve influência direta na decisão da Ford ir para a Bahia. O texto da Medida Provisória 1.740/32, que concedeu incentivos para a instalação da montadora, foi escrito no Gabinete da Casa Civil do Palácio do Planalto, depois de negociações que envolveram o então ministro Clóvis Carvalho, técnicos da área econômica, o então secretário da Indústria e Comércio da Bahia, Benito Gama, e os deputados baianos José Carlos Aleluia (PFL) e Manoel Castro (PFL). A reunião ocorreu no dia 29 de junho de 1999, mesmo dia da aprovação da MP.
 
“É uma aberração”, protestou Mário Covas
 
O PT e os demais partidos de oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso votaram contra o projeto por entender que ele constituía destinação indevida de recursos públicos para o setor privado. O então governador paulista Mario Covas (PSDB) considerou uma “aberração” a concessão de benefícios para a instalação da fabrica da Ford na Bahia. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo (10/07/1999), Covas disse que “com a instalação, a Bahia produziria automóveis com um custo muito mais barato do que em outros Estados”. “A concessão pode acabar prejudicando todo o pais, alem de ser ruim também para os outros Estados: seria uma concorrência predatória absolutamente descabida”, acrescentou Covas.
 
O Estadão, em um editorial intitulado “Bom para a Bahia, ruim para o Brasil” (03/07/2000), também criticou a alteração do regime automotivo que possibilitou a ida da empresa para a Bahia. O prazo estava esgotado desde 31 de maio de 1997 e o governo federal tinha se comprometido com o Mercosul e a Organização Mundial do Comércio (OMC) a não reabri-lo.
 
O editorial aponta os incentivos que seriam concedidos à montadora caso a alteração do regime automotivo fosse aprovada, como de fato foi: isenção do imposto de importação para máquinas e equipamentos, redução de 90% para matérias-primas, peças e componentes e redução de até 50% para importação de veículos; isenção do IPI na compra de máquinas e equipamentos e redução de 45% na compra de matérias-primas; isenção do adicional de frete da Marinha Mercante; isenção do IOF nas operações de câmbio para importação; e isenção do imposto de renda sobre o lucro do empreendimento. Os benefícios oferecidos pelo governo da Bahia eram bem menores, envolvendo isenções de ICMS e empréstimos diretos e indiretos. Diante desse quadro, o editorial do Estadão concluiu: “Se o projeto não for vetado, os empregos e as receitas ficarão na Bahia, mas a conta irá para todos os brasileiros”.
 

Tudo isso foi noticiado muito discretamente na época aqui no Rio Grande do Sul, ou simplesmente omitido. Mesmo que a decisão final ainda vá levar alguns anos, a sentença dessa semana serve ao menos para lembrar de um governo que ousou questionar a voracidade de uma grande empresa multinacional sobre os recursos públicos do Estado

Revista americana Forbes mostra a corrupção da VEJA com Carlinhos Cachoeira

Há muito tempo falo sobre o envolvimento da Revista Veja (Editora Abril) com a corrupção, que veio à tona no recente episódio que a envolvia com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
 
A CPI de Carlinhos Cachoeira, como ficou conhecida, mostrou documentação farta de todo o envolvimento da Veja com o bicheiro e autoridades do PSDB, como Marconi Perillo, governador do Estado de Goiás.
 
A CPI planejava chamar alguns jornalistas envolvidos com o bicheiro para prestar esclarecimentos, entre os quais Policarpo Jr., Editor Chefe da Veja em Brasília, e o próprio Roberto Civita, dono da Editora Abril. Surgiu então o famoso jantar. A imprensa, tão preocupada com a liberdade de imprensa, tentou esconder o episódio, mas não conseguiu impedir que a notícia vazasse.
 
Segundo foi noticiado, um dos filhos do falecido Roberto Marinho e proprietário da Rede Globo pegou o seu jatinho e teria ido jantar em Brasília com a cúpula do PMDB, entre os quais o Vice-presidente da República, Michel Temer. Deixou bem claro que não queria que nenhum jornalista fosse chamado para depor na CPI, muito menos Policarpo Jr. e Roberto Civita. Se isso acontecesse eles iam enfrentar a fúria da imprensa, particularmente da Rede Globo. Desnecessário dizer que todos os membros do PMDB votaram contra o convite a ambos para prestarem depoimento.
 
O relatório final da CPI indiciou todos eles, mas não foi nem votado.
 
 
Casos como esse têm acontecido e têm sido denunciados com frequência, entretanto, como não são divulgados pela Rede Globo, Veja, Folha e Estadão, os meios de comunicação afinados com a elite brasileira, todos fazem de conta que nada sabem. Os corruptos são os “outros”.
 
Porém, agora, quem diria, a revista americana Forbes mostra claramente o vergonhoso envolvimento da Veja com a corrupção. É claro que ninguém soube disso nem vai saber. Ou você por acaso viu isso no Jornal Nacional? Tem alguma dúvida de que se fosse com os “outros” não haveria espaço para as tradicionais manchetes escandalosas durante pelo menos uma semana inteira no Jornal Nacional?
 
Da mesma forma que com vários outros episódios de corrupção patrocinados pelo consórcio mídia/oposição, também deste ninguém saberá.
 
Abro um parêntese. Já falei algumas vezes aqui no site obre o livro A Privataria Tucana. Pois bem, há muito tempo cópias desse livro já foram entregues e protocoladas junto ao Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, e nada, absolutamente nada, nenhuma providência foi tomada. O livro mais documentado e mais vendido no Brasil foi simplesmente ignorado pelo Procurador Geral da República e por toda a imprensa. Por que será? 
 
Fechando o parêntese, da mesma forma, a imprensa, não aquela comandada pela Globo, já denunciou vários episódios (devidamente documentados) de envolvimento do Procurador Geral da República com esquemas pesados. Quem ficou sabendo?
 
Segue abaixo a tradução do Google feita por um leitor da reportagem da Forbes. Fui ver o original antes de posta-la. Se você quiser ler o original, clique aqui http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2013/05/27/billionaire-roberto-civita-brazilian-media-baron-dies-at-76/ 
 
 
Bilionário Roberto Civita, brasileiro Mídia Barão Morre Aos 76 anos
 
Bilionário brasileiro Roberto Civita, o chefe de um dos maiores conglomerados de mídia da América Latina, morreu no domingo, depois de passar mais de 60 dias em um hospital de São Paulo devido a complicações de um aneurisma, de acordo com o seu grupo de media, Abril. Ele tinha 76 anos.
 
O filho de Victor Civita, fundador da Abril, em 1950, Roberto Civita assumiu a empresa em 1990, quando seu pai morreu. Abril emprega atualmente mais de 7.000 pessoas, e inclui a Editora Abril, que publica algumas das maiores revistas do Brasil, ea capital aberto Abril Educação.
 
Nascido em Milão, em 1936, Roberto e sua família se mudou para os Estados Unidos logo depois, onde ficaram por cerca de uma década. Durante uma visita ao Brasil, seu pai decidiu liquidar seus negócios lá, ea família mudou-se novamente, desta vez para São Paulo.
 
Civita inicialmente fundou a sua editora como Editora Primavera (Primavera de Publicações), a publicação de um comediante italiano sucesso chamado Raio Vermelho (Red Ray). Mais tarde, ele renomeou Abril (abril), fazendo referência ao mês em que começa a primavera no hemisfério norte, e publicou o seu primeiro título, o Pato Donald, que continua a correr até esta data. Primeira revista da Abril levou Civita para reivindicar "Tudo começou com um pato", parodiando a declaração de Walt Disney que "Eu só espero que nós nunca perder de vista uma coisa:. Que tudo começou com um rato"
 
Roberto trabalhou durante 18 meses como estagiário na Time Inc. sob Henry Luce antes de reivindicar sua posição no negócio editorial da família. Ele estudou física nuclear e de partículas na Universidade de Rice, além de estudar jornalismo na Universidade da Pensilvânia, e tinha uma licenciatura em Economia pela Wharton School. Ele também tinha um diploma de pós-graduação em sociologia na Universidade de Columbia.
 
Em 1968, ele fundou a Veja. Hoje Veja é a maior revista do Brasil e do best-seller revista semanal fora dos Estados Unidos, com uma tiragem de mais de 1 milhão. Apesar de amplamente lido, a publicação é também um dos meios de comunicação mais odiados do Brasil, devido ao seu conteúdo editorial de direita alegada cheio de políticos lançadores de bombas e sua clara oposição ao governo do Partido dos atuais trabalhadores.
 
Em 14 de maio de 2005, a Veja publicou uma reportagem descrevendo um esquema de corrupção aparente no serviço postal brasileiro. A revista narrou uma gravação de vídeo de 110 minutos, feito com uma câmera escondida, que mostrou um ex-Diretor de Pós aparentemente recebendo uma propina de um empresário. O incidente desencadeou o escândalo agora conhecido como "Mensalão", que abalou o governo do então presidente Luis Inácio Lula da Silva, e foi seguido por uma série de relatórios devastadores semelhantes.
 
Mais recentemente, Veja se envolveu em corrupção e uma sonda de lavagem de dinheiro, que rompeu com a prisão em fevereiro de 2012 de Carlos Augusto Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira (Charlie Waterfall), que supostamente usado para executar uma raquete de jogos de azar no estado de Goiás. Um rosto familiar na política brasileira, Chachoeira também foi uma figura-chave do caso Mensalão. Mas, enquanto vários funcionários foram demitidos, ele caminhou livre. Congresso do Brasil criou uma comissão especial para investigar o assunto, que incluía um calendário de audiências de pelo menos 167 convocações. Um dos editores da Veja foi um dos primeiros na lista.
 
Ironicamente, foi durante o governo do Partido dos Trabalhadores que Abril experimentou seu maior crescimento econômico. Em 2006, a Naspers da África do Sul adquiriu 30% de Abril para 422,000 mil dólares, incluindo os 13,8% que pertenciam a Capital International, um fundo de investimento. Então, em 2011, Abril Educação, uma empresa de educação que oferece cursos pré-universitário primário, secundário e, assim como a educação com foco editoras, veio a público. A empresa, em que a família Civita é dono de uma participação majoritária, tem uma capitalização de mercado de mais de 5,7 bilhões dólares no mercado.
 
No início deste ano, Roberto e sua família foram listados pela primeira vez na lista de bilionários da Forbes do mundo, com um patrimônio líquido estimado em US $ 4,9 bilhões. Além de sua posição como CEO da Abril, Roberto também foi o presidente da Fundação Victor Civita, criada em 1985 para melhorar
a educação básica no Brasil. Ele deverá ser substituído por seu filho, Giancarlo Civita, na gestão de operações da Abril.
 
A notícia da morte de Roberto Civita vem poucos dias após o falecimento do jornalista Ruy Mesquita, editor do influente jornal "O Estado de S. Paulo", que morreu em 22 de maio. Os dois homens foram considerados os últimos verdadeiros barões da mídia no Brasil, um título que ganhou graças à sua influência no país e sua política há mais de seis décadas.
 
"Quanto mais independente do governo, maior a contribuição da imprensa e da livre iniciativa para o seu desenvolvimento. O leitor é o único responsável das coisas ", Roberto Civita costumava dizer.
 

Ele não só ficou com essa afirmação, mas ele praticou e, mais importante, deixou como seu legado. 

Bahia da Torcida

Não conhecia a Arena Fonte Nova, sou público zero desde o início. No entanto, fui à manifestação Bahia da Torcida realizada lá. Cheguei pouco antes das 18 horas e vi e ouvi o que foi possível. É um momento importante, delicado e perigoso. A torcida tem que ter muito cuidado nessa hora. O Bahia está acima de tudo, porém, infelizmente, não é exatamente assim que pensam alguns que estavam lá. 

Movimentos como esse não possuem um único objetivo, no entanto, está claro que o desejo maior é tirar Marcelinho (como ele é chamado por muitos) da presidência. Há de se ter muito cuidado. Em momentos como o da manifestação não é difícil observar-se alguns “marcelinhos” circulando no meio da torcida, à espera da sua vez.

Ainda que com os devidos cuidados, a torcida tem que entender que a participação de algumas autoridades é válida na medida em que, pelos cargos que ocupam, podem dar um peso maior ao evento. Um dos depoimentos ouvidos no telão, por exemplo, mostrou um político muito cauteloso com as palavras (diferente do seu perfil, frequentemente agressivo), por uma razão bem simples: por questões políticas, há pouco tempo atrás ele estava aliado ao presidente do Bahia em um grupo que dificultou a vida do clube através da construção das passarelas de Pituaçu. 

A atuação política é necessária dada a gravidade e complexidade do problema e o envolvimento de pessoas “importantes” no processo. Nesse sentido, é sintomática a saída do desembargador que deu a liminar à presidência do clube para suspender a intervenção no ano passado, alegando não se sentir isento para julgar o caso. Por que foi e agora não é mais? Assumiu uma desembargadora. Corre à boca pequena que houve ação política nos bastidores. 

Além disso, nesta segunda-feira (20/05/2013), a seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) aprovou, por unanimidade, uma recomendação para que o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, instale a CPI do Futebol. Um conselheiro disse também que a recomendação será encaminhada ainda nesta segunda ao presidente da AL-BA, com cópias para o governador Jaques Wagner e o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Mário Alberto Hirs.

Independente desses aspectos, não há como negar que o momento exige o movimento e a união de todos. Dito isso, vamos em frente.

A notícia de que a Bamor estaria contra o presidente, de quem sempre foi aliada, parece que surpreendeu a todos. Na sequência, já houve reunião entre ambos com a participação da Povão. Segundo notícias veiculadas, ele aceitou as ponderações de um modo geral, mas faria contrapropostas, mas deixou bem claro que não vai sair.

Não há como se iludir: Marcelo Guimarães Filho não vai sair do Bahia por vontade própria, o que significa dizer que a luta mal começou. A manifestação que foi realizada na sexta-feira, 17/05/2013, que tem tudo para se tornar um dia histórico, representa somente o pontapé inicial do jogo, que não dá indícios de que será tão fácil. Surpresas podem e devem acontecer no campo jurídico.

Há dois grandes objetivos: 1. saída de Marcelo Guimarães Filho e 2. promover mudanças no estatuto, mas que sejam feitas à vista de todos. Vamos cobrar a tal da transparência, palavra que, de tão usada e pouco posta em prática, está muito gasta.

O Sol precisa entrar no Bahia 

Marcelo Guimarães Filho vai dar muito trabalho para sair. Como não vai querer sair, terá que ser "saído" ou, se preferirem, como ele não vai renunciar terá que ser "renunciado". Uma coisa é certa, sem margem de erro: se o movimento enfraquecer, ele não sai mais. É agora. E aí está o fundamental, a torcida. Assumindo o papel maior, a torcida não pode esfriar, muito menos recuar.

Ela precisa perceber a repercussão nacional que a atitude inteligente e inédita do público zero teve. Todo o Brasil ficou surpreso e chamou a atenção para o que a Torcida de Ouro fez. Já que uma das pessoas que estão à frente do Bahia da Torcida é um publicitário, ele precisa tirar proveito disso e transformar em um estímulo à manutenção dessa iniciativa e a criação de outras.

Além disso, a força que ela, torcida, muitas vezes
não percebe que tem precisa ser enfatizada. O consórcio que está à frente da Arena Fonte Nova já viu que se as coisas continuarem dessa forma terão prejuízos e se há uma coisa que empresário não gosta é de perder dinheiro, razão de viver de muitos. Sendo assim, uma das medidas de grande relevância é a manutenção do PÚBLICO ZERO. 

Público zero é fácil? Não, não é. Não é tão simples dizer vamos fazer e conseguir. Como conter o desejo de ver o seu time jogar e com ele vibrar, com ele gritar gol e depois tomar “uma cervejinha” para comemorar? É bom demais, não é?

Mas, quantas vezes você fez isso ultimamente? Quantas vezes, chegando à metade do ano, você abriu o peito, soltou a garganta e gritou gol!!!, quase que sentindo o coração sair pela boca de tanta alegria? E por falar nisso, quantas alegrias o time do Bahia lhe deu esse ano? 

Com quem você jogou até agora? Copa do Nordeste, Campeonato Baiano e primeira fase da Copa do Brasil. Grandes times? Prepare-se para o pior: quantas chances você terá de soltar esse grito preso na sua garganta ao jogar com os melhores times brasileiros na série A?

É duro não ir ao jogo do próprio time? É sim. Muito. Principalmente quando esse time é o Bahia. “Eles” não entendem. Quem torce para um simples time de futebol não pode entender o que é isso. Só entende quem torce pelo Bahia. Só entende quem torce para um time que é um fenomeno social.

A realidade, portanto, está aí à nossa frente: sofreremos muito, e como sofreremos, ao não irmos ao estádio. Mas, sofreremos muito mais se formos nas atuais condições, porque será um sofrimento que poderá ter um desfecho terrível no final do ano.

Vão trazer outro caminhão de jogadores às pressas. Nessas condições, com o campeonato brasileiro começando, sabendo que pelo desespero o Bahia topará qualquer coisa, se vierem, por quanto virão jogadores como Jorge Henrique, Douglas, Neto Berola (que parece que não consegue jogar uma partida inteira) e outros que certamente chegarão? Para quanto irá a folha do clube? Enquanto isso, Gabriel…

Torcedor, e Souza, o que fazer com ele? A torcida vai permitir que ele continue vestindo a camisa tricolor, ainda mais com Fernandão mostrando que é melhor do que ele? Tem alguém na diretoria com medo de dispensa-lo? Se tem, por que? O que será que Juca Kfouri quis dizer com “refugos que ganham fortunas no Bahia e sabe-se lá se realmente recebem todo o salário pelo qual são contratados”? (veja o vídeo abaixo).

Soframos um pouco agora para não sofrermos muito mais depois.

PÚBLICO ZERO.

[[youtube?id=O6l8fphSL1Q]]  

Comigo não acontece

Decidido, positivo, muito autoconfiante, mesmo que às vezes parecesse um pouco exagerado. Sabe que houve momentos em que tive um pouco de inveja dele. Já ouviu falar ou conhece a inveja saudável? Tive. 
 
É a proximidade com algo ou alguém que lhe dá o conhecimento sobre esse algo ou alguém. Para se ter proximidade, por exemplo, com a ciência, é preciso estudar. É o estudar que lhe traz para próximo da ciência, portanto, do conhecimento científico.
 
Algo muito comum nos dias atuais, a facilidade de acesso à informação faz as pessoas se imaginarem conhecedoras de todos os assuntos. A mídia nos mostra diariamente “analistas” que entendem igualmente e com profundidade de tudo, de cinema à economia, de política à futebol… Aí, sem que percebam, expõem a sua ignorância ativa. A proximidade com pessoas assim mostra a sua fragilidade. Não é difícil identificar quem vomita um conhecimento que não tem.
 
Com ele foi assim. Assustaram-me as primeiras vezes em que vi se manifestar a sua ignorância ativa. Houve um momento específico, o primeiro momento, em que a vi com clareza; foi um choque.
 
Você sabe do que a amizade é capaz? De tudo, inclusive de quando não esconder, amenizar os defeitos dos amigos. Atribuí aquilo a um momento pelo qual, em intensidade maior ou menor, todos nós passamos; a necessidade de afirmação, ainda mais quando se busca um espaço.
 
As discussões, sem que ele percebesse, morriam no “comigo não acontece”. Você quer maior prova de falta de argumento? Por falta de argumentos e contra-argumentos, você foge do tema e se “diferencia”: “comigo não acontece”. Morre o assunto, morre a discussão. Como contra argumentar com comigo não acontece? É um profissional diferenciado. Foram algumas vezes.
 
Um conselho. Certas discussões não devem ser travadas em mesa de bar. Essa foi. Discutindo aspectos da endodontia, não tinha como faze-lo entender algumas coisas. Até que um colega não conseguiu mais se controlar: “quer um conselho? Pegue o livro de Robbins (Patologia) e vá estudar”. Mal estar geral.
 
Alguns poucos anos depois esse colega me disse; “se arrependimento matasse eu já estaria morto”. Arrependia-se pelo tom ríspido com que falara e pelo mal estar que provocara. Pelo menos dessa vez, achei que não havia tanto porque se arrepender. Se o necessitado de Robbins tivesse seguido o conselho que lhe foi dado, mesmo que num tom um pouco mais ríspido, não seria hoje o que é. Teria valido a pena. Não o fez. 
 
É possível que tenha pego o referido livro e tenha lido alguma coisa. Em outras palavras, teve acesso à informação. Mas, ler não é estudar. Seguiu-se então uma sequência de vomitar de conhecimentos com a profundidade de uma piscina para bebês. Confirmava-se ali uma característica pessoal.
 
Acidentes profissionais, passíveis de acontecer com qualquer um, costumam trazer muita reflexão. Quanto mais graves, mais reflexão trazem. Quase sempre na mesma proporção, com a reflexão costuma chegar a humildade, companhia indispensável aos grandes profissionais.
 
Nem sempre é assim. Acreditam alguns que tentar abafar o caso é suficiente. Se os outros não sabem, comigo não acontece.
 
Algumas fronteiras são tênues, às vezes de difícil definição. Uma delas, certamente, é a existente entre a ignorância e a excessiva autoconfiança. A arrogância costuma ser o resultado. 
 
Outro dia ligou uma colega. Sala de aula, ambiente de discussão, troca de ideias… Diante de mais um momento de vazio, mais uma vez ele fechou a discussão. Antes que ela dissesse como, interrompi e perguntei: ele disse “comigo não acontece”?

Como é que você sabe? 

Coitado de Joaquim Barbosa 4

Se você clicar no falando da vida vai encontrar vários textos que escrevi sobre o Ministro Joaquim Barbosa. 

Aclamado herói do Brasil pela grande (?) imprensa brasileira, por ela própria será destruído, não demora muito. Apesar da sociedade brasileira sequer desconfiar, as razões para isso são de fácil identificação. Você é capaz de imaginar por que Juliano Breda diz "terminado o julgamento do mensalão" no texto que vai ler em seguida?

Nos vários textos que escrevi sobre ele, entre outras coisas falei, com meses de antecedência, sobre um grande pequeno homem. Portanto, nenhuma novidade sobre o que virá em futuro breve.

O que chama a atenção é que, mais cedo do que se esperava, órgãos oficiais dos diversos setores da justiça brasileira deixam isso bem claro (já postei alguns aqui). Dessa vez, veja o que disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Paraná, Juliano Breda. 

Ato em político pela criação dos TRFs, em Curitiba, nesta segunda (20), abre guerra contra Joaquim Barbosa: “Nenhum diálogo inteligente é possível”, fuzila o presidente da OAB, Joaquim Barbosa; presidente da Câmara em exercício, André Vargas (PT-PR), e o senador Sérgio Souza (PMDB-PR), coordenador da Frente Parlamentar, também elevaram o tom das críticas ao ministro do STF.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Paraná, Juliano Breda, disse nesta segunda-feira (20), em ato político pela criação dos Tribunais Regionais Federais (TRFs), em Curitiba, que é impossível travar diálogo inteligente com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa.

“O ministro Joaquim Barbosa é uma pessoa com qual nenhum diálogo inteligente pode ser travado”, afirmou Breda para o auditório lotado de lideranças políticas e empresariais.

O presidente da OAB-PR foi ovacionado pelos presentes quando assegurou que o presidente do STF não entende nada de Direito.

Nós todos sabíamos que o ministro Joaquim Barbosa não sabia nada de Direito. Hoje nós descobrimos que ele não sabe nada de organização judiciária no país”, discursou.

Juliano Breda afirmou ainda que a grande mídia no país vem poupando Joaquim Barbosa, pois terminado o julgamento do mensalão será absolutamente destruído pela imprensa brasileira, e com muita razão.
 

Ouça o áudio aqui o-ministro-joaquim-barbosa-e-uma-pessoa-com-qual-nenhum-dialogo-inteligente-pode-ser-travado

Bahia, um fenômeno social*

Torcedor tricolor, deixe-me contar uma pequena história.

Estava no Rio de Janeiro em 2009 e ouvia no carro do meu cunhado um programa de esporte de fim de ano de uma emissora de São Paulo. Era uma “entrevista” com Papai Noel em que ele dizia o que ia dar de presente de Natal aos clubes brasileiros.

Falou dos quatro grandes do Rio, de São Paulo, dos dois do Rio Grande do Sul e dos dois de Minas Gerais. Já imaginando o que deveria acontecer, pensei; não vai falar da Bahia.

E aí veio a pergunta: “Papai Noel, e o Nordeste? Ho, ho, ho, que bom se o Bahia voltasse aos bons tempos”. E só.

Você deve estar lembrado que em 2009 o Bahia estava na segunda divisão pelo sexto ano consecutivo, sexto ano consecutivo, e outros times do Nordeste faziam parte da primeira divisão. Porém, para Papai Noel só o Bahia contava.

Foi sempre assim. E será sempre assim: “o time nacional do Nordeste”.

Quantos times de futebol têm um filme, um longa metragem, ganhador de vários prêmios, que fez torcedores rivais chorarem de emoção (eles próprios confessaram) pela emoção que não possuem? 

Por outro lado, como explicar que uma simples passarela para atravessar uma avenida tenha demorado mais de três anos para ser construída e quando foi Pituaçu já deixava de ser a casa do Bahia? Mais uma vez, um jogo político perverso estava por trás das coisas do Bahia. Bahia, da sua grandeza sempre se aproveitaram e se aproveitam os pequenos homens.

O Bahia voltou à primeira divisão em terceiro lugar no ano em que o Coritiba foi campeão da série B. Na festa de premiação, o grande destaque foi para o Bahia e a Torcida de Ouro. Não foi para o campeão.

E agora, em um momento de dor graças aos mesmos dirigentes que há anos se apossaram do seu destino, momento em que sofre derrotas absurdas em campo e ao qual muitos não resistiriam, o que vemos?

Vemos o Bahia mostrar a sua força de uma forma jamais vista no futebol. Ou são comuns essas diversas manifestações de apoio de artistas, políticos de todos os partidos, pessoas de todos os segmentos da sociedade, homens, mulheres, crianças, idosos, negros, brancos, mestiços, de todas as religiões e cultos?

E o público zero?

Momento único em que uma torcida reconhecida pela paixão que dedica ao seu time se deixou conduzir pelo amor e pela razão, sentimentos certamente incompatíveis com o futebol. 

Apesar das manobras que foram feitas para seduzi-la, ela não foi ao estádio. Quantos corações choraram, sofreram, adoeceram, por saberem que, num momento em que a camisa das três cores da vida precisava, ela, a torcida, não foi, para entoar do “lado de fora” na voz de milhões de pessoas um só desejo; devolvam o meu time. Fisicamente fora, mas projetando todo o seu amor para dentro do estádio. Toda uma nação chorou.

E chamou a atenção do Brasil outra vez. E virou exemplo.

Vários comentários elogiosos chamando “de feito impressionante” foram feitos na imprensa nacional, como por exemplo, André Rizek e seus convidados no Redação Sportv. Veja o que disse José Antonio Lima no blog Esporte Fino, da revista CartaCapital em-salvador-o-torcedor-mostra-sua-forca; “A situação vivida pelo Bahia não é exatamente novidade no futebol brasileiro. Talvez todos os grandes times do país tiveram, ou têm, dirigentes incompetentes, que sequestram o clube e contam com um sistema antidemocrático para se perpetuar no poder. A inovaç&atil
de;o que vem da Bahia é a possibilidade de o torcedor agir para reivindicar aquilo que é seu, o clube de futebol, mesmo sem ter poder de voto. Ao se mobilizar, a torcida do Bahia defende seu patrimônio e ajuda a tentar resgatar o clube do limbo. É um exemplo para o resto do país."

Quantos clubes de futebol no Brasil foram, são ou serão capazes de se envolverem em tantos e tão contraditórios momentos (só alguns foram colocados aqui e de forma sintetizada) e por que isso nunca acontecerá com a maioria deles? Por que, quando muito, são clubes, times de futebol. O Bahia é um fenômeno social.

Torcedor tricolor, nas suas veias corre um sangue de três cores. Nunca, mesmo com o estádio vazio, nunca haverá de fato público zero com o Bahia. Ainda que fiquemos do lado de fora, estaremos sempre, não nas arquibancadas, mas no campo, chutando, defendendo, chorando, sorrindo, morrendo, renascendo, e a cada renascimento mais apaixonados.

Nas nossas entranhas, latejando, pulsando, batendo forte, cada vez mais forte, sempre estará o Hino do Bahia, único, inigualável. Um hino que há muito deixou de ser o hino de um time de futebol para ser música de aniversário, de casamento, de carnaval, de São João… Existe um outro assim? É o hino de uma nação. E cada vez que tocar aquele acorde inicial, bastará ele para entendermos; está começando mais uma festa, porque ele não celebra, ele é a festa. É a festa de uma nação, a nação tricolor.

Perdemos um título. Temos tantos. Quem no nosso estado tem mais títulos em quantidade e importância do que você? Quem, em toda a região Norte/Nordeste, que ocupa mais da metade do território do nosso país, tem dois títulos nacionais? Qual é o único time que pode ser e é chamado de “time nacional do Nordeste”, como disse o jornalista Juca Kfhouri, um dos mais respeitados do Brasil?

Não, não se humilha um time desse, não se humilha uma tradição, não se humilha uma glória, não se humilha uma nação. Humilhados estão alguns dos seus jogadores, com o seu pobre futebol e agora com o seu pobre futuro, mesmo que ainda venham a ganhar muito dinheiro. Humilhados estão os pequenos homens que o dirigem há mais de uma década, agora menores ainda, mesmo que estejam ricos.

Torcedor tricolor, mostre a sua força, exiba com orgulho a sua paixão. Nesse fim de semana vá ao shopping, ao barzinho, à praia, vá a todos os lugares, vestindo com orgulho a sua camisa tricolor. Vamos invadir, como sempre fizemos, a nossa terra, a Bahia, e deixa-la ainda mais tricolor, porque tricolor ela já é. Não só nas cores da sua bandeira, mas principalmente no coração dos baianos.

E nunca esqueça: seu time ainda é e sempre será o maior.

 

* Bahia, um fenômeno social – foi assim que o jornalista João Carlos Teixeira Gomes, Joca, como é conhecido entre os seus amigos, descreveu o Bahia. 

Coitado de Joaquim Barbosa 3

De doméstica a ministra
 
Ela trabalhou em lavouras e foi empregada na adolescência. Agora, como membro do Tribunal Superior do Trabalho, é figura-chave nas discussões da PEC das domésticas
 
Por Izabelle Torres e Josie Jeronimo, da Revista IstoÉ
 
TRANSFORMAÇÃO
 
Delaíde tem nas mãos 12 mil processos e o desejo assumido de ajudar pessoas com biografia semelhante à sua
 
As discussões envolvendo a PEC das Domésticas, promulgada em abril pelo Congresso, colocaram luz sobre a atuação e a história de vida de uma ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Aos 60 anos, avó de três netos, Delaíde Miranda Arantes trabalhou nas pequenas lavouras do pai no interior de Goiás, foi empregada doméstica na adolescência e se tornou advogada aos 27 anos. No TST desde 2011, ela tem nas mãos 12 mil processos e o desejo assumido de ajudar pessoas com uma biografia semelhante à sua. Transformada em atração nacional depois da aprovação da emenda 72 – que regula o serviço doméstico -, seu gabinete virou um ponto de encontro de parlamentares, lideranças sindicais e assessores do Ministério do Trabalho interessados em debater a regulamentação da proposta. Na semana passada, entre uma audiência e outra, a ministra deu a seguinte entrevista para ISTOÉ:
 
ISTOÉ – A sra. foi empregada doméstica e ascendeu na carreira jurídica, em uma trajetória de superação que lembra a do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Como avalia a atuação do ministro?
Delaíde Miranda Arantes – Eu não sou Joaquim Barbosa. Temos essa coincidência de trajetórias, mas não penso como ele. Tenho respeito. E tenho o dever hierárquico de respeito, porque ele comanda o Supremo. Entretanto, ele faz críticas à magistratura que eu não faria, pois não contribuem para alterar nada no Judiciário, especialmente pela forma como ele faz. O presidente do Supremo também critica advogados. Preocupam-me as declarações que ele fez ao ministro Ricardo Lewandowski durante o julgamento do mensalão. Eu não critico um colega que vota diferente de mim. Não acho que tenho esse direito. Eu realmente tenho uma preocupação com a forma como ele fala e como se coloca.
 
ISTOÉ – Qual o problema desse comportamento?
Delaíde – A impressão que tenho é que o presidente do STF pode ter amargura no coração. Às vezes faz discursos duros contra tentativas de defesa de réus. A gente não sabe por que faz isso. Quem sabe Freud possa explicar.
 
ISTOÉ – A sra. tem alguma amargura pelo sofrimento que passou?
Delaíde – Nenhuma. Sou liberada, meu coração é livre. Quando me formei em direito, minha carteira foi assinada por um sindicato de trabalhadores com um salário bem pequeno. Fui fazer um cadastro para comprar roupa a crédito e a moça falou: “Olha quanto ela ganha, por isso eu não estudo.” Uma vez fui arrumar emprego em Goiânia e uma das moças que moravam comigo numa república disse que eu não poderia trabalhar em escritório porque não tinha roupas. Na verdade, eu tinha duas roupas, dava para enganar. Um dia usava uma. No outro, a outra.
 
ISTOÉ – Seu passado como empregada doméstica a transformou em uma interlocutora de diversos setores nas discussões sobre a PEC 72. Como a sra. vê essas discussões?
Delaíde – A discussão é saudável. O Congresso está preocupado com a multa de 40% em caso de demissão. Faz sentido. Uma empresa tem uma rubrica financeira para as despesas trabalhistas. Quando o empregador é uma pessoa física, isso fica mais complicado. É importante pensar na criação de um fundo com participação do poder público, mas não tenho uma fórmula. Haverá uma solução e acho que ela não demora.
 
ISTOÉ – Os conflitos gerados pela PEC vão inundar a Justiça?
Delaíde – Em 1988, milhares de empresas disseram que iriam à falência em função de alguns direitos trabalhistas. Agora não temos empresas reclamando, mas empregadores dizendo que não podem mais ter empregadas, que não va
i ser possível suportar. Mas o ônus não é tão grande. Está havendo um superdimensionamento. O ponto principal é tomar cuidado para não criar condições de questionamentos judiciais em demasia, em especial quanto às horas extras. O resto ainda será discutido. Aposto muito no diálogo entre empregada e empregador.
 
ISTOÉ – A PEC está sendo criticada porque foi aprovada sem prazo para regulamentação e sem recursos para cursos de profissionalização. A sra. concorda?
Delaíde – Considero que o apoio de políticas públicas será fundamental. Será necessário abrir creches, escolas infantis de tempo integral e até criar uma política de incentivo para a aquisição de casa própria para empregados domésticos.
 
ISTOÉ – Mas o governo não está conseguindo sequer cumprir as metas de construção de creches anunciadas antes da PEC
Delaíde – Esta é uma demanda de muitos anos. Não é possível fazer tudo ao mesmo tempo. Acho que o setor privado terá que ajudar. Não é possível imaginar que só o setor público dará vazão a essa demanda.
 
ISTOÉ – A PEC é eleitoreira?
Delaíde – Na minha opinião, pode ter um componente desse tipo. Todo avanço social, em tese, rende votos. Não tem como se aprovar nada no campo social ou previ¬denciário que não se transforme de alguma forma em voto. Mas uma eleição é mais complexa e isso não vira voto diretamente. Quando for votar, a empregada não vai escolher alguém apenas porque aprovou uma emenda. Se houver vantagem eleitoral, será indireta.
 
MÉRITO
 
Delaíde nunca foi petista, mas admira o trabalho de Lula no governo
 
ISTOÉ – A Justiça do Trabalho mudou de perfil nos últimos anos?
Delaíde – Não há dúvida. É uma mudança que reflete as transformações recentes do Brasil. Elas permitiram que uma antiga empregada doméstica, como eu, fosse nomeada ministra do TST. Há alguns anos, isso seria quase impossível. Mas hoje somos um País preocupado com a pobreza. Isso se reflete no trabalho da Justiça e amplia o leque de quem conhece seus direitos e busca por eles. O Brasil presidido por um metalúrgico e depois por uma mulher não é o mesmo País de antes.
 
ISTOÉ – A sra. é petista?
Delaíde – Nunca fui petista, mas fui comunista por mais de 20 anos. Era uma militante de base do PCdoB, com um papel secundário no partido. Fui diretora da OAB, da associação dos advogados trabalhistas de Goiás e até hoje estou filiada à associação das mulheres de carreira jurídica. Eu me desfiliei para atender à lei da magistratura nacional. Também me desvinculei porque gosto de ser séria em tudo o que faço.