Coitado de Joaquim Barbosa 2

HORA DE ACORDAR

Entidades de advocacia reagem à declaração de Barbosa

A brincadeira do ministro Joaquim Barbosa sobre o horário que os advogados acordam não foi bem recebida pelas entidades de advocacia. Durante discussão no Conselho Nacional de Justiça sobre o horário de funcionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo, que limitou o horário de atendimento aos advogados à partir das 11h, o ministro Joaquim Barbosa afirmou: “Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas mesmo?”. Diante da provocação, representantes da advocacia reagiram com críticas à Barbosa, afirmando que a postura não condiz com a importância do cargo ocupado pelo ministro.

“É motivo de profunda preocupação a conduta incompatível com o exercício do cargo. Todas as profissões são honradas quando exercidas com ética e responsabilidade, sendo essa a expectativa de toda a sociedade diante da tão nobre e fundamental missão do Conselho Nacional de Justiça”, afirmou o presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), José Horário Halfeld Rezende Ribeiro.

Em nota, o Movimento de Defesa da Advocacia (MDA) classificou como inadequada e deselagante a afirmação do ministro. “Ainda que tal manifestação tenha se dado em tom ‘de brincadeira’, como teria justificado posteriormente S.Exa., o fato é que posturas desse jaez não se coadunam, em absoluto, com a importância e a liturgia do cargo de Presidente da Suprema Corte da Nação e simultaneamente do Conselho Nacional de Justiça”.

A Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp) classificou a atitude de Joaquim Barbosa como “absolutamente lamentável, que atenta contra a dignidade da classe dos advogados e que não se coaduna com o comportamento que se espera do presidente do CNJ, assim como da mais alta corte do país”. Segundo a Aasp, esta e as demais declarações do ministro tem “claro propósito de minimizar o alcance e a relevância de prerrogativas profissionais exercidas em benefício de toda a sociedade”.

Em nota pública, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil classificou a declaração preconceituosa e desprovida de conhecimento da realidade do trabalho da classe. “O advogado acorda cedo e dorme tarde, vigilante na defesa do cidadão”, diz a nota. “É lamentável que instituições sejam obrigadas a gastar energia com afirmações preconceituosas.”

Já o presidente seccional paulista da OAB, Marcos da Costa, afirmou que a manifestação do ministro Joaquim Barbosa sobre a advocacia é “reprovável” e que o número de processos em tramitação na Justiça paulista aufere, categoricamente, que os advogados são, sim, profissionais operosos.

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, considerou a brincadeira uma ofensa. “A presidência do CNJ não é local para formular piadas. Na verdade, a “piada” do ministro Joaquim Barbosa causou profunda ofensa à advocacia brasileira. A maioria esmagadora dos advogados brasileiros tem que acordar muito cedo para sobreviver com a sua profissão. Generalizações desse nível são um desrespeito".

De acordo com Damous, "quando os advogados propõem que os tribunais abram mais cedo é porque querem trabalhar, ao contrário do que pensa o ministro Barbosa. Com certeza, o presidente do STF e do CNJ não gostaria que os advogados também generalizassem e dissessem que os juízes são preguiçosos e não proferem as suas decisões nos prazos previstos em lei e que são os maiores responsáveis pela morosidade do Poder Judiciário".

Damous afirma ainda que o ministro deveria se abster de comentários desairosos desse tipo, como é useiro e vezeiro em fazer. "O que se espera do CNJ é que cumpra com a sua missão constitucional de fiscalização e planejamento estratégico do Judiciário e não piadinhas de mau gosto".

Leia abaixo a íntegra das notas

IASP 
O Instituto dos Advogados de São Paulo — IASP manifesta seu repúdio pelo comentário desrespeitoso do ministro Joaquim Barbosa, manifestado na sessão de ontem do Conselho Nacional de Justiça, de que: "Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas mesmo?". É motivo de profunda preocupação a conduta
incompatível com o exercício do cargo. Todas as profissões são hornadas quando exercidas com ética e responsabilidade, sendo essa a expectativa de toda a sociedade diante da tão nobre e fundamental missão do Conselho Nacional de Justiça.

MDA
O Movimento de Defesa da Advocacia — MDA, na qualidade de entidade cujos objetivos estatutários se fundam na valorização da Advocacia e na defesa intransigente das prerrogativas profissionais, tendo em vista as notícias veiculadas pela imprensa, vem a público manifestar sua perplexidade e frontal desaprovação com a forma inadequada e deselegante a que se referiu o Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça Ministro Joaquim Barbosa à cl asse dos Advogados, ao verbalizar, também segundo o noticiário e durante sessão do CNJ ocorrida no último dia 14/05, como um dos fundamentos para negar a pretensão de restrição de entrada junto aos Fóruns do Estado de São Paulo os seguintes dizeres “Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas mesmo?”

Ainda que tal manifestação tenha se dado em tom “de brincadeira”, como teria justificado posteriormente S.Exa., o fato é que posturas desse jaez não se coadunam, em absoluto, com a importância e a liturgia do cargo de Presidente da Suprema Corte da Nação e simultaneamente do Conselho Nacional de Justiça.

A Advocacia não se cala diante dos episódios mais sombrios vividos na História, de modo que também não poderá se calar em todas e quaisquer situações em que não apenas as prerrogativas profissionais sejam violadas, mas também quando as manifestações do Chefe do Poder Judiciário brasileiro ou de qualquer Autoridade não se mostrem compatíveis com o Estado Democrático de Direito. 

AASP
Na data de ontem, o Egrégio Conselho Nacional de Justiça retomou o julgamento do procedimento de controle administrativo proposto pela Associação dos Advogados de São Paulo, em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, e o Instituto dos Advogados de São Paulo, em que se objetiva a revogação do Provimento CSM nº 2.028, de 17 de janeiro de 2013, por meio do qual o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, contrariando dispositivo expresso n a Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), reserva o período das 9h às 11h apenas para serviços internos e impede o atendimento e até mesmo o mero ingresso de advogados, em todos os Fóruns do Estado, antes das 11 horas da manhã.

Durante a referida sessão, o presidente daquele colegiado, ministro Joaquim Barbosa, visivelmente incomodado com a dificuldade que enfrentava para convencer seus pares de que sua opinião pessoal sobre o assunto deveria prevalecer, mesmo diante do texto expresso de uma lei federal e da jurisprudência do próprio órgão, indagou de forma jocosa: “Mas a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas mesmo?”

Trata-se de atitude absolutamente lamentável, que atenta contra a dignidade da classe dos advogados e que não se coaduna com o comportamento que se espera do presidente do CNJ, assim como da mais alta corte do país.

Por essa razão, a AASP vem a público manifestar seu veemente repúdio, não apenas a esta, como também às reiteradas manifestações do ministro Joaquim Barbosa de desapreço pela advocacia, emitidas com o claro propósito de minimizar o alcance e a relevância de prerrogativas profissionais exercidas em benefício de toda a sociedade.

OAB
A Diretoria do Conselho Federal da OAB vem a público reafirmar o valor dos advogados brasileiros, essencial à defesa do cidadão e indispensável à realização da justiça, como estatuído pela Constituição Federal.

O advogado acorda muito cedo e dorme muito tarde, sempre vigilante em defesa do cidadão, principalmente quando injustiçado por autoridades arbitrárias.

Ao anunciar que a maioria dos advogados acorda às 11 horas, o presidente do Supremo Tribunal Federal demonstra completo desconhecimento da realidade sofrida e de extrema dificuldade enfrentada pela advocacia brasileira.

É lamentável que instituições sejam obrigadas a gastar energia com afirmações preconceituosas. O momento atual impõe serenidade, equilíbrio e respeito. A OAB faz um chamamento à razão. As instituições da República devem se preocupar com as graves questões que afligem a sociedade. Comentários desrespeitosos não contribu
em para a construção de uma nação fraterna e justa.

A OAB e a advocacia reafirmam a sua disposição ao diálogo de alto nível, pautado no cumprimento dos valores constitucionais e na busca da efetividade da justiça.

OAB-SP
A Ordem dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo lamenta profundamente e considera reprovável a manifestação do presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Joaquim Barbosa, proferida durante sessão que analisava medida interposta pelas entidades representativas da advocacia (OAB SP, AASP e IASP), questionando a restrição de horário imposta aos advogados nos fóruns estaduais.

Na Justiça Paulista, tramitam 20 milhões de processos, sendo possível, desta forma, afirmar categoricamente que os advogados paulistas são operosos e não podem aceitar a pecha que quis lhes atribuir o presidente do CNJ, com a ironia de que “a maioria dos advogados não acorda lá pelas 11 horas mesmo?”. Lembramos que o episódio não é isolado, somando-se a uma série de manifestações inoportunas e extemporâneas feitas pelo ministro em diferentes ocasiões.

A Justiça não pode prescindir da advocacia, que postula em nome dos cidadãos e luta pelo reconhecimento de seus direitos em Juízo. A advocacia também é essencial à manutenção e ao aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito, por ser o advogado o profissional que torna possível retomar o ponto de equilibro e resgatar a harmonia social, quando os direitos são feridos e as garantias são usurpadas.

A OAB lutou pela instituição do CNJ, criado por meio da Emenda 45 de 2005, e voltado a exercer o controle da atuação administrativa, financeira e dos deveres funcionais dos magistrados. O Conselho, reconhecidamente, vem atuando para aprimorar a Justiça, sem interferir na autonomia, independência e comprometimento social da magistratura.

Ao longo de sua atuação, o CNJ tem propiciando respostas efetivas, com a gestão de informações fundamentais sobre a Justiça brasileira, fixando metas e determinando padrões de atuação para um Judiciário tão diversificado quanto o brasileiro.

Por isso, a advocacia paulista recorreu ao Conselho para atender ao interesse do jurisdicionado e reparar uma violação de suas prerrogativas causada pela redução do horário de atendimento aos advogados nos fóruns (Provimento nº 2.028 do TJ-SP).

Acreditamos em um Poder Judiciário que amplie o livre acesso da população à Justiça, como preconiza a Constituição Federal, que seja transparente e trabalhe pela modernização da prestação jurisdicional e que não busque superar suas dificuldades por meio de violações às nossas prerrogativas profissionais, instrumentos essenciais ao exercício da nossa profissão.

[Notícia alterada às 14h14 do dia 16/5 para acréscimo de informações]

Revista Consultor Jurídico, 15 de maio de 2013.

Disponível em: http://www.conjur.com.br/2013-mai-15/entidades-advocacia-reagem-declaracao-joaquim-barbosa

 

 

Brincando com o perigo

Quem é pai sabe que, por mais que lhe incomode, tem que dizer não várias vezes ao seu filho. Cabe dosar, para que não pareça à criança que tudo é proibido e assim cria-la cheia de restrições. Ao mesmo tempo, deve deixar que a criança experimente algumas sensações, digamos, desconfortáveis, para conhecer os “perigos” que a vida põe à nossa frente.
 
Entretanto, sabemos que muitos pais criam os seus filhos como donos do mundo, não há limites. As eventuais dificuldades que surgem na vida da criança são sempre contornadas pelo “poder” do pai, para que o seu filho seja um reizinho. Como isso é comum.
 
Será que podemos de fato “culpar” o adulto que continua criança? Talvez não devêssemos, mas a vida não é assim. Ela não perdoa. Apesar de muitos não perceberem, os filhos são as coisas mais importantes do mundo para os pais, não para o mundo. E o mundo é cruel.
 
É possível que Marcelo Guimarães Filho, presidente do Bahia, não tenha ainda a real dimensão do mundo. É possível que ele não consiga entender que o mundo não o vê como o vê quem provavelmente mais o ama; o seu pai.
 
Somente isso pode explicar a sua absoluta ausência da realidade que o cerca, que por sua vez talvez explique a sua arrogância, prepotência e destemor. Não o destemor pela coragem, mas pelo desconhecimento do perigo.
 
É possível que a sua formação não lhe tenha proporcionado acesso ao conhecimento dos sentimentos humanos e, como consequência, ao conhecimento do que é capaz o homem quando tem os seus instintos mais primitivos despertados.
 
É possível que, por razões que não me cabe analisar, até pelo desconhecimento delas, ele não tenha tido acesso aos registros da literatura nesse sentido, mas o cinema está aí e até a televisão, com uma pobreza maior na qualidade da informação, com registros que falam da força das manifestações que ocorrem pela explosão de sentimentos contidos.
 
Será que Marcelo Guimarães Filho não está percebendo a gravidade do problema que criou e do qual é perigosamente o protagonista maior? Será que não percebe as evidências claras e cada vez mais fortes de que afloram sentimentos que podem explodir a qualquer momento com intensidade absolutamente imprevisível e, quem sabe, incontornável?
 
Será que ele está pensando que ainda pode colocar o dedinho na tomada e no máximo tomar um pequeno choque? 

Coitado de Joaquim Barbosa

Só teatro Folha de São Paulo (17/05/2013)
 
Por Bárbara Gancia
 
Parece que Joaquim Barbosa anda irrequieto. Alega que um carro preto cheio de homens deu para rondar sua casa. Hmmmm. Na minha modestíssima opinião, podem ser asseclas do Pinguim ou, quem sabe, do Coringa. Mas eu não descartaria algum estratagema terrível da Mulher Gato –nunca se sabe, daquela felina pode-se esperar qualquer coisa.
 
Quinzão não anda vendo espectros gratuitamente. Teme a hipótese de que o plenário do STF decida em favor de recursos que favoreçam os réus do mensalão que tiveram quatro votos a favor.
 
Joaquim Barbosa, super-herói da nação, salvador da pátria varonil, azul e anil, não admite hipótese que assegure os direitos dos 37 réus que ele reuniu em um só corpo e julgou simultaneamente. Batman quer jogar todos na cadeia já. Caso contrário estaríamos incorrendo em privilégio de poucos, estaríamos entrando no terreno da "impunidade".
 
Mas, vem cá: foram quatro os juízes que levantaram dúvidas razoáveis acerca da culpabilidade dos réus, não foram? E, que se saiba, há mais de 800 anos a possibilidade de recurso vem sendo assegurada por lei, certo? Não será a entrada desenhada de luva de Barbosa em campo na disputadíssima contenda do Fla-Flu que irá satisfazer a sede de punibilidade a qualquer custo por parte da torcida, não?
 
Em 20 ou 30 anos, quando o contexto político for outro; a composição do STF for outra e, quem sabe, a temperatura for mais baixa nas áreas da banca em que ficam empilhadas as revistas semanais, as pessoas quem sabe se darão conta de que o acórdão, a sentença final do mensalão, é um documento sem pé nem cabeça, sem sustentação alguma, sem lógica interna, e que não foi a "impunidade" que o fez naufragar, mas sua falta de coerência.
 
QUEM SABE.
 
Desde o dia 1º venho martelando que a peça é capenga. Não, não entendo xongas de direito. Eu mais os milhões de fãs de Barbosa que ficaram meses com o nariz grudado na TV vendo o juiz em ação –sem revide da defesa, diga-se. Mas muito especialista que examinou a papelada reconhece que existe ali mais populismo jurídico do que competência de fato –foram 37 réus julgados de uma vez só por crimes diversos, onde já se viu uma coisa dessas?
 
Ora, ora, por que será que vários ministros retiraram suas considerações da versão final da sentença, não é mesmo, juiz Fux? O caro leitor já tentou ler o documento? Também não li. Mas quem teve de se debruçar sobre a obra atesta que ela não diz lé com cré.
 
Em sua sentença, um juiz precisa deixar claro para a sociedade os motivos que o levaram a chegar às suas conclusões. No processo do mensalão, Joaquim Barbosa fabricou um teatrinho que criou na sociedade brasileira uma série de falsas expectativas. Havia ali o papel do bandido, do mocinho, tinha a pecha de "maior julgamento da história" e havia até a certeza indiscutível de que viríamos um final feliz.
 
Agora, quem criou todas essas esperanças, quem usou de fígado em vez de ciência, quem deu um chute no traseiro da oportunidade histórica e será o responsável pela frustração de um país inteiro, além de reforçar uma perigosa polarização entre correntes de esquerda e direita, é o mesmo homem capaz de se dizer tão desencantado com o sistema a ponto de abandonar a toga e se candidatar a presidente. Duvida? Bem, depois não diga que não foi avisado…
 
 

PS. A própria imprensa que o incensou já o vem desmoralizando (Quinzão, Batman, como ela o
chama hoje), há muito tempo. 

Alunos beneficiados pelo Bolsa Família no Norte e Nordeste têm aprovação maior que média brasileira

 
Estudantes beneficiados pelo programa governamental Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste têm rendimento melhor do que a média brasileira no ensino médio. A taxa de aprovação desses alunos é 82,3% no Norte e 82,7% no Nordeste, enquanto a taxa brasileira é 75,2%.
 
Os números são do cruzamento de dados de 2011 do MEC (Ministério da Educação) e do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) apresentados, nesta quinta-feira (16), pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, no 14º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).
 
— Os mais pobres tiveram um desempenho melhor do que a média. Não só conseguimos garantir que essas crianças não saiam mais da escola, mas conseguimos garantir que elas consigam ir melhor na escola. 
 
Ela atribui o rendimento ao fato de que os estudantes beneficiados pelo programa não podem ter uma taxa de frequência inferior a 85%. Para os demais alunos, a taxa é 75%. 
 
— Além disso, esses estudantes são superestimulados, as famílias entendem que é um ganho muito grande.
 
No Brasil, esses estudantes também se destacam. A taxa de abandono escolar brasileira no ensino médio era 10,8% em 2011, mas entre os alunos beneficiados pelo Bolsa Família, a taxa foi 7,1%. A taxa de aprovação entre os beneficiados foi 79,9% em comparação à taxa nacional de 75,2%.
 
No ensino fundamental, estudantes beneficiados do Norte e Nordeste tiveram taxa de rendimento um pouco inferior à taxa nacional. No Norte, a taxa de aprovação dos beneficiados foi 84,4% em 2011 e 82% no Norte, em comparação à taxa nacional de 86,3%. No Brasil, a taxa geral de aprovação dos beneficiados foi 83,9%. O abandono nacional nessa etapa do ensino foi 3,2%. Entre os beneficiados, também foi inferior, 2,9%.
 
A ministra também apresentou dados que mostram a maior presença dos 20% mais pobres no sistema de ensino. Em 2001, 17,3% desses jovens com 16 anos tinham ensino fundamental completo. O número passou para 42,7% em 2011. No Brasil, em 2001 eram 43,8% e em 2011, 62,6%.
 

Entre os 20% mais pobres, os jovens de 15 a 17 anos na escola passaram de 71,1% dessa população em 2001 para 81,1%. No Brasil, a porcentagem passou de 81% para 83,7%. Já entre os 20% mais pobres de 15 a 17 anos no ensino médio, ou seja, com a idade adequada a essa etapa de ensino, a taxa passou de 13,6% para 35,9% em comparação à variação nacional de 37,4% para 51,7%. “Houve uma melhora no fluxo escolar e são os mais pobres que estão puxando esses indicadores para cima”, constata Tereza. 

Torcedor do Bahia, está em suas mãos

Perdemos o campeonato baiano e provavelmente seremos desclassificados da Copa do Brasil pelo Luverdense na próxima quarta-feira. Você pode não querer admitir “em público”, mas sabe muito bem que não temos time para ganhar de ninguém com 3 gols de diferença. Na sequência, como você também sabe, há grandes chances de voltarmos para a segunda série do campeonato brasileiro. Apesar de, ainda com alguma cautela, o que é natural, alguns comentaristas nacionais dizerem isso, não precisamos deles para saber que hoje o Bahia é o pior time da série A.

Aceita-se perder um campeonato, afinal é impossível ganhar todos. O Bahia já perdeu outros campeonatos, mas cada vez mais isso se torna uma rotina na sua outrora gloriosa vida. Pior, agora ele não perde, é humilhado.
 
Logo após a volta para a série A, no mesmo ano em que o Vitória caiu, o presidente do Bahia usou os mesmos pobres e ridículos argumentos que Osório Vilas Boas e Paulo Maracajá (na sua eterna pobreza de espírito) usavam com frequência: o Bahia é isso, aquilo, enquanto que o nosso rival… O que disse o presidente? Que o clube tinha planejamento, não era como certos clubes, que ia voltar a ser campeão seguidas vezes, etc, etc. Era O Bahia de ontem com roupa de hoje
 
De lá para cá o time foi sempre ridículo; duas quase quedas no campeonato brasileiro, participações desastrosas na Copa do Brasil, não lembro se chegou a jogar a Copa Sul Americana… ah, espere aí, tem alguém aqui do lado me soprando que jogou sim, duas partidas memoráveis contra o São Paulo (o presidente achou o máximo a ida para essa copa). Só em dois momentos, dois momentos, ele foi alguma coisa melhor. Vamos a eles.
 
Quando Falcão assumiu o time (2012), da noite para o dia parecia que era o Barcelona; compactação, grandes exibições e goleadas. Não me pergunte como aconteceu, não faço a menor ideia.
 
Também não me pergunte por que, mas o time começou a cair. Chegou aos tropeços às finais do campeonato (lembra do gol de Rafael Donato no jogo contra o Vitória da Conquista?). Chegou às finais, contra o Vitória, para quem já tinha perdido uma partida e empatado outra. Foi campeão sem ganhar para o seu maior rival. Todo mundo viu, já não era o mesmo time. Se o campeonato demora um pouco mais, sei não.
 
O outro momento que nos trouxe um pouco de alegria foi a chegada de Jorginho no segundo turno do Campeonato Brasileiro do mesmo ano, 2012. Caminhando a passos largos para a segundona, confirmando o que falei acima, que o time estava em franca decadência, Jorginho reverteu o processo e… ufa, escapamos. Em cada um jogo daqueles eu via uns 15 enfartes na arquibancada, só eu tive uns três.
 
Lembram de quando o presidente, no seu eterno bom senso (a sensibilidade dele é algo comovente), deu as “boas-vindas” aos times que tinham subido para a série A, o Vitória entre eles? Uma gozação absolutamente sem sentido, como se o Bahia fosse frequentador garantido na série A por todos os anos anteriores. Era, de novo, o Bahia de ontem com roupa de hoje com todo o gás. As mesmas “grandes” sacadas de Osório e Maracajá, o mesmo provincianismo.
 
Natal, Reveillon, estávamos todos alegres, felizes da vida, e ficamos mais ainda quando vimos Jorginho e alguns jogadores renovarem os seus contratos.
 
“O Bahia tem um time muito bom, não vamos correr para o mercado, o mercado está aquecido, vamos fazer só contratações pontuais…”. Fiquei preocupado. Meu Deus, ajude a me lembrar, tenho certeza de que já ouvi isso, mas onde foi? Ele me atendeu, mas com uma condição; não diga que fui Eu que lhe disse: foi Angioni.
 
Mas tínhamos uma garantia; Jorginho. O que ele tinha feito com aquele time era milagre. Imagine agora, com aquelas grandes contratações pontuais que sabíamos que o nosso grande gestor ia fazer.
 
Jorginho ficou. Porém, já tinha deixado bem claro, às vezes sutilmente, às vezes não, que precisava de reforços. Tenho certeza que, como nós, ele também acreditava no nosso grande gestor de futebol, Paulo Angioni. 
 
Se já tínhamos nos dado muito bem com Kleberson, Zé Roberto, Mancini, Claudio pitbull e outros tantos, que sempre chegaram prontos para jogar (não precisamos ter pressa, esse “prontos” para jogar era dali a 2 ou 3 meses, até pegar forma, era um senhor planejamento), sabíamos que estava tudo sob controle. Assim chegou, por exemplo, Obina.
 
Completamente fora de forma. Mas, surpresa, já treinando entre os titulares. Jorginho sabia o que estava fazendo. Malandro escolado, mestre no futebol, sabia que não podia contar com determinados jogadores, aqueles que, mesmo jogando pouco ou nada, são nocivos ao grupo, péssimos exemplos. Porém, mesmo escolado, conhecedor das malandragens no futebol, Jorginho não se deu bem. Mexeu com os donos do time. Conhecemos o resultado.
 
Esqueçam Joel Santana; dessa vez ele não tem culpa de absolutamente nada.
 
Não perdemos o título no domingo, dia das mães. Não perdemos o titulo no começo do campeonato. Perdemos os títulos desde que os homens que dirigem o Bahia há mais de 10 anos assumiram o clube.
 
Chego a pensar que não há mais o que fazer. Como pode permanecer uma diretoria em que o presidente, ele próprio, põe nas redes sociais fotos em que está fazendo farras com os jogadores. Em vários desses momentos o Bahia já estava mal e ele pelas noites com aqueles jogadores que estavam destruindo o time.
 
E os jogadores?
 
Lomba, você lembra quando seus pais estiveram aqui pela primeira vez (em Pituaçu) e foram recebidos com todo carinho pela torcida do Bahia? Lembra o que disse sua mãe? “Agradeço a essa torcida maravilhosa por todo o carinho e amor que ela tem dedicado ao meu filho. Isso é tudo que uma mãe deseja. Como mãe só tenho a agradecer. Que Deus abençoe todos vocês”.
 
E o que você fez com essa torcida, Lomba? Traiu a sua confiança. A sua opção foi apoiar a atitude de um cara chamado Souza, por quem hoje a torcida tem desprezo. O paredão, o titular absoluto, o ídolo, transformou-se em um dos principais agitadores do time, que simplesmente destruiu a única coisa que segurava o time; a união do grupo.
 
Lomba, nesse jogo que terminou se revestindo de grande importância, porque é possível que a partir dele as coisas tomem outro rumo, as câmeras da televisão deram vários closes em você. Percebia-se claramente, o seu desânimo, a sua apatia, a sua falta de forças. É possível até que a expressão do seu rosto tenha refletido a percepção do tamanho do mal que você fez ao Bahia, e quando falo do Bahia falo da sua torcida, porque é a única coisa digna que resta. Por quanto tempo você sofrerá as consequências da sua atitude é absolutamente imprevisível, mas não será por pouco tempo. Porém, uma coisa é certa: sua carreira está manchada.
 
Ex-capitão Titi, vou relembrar um momento muito bonito que você protagonizou. Lembra quando você foi no Calabar (um bairro de Salvador) e as pessoas daquela comunidade, particularmente as crianças (algumas das quais você carregou nos braços), fizeram uma festa? Não sou de me emocionar facilmente com alguns gestos porque sei o que está por trás de muitos deles, mas confesso que aquele me tocou. E o pior, achei que você também foi tocado, você ficou emocionado.
 
Pois é Titi, você traiu todo aquele povo. As crianças, que vivem no maravilhoso mundo da pureza e da inocência, ao qual só elas têm acesso, não perceberam e não entendem nada do que estamos falando. Mas os pais, Titi, esses perceberam e entendem tudo direitinho. Aquelas vaias que você e Lomba estão ouvindo são deles. Vocês dois são pais e sabem que os pais se preocupam muito com os exemplos que os filhos seguirão. Será que vocês são capazes de imaginar que eles não deixarão mais que os filhos deles tenham vocês dois como ídolos?
 
Torcedor, e Souza? O que vamos fazer com ele? No terceiro ano de Bahia, o que ele fez de fato pelo nosso time? Com seu altíssimo salário, quantas vezes ele entrou em campo com as condições físicas mínimas necessárias para jogar uma partida de futebol como jogador profissional? Em que momento ele se respeitou? Em que momento ele respeitou a torcida, ao viver a maior parte do tempo entregue ao departamento médico pelas razões que sabemos? E agora, que ele foi o grande capitão que comandou o movimento no plantel que fez do Bahia o que hoje ele é, um time sem alma, covarde, humilhado, o que fazer com ele? Você acha que ele ainda tem alguma condição de vestir a camisa do Bahia, definitivamente manchada por ele com o seu suor fétido?
 
Torcedor do Bahia, não permita que mudem o foco. Os culpados não são os jogadores, só alguns deles. E esses terão que pagar pelo que fizeram. Torcidas uniformizadas poderão fazer de conta que buscam por justiça e dignidade e até se tornarem agressivas de mentirinha, de forma bem direcionada sobre eles. Não caia nessa. O foco principal é o presidente, a sua diretoria e alguns conselheiros. São eles os grandes responsáveis por tudo isso.
 
Torcedor do Bahia, está em suas mãos.

A questão da vinda dos médicos cubanos para o Brasil

Por Pedro Saraiva (luis nassif on line)
 
Olá Nassif, sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil
 
Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas.
 
– O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Alexandre Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.
 
– Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.
 
– Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato). A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.
 
– Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiro tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade. 
 
Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros? 
 
Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China? O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros? 
 
– Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presencie
i quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ. 
 
Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação. Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram. Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provam. Lembro deles terem pedidos informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.
 
Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil. 
 
– Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil. 
 
– É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos 
(http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226). 
 
– Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).
 
– Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenç
ão! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!
 
Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreia, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
 

Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano. 

Porque os médicos cubanos assustam

Por Pedro Porfirio (blog do porfirio)
 
Elite corporativista teme que mudança do foco no atendimento abale o sistema mercantil de saúde 
 
A virulenta reação do CFM (Conselho Federal de Medicina) contra a vinda de 6 mil médicos cubanos para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país é muito mais do que uma atitude corporativista: expõe o pavor que uma certa elite da classe médica tem diante dos êxitos inevitáveis do modelo adotado na ilha, que prioriza a prevenção e a educação para a saúde, reduzindo não apenas os índices de enfermidades, mas sobretudo a necessidade de atendimento e os custos com a saúde.
 
Essa não é a primeira investida radical do CFM e da AMB (Associação Médica Brasileira) contra a prática vitoriosa dos médicos cubanos entre nós. Em 2005, quando o governador de Tocantins não conseguia médicos para a maioria dos seus pequenos e afastados municípios, recorreu a um convênio com Cuba e viu o quadro de saúde mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena de profissionais daquele país.
 
A reação das entidades médicas de Tocantins, comprometidas com a baixa qualidade da medicina pública que favorece o atendimento privado, foi quase de desespero. Elas só descansaram quando obtiveram uma liminar de um juiz de primeira instância determinando em 2007 a imediata “expulsão” dos médicos cubanos.
 
No Brasil, o apego às grandes cidades
 
Neste momento, o governo da presidente Dilma Rousseff só está cogitando trazer os médicos cubanos, responsáveis pelos melhores índices de saúde do continente, diante da impossibilidade de assegurar a presença de profissionais brasileiros em mais de um milhar de municípios, mesmo com a oferta de vencimentos bem superiores aos pagos nos grandes centros urbanos.
 
[Dos 371 mil médicos brasileiros, 260 mil estão nas regiões Sul e Sudeste]
 
E isso não acontece por acaso. O próprio modelo de formação de profissionais de saúde, com quase 58% de escolas privadas, é voltado para um tipo de atendimento vinculado à indústria de equipamentos de alta tecnologia, aos laboratórios e às vantagens do regime híbrido, em que é possível conciliar plantões de 24 horas no sistema público com seus consultórios e clínicas particulares, alimentados pelos planos de saúde.
 
Mesmo com consultas e procedimentos pagos segundo a tabela da AMB, o volume de clientes é programado para que possam atender no mínimo dez por turnos de cinco horas. O sistema é tão direcionado que na maioria das especialidades o segurado pode ter de esperar mais de dois meses por uma consulta.
 
Além disso, dependendo da especialidade e do caráter de cada médico, é possível auferir faturamentos paralelos em comissões pelo direcionamento dos exames pedidos como rotinas em cada consulta.
 
Sem compromisso em retribuir os cursos públicos
 
Há no Brasil uma grande “injustiça orçamentária”: a formação de médicos nas faculdades públicas, que custa muito dinheiro a todos os brasileiros, não presume nenhuma retribuição social, pelo menos enquanto não se aprova o projeto do senador Cristóvam Buarque, que obriga os médicos recém-formados que tiveram seus cursos custeados com recursos públicos a exercerem a profissão, por dois anos, em municípios com menos de 30 mil habitantes ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas.
 
Cruzando informações, podemos chegar a um custo de R$ 792 mil para o curso de um aluno de faculdades públicas de Medicina, sem incluir a residência. E se considerarmos o perfil de quem consegue passar em vestibulares que chegam a ter 185 candidatos por vaga (UNESP), vamos nos deparar com estudantes de classe média alta, isso onde não há cotas sociais.
 
Um levantamento do Ministério da Educação detectou que na medicina os estudantes que vieram de escolas particulares respondem por 88% das matrículas nas universidades bancadas pelo Estado. Na odontologia, eles são 80%.
 
Em faculdades públicas ou privadas, os quase 13 mil médicos formados anualmente no Brasil não estão nem preparados, nem motivados para atender às populações dos grotões. E não estão por que não se habituaram à rotina da medicina preventiva e não aprenderam como atender sem as parafernálias tecnológicas de que se tornaram dependentes.
 
Concentrados no Sudeste, Sul e grandes cidades
 
Números oficiais do próprio CFM indicam que 70% dos médicos brasileiros concentram-se nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral trabalham nas grandes cidades. Boa parte da clientela dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, por exemplo, é formada por pacientes de municípios do interior.
 
Segundo pesquisa encomendada pelo Conselho, se a média nacional é de 1,95 médicos para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes.
 
A pesquisa “Demografia Médica no Brasil” revela que há uma forte tendência de o médico fixar moradia na cidade onde fez graduação ou residência. As que abrigam escolas médicas também concentram maior número de serviços de saúde, públicos ou privados, o que significa mais oportunidade de trabalho. Isso explica, em parte, a concentração de médicos em capitais com mais faculdades de medicina. A cidade de São Paulo, por exemplo, contava, em 2011, com oito escolas médicas, 876 vagas — uma vaga para cada 12.836 habitantes — e uma taxa de 4,33 médicos por mil habitantes na capital.
 
Mesmo nas áreas de concentração de profissionais, no setor público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado. Segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o número de usuários de planos de saúde hoje no Brasil é de 46,6 milhões e o de postos de trabalho em estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354 mil.Já o número de habitantes que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) é de 144 milhões de pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos públicos, 281 mil.
 
A falta de atendimento de saúde nos grotões é um dos fatores de migração. Muitos camponeses preferem ir morar em condições mais precárias nas cidades, pois sabem que, bem ou mal, poderão recorrer a um atendimento em casos de emergência.
 
A solução dos médicos cubanos é mais transcendental pelas características do seu atendimento, que mudam o seu foco no sentido de evitar o aparecimento da doença. Na Venezuela, os Centros de Diagnósticos Integrais espalhados nas periferias e grotões, que contam com 20 mil médicos cubanos, são responsáveis por uma melhoria radical nos seus índices de saúde.
 
Cuba é reconhecida por seus êxitos na medicina e na biotecnologia
 
Em sua nota ameaçadora, o CFM afirma claramente que confiar populações periféricas aos cuidados de médicos cubanos é submetê-las a profissionais não qualificados. E esbanja hipocrisia na defesa dos direitos daquelas pessoas.
 
Não é isso que consta dos números da OMS (Organização Mundial de Saúde). Cuba, país submetido a um asfixiante bloqueio econômico, mostra que nesse quesito é um exemplo para o mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil.
 
Graças à sua medicina preventiva, a ilha do Caribe tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo — 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) — inferior à do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos — 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) — é comparável a das nações mais desenvolvidas.
 
Com um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuídos por todos os seus rincões que registram 100% de cobertura, Cuba é, segundo a OMS, a nação melhor dotada do mundo neste setor.
 
Segundo a New England Journal of Medicine, “o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA”.
 
O Brasil forma 13 mil médicos por ano em 200 faculdades: 116 privadas, 48 federais, 29 estaduais e 7 municipais. De 2000 a 2013, foram criadas 94 escolas médicas: 26 públicas e 68 particulares.
 
Formando médicos de 69 países
 
Em 2012, Cuba, com cerca de 13 milhões de habitantes, formou em suas 25 faculdades, inclusive uma voltada para estrangeiros, mais de 11 mil novos médicos: 5.315 cubanos e 5.694 de 69 países da A
mérica Latina, África, Ásia e inclusive dos Estados Unidos.
 
Atualmente, 24 mil estudantes de 116 países da América Latina, África, Ásia, Oceania e Estados Unidos (500 por turma) cursam uma faculdade de medicina gratuita em Cuba.
 
Entre a primeira turma de 2005 e 2010, 8.594 jovens doutores saíram da Elam (Escola Latino-Americana de Medicina). As formaturas de 2011 e 2012 foram excepcionais com cerca de oito mil graduados. No total, cerca de 15 mil médicos se formaram na Elam em 25 especialidades distintas.
 
Isso se reflete nos avanços em vários tipos de tratamento, inclusive em altos desafios, como vacinas para câncer do pulmão, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da dengue. Hoje, a indústria biotecnológica cubana tem registradas 1.200 patentes e comercializa produtos farmacêuticos e vacinas em mais de 50 países.
 
Presença de médicos cubanos no exterior
 
Desde 1963, com o envio da primeira missão médica humanitária à Argélia, Cuba trabalha no atendimento de populações pobres no planeta. Nenhuma outra nação do mundo, nem mesmo as mais desenvolvidas, teceu semelhante rede de cooperação humanitária internacional. Desde o seu lançamento, cerca de 132 mil médicos e outros profissionais da saúde trabalharam voluntariamente em 102 países.
 
No total, os médicos cubanos trataram de 85 milhões de pessoas e salvaram 615 mil vidas. Atualmente, 31 mil colaboradores médicos oferecem seus serviços em 69 nações do Terceiro Mundo.
 
No âmbito da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), Cuba e Venezuela decidiram lançar em julho de 2004 uma ampla campanha humanitária continental com o nome de Operação Milagre, que consiste em operar gratuitamente latino-americanos pobres, vítimas de cataratas e outras doenças oftalmológicas, que não tenham possibilidade de pagar por uma operação que custa entre cinco e dez mil dólares. Esta missão humanitária se disseminou por outras regiões (África e Ásia). A Operação Milagre dispõe de 49 centros oftalmológicos em 15 países da América Central e do Caribe. Em 2011, mais de dois milhões de pessoas de 35 países recuperaram a plena visão.
 
Quando se insurge contra a vinda de médicos cubanos, com argumentos pueris, o CFM adota também uma atitude política suspeita: não quer que se desmascare a propaganda contra o regime de Havana, segundo a qual o sonho de todo cubano é fugir para o exterior. Os mais de 30 mil médicos espalhados pelo mundo permanecem fiéis aos compromissos sociais de quem teve todo o ensino pago pelo Estado, desde a pré-escola e de que, mais do que enriquecer, cumpre ao médico salvar vidas e prestar serviços humanitários.

PSDB respira por aparelhos em São Paulo

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo: 

 

Um foi ganhar dinheiro com palestras, o outro destruiu o partido em seu principal reduto

Passou relativamente em branco o dado mais importante da pesquisa feita pelo Datafolha para comemorar os seus trinta anos.

O foco do noticiário foi para a surpreendente escolha pelos paulistanos de Marta Suplicy como o melhor prefeito da cidade nas últimas três décadas. (Isso pode fortalecer Marta para uma eventual candidatura ao governo).

Mas o dado mais relevante é um que diz respeito ao partido que dominou a cena paulista e paulistana nos últimos vinte anos: o PSDB.

Apenas 8% dos ouvidos pelo Datafolha disseram ter preferência pelo PSDB. O PT foi a escolha de 28%.

Isso quer dizer o seguinte: o PSDB respira por aparelhos em São Paulo.

É o que pode ser chamado de herança maldita de Serra.

Serra não foi apenas um prefeito incompetente, incapaz de sequer proteger as árvores da cidade de tombarem a qualquer chuva e de inibir a proliferação de pernilongos.

Ele foi também um tratante comprovado: prometeu que ficaria no cargo aos paulistanos nas eleições e depois, sem pudor, esqueceu o que disse.

E deixou em seu lugar um administrador ainda mais inepto que ele, Kassab, sob o qual qualquer chuva podia virar uma enchente.

Os paulistanos não são tão bobos assim.

Ficaram indignados com o papelão de Serra, e isso se reflete nos raquíticos 8%.

Onde estava FHC enquanto Serra destruía o PSDB na terra em que sua supremacia parecia inexpugnável?

Fazendo palestras, palestras e palestras de cachês na casa dos 200 mil reais.

Aos 81 anos, FHC acumulou um patrimônio considerável pós-presidência, mas dificilmente irá leva-lo para a próxima vida.

E, enquanto gerava muito mais moedas do que seria necessário a um homem já bem entrado em anos, deixou que Serra transformasse o PSDB num partido semimorto.

Veja o que a Globo está fazendo com o futebol brasileiro

Ninguém ganha como o Corinthians

Do blog de Cosme Rímoli, no R7

Ninguém ganha como o Corinthians em São Paulo, no Brasil. O Flamengo e seus R$ 750 milhões em dívidas não é páreo. Graças a Globo, os corintianos já começaram seu reinado. E, omissos, todos os rivais fingem não perceber

Os quatro clubes de São Paulo divulgaram seus balanços. E os números não deixam dúvidas. Principalmente nas receitas. O Corinthians já deixou seus rivais para trás. Bem para trás.

O tratamento diferenciado que recebe da Globo é impressionante. Dos R$ 310,9 milhões, R$ 153,8 milhões vieram da tevê. Esse dinheiro é maior do que o total que o Palmeiras arrecadou em 2012. Somando cotas de tevê, patrocínio, venda de jogadores e bilheteria.

O São Paulo, segundo colocado, faturou R$ 220,7 milhões. Ou seja, R$ 90 milhões a menos. Isso tendo seu próprio estádio somando jogos e shows. Situação que o Corinthians ainda não tem.

Como a Espanha fez com o Real e o Barcelona, os corintianos recebem muito mais. Foram, como já foi escrito, R$ 153,8 milhões. O São Paulo recebeu R$ 112,4 milhões. O Santos, R$ 89,3 milhões. E o Palmeiras, foi o patinho feio, R$ 73,4 milhões. Menos da metade oferecida ao clube do Parque São Jorge.

Encolhidos, Juvenal Juvêncio, Luís Álvaro e Paulo Nobre nada podem fazer. Com o final do Clube dos 13 a negociação deixou de ser conjunta. É cada um por si.

E a Globo pagando mais para quem lhe interessa. Em São Paulo, já fez sua escolha e ponto final. O Corinthians é o clube que será o mais visto porque dá maior audiência.

Como no país ibérico, mais dinheiro ao clube significa melhor elenco, mais estrelas. Maior visibilidade arrasta maiores patrocínios. O clube da Zona Leste é o que mais faturou também com anunciantes. Ganhou R$ 64,6 milhões.

O Palmeiras conseguiu R$ 44,2 milhões. O Santos, R$ 40,4 milhões. O São Paulo apenas R$ 25,4 milhões.

Maior visibilidade, maior patrocínio, melhores jogadores e… Mais torcedores. O Corinthians arrecadou R$ 35,1 milhões em bilheteria. O São Paulo, R$ 25,4 milhões. O Palmeiras, R$ 18,4 milhões. Já o Santos, R$ 17,4 milhões.

O São Paulo só vence o Corinthians no item venda de jogadores. Conseguiu R$ 46,3 milhões. Não contabilizada a centenária venda de Lucas. Os R$ 108 milhões entrarão este ano. O Corinthians conseguiu R$ 33,8 milhões. O Santos conseguiu R$ 27,3 milhões. E o Palmeiras apenas R$ 6,3 milhões.

O resumo da ópera. Em 2012, o Corinthians arrecadou R$ 310 milhões. 24% a mais do que em 2011.

O São Paulo chegou a R$ 220,7 milhões. Cresceu 38,5%.

O Santos R$ 175,1 milhões. 12,9% a mais.

E R$ 121,1 milhões entraram no Palmeiras. 23,6% a mais do que há dois anos.

O Corinthians ganhou mais R$ 90 milhões do que o São Paulo. R$ 135 milhões do que o Santos. E R$ 161 milhões do que o Palmeiras. Isso sem o Itaquerão. Projeções apontam que o estádio levará ao clube R$ 100 milhões por ano. Entre jogos e shows.

A direção busca R$ 400 milhões pela venda dos naming rights. O Corinthians tem até acordo inédito com a Globo. Assim que fechar com o patrocinador, a emissora divulgará o seu nome. O que nunca fez em décadas de patrocinadores de times de basquete e vôlei. Isso pela quantia de 10% do acordo que os corintianos conseguirem.

Como na Espanha, a Globo, emissora dona dos direitos de transmissão, desequilibra o futebol. Torna a vida corintiana bem mais fácil. Tudo começou em fevereiro de 2011. Com Andrés Sanchez implodindo o Clube dos 13.

Veio a recompensa, com o Corinthians, ao lado do Flamengo, ganhando mais do que os outros. Sendo mais mostrado, atraindo maiores patrocinadores. O clube carioca não incomoda o corintiano. Até porque é aquele com maior dívida no país: R$ 750 milhões.

Por trás do campeão da Libertadores e do mundo há o que todos desconfiam. Muito dinheiro a mais do que os concorrentes. Exatamente como acontece com Barcelona e Real Madrid. No Brasil, o momento é espetacular para as finanças corintianas. Ele desfruta os privilégios sozinho. Já que o Flamengo pr
ecisa se livrar de suas dívidas. Isso vai levar anos.

Enquanto isso, a distância aumentará. Todos os dirigentes de outros clubes se calam. Pensam que nada podem fazer. Mas se não fossem tão omissos, covardes poderiam se unir. E exigir uma mudança de rumo. Fingem que não percebem. E vão aceitando passivamente ficar para trás.

Como um dia já fizeram os outros clubes da Espanha. Agora se arrependem amargamente. Enquanto acompanham admirados nos noticiários, as milionárias transações. Nunca deles, mas do Real Madrid e do Barcelona.

Qual clube no Brasil teria condições de brigar por Pato? Quem teria R$ 40 milhões para dispor pelo atacante? Trazer de quebra Renato Augusto e Gil? O Corinthians gastou R$ 60 milhões em reforços.

Com o dinheiro entrando a mais, vai continuar comprando. E cada vez melhor. Tendo um time cada vez mais atrativo para a Globo. Com mais audiência. A emissora cobrará mais dos seus patrocinadores. E dará sempre mais ao Corinthians.

A bola de neve já está a todo vapor.

Todos fingem não enxergar. Depois, quando se tornar uma avalanche, será tarde…

(Ao contrário do Flamengo, o Corinthians retribui à Globo. Em 2012, as maiores audiências no futebol foi com o clube. Não com a Seleção Brasileira. Na final da Libertadores contra o Boca, chegou a 41 pontos. Cerca de 65% dos televisores estavam ligados na Globo. Na final do Mundial diante do Chelsea, 32 pontos. Em 2013, o Corinthians já está na frente. Na partida contra o rival Boca nesta semana, 29 pontos. Recorde para o futebol no ano. Ou seja, uma mão está mesmo lavando a outra…).

Lula acabou

Mais uma vez recorro aos ditados populares: “Quem diz o que quer ouve o que não quer”. Curvo-me à sabedoria popular.
 
É compreensível que pessoas comuns digam o que querem, o que “dá na telha”. Mesmo assim, algumas, mais comedidas (talvez não sejam muitas), antes de abrir a boca conseguem juntar alguns ingredientes imprescindíveis para não dizer bobagens: inteligência, sensibilidade e sabedoria.
 
Mesmo a inteligência e sensibilidade, predicados com os quais já se nasce, com o tempo e devidamente estimuladas podem se tornar características mais marcantes de alguém. Sabedoria, não. É completamente diferente.
 
Envelhecimento e sabedoria caminham juntos, mas nem sempre estão juntos. Há características, como pobreza de espírito e ignorância ativa (em uma de suas entrevistas, Oscar Niemeyer cunhou mais uma; mediocridade ativa) que são inimigas mortais da sabedoria. O pior é que às vezes parece haver epidemias de estupidez. 
 
Passamos por um desses momentos. É impressionante o que se tem ouvido de asneiras nesses últimos anos. Num grau maior ou menor, alguns “pensadores” têm se notabilizado. Arnaldo Jabor (o que entende tudo de nada), Marcelo Madureira (sim, ele mesmo, do Casseta e Planeta, um dos grandes pensadores [que Deus me perdoe] do Instituo Millenium), Marco Antônio Villas, Demétrio Magnoli….
 
Algumas dessas pessoas são inteligentes, até possuem alguma sensibilidade, mas, pela estupidez, sabotam ambas, inteligência e sensibilidade. Envelhecem, como a todos há de acontecer, mas só envelhecem.
 
As causas são diversas. Percebe-se, entretanto, que, além do preconceito e luta de classe, muito comuns nessas situações, há por parte de alguns o desejo, necessidade até, de agradar aos patrões, os grupos midiáticos.
 
Já na apuração das primeiras urnas nas eleições presidenciais de 2010, em uma daquelas mesas redondas que se formam para comentar as eleições, alguns “analistas” se perderam completamente.
 
Dois exemplos com a mesma tolice. Diante dos primeiros resultados da apuração das eleições de 2010, que mostravam pequena diferença entre Dilma e Serra, deixando-os imaginar inclusive a vitória de Serra, Dora Kramer, tida como uma das grandes jornalistas do Brasil, solta essa pérola: “é, está provado que Lula não tem essa capacidade de que tanto falam de transferir votos” e Magnoli surfou na mesma onda. Marco Antônio Villas também andou por lá (sempre está lá) e, pra variar, disse muita bobagem. Para quem não sabe, ele é historiador, um dos pensadores do PSDB.
 
Não precisa dizer qual foi o resultado, Dilma ganhou fácil. Lula, mais uma vez, venceu todos eles. Como é que profissionais com a experiência deles se expõem tanto e assumem uma postura tão precipitada? Como conseguiram fazer o absurdo de não esperar pelo menos que a apuração avançasse um pouco mais? Fácil. Não analisam. Torcem.
 
O vídeo abaixo mostra um desses momentos de nenhuma inteligência, nenhuma sensibilidade, inclusive política, e mais um que, precocemente, já conseguiu envelhecer, mas só isso. Perceba que os dois “analistas” vaticinam que Lula deverá sofrer uma derrota em São Paulo, mas perceba principalmente o desespero, a aflição de Villas para falar (não queria deixar o outro falar). Ele estava excitadíssimo, diante da “derrota histórica do PT, a pior votação dos últimos 20 anos”. Resultado; Fenando Haddad, candidato de Lula, foi eleito prefeito de São Paulo com grande diferença de votos.
 
Ao ver profissionais como Arnaldo Jabor, Marcelo Madureira, Marco Antônio Villas, Demétrio Magnoli… falando, entende-se mais facilmente porque o DEM acabou e o PSDB está se desmanchando.
 
Usei o ditado popular “quem diz o quer ouve o que não quer”. À época Marco Antônio Villas disse o que quis, muita bobagem como sempre, mas não ouviu nada. Por duas razões: já estamos todos acostumados com esses analistas de plantão e ninguém vai perder tempo em responder asneiras como essas. Segundo, se alguém quisesse, não teria como. Não é a Globo que vai dar esse espaço. Ela não é tola.
 

Sobre o que ele diz a respeito do “mensalão”, vamos dar um pouquinho mais de tempo. Apesar de muitos não saberem, novidades já surgiram e outras mais surgirão. É só esperar. Um alerta; não vai sair na mídia.