Por Fernando Brito, no Tijolaço
A ex-senadora Marina Silva diz hoje em O Globo que não quer “urubuzar” a candidartura de Eduardo Campos a Presidência.
Pode até não querer – duvido eu, cá com meus botões e lembranças de 40 anos de vida política, quase – mas já o fez.
Fez, e faz, como se pode ler na entrevista que dá à Folha, onde afirma que ela e o Governador de Pernambuco “são possibilidades” e que “se a aliança prospera com ele, e a candidatura dele posta, a Rede terá ali o caminho da sua viabilização”.
Marina, que aparente e provavelmente não é candidata – a máquina partidária é de Eduardo Campos e sem ela não há candidato – faz um jogo dúbio, com declarações pernósticas, mas tomou, objetivamente, toda a “personalidade” – se é que havia alguma – da candidatura Campos.
O governador de Pernambuco, candidato a lìder nacional, parece ter se tornado um coadjuvante dos planos de Marina Silva, que coerente com seu projeto personalista e egocêntrico, passou a ser “a dona do pedaço” na mídia e o “coronel” político da candidatura, embora seja uma “sem-terra” no partido.
A humildade arrogante – sim, isso é possível – com que se apresenta transpira falsidade e é difícil que hoje, isso não seja visto até por quem acreditou nela.
A “campeã” da transparência e da sinceridade faz um jogo de dubiedades e deixa aberta a possibilidade de substituir Campos, em lugar de afirmar a liderança que ele, como candidato, precisa construir. Nem sequer elenca os pontos – vai sair depois uma listinha, creia – que os une, senão em manifestações que parecem sólidas e substanciosas como algodão doce:
Não há aqui (no embrulho com o PSB) uma incoerência com um partido de direita que não tenha nenhuma realidade fática para esse encontro. Obviamente que a Rede é uma atualização da política. Uma atualização que está acontecendo no mundo inteiro e que ninguém ainda sabe quais serão as novas estruturas e os novos processos para esse novo sujeito político que está surgindo.
Cinco dias depois de ter aparecido como “um gênio da polìtica” Eduardo Campos murchou como uma mosca sugada por uma aranha.
O outro neto, que fugiu da teia viajando para os Estados Unidos, envia de lá sinais desesperados de que não aceita o “esqueceram de mim” que a mídia lhe dá, agora.
Lá, apresenta-se como o ”líder da oposição no Brasil” numa reunião com investidores, onde diz tudo o que estes gostariam de ouvir e, por isso, o classificam como “mais amigável ao ambiente de negócios”.
Mas o fato é que, como ironicamente ilustra a foto da matéria da Folha, ninguém parece estar prestando muita atenção nele.
Não é a toa que Aécio envia estes sinais. Ele, talvez mais do que Eduardo Campos, também sabe que o predador está no seu ninho.
Serra, tal como Marina, também não assume uma postura de apoio inequívoco a “seu candidato”. Seus métodos são, porém, silenciosos, embora tão egocêntricos quanto os de Marina.
O processo político é impiedoso.
Os dois “líderes” da oposição, embora formalmente seguros em suas posições de candidatos, vivem ameaçados.
Pior, perderam o brilho.
Um, ofuscado por Marina.
Outro, sob a sombra de José Serra.
O quadro sucessório ainda não está fechado.
A realidade tem o péssimo hábito de prevalecer.