Por Ronaldo Souza
Ah, a palavra!
Como é importante e tem peso na nossa vida.
Tão importante que Steven Spielberg, o mago da imagem, pediu desculpas por não lhe dar a atenção que merece:
“Nós perdemos e devemos recuperar nosso caso de amor com a Palavra. Eu sou tão culpado quanto outros por ter exaltado a Imagem às expensas da Palavra”.
Ah, a palavra!
Por que muitas vezes é tão maltratada e usada só pelo prazer da pretensa e descabida erudição?
Éramos seis casais em um jantar de confraternização às vésperas do Natal, na casa de um dos casais há alguns anos.
Todos os homens à mesa eram dentistas, dos quais quatro eram endodontistas. Entre as mulheres, três dentistas.
De repente, salta de lá um colega que sempre gostou de falar muito.
Conhece aqueles discursos cheios de gordura, com excesso de colesterol?
Por que quem pensa que sabe falar acha que deve falar bonito e difícil?
“Queria aproveitar esse momento de ‘espirituosidade’ para…”
Ainda que algumas pessoas relatem que não curtem muito o Natal porque lhes bate um pouco de tristeza pela lembrança de alguém que já se foi, não era esse o sentimento que reinava naquele momento.
Mas também estava longe de ser uma mesa de boteco, onde rolam as piadas, as amenidades, as conversas jogadas fora, enfim, coisas de boteco mesmo, onde a espirituosidade de alguém pode vir à tona.
É claro que nenhum momento, mesmo um jantar mais solene, impede que as pessoas contem piadas, fiquem alegres e riam, pelo contrário. Entretanto, parece ser mais usual que em um jantar de Natal as conversas girem principalmente em torno do que se fez naquele ano que se finda, das perspectivas para o próximo e, claro, das reflexões que nos invadem a alma pelo momento de maior espiritualidade que costuma reinar no período em que se comemora o nascimento de Cristo.
Soa como um absurdo, algo completamente despropositado, traduzir a espiritualidade que toma conta dos nossos espíritos nesse período do ano como um momento de espirituosidade.
Ah, a palavra!
Como é traiçoeira quando não temos um caso de amor com ela (como diz Spielberg) e simplesmente tentamos tirar proveito, como da mulher que o homem só usa para o sexo!
Quando busca os refletores, a palavra perde a força e o brilho.
Soltas, desconexas, superpostas, vazias.
Pior, perde o compromisso com a verdade.
E, ainda que nem sempre percebido, mostra-se farsante num universo maior.
Maltratada, “persegue” seu algoz e não escolhe lugar nem hora para traí-lo e mais uma vez jogá-lo na fria vala da ignorância exibicionista.
A ignorância ativa então ganha asas e faz mais um voo baixo, rasteiro.
“O ultrassom na endodontia tem papel fundamental, principalmente nos casos de dentes com obstruções cervicais e/ou terço médio, pois possui insertos diferenciados para cada tipo de situação. a desobstrução é imperial para que os canais sejam tratados”.
A desobstrução se faz uma necessidade imperiosa em vários momentos do tratamento endodôntico, como por exemplo, a desobstrução do canal para o retratamento.
Mas, o que será uma desobstrução imperial?
É possível que seja aquela realizada por um predestinado, um imperador da Endodontia.
Aí a desobstrução deve ganhar ares de imperial.
E somente aos “mãos santas”, eleitos pelos deuses, é dado esse privilégio.
Aí sim.
“A desobstrução é imperial”.