É Tostines por que é mais crocante ou é mais crocante por que é Tostines?

Por Ronaldo Souza

“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

Um grande mistério da humanidade: Desde a década de 80, diversas campanhas apresentavam este questionamento. A partir disso, Tostines ganhou notoriedade e popularidade com este conceito criado pelo publicitário Enio Mainardi. A partir deste momento a Tostines se tornaria um ícone do segmento de biscoitos no Brasil.

Encontrei este texto sobre a propaganda (1984) do biscoito da Tostines no site Propagandas Históricas.

Sem dúvida, marcou uma época, mas não só para nós consumidores. Segundo o próprio site, também no meio da Publicidade promoveu discussões muito interessantes.

Sempre que vejo “fenômenos” inexplicáveis, lembro dela.

Falar da incapacidade de Bolsonaro já se tornou desnecessário, todos já perceberam. Não se trata de incompetência para isso ou aquilo; é incapacidade total para qualquer coisa.

Como consta nos relatórios de seguradoras sobre grandes acidentes de carro: perda total.

Como disse nesta semana Roberto Requião, ex-senador pelo Paraná, ele ja não diz coisa com coisa. Completamente perdido, vive procurando a quem xingar, mandar calar a boca, ofender, enfim, com quem “brigar”.

A própria imprensa brasileira, um dos seus alvos, em cima de quem espertamente ele joga a culpa pela situação e assim tira de foco sua absurda inércia, já não se sente tão incomodada pelas tolas manifestações do presidente da república. Imprensa, diga-se de passagem, que contribuiu de forma decisva para a gestação e criação deste ovo de serpente que nem (Ingmar) Bergman poderia imaginar tão maligno.

Há algum tempo sua válvula de escape preferida é “mussolinizar” gestos e atos em aglomerações que se tornaram essenciais à sua vida. O ato seguinte é se juntar ao pessoal do curral montado nas proximidades do palácio, dizer as bobagens de sempre e se deliciar com a inteligência, sensibilidade e grande lucidez daquelas pessoas que respiram e transpiram a mesma pobreza de espírito que ele.

Isso lhes permite serem tão felizes.

Sem aquele curralzinho Bolsonaro não consegue viver mais.

Aquele curralzinho, que se estende e se projeta em boa parte do Brasil, é o oxigênio de que Bolsonaro precisa para respirar e continuar morrendo a sua morte diária.

Nos últimos dias, diante da sua absurda inércia para mais uma vez atrasar o andamento do processo da vacina, o presidente vinha tentando travar de todas as maneiras qualquer iniciativa para que ela ocorresse.

Dispenso-me de qualquer comentário sobre o governador de São Paulo. Este é um problema dos eleitores que o elegeram, portanto, pertinente a aquele estado.

No entanto, por questões pessoais com o governador, o presidente da república percebeu que estava perdendo uma batalha na guerra da estupidez e conseguiu fazer o que parecia impossível; desceu ainda mais na escala do comportamento humano.

Desceu, sem nenhuma dificuldade, aos porões da podridão humana.

 

Na arte de atentar abertamente contra a vida das pessoas, o genocida atingiu a perfeição e os orgasmos de eleito/eleitores foram observados com clareza poucas vezes vista.

A insistência na “prescrição” ignorante e cínica do kit prevenção era a prova absoluta de sua suprema estupidez, mas, ainda que seguida por fieis também estúpidos, deixava-o cada vez mais nu.

Não adiantavam as evidências científicas, agora negadas por professores da área da saúde num cinismo assustador e preocupante, que chegavam de todos os cantos.

Veja o que diz o chefe da UTI de dois hospitais de Manaus, que inclusive votou nele.

 

Vários pesquisadores já falam há tempos da ineficácia e riscos oferecidos pelo kit prevenção preconizado por ele, como profundo conhecedor das ciências da saúde que é.

Como ficam agora esses homens e mulheres que assumem como verdade científica o que diz um homem que nada sabe sobre qualquer coisa?

Como ficam os professores que se negaram ao negarem as evidências científicas produzidas por pesquisadores de todo o mundo? Evidências às quais frequentemente recorrem e em torno das quais erguem catedrais do conhecimento que se transformam em pedestais para a competência ostentada.

Este aí em cima é Didier Raoult, conhecido como o “pai” da cloroquina. Veja o que agora ele está dizendo.

“The need for oxygen therapy, transfer to ICU and death did not significantly differ between patients who received hydroxychloroquine (HCQ) with or without azithromycin (AZ) and in controls with standard care only”.

“A necessidade de oxigenoterapia, transferência para UTI e óbito não diferiu significativamente entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina (HCQ) com ou sem azitromicina (AZ) e nos controles com tratamento padrão apenas”.

Se você quiser conferir a veracidade da informação, clique aqui International Journal of Antimicrobial Agents.

Da violência arrogante e subserviente do presidente, o país se viu de repente de joelhos diante de inimigos por ele criados.

De joelhos para a Venezuela, China e Índia.

Por outro lado, nada recebeu daquela bandeira para a qual Bolsonaro, com subserviência vergonhosa jamais vista, bateu continência. Às voltas com seu inferno pessoal (o mesmo destino que aguarda Bolsonaro), Trump, seu ídolo e guru, estava muito ocupado para lhe dar atenção.

Bolsonaro, o ínfimo, agora amarga uma derrota acachapante na guerra que ele mesmo criou; a guerra da vacina.

Uma guerra vergonhosa sob todos os aspectos e ao mesmo tempo reveladora do caráter dos seus comandantes.

Jamais, jamais essa guerra teve como objetivo o direito da população à vacina.

Transformaram o direito à vacina, algo tão naturalmente vinculado às nossas vidas desde sempre, num espetáculo onde se exibiu a mais baixa forma de fazer política.

O seu objetivo, da tal guerra, era única e exclusivamente saber quem ia dar a primeira espetada.

Imbatível nas batalhas travadas sob a escuridão das trevas, Bolsonaro encontrou um rival à sua altura (na verdade, baixeza); perdeu para um comandante muito parecido com ele nas suas “virtudes”.

Um comandante que, tendo a mesma origem, sabe, como ele, jogar todos os jogos: aplicou-lhe um golpe fatal, golpe digno de ambos.

Aguardemos os próximos embates.

Bolsonaro é muito idiota porque foi eleito por idiotas ou eles são muito idiotas porque elegeram Bolsonaro?

É difícil negar a socióloga Marilena Chaui: “a classe média brasileira é uma abominação política porque é fascista, uma abominação ética porque é violenta e uma abominação cognitiva porque é ignorante”.

Como diz o também sociólogo Celso Rocha de Barros, “Jair Bolsonaro é o policial com o joelho no pescoço de Manaus enquanto a cidade grita ‘I can’t breathe’ (eu não consigo respirar)”.

Sob suas ordens, o Ministério da Saúde interrompeu o transporte de oxigênio por 24h, o que levou à tragédia. Veja o que diz Igor Spindola, Procurador de Manaus.

 

Bolsonaro é um homem derrotado pela vida.

Nada mais lhe restou se não a morte, a quem abraçou desde sempre.