EL PAÍS detona Moro e Dallagnol

MoroDallagnol apagando

Por Ronaldo Souza

Moro e Dallagnol dizem há algum tempo que já apagaram as mensagens nos seus celulares.

Assim, estariam livres de comparações entre as mensagens originais dos seus telefones e as dos hackers que, segundo eles, estariam alteradas.

Mais claro não poderia ser que eles não querem fazer nenhuma comparação.

Perceberam um pouco tarde o tiro que deram no pé com a história dos hackers e vão fugir de qualquer comparação como o Diabo foge da cruz.

Mais do que qualquer outra pessoa, eles sabem que ela só iria mostrar que tudo é verdade.

Você ainda tem alguma dúvida de que eles não têm nenhum interesse em fazer isso?

Vamos lá.

Na sua edição em português, o jornal espanhol EL PAÍS liquida a argumentação de Moro e Dallagnol ao dizer que “obteve documentos da própria Operação Lava Jato e fez entrevista com o fornecedor de uma ferramenta utilizada pela Polícia Federal que demonstram que, sim, é possível recuperar mensagens apagadas do Telegram e de outros aplicativos”.

Você acha que Moro, Dallagnol e a Polícia Federal desconhecem essas ferramentas?

Não é possível, pois a Lava Jato fez isso várias vezes nos celulares e computadores de empresários e delatores, como mostra a matéria abaixo do EL PAÍS.

Então por que eles não fazem?

É inacreditável como não cansam de se desmoralizar.

Haveria outra possibilidade?

Talvez.

Já se sabe que os hackers são estelionatários, entretanto, a própria Polícia Federal disse que não via neles conhecimento de tecnologia suficiente para fazer um trabalho do porte do que foi feito e aí talvez possa surgir uma questão.

E se de repente, no material hackeado não houver nenhum diálogo do que tem mostrado o The Intercept?

Veja a matéria do EL PAÍS.

Moro se esconde no hacker

Por Daniel Haidar, no EL PAÍS

Enquanto o mundo político debate as possíveis consequências legais das conversas de Deltan Dallagnol e Sergio Moro publicadas pelo site The Intercept, o procurador e o ex-juiz da Lava Jato, agora ministro da Justiça, repetem um discurso que lhes ajuda a conter os riscos de investigações na esfera criminal, o único tipo de cerco que poderia apreender seus telefones celulares e verificar a autenticidade dos diálogos vazados. Moro e Dallagnol, desde as primeiras conversas vazadas, afirmam que os diálogos poderiam ter sido adulterados por hackers que roubaram criminosamente as conversas. Afirmaram ainda que não podiam provar essa eventual adulteração porque apagaram os aplicativos do Telegram de seus celulares e, consequentemente, as mensagens.

“Várias análises mostraram que os diálogos são falseáveis. A origem são pessoas acusadas de crimes, inclusive de falsificação, e quem tem o documento com os diálogos não o apresentou para verificação”, repetiu Dallagnol em entrevista à rádio CBN, na sexta-feira, após a prisão dos hackers suspeitos de ter tentado roubar dados de seu celular e de quase mil autoridades.

Mesmo depois que o principal detido confessou o suposto crime à Polícia Federal e disse não ter alterado o conteúdo, o procurador de Curitiba segue repetindo que suas conversas podem ter sido mudadas e não é possível cotejar com as originais (ainda que não detalhe se apenas deixou de usar o Telegram no celular ou se apagou a conta em si no serviço, o que mudaria o tempo de armazenamento do conteúdo). O EL PAÍS, no entanto, obteve documentos da própria Operação Lava Jato e fez entrevista com o fornecedor de uma ferramenta utilizada pela Polícia Federal que demonstram que, sim, é possível recuperar, em muitos casos, mensagens apagadas do Telegram e de outros aplicativos.

Tanto é possível resgatar mensagens deletadas de SMS, WhatsApp, Telegram e até de outros aplicativos que peritos da PF recuperaram várias conversas dos celulares de presos da Lava Jato. Desde o começo da megainvestigação em Curitiba, em 2014, a Superintendência da Polícia Federal no Paraná utiliza a tecnologia que executa a tarefa. Trata-se de um dispositivo eletrônico batizado de UFED (Universal Forensic Extraction Device), parecido a um microcomputador em formato de maleta, que foi vendido pela empresa israelense Cellebrite. O dispositivo, que também é oferecido como aplicativo para instalação em computadores ou notebooks, já foi vendido para outras unidades policiais do país.

A ferramenta funciona da seguinte forma: uma vez apreendido o celular, basta conectar por cabo o celular à maleta ou ao computador com a ferramenta instalada. Pelo aplicativo da Cellebrite, o perito escolhe se faz a extração integral dos dados ou se produz relatórios específicos. A Cellebrite, no entanto, explica que nem sempre é possível recuperar mensagens deletadas de um aparelho celular. É preciso que os dados estejam acessíveis na memória interna do aparelho, que costuma deixar os dados registrados mesmo depois de deletados dos aplicativos, ou na nuvem de dados do aplicativo utilizado. Também é preciso que a versão do aplicativo da Cellebrite esteja atualizada para acessar os sistemas operacionais mais recentes dos aparelhos. A empresa israelense oferece novas atualizações à medida em que fabricantes como Apple e Samsung criam novos sistemas operacionais.

Leia o texto completo aqui www.brasil.elpais.com/brasil/2019/07/31/politica/1564606298_023940.html