Há um filme muito interessante chamado “Encontro Marcado”, com Anthony Hopkins (como sempre fantástico, interpretando um magnata da mídia), Brad Pitt e Claire Forlani (meu Deus do céu, ela é linda). A morte (Brad Pitt) vem buscar Anthony Hopkins, mas antes resolve passar algum tempo convivendo com ele e a sua família. Na festa de seu aniversário de 60 anos (se não me engano), sabendo que naquela noite a morte o levaria, num pequeno discurso ele diz; “60 anos, como foi rápido”.
Costumamos não ter noção de muita coisa. Do quão rápida é a vida é uma delas. Graças a essa insensatez, nos aborrecemos e nos consumimos com pessoas e coisas bobas, pequenas. Consumimos a nossa energia por tão pouco, quando devíamos buscar viver melhor. Não faz nenhum sentido, mas é assim. Quantas vezes vemos exemplos, lemos mensagens (hoje em dia então com a Internet), nos conscientizamos de que não vale a pena, mas, dali a dez minutos, estamos de volta à indignação por quem não merece.
Olhe em volta. Muita pobreza de espírito, mediocridade, egos fora de controle. Mas, o que é que você tem com isso, não é da sua conta. Vá viver o tempo que lhe resta, esqueça “esses caras”. Você consegue?
Já sentiu perda de tempo em algumas discussões? A coisa num nível superficial, sem qualquer tipo de compromisso, dizer por dizer. Não tenho mais tempo para isso. Afasto-me.
Deparei-me com um pequeno texto, de autor desconhecido, que diz tudo. Vejam.
Quando se tem 50 anos ou mais
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou:
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Há alguns anos atrás li vários livros de Roberto Freire *, entre os quais “Sem tesão não há solução”. Vou roubar esse título dele.
Sem essência não há solução.
* Roberto Freire (1927-2008) – Escritor, dramaturgo, jornalista, médico, psicanalista, criou a Soma, uma terapia anarquista, baseada nas idéias revolucionárias do psiquiatra austríaco Wilhelm Reich.