Por Ronaldo Souza
Parte da história do Exército Brasileiro não me estimula a tê-lo como referência.
Em tempos mais recentes, porém, cheguei a imaginar que as relações das Forças Armadas, em particular o Exército, com a sociedade brasileira tomariam outro rumo. A recente postura de alguns dos seus comandantes mostra que me enganei.
Talvez a maior prova disso seja o general Eduardo Villas Bôas.
Após um momento em que as Forças Armadas tinham sido alvo de atenção especial em termos de respeito, apoio, investimento e crescimento por parte de governos civis (governos Lula e Dilma), como nunca acontecera na história recente desse país, o general Villas Bôas adotou um comportamento inexplicável.
Na passagem do Ministério da Defesa de Jaques Wagner para Aldo Rebelo, os três comandantes da Marinha, Aeronáutica e Exército fizeram os maiores elogios a ambos e ao governo.
E não poderia ser diferente, porque realmente vivia-se aquilo que eles relataram nas suas falas.
Em termos institucionais, portanto, bastaria isso para que, nesse momento, as relações fossem outras.
Além dos aspectos institucionais, o momento pessoal que vive o general Villas Bôas, momento em que o homem costuma fazer uma reflexão e, quem sabe, repensar de maneira mais profunda a sua própria vida, não é isso que vemos ocorrer. O comportamento agressivo contra os governos petistas, aos quais serviram e pelos quais sempre foram respeitados, é absolutamente inexplicável e deplorável.
Teriam sido contaminados pela agressividade selvagem do atual comandante em chefe das Forças Armadas, comandante esse que conhecem muito bem porque o expulsaram do exército?
Perderam-se nas suas ambições pessoais e perderam o compromisso com o país e sua Constituição.
Este seria um problema deles, não fosse antes um compromisso das Forças Armadas com os interesses do país e de seu povo.
A coisa é tão absurda que fez Eliane Cantanhêde (leia abaixo) sair do seu bunker, de onde trava uma eterna batalha contra o PT e Lula, para registrar essa armadilha do salve-se quem puder, tão conhecida pelo instinto humano.
Trata-se de um jogo?
Se for, é um jogo bastante perigoso e não é compatível com um país que se pretende sério.
Eliane Cantanhêde diz que Lula foi um dos melhores presidentes da história para os militares
“Uma das dúvidas que mais incomodam o ex-presidente e pré-candidato de 2022 Luiz Inácio Lula da Silva é por que, afinal, os militares têm tanto ódio dele e do PT. Uma dúvida justa, justíssima, porque os dois mandatos de Lula foram de paz na área militar, com o Ministério da Defesa forte, boas relações entre presidente e comandantes militares e capacitação e reaparelhamento das Forças Armadas. É inegável, é fato”, afirma a jornalista Eliane Cantanhêde, em sua coluna no Estado de S. Paulo.
“Na sua gestão, foram criados a Estratégia Nacional de Defesa, o Conselho Sul-Americano de Defesa e o Comando Conjunto das Forças Armadas. E as três Forças tiveram um recorde de investimentos. Na FAB, foi definido no governo Lula e aprovado no de Dilma o programa FX-2, que renovou a frota com caças suecos Gripen NG, trazendo tecnologia, treinamento e poder bélico”, lembra a jornalista. “Na Marinha, o Prosub, ambicioso programa de submarinos, em parceria com a França, que inclui um submarino de propulsão nuclear e a construção de um estaleiro e uma base em Itaguaí (RJ). No Exército, o blindado Guarani, de tecnologia nacional, e dois sistemas, o de comando e controle e o de guerra cibernética, um orgulho e um sucesso na Olimpíada e na Copa do Mundo”, prossegue.
“Na época de Lula, aliás, não se ouvia falar de coronéis, tenentes-coronéis e generais metidos na Saúde e em confusões. Quando houve sindicâncias sobre desvios de conduta, foram internas, discretas e rigorosas. Ninguém precisou se referir, em nenhum momento, ao ‘lado podre’ militar”, pontua ainda a jornalista.
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Veja também o interessante comentário de Ermelinda Maria Dias Coelho
“Dois comentários já foram publicados. Ambos, com assertivas com as quais concordo inteiramente. Eliane Cantanhede é suspeitíssima, e compõe com Miriam Leitão, Ascânio Seleme, e outros, bem como o Antagonista um “time” de alta periculosidade para os programas de inclusão social, soberania, autonomia e independência dos brasileiros. Portanto, sua matéria ao invés de trazer ventos de diálogo e aproximação, traz suspeita e cautela, bem como alerta. Agora, o tratado não é mais a autocrítica, o “perdão”, mas o reconhecimento de que foram políticas públicas que fizeram a diferença.
Quanto ao ódio irracional, não há o que procurar saber a causa. Não precisa, não tem. Porque as pessoas odeiam os que têm preferência sexuais diferenciadas? Se não as afeta de forma alguma, se não são assediadas e sequer envolvidas? Somente porque são diversas de si mesmas? Será que em seus mais reconditos pensamentos se acham os “certos”, a bússola do comportamento? Porque odeiam os negros e negras? Mesmo alguns negros como é o caso do tal Camargo? Porque odeiam os povos originários, os indígenas? Porque odeiam os que professam outra fé, que não a sua? E, por todo esse ódio, participam de cruzadas de perseguição, tortura e morte.
Então, os militares odiarem e perseguirem o PT e suas políticas públicas, faz parte do mesmo processo. Assim como o ministério público, a magistratura, o sistema de justiça, a mídia da qual a articulista faz parte. E, claro, o empresariado, até o dono do botequim da esquina.
Como é recorrente em afirmar o Lula, nenhum governo se dedicou tanto a sistematizar e dar espaço para o exercício CONSTITUCIONAL DE SUAS FUNÇÕES, como os petistas”.