Existirmos: a que será que se destina?

Por Ronaldo Souza

Há algum tempo, um professor fez o seguinte “comentário” sobre um texto que escrevi e postei aqui:

“Vá a merda professor”.

Sem comentários sobre os erros grosseiros na construção da frase.

Surpresa?

Nenhuma!

Conheço-o bem.

Sua inteligência e sensibilidade nunca lhe permitiram alcançar algo além do básico que lhe ensinaram na escola. Assim, não se poderia esperar que seu conhecimento permitisse alcançar a essência do que é ser professor.

Nesse pequeno universo sem portas e janelas, ele vive com os seus iguais.

Isolado do resto do mundo, ali não chegam as verdadeiras informações, só aquelas corrompidas, originadas nas mentes dos donos desse pequeno mundo.

Mundo, aliás, difícil de ser alcançado.

Mesmo em tempos em que as tecnologias de comunicação avançaram de forma assustadora, para alcançá-lo as informações precisariam travestir-se de desinformação ou de não informação.

Uma regra que tem sido considerada básica na comunicação é; faça-se entender!

Não é tão simples.

Para se fazer entender no universo daquele professor e seus iguais, você precisa usar métodos que os permitam alcançar o sentido.

Isso pode ser dito de outra forma; você precisa baixar o nível.

A não ser que se tenha outros objetivos, em alguns casos, inconfessos, é uma opção sempre perigosa.

Inspiro-me em Caetano Veloso:

Existirmos: a que será que se destina?

A que será que se destina a vida de um professor?

Os transformadores do mundo continuam transformando o mundo?

Continuam merecendo a glória dessa missão?

Estamos de fato fornecendo as ferramentas para a formação da essência do ser humano?

Estamos oferecendo aos alunos as verdadeiras informações, aquelas que os farão, de fato, grandes profissionais?

Estamos oferecendo informações que exigem esforço maior para sua absorção e metabolização, mas que fazem surgir o homem e o profissional na sua plenitude, ou, num enorme e tolo esforço de “nos fazermos entender” a qualquer custo, aquelas mais palatáveis em nome de um suposto perfil da atual geração, à qual deram o nome de “geração mimimi”?

Devemos descer o degrau e lá ficar com eles entre sorrisos e abraços ou devemos trazê-los para o degrau acima e daí continuarmos, juntos, a subir?

Como diz Caetano na mesma bela canção:

“Apenas a matéria vida era tão fina”

Construir o saber é vida, algo muito fino.