Por Ronaldo Souza
Ah, Juazeiro, como foi bom chegar e conhecer a vida no seu colo.
A você estava destinada a missão de construir a minha vida.
Já se sabe que a personalidade do homem e da mulher se forma nos seus primeiros anos de vida, na sua infância, particularmente até os 5 anos de idade.
Em você, Juazeiro, vivi os meus primeiros e inesquecíveis onze anos.
Você, Juazeiro, ao contrário do filho ingrato, não me deixou, vive em mim até hoje.
O que veio à minha mente ao lhe ver nessas imagens enviadas por uma de minhas irmãs, também sua filha?
O que há de melhor em mim; meus pais, meus irmãos, minha família, meus amigos de infância, suas ruas.
Mas, claro, veio também o meu núcleo familiar atual.
A minha admirável companheira e as nossas filhas, o que temos de melhor para agradecer à vida.
Elas, que me permitiram vive-las aí, nesse solo, nesse rio, o velho Chico.
Um rio que, de tão grande, banha boa parte desse país, mas que cabe, inteirinho, no meu coração.
Ah, minha querida Juazeiro, permita que esse filho ingrato busque e encontre conforto espiritual e paz ao lhe dizer; se não vivo mais nesse solo sagrado, você viverá eternamente em mim.
Num compartimento especial, criado só para você, no meu coração.
Nesses tempos difíceis, de muita amargura e sofrimento, é em seu colo que aquele menino ainda deita, dorme e se acalanta todas as noites.
E volta a sonhar.
Outra vez, como fez na minha infância, você está aqui, comigo.
Dessa vez, para me salvar em hora tão difícil.
O seu por do Sol, de tão lindo, é um prenúncio de que manhãs maravilhosas ainda estão por vir.
Como todas que aí vivi.