Por Ronaldo Souza
De acordo com os membros do iBope (instituto Bolsonaro de obtusidade e produção de estupidez), a pesquisa que tinha acabado de sair dava Bolsonaro com 88% das intenções de voto. “Todos os outros juntos”, incluindo o nine apedeuta preso, tinham 12%.
Bastaria uma análise bem simples, uma só, para se perceber a sensatez, inteligência e sensibilidade existentes nesse percentual, fruto de uma mente bastante rudimentar.
No texto que então escrevi sobre isso (veja aqui), eu disse;
Observe que o IBOPE nem saiu ainda.
O Vox Populi deve sair antes dele e do DataFolha.
E afirmei.
E quando o IBOPE sair não vai confirmar essa ‘notícia’. Como é que fica?.
O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) saiu e realmente não confirmou aquele percentual, tampouco o fizeram o Vox Populi e o DataFolha.
No pouco tempo de que disponho, nem sempre posso ou mesmo quero escrever sobre determinados temas.
No momento, política é um deles.
O nível dos comentários é um horror, baixíssimo, o que torna qualquer diálogo impossível.
Cansado disso, deixei de lado, nada escrevi.
No entanto, é muito difícil ficar indiferente a tanta estupidez e canalhice, ainda mais quando estas dão as mãos e saem por aí agredindo a tudo e a todos. Diante disso, vamos aos fatos.
Bolsonaro 88% foi divulgado pelo iBope (instituto Bolsonaro de obtusidade e produção de estupidez) em 24/07. Uma semana depois, 02/08, a pesquisa do IBOPE foi divulgada.
Aqui está ela.
Como se vê, Lula tinha 33% e Bolsonaro 15%, menos da metade.
De onde teria saído aquele percentual?
Claro, do iBope, o instituto Bolsonaro de obtusidade e produção de estupidez.
Quanto à minha preocupação “E quando o IBOPE sair não vai confirmar essa ‘notícia’. Como é que fica?“, claro, era e é tola.
Eles não estão nem aí. Nada mais importa.
O que se conhece hoje como fake news, insisto, é pura canalhice.
Nesta semana vi outra.
Não sei se detectada mais recentemente por algum outro “instituto de pesquisa” ao qual só eles têm acesso, foi postado que Bolsomito teria 75%.
“Jênios”.
Divulgam com fogos e banda de música o que seria uma queda absurda, de 88% para 75%.
Em apenas um mês.
Eles não percebem.
Aliás, nada percebem.
No mesmo dia, porém, saiu mais uma pesquisa do IBOPE, a que está aí embaixo.
Lula subiu ainda mais e tem mais que o dobro de Bolsonaro 88.
Logo em seguida, nesta quarta-feira (22/08) foi divulgada aquela que vem sendo apontada como a mais completa até agora, a do DataFolha.
As pesquisas de modo geral são realizadas num universo de pouco mais de 2.000 pessoas. Esta, do DataFolha, foi realizada num universo muito maior; 8.433 entrevistados.
Veja o que diz.
Não gosto de falar de pesquisas e raras vezes faço isso, como você que me lê já deve ter percebido. No entanto, fica difícil suportar as bobagens ditas.
Mas o que elas estão mostrando é que Lula está a cerca de 2 pontos de ganhar no primeiro turno, num evidente contraste com os 88 ou mesmo 75% dados pelos Bolsominions.
Torna-se evidente a lavagem cerebral a que estão sendo submetidos ao longo desses últimos tempos, o que trouxe danos irreversíveis ao que outrora foi um cérebro.
E isso se acentuou diante do recente episódio que envolve renomados juristas internacionais do Comitê da ONU em relação à candidatura de Lula.
Capitaneados não pelo capitão Bolsonaro, claro, (compreenda que nada se deve exigir de mentes como a do capitão), mas pela Globo, a mídia pôs de plantão os seus expoentes para emitir opiniões “orientando” aos seus seguidores como “pensar” sobre o episódio.
Assim, têm desfilado diariamente jornalistas com o peso de Merval Pereira e Sardenberg (inegavelmente, “jênios” da comunicação) apontando para a insignificância da ONU.
Nesse concurso de pérolas a serem ditas e escritas, outros se esmeram nas suas interpretações do episódio.
Eliane Cantanhede, por exemplo, colunista do Estadão, caprichou ao chamar o Comitê de Direitos Humanos da ONU, integrado por alguns dos mais renomados juristas internacionais, de “comitezinho”.
Nesse deserto, o poder judiciário do Brasil, em consonância com o momento, comemora os dias felizes que vive o país soltando os pulmões com a cantora Alcione, tendo à frente Carmen Lúcia (presidente do stf) e Raquel Dodge (procuradora geral da república).
Certamente, um gesto grotesco e de nenhum bom senso.
Elas nada sabem sobre o samba, um sentimento nacional.
Mas temos sim que lutar para não deixar morrer o samba no país em que quem o criou, o seu povo, vive excluído e infeliz.
Ressalve-se que ambos, mídia e poder judiciário, enalteceram e fizeram juras de amor a esse mesmo Comitê de Direitos Humanos da ONU em outros momentos.
Veja trechos da matéria do jornalista Joaquim de Carvalho, no DCM
A imprensa, que praticamente ignorou o comitê de direitos humanos da ONU no episódio da decisão favorável a Lula, deu destaque ao órgão em maio deste ano, quando a decisão tomada era desfavorável a Lula.
A defesa do ex-presidente havia pedido medida cautelar da ONU para obrigar o Estado brasileiro a libertar Lula, enquanto os recursos não fossem julgados pelas cortes superiores no Brasil.
O jornal O Globo deu à notícia o título “Comitê da ONU rejeita recursos da defesa contra prisão de Lula” e a publicou na página principal tanto do G1 quanto do jornal. O Estadão destacou “ONU rejeita pedido de Lula contra a prisão”.
E fez um editorial em que ataca a defesa de Lula:
“O recurso à ONU prestava-se tão somente a tentar escamotear o fato de que Lula da Silva é um criminoso comum, um cidadão brasileiro que, diante das graves acusações oferecidas contra ele pelo Ministério Público Federal, foi submetido ao devido processo legal e condenado após a apresentação de seus argumentos de defesa”.
Fez ironia diante da declaração do porta-voz do comitê de que não seriam concedidas medidas cautelares no caso de Lula.
A versão da ‘perseguição política’ pode mobilizar militantes, mas não órgãos sérios e apartidários.”
Vários ministros já tinham afirmado anteriormente que o Comitê está acima da lei no Brasil, entre eles Carmen Lúcia, Luis Roberto Barroso e Rosa Weber.
Ou seja, até bem pouco tempo um órgão sério e apartidário ao qual se devia obedecer, o Comitê de Direitos Humanos da ONU é agora um “comitezinho insignificante”.
Com declarações infantis e ridículas, jornalistas e poder judiciário tentam desqualificar a determinação da ONU.
A verdade é que perderam o pouco de vergonha que imaginávamos ainda lhes restar.
Os reis estão todos nus.
E cada vez mais a exibição da absurda incapacidade de Bolsonaro em produzir duas frases com alguma conexão será percebida por mais gente e é muito pouco provável que ele permaneça impune a isso.
Já está sendo comparado a Marina Silva, dizendo uma tolice para logo em seguida voltar atrás, como fez ao dizer que ia retirar o Brasil da ONU (demonstração clara e assustadora do seu total desconhecimento sobre as coisas mais elementares que envolvem as relações de um país como o Brasil) e que não ia mais participar de debates.
Ao voltar atrás e desdizer tudo, Bolsonaro mostra claramente que já não é ele quem comanda a sua campanha.
Para tornar o candidato mais palatável, estão tentando fabricar um “novo” Bolsonaro.
Ao mostrar-se assim, fraco, inseguro e desorientado, só perde apoio.
Não é à toa que a sua rejeição tem aumentado de maneira inesperada nas pesquisas (nesta semana chegou a 59%), algo que se acentuou após a sua participação no programa Roda Viva, reflexo evidente de que quanto mais tempo tem para falar pior é para ele.
Não se pode pretender que seus seguidores percebam coisas assim.
Essas mesmas pessoas, por outro lado, também não percebem que Moro é o maior cabo eleitoral de Lula.
Graças à sua insana obsessão na perseguição a Lula, desde 2015 o ex-presidente vem revertendo toda a expectativa que existia em torno dele e só faz subir nas pesquisas.
Ao se defender no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) da acusação de extrapolar e descumprir uma ordem judicial que determinava a soltura do ex-presidente Lula, Moro argumentou que a medida provocaria uma “situação de risco”.
Ao usar essa argumentação, o juiz claramente sinalizou que imagina que, como seus seguidores, todos perderam a capacidade de pensar.
Não percebem também que Moro já foi descartado, algo de que já falei algumas vezes, a última quando disse que ele seria o próximo bagaço de fruta a ser jogado pela janela.
Confira.
Já digo há algum tempo que o juiz Sérgio Moro é um homem limitado.
Disse também lá no começo, quando o circo começou a ser armado, que ele sairia menor na sua empreitada e que, como o ex-ministro Joaquim Barbosa, seria mais um bagaço de fruta chupada a ser jogado pela janela.
Ao dizer isso, o que muitos irão pensar?
Quem ele acha que é para chamar de limitado um juiz de Direito, ainda mais quando esse juiz é o Dr. Sérgio Moro?
Por algumas razões, não perderei tempo com isso.
Sérgio Moro é sim um homem de horizonte intelectual curto e, como homem do Direito, desmoralizado.
Por razões óbvias, os seus seguidores não perceberam e não perceberão, mas Moro sabe o quanto já foi derrotado pelo advogado de Lula, Dr. Cristiano Zanin. Este não só o derrota seguidas vezes, como o expõe a situações vexatórias.
(Veja o texto completo aqui Um juiz desmoralizado e perdido)
Eles não percebem os movimentos, mas cada vez isso está mais claro.
“Moro estava condenado a me condenar”
A sagacidade dessa frase de Lula jamais será alcançada por ele, Moro.
O juiz não percebeu e continuou na sua cruzada pessoal.
Não tinha chances, o inimigo sempre foi muito maior do que ele.
Também nus e absurdamente mais ignorantes estão eles, os seguidores dos reis.
Uma comprovação disso é o que parece querer ressurgir.
Alguns estão querendo trazer de volta um dos momentos mais tristes do golpe em Dilma, aquele em que se uniram em torno do deputado federal Eduardo Cunha e construíram o movimento “Somos todos Cunha”.
Foi, sem dúvida, um dos momentos mais pobres da vida brasileira nos últimos tempos.
Preservando a linha mestra da manada, o pensamento binário, algumas das mentes rudimentares que compõem o iBope (instituto Bolsonaro de obtusidade e produção de estupidez) já estão ensaiando os primeiros passos nesse sentido.
Aqui e ali já se ouve.
“Somos todos Bolsonaro!”
“Somos todos Moro!”
Aproveito, modificando um pouco, o que me disse há dois dias um colega professor quando falou do desnudamento de muitas pessoas com as quais convive.
Esse será o maior legado de figuras como Moro, Bolsonaro…
A imbecilização de uma sociedade.