Por Ronaldo Souza
Às vezes tenho a nítida impressão de que estamos cedendo demais e é daí, pelo menos assim vejo, que vem a perda de qualidade de muito do que estamos fazendo.
Fala-se muito hoje de uma geração que…
Fala-se muito, mas, paradoxalmente, de forma velada.
A verdade é que isso mostra outra faceta desse processo; estamos todos com medo.
Medo de desagradar ao amigo, ao colega, ao professor, ao aluno…
As instituições estão com medo, inclusive as de ensino.
O medo ronda e reina.
Há um que se impõe a olhos vistos; desagradar às novas gerações.
Todos dizem baixinho, sussurrando, para que ninguém ouça, que a geração atual não lê. O seu descomprometimento, impaciência, dispersão, tudo é falado.
Não para eles.
Medo.
Calamos.
Ninguém mais quer ler, ouvir, saber.
Mas tudo agora é sermão.
Traga técnica, não riqueza de conhecimento, para a aula.
E aí percebeu-se que vídeos eram a ferramenta adequada.
Práticos, confortáveis, não exigem esforço.
Daí essa grande enxurrada existente hoje.
ATENÇÃO!!!
Não podem ser longos.
Exigem esforço.
Tornam-se cansativos.
Dão hoje ao professor 20 minutos para falar nos eventos!!!
O que dizer em 20 minutos?
O que fazem eles?
Aceitam.
“Navegar é preciso, viver não é preciso”.
A vitrine é necessária, o ensino não.
O fragmento, não o contexto.
A informação incompleta e medíocre, não o pleno.
Ah, quase esqueço.
Tudo isso me veio, numa rapidíssima viagem com origem na mente, no momento em que sentei para dizer “duas ou três palavras” sobre o vídeo que tinha acabado de postar no YouTube (está aí embaixo).
“Duas ou três palavras”, rapidinho, para falar de um vídeo que tem muito mais que “duas ou três palavras”.
Sei que todos dizem que vídeos longos são contraindicados para a Internet, perdem o poder de sedução.
Praticidade, rapidez, pragmatismo, come rápido, vamos embora.
Sem que eu percebesse, quando me dei conta estava escrevendo “coisas” que estavam em algum canto da mente há algum tempo.
Desejo contido?
Medo?
Talvez.
Mas não costumo ter medo de satisfazer aos meus desejos.
Talvez um defeito da minha geração.
Que sempre lutou por seus sentimentos e pela liberdade de pensamento e expressão.